Depois que a mensagem misteriosa surgiu diante de Takeshi e Akira, o pânico tomou conta de Takeshi. Seu peito apertou, a respiração ficou descompassada, e suas pernas tremiam a ponto de quase cederem. Ele não conseguia dizer nada.
Por outro lado, Akira permaneceu impassível. O silêncio tomou conta do ambiente até que, após alguns segundos, ele quebrou a tensão com uma risada alta e debochada.
— Ah, isso é uma brincadeira, né? Se isso fosse verdade, você nem conseguiria matar alguém. Hahahahaha!
Ele ria sem se conter, como se aquilo fosse um espetáculo ridículo. No entanto, por dentro, Akira estava tomado por dúvidas.
"Que merda está acontecendo? Isso só pode ser uma brincadeira."
Enquanto isso, Takeshi continuava paralisado. O medo o consumia, e a única coisa que ecoava em sua mente era a voz de Akira.
"Ele tem razão... Eu nunca tive coragem para fazer isso."
Nunca tive coragem de matar alguém, mesmo que fosse necessário. Mas e se fosse para garantir minha sobrevivência? Seria errado seguir os impulsos da minha carne?
A risada de Akira cessou. Seu olhar se tornou mais afiado e cortante, como se estivesse enojado com a presença de Takeshi.
— Você é um fracasso completo. Sabe de uma coisa? Seria melhor se você sumisse de vez. Ninguém sentiria sua falta.
As palavras foram como uma lâmina perfurando direto o coração de Takeshi. Por um momento, o medo quase desapareceu, substituído por uma raiva intensa.
"Talvez ele esteja certo... ninguém realmente sentiria minha falta."
A janela azul, que até então pairava no ar, permaneceu imóvel, como se observasse a interação entre os dois. Mas quando percebeu que nada mais aconteceria, começou a se tornar transparente até desaparecer completamente.
"Que merda era aquela janela? Enfim, isso não importa agora."
Akira voltou o olhar para Takeshi, que tremia dos pés à cabeça. Por um breve instante, um pensamento cruzou sua mente.
"Será que estou passando do limite com ele?"
A hesitação durou apenas um segundo. Ele balançou a cabeça, afastando o pensamento. Para ele, nada do que fazia poderia realmente machucar Takeshi... certo?
Depois disso, os punhos de Akira acertavam em cheio o rosto de Takeshi com força brutal, cada impacto ecoando como um tambor em meio ao silêncio aterrador. Takeshi estava sangrando bastante pela boca.
O sangue pingava no chão e manchava parte da roupa de Akira. Ele não perdia nenhum momento para descansar. Takeshi, por sua vez, começou a sentir um gosto intensamente amargo na boca, que só aumentava a cada soco recebido.
O peito de Takeshi ardia, cada respiração era um esforço desesperado. Seu corpo tremia, mas não era apenas pela dor.
"Eu não quero morrer agora, n-não quero isso."
Um dos socos de Akira fez com que Takeshi perdesse dois dentes. Ao perceber isso, Akira lançou-lhe um olhar de desprezo e nojo.
A visão de Takeshi começou a escurecer por causa da dor e do cansaço. Ele tentava manter a cabeça erguida, mas era difícil—Akira não dava trégua.
"O que eu faço? Não consigo machucá-lo. Por quê? Por que sou tão fraco?"
Naquele momento, memórias começaram a invadir sua mente, fragmentos do que viveu desde que entrou na empresa. Era como assistir a um filme sobre sua própria vida, mas ele já estava cansado de ser apenas um espectador.
Quando Akira desferiu um chute forte na barriga de Takeshi, a força o lançou contra a mesa. O impacto foi tão intenso que a mesa quebrou, e uma dor insuportável tomou conta de suas costas.
O calor se espalhava por sua barriga e coluna. Ele tentou se mover para aliviar a dor, mas qualquer mínimo movimento parecia rasgar suas costas por dentro.
Mesmo com a dor insuportável, Takeshi se levantou do chão. O sangue ainda manchava sua boca, o gosto ardido permanecia. Com a mão direita, limpou o sangue dos lábios.
Akira ficou surpreso ao vê-lo de pé. Ele estalou as costas antes de dizer:
— Olha, não esperava que você fosse aguentar.
Akira observava Takeshi com uma mistura de surpresa e frustração. Já o havia machucado inúmeras vezes, sabia que ele era resistente... mas aquele chute? Devia tê-lo matado.
"Como esse merda ainda está vivo?!"
Sem hesitar, Akira avançou novamente, preparando um soco rápido pela direita. Mas, desta vez, Takeshi reagiu. Com um movimento ágil, desviou para o lado, saltando levemente para ajustar sua postura.
Respirou fundo.
"Minhas costas estão doendo... Preciso pensar em um plano agora."
Sua mão esquerda foi instintivamente à barriga, tentando aliviar a ardência e focar a visão em Akira. O corpo tremia, mas não apenas de dor.
"Vamos, Takeshi... Você está com raiva. Não precisa se conter. Ninguém está aqui para julgar. Apenas reaja."
Akira estreitou os olhos, como se percebesse algo diferente.
— Você realmente é fraco, Takeshi. Só sabe se defender.
A voz dele era afiada como uma lâmina. Mas havia algo mais ali. Ele queria que Takeshi revidasse.
Ou talvez... ele quisesse matá-lo.
Takeshi apertou os punhos com força, os dedos quase cravando na própria pele. Sua respiração estava pesada, e a visão ainda turva, mas ele manteve os olhos fixos em Akira.
— Pode me chamar do que quiser, mas eu não vou mais abaixar a cabeça! — sua voz saiu firme, a postura ereta — e outra coisa, você só consegue falar que eu sou fraco? Vai se ferrar! Tenta uma coisa nova.
Akira esboçou um sorriso raivoso.
"Ele tem coragem de falar assim comigo? Ele vai se arrepender disso. Vou fazer ele sofrer muito."
Num instante, Akira avançou. Seus movimentos eram fluidos, certeiros. Ele girou o corpo e, com toda a força, lançou um chute com a perna esquerda. O impacto foi brutal. Takeshi nem teve tempo de se defender antes de sentir a dor explodir em seu corpo.
O som seco do golpe ecoou pelo ambiente. Takeshi cambaleou para trás, tentando recuperar o fôlego. Seu rosto contorcido em dor era a única coisa que Akira precisava ver para saber que havia acertado em cheio.
"Merda! Merda! Merda! Ele é muito forte!"
Antes que pudesse reagir, Akira continuou o ataque. Ele derrubou Takeshi e começou a chutá-lo repetidamente nas costas.
Cada impacto era como um martelo esmigalhando sua carne e ossos. O gosto metálico do sangue tomava sua boca, a dor se espalhava como fogo por todo o corpo.
— Grrrrraaaah!
O escritório ao redor parecia sufocante. As paredes brancas, manchadas pelo tempo, agora testemunhavam a cena brutal. Papéis estavam espalhados pelo chão, alguns rasgados, outros tingidos pelo sangue de Takeshi. A única coisa que permanecia intacta era a cadeira.
Takeshi tremia. O mundo parecia girar, e sua mente gritava.
"Eu não quero morrer... Eu não quero... Mas eu não consigo fazer nada contra ele."
Takeshi tentava se mexer, tentava escapar daquela situação desesperadora, mas Akira era implacável. Seus golpes eram rápidos, calculados, e não lhe davam nenhuma brecha para reagir.
Então, um soco certeiro atingiu seu rosto.
Seus olhos se fecharam no impacto. A dor irradiou como fogo queimando sua pele e seus ossos. Ele quis gritar, mas sua voz desapareceu.
Como quando era criança.
Como quando sua mãe...
— Não sei por que você nasceu!
A lembrança veio como uma lâmina afiada cortando sua mente.
A voz da mãe era fria, carregada de desprezo. Em seguida, a mão dela veio com força, batendo contra seu rosto pequeno e indefeso.
— Mas, mãe... — a criança soluçou, encolhendo-se, tentando encontrar abrigo nos próprios braços.
— Cala a boca! Eu não quero saber, Takeshi!
Ele nunca teve coragem de contar a alguém. Medo. Medo de que, se falasse, as coisas piorassem. Medo do que ela poderia fazer.
Mas agora... agora, pelo menos, ele nunca mais a veria. Nunca mais.
A lembrança continuou. Ele viu a si mesmo, pequeno, assustado, os olhos marejados, enquanto a mulher o encarava com ódio.
— Você é uma maldição para nossa família!
As palavras pesavam como correntes em seu peito.
"Eu tô com medo... O que eu faço? Eu não sei o que fazer. Ela me dá medo... Eu não quero morrer."
Ele queria fugir. Queria desaparecer daquela casa.
Mas não podia.
E então... tudo se apagou.
Um novo chute brutal o trouxe de volta à realidade.
A dor em sua barriga fez seu corpo arquear para frente. Seu rosto já estava coberto de sangue, e uma poça escura se formava no chão frio do escritório. Seus dentes se espalhavam ao redor como peças quebradas de um quebra-cabeça.
Takeshi viu a mão de Akira manchada de vermelho. O olhar dele estava carregado de frustração.
"Caramba... Como o Takeshi ainda está vivo? Era para ele estar morto com esses golpes. Como ele ainda consegue resistir? Que merda!"
Os punhos de Akira esmagavam seu corpo, e cada impacto trazia consigo ecos do passado. As vozes de seus colegas da empresa voltavam como relâmpagos cortando sua mente.
— O que foi, Takeshi? Sem dinheiro de novo? Hahahahaha!
— Olha ali, é o Takeshi, o famoso pobretão da empresa.
— Está querendo dinheiro outra vez? Eu te dou, mas só se beijar minha perna.
— Cara, só vai embora logo. Ninguém aqui aguenta mais você.
— Takeshi, hoje vou sair com umas mulheres, então faça todo o meu trabalho.
— Você é fraco e miserável.
— Acha mesmo que vou te chamar para a festa? Você é pobre. —
— HAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHA!
As risadas ecoavam em sua mente como um pesadelo sem fim.
Então, os golpes pararam.
A dor era insuportável, latejando por todo o seu corpo como se cada célula estivesse gritando. Sua visão continuava turva. Seus ossos pareciam prestes a se partir. Sua barriga ardia, e sua boca já não tinha mais a sensação de estar completa—seus dentes, espalhados pelo chão, confirmavam isso.
Akira recuou ligeiramente, observando o corpo de Takeshi caído no chão.
"Acho que agora ele morreu de vez."
Mas então, uma respiração fraca e irregular veio dos lábios ensanguentados de Takeshi. Ele ainda estava vivo.
Akira franziu o cenho e se preparou para desferir mais um golpe.
Foi nesse instante que uma luz azulada piscou no canto da visão de ambos.
Uma janela transparente surgiu no ar, irradiando uma aura fria e opressiva:
『 O tempo está acabando. 』
O ambiente mergulhou em um silêncio estranho.
Akira permaneceu imóvel, os olhos fixos na mensagem. Ele não acreditava em nada daquilo desde o começo. Para ele, tudo isso não passava de uma grande piada. Mas, por algum motivo, aquela notificação o fez hesitar.
Takeshi percebeu que tinha uma chance. Mas será que conseguiria aproveitá-la? Seu corpo estava à beira do colapso. Ele sentia que, a qualquer momento, poderia apagar de vez.
Mas... ele não podia desistir.
Com esforço, rolou para trás, tentando escapar do chute que Akira estava prestes a desferir. A dor em suas costas explodiu como fogo rasgando sua pele, mas o golpe passou direto, errando seu alvo.
Akira arregalou os olhos, surpreso.
Takeshi sentiu a parede áspera sob seus dedos. Agarrou-se a ela, lutando contra a dor. Seus músculos tremiam. Seus ossos imploravam para que ele parasse.
Mas ele não iria parar.
Com um último esforço, ele começou a se levantar.
Ele ainda não havia perdido.
E, no instante em que seus olhos cruzaram com os de Akira, algo dentro dele finalmente despertou.
Takeshi se levanta, mesmo sabendo que seus ossos podem ceder a qualquer momento. A dor é insuportável, seu corpo treme, mas ele permanece de pé. Por um instante, apenas observa Akira, tentando ignorar a ardência em cada fibra de seu corpo.
Ao dar o primeiro passo, uma pontada feroz percorre suas pernas, quase o fazendo cair. Mas ele avança.
Ele precisa avançar.
Akira encara a cena, perplexo.
— Como você ainda consegue...?
Takeshi não responde. Seus movimentos são lentos, mas cada passo é um desafio superado. Ele se aproxima. Mais um passo. Mais outro.
Então, com um último resquício de força, ele ergue o punho direito e dispara um soco.
O golpe atinge Akira com precisão, seu rosto se virando com o impacto. Um estalo ecoa, seguido por um filete de sangue escorrendo pelo canto de sua boca. O impacto o faz cambalear, e, por um breve momento, sua visão se turva.
Takeshi não para.
Ele sabe que tem apenas uma última chance. Sua perna direita está em um estado crítico—ele só poderá usá-la uma única vez. Mas é o suficiente.
Com um grito de pura determinação, Takeshi canaliza toda a sua energia no chute.
Seu pé encontra o peito de Akira com força avassaladora.
O impacto é brutal. Akira é lançado para trás, colidindo com a janela de vidro. Um estrondo ensurdecedor toma o ambiente enquanto a estrutura se estilhaça em milhares de pedaços.
Takeshi sente um estalo seco em sua perna. Algo dentro dele se parte.
A dor explode como uma onda de eletricidade, tomando conta de seu corpo inteiro. Seus músculos falham, e ele quase cai de joelhos.
— Isso dói muito! Caramba! Vai à merda tudo! — ele rosna entre dentes cerrados, tentando conter o grito.
Akira cambaleia, desequilibrado. Antes que pudesse reagir, Takeshi reúne o que resta de sua força e o empurra com tudo.
O corpo de Akira atravessa a moldura da janela destruída, e o som do impacto contra o chão reverbera pelo escritório.
Fragmentos de vidro voam em todas as direções, cortando ambos. O sangue se mistura ao ambiente caótico, gotejando lentamente sobre os papéis amarelados espalhados pelo chão.
O escritório é um cenário de destruição. Canetas quebradas, móveis revirados e um cheiro intenso de sangue pairando no ar. As luzes piscam de forma irregular, lançando sombras instáveis nas paredes sujas.
Takeshi desaba no chão. Sua perna e braço estão quebrados.
E então, a dor se torna insuportável.
— AAAAAAAAAAAAA!
Seu grito ecoa pelo vazio.
Ele respira com dificuldade, sentindo a vida se esvair a cada segundo.
"Eu vou morrer? Eu vou morrer mesmo aqui?"
Enquanto Takeshi se afundava em sua dor, um grito cortante ecoou pelo ambiente.
— AAHHHHH!
Era Akira. Mas Takeshi não conseguiu sentir nada além do peso esmagador da própria agonia. Seu corpo pulsava em um ritmo frenético, como se cada batida de seu coração fosse uma explosão de sofrimento.
"Eu não quero saber dele... Quero... Quero..."
Sua respiração se tornou irregular. O ar parecia pesado demais para ser puxado. Sua visão oscilava entre o escuro e um brilho azul familiar.
A mesma janela azul reapareceu, irradiando seu brilho misterioso.
『Você ganhou 100 moedas por matar alguém.』
『Eu não esperava que você ia sobreviver.』
Takeshi piscou, tentando manter a consciência. O significado daquelas palavras se misturava à sua mente caótica.
『Realmente, vocês humanos são bastante frágeis. Mas como você sobreviveu? Era para estar morto! Você sofreu inúmeros ataques, seus ossos estão quebrados, e nem consegue respirar direito.』
Ele tentou responder. Nada saiu. Sua garganta estava despedaçada pelos gritos e pelo esforço.
『Você nem consegue mais respirar.』
『Enfim, sua luta não foi muito agradável para os olhos deles.』
"Eles?"
Takeshi tentou falar novamente. Apenas o silêncio respondeu.
— ...…
『Que incrível, não é? Você nem consegue reagir. Mas chega de enrolação, está na hora de te mandar para o seu destino. Você vai para a primeira camada.』
Os olhos de Takeshi começaram a se fechar. Sua mente resistia, mas o corpo já havia cedido.
A última coisa que ouviu foi a voz da janela, agora nítida. Era a voz de um homem jovem. Fria. Determinada.
『Você está indo para a Camada 0: O Mundo dos Escravos.』
E então, tudo escureceu.