Depois de tudo aquilo, Takeshi permaneceu desmaiado por horas, sem dar qualquer sinal de vida. Então, algo tocou seu rosto. Era um toque macio, quase etéreo, deslizando suavemente sobre sua pele. Esse contato fez com que sua respiração voltasse, e, aos poucos, ele começou a abrir os olhos, piscando devagar.
— Espera… eu tô vivo? — sua voz saiu fraca, quase um sussurro.
Ele sentiu o corpo incrivelmente leve, diferente de antes. A dor insuportável havia sumido. Isso o deixou surpreso.
— Hã? Por que não estou sentindo dor no corpo inteiro? — ele levantou a mão direita até o rosto, sentindo a própria pele como se quisesse confirmar que ainda estava ali.
— Espera… onde eu estou? — murmurou, ainda deitado, enquanto virava a cabeça para os lados.
O cenário ao seu redor parecia uma floresta, mas havia algo de estranho nela. A grama era vermelha, e as folhas das árvores tinham um tom profundo de roxo. Não havia nenhum sinal de animais por perto, apenas um silêncio assustador que deixava o ambiente ainda mais tenso. Aos poucos, a escuridão começou a se espalhar, tornando tudo ainda mais ameaçador. Um arrepio percorreu sua espinha quando percebeu que a sombra ao redor parecia ganhar força.
Ele percebeu que estava deitado sobre a grama vermelha. As gramas vermelho eram como uma cama de cinco estrelas, era bastante confortável mesmo.
Takeshi começou tocando os próprios braços, sentindo os ossos sob a pele, firmes e intactos. Em seguida, levou a mão até a barriga, esperando encontrar alguma dor ou resquício de calor, mas tudo parecia normal. Nem mesmo um incômodo restava.
Suas pernas, ele nem precisou verificar. Já havia se levantado sem esforço, algo impensável antes. Sua visão estava nítida, completamente limpa,ele conseguia enxergar tudo ao seu redor sem dificuldade. Até suas costas, antes atormentadas pela dor, agora pareciam relaxadas, como se nunca tivessem sofrido qualquer impacto.
— Espera! Eu deveria estar ferido. Será que alguém me ajudou aqui? Mas não parece haver ninguém por perto. Isso é estranho, e eu também não estou me sentindo cansado.
Takeshi se limpou da sujeira da grama lentamente. Depois, arrumou sua roupa, que estava suja por causa da briga que teve com Akira.
— Mas como vim parar aqui? Não consigo me lembrar de nada do que aconteceu depois que aquela janela apareceu e falou aquilo para mim. Maldita janela.
Takeshi andou para frente calmamente, sem esperar muito daquele lugar. Ele parecia bem calmo, mas na verdade estava confuso e um pouco com medo.
Então, de repente, a janela apareceu com o seu brilho azul.
『Como você passou da primeira prova.』
『Agora você pode usar pontos usando seu dinheiro.』
『Para poder ficar mais forte.』
Até aquele momento, já estava claro para mim, era como um RPG de videogame. Status, habilidades... tudo aquilo realmente existia ali, o que tornava a situação ainda mais estranha. E se esse mundo seguia essa lógica, então isso significava apenas uma coisa: monstros também existiam.
『Árvore de status foi habilitada.』
— Mas o que eu posso upar na árvore de status? — perguntou ele, coçando a cabeça.
『Você pode upar sua força, velocidade, magia, resistência, defesa, saúde, estamina, mana e constituição.』
"O que diabos é uma constituição?!" pensou em perguntar para a janela, mas decidiu guardar a dúvida por enquanto.
Em vez disso, focou em outra questão:
— Mas quanto custa para melhorar essas coisas? — perguntou, olhando para a janela.
『Cada uma delas custa 100 moedas.』
"Você quer me matar?! Isso é muito caro!" Takeshi resmungou mentalmente.
"Essa janela acha que eu sou rico…"
Ele respirou fundo, tentando se acalmar.
"Espera... acho que me lembrei de algo."
Takeshi ficou parado, pensando no que podia fazer. Então, lembrou-se de que a primeira missão daria 500 moedas se concluída e que a morte de Akira lhe rendeu 100 moedas, totalizando 600 moedas.
— Eu tenho 600 moedas agora, né? — perguntou, tentando parecer que não sabia o total, mas, lá no fundo, ele tinha certeza.
『Sim, você pode usá-las se quiser.』
"Boa! Ainda bem que minha memória é boa. Agora eu tenho que pensar na comida, porque posso morrer de fome."
Takeshi deixou a janela ali, flutuando no ar, enquanto voltava sua atenção para a realidade.Ele respirou fundo e decidiu quais atributos iria aumentar em seu status.
— Eu escolho força, velocidade, estamina, defesa, saúde e força de novo — falou, apontando o dedo para a janela com energia.
『Você gastou um total de 600 moedas.』
Seus braços ficaram mais definidos e ligeiramente mais grossos, enquanto seus dedos permaneceram magros. Seu abdômen ganhou um leve contorno, quase imperceptível. Já suas pernas ficaram mais leves, embora sua aparência não tenha mudado.
"Que legal, estou bem mais forte agora. Agora eu pergunta para ver os meus status."
Antes dele fala a sua pergunta, a janela brilhante falou:
『Nós analisamos como você agiu na primeira tarefa.』
"Nós? Então quer dizer que existem outras janelas? Faz sentido, porque Akira também tinha uma. O que será que vem agora? A segunda tarefa?"
『Com base nisso, vamos entregar sua primeira habilidade.』
"Habilidade? Já estava na hora. Que seja algo forte, por favor, porque preciso disso para conseguir sobreviver."
『Habilidade: VERME DOS ASPECTOS adquirida.』
"Verme dos Aspectos? O que será isso? Melhor pergunta."
— Essa habilidade faz o que?
A janela permaneceu em silêncio por alguns segundos antes de finalmente responder:
『Eu não faço ideia.』
— O quê?! — ele ficou de boca aberta.
『Sei lá como é essa habilidade.』
— Como assim você não sabe?! — o choque era evidente em sua voz.
『Eu simplesmente não sei. Descubra você
mesmo, humano. Tem mais alguma pergunta?』
— Aff... Tenho sim. Quero ver meus status. —
『Ok. Aqui está.』
『Status』
•Nome: Kairu Takeshi
•Força: 2
•Velocidade: 1
•Mana:0
•Magia:0
•Resistência:0
•Constituição:0
•Stamina:1
•Saúde:1
•Defesa:1
『Outras coisas serão adicionado com o
tempo.』
— Tá, tá, tá... Agora eu tenho três perguntas.
『Hum.』
— Primeiro, quem me curou? Segundo, o que é constituição? — ele encarou a janela com uma expressão séria e, por fim, acrescentou:
— E por que você não sabe sobre a minha habilidade?
Takeshi fez questão de perguntar sobre a habilidade porque, nos jogos de RPG, o sistema sempre explica o que cada habilidade faz.
『Primeira pergunta: Como foi a primeira tarefa, eles quiseram fazer uma regeneração no corpo de vocês para garantir que estivessem em condições ideais para realizar as próximas tarefas. Mas essa será a última vez. Ou seja, eles querem que seus corpos estejam perfeitos para as tarefas, por isso a regeneração completa.』
"Eles? Eu não entendi essa parte..."
『Segunda pergunta: Constituição serve para que você consiga suportar benefícios, ou seja, presentes dos #####.』
"O que ele quis dizer com isso? Presentes? Só vejo coisa boa nisso..."
『Terceira pergunta: Eu não faço ideia do porquê não sei sobre isso. Como eu disse, é melhor você aprender por si mesmo. Agora, estou indo.』
Após essas palavras, a janela começou a se tornar transparente até desaparecer completamente dos olhos de Takeshi.
— Está bom né. Agora vamos caminhar nessa floresta estranha.
Takeshi caminhou para frente, sem muita confiança de que encontraria uma cidade ou sequer sobreviveria naquela floresta assustadora e misteriosa.
"Que chato... Só fico andando sem encontrar nada interessante. Ainda tenho tantas perguntas... Aquela janela maldita não explicou quase nada" frustrado, Takeshi levou a mão à boca e começou a roer as unhas.
Ele continuou caminhando até avistar um farol imenso, com uma altura entre 12 e 13 metros. A luz do farol era vermelha e muito forte, e sua estrutura era feita de um material azul-escuro bastante misterioso.
Takeshi usou os braços para cobrir os olhos devido à intensidade da luz.
"Caramba, essa luz é muito forte! Além disso, esse farol é enorme. Por que alguém criaria algo assim? E ainda por cima, não consigo ver nada à minha frente. Merda!"
Ele correu, sentindo o coração bater como tambores em seus ouvidos. A luz intensa do farol cegava seus olhos, forçando-o a desviar o rosto. De repente, ouviu passos. Pesados. Aproximando-se.
Apertou o punho, os joelhos vacilando.
— Quem está aí?
A luz se moveu, emitindo um som metálico tão agudo que ele instintivamente tapou os ouvidos. Seus pés tropeçaram em raízes, mas ele seguiu em frente, guiado pelo instinto mais primitivo: sobreviver.
"Que barulho alto…"
Ele não aguentou e xingou por causa do ruído ensurdecedor.
— Merda! Quem está fazendo isso?! Vai à merda! — gritou, irritado — você que está controlando isso me fez cair numa raiz!
Assim que terminou de reclamar, um calafrio percorreu seu corpo.
Os passos pesados atrás de Takeshi ecoavam mais alto do que sua própria respiração ofegante. Ele correu, sentindo cada músculo queimar, mas a luz intensa à sua frente cegava seus olhos.
"Caramba! Caramba! Caramba! Vai correr pernas! " pensou, enquanto tentava ignorar a sensação de que algo estava prestes a agarrá-lo.
Então, no último segundo, uma corrente roxa, envolta em uma aura negra, surgiu e destruiu uma árvore próxima, fazendo-a cair em sua direção.
Ele tentou correr, mas a corrente se moveu rapidamente, alcançando-o e prendendo suas pernas. Foi arrastado para trás com violência, batendo a cabeça e sentindo seu corpo ser puxado pelo chão.
"Eu quase morri por causa de Akira, agora tem isso para preocupar."
Takeshi é arrastado até uma árvore de trinta metros de altura e pressionado contra o tronco. A algema envolve seu corpo como uma serpente, apertando-o com força, comprimindo seu lado direito e arrancando-lhe gritos de dor.
— Pare com isso! Pare, você está escutando?! — ele falava enquanto se debatia.
"O que eu faço? Não quero morrer... não, não, não, não... por favor, não quero sentir essa dor."
A respiração de Takeshi torna-se ofegante e extremamente acelerada; seu coração parece prestes a saltar pela boca devido ao medo. Seus olhos tremem sem parar, e ele não consegue conter as lágrimas.
Enquanto Takeshi caía ao chão, tomado pelo desespero e pela dor intensa, ele vislumbrou a aproximação de doze figuras altas, com estatura variando entre dois metros e dois metros e dez centímetros. Suas vestes, reminiscentes dos trajes de antigos magos, eram cinzentas e austeras, sem o tradicional chapéu. No entanto, cada uma dessas figuras usava uma máscara singular que ocultava completamente o rosto e os cabelos. As máscaras possuíam uma espiral inquietante na área onde estariam os olhos e um sorriso macabro gravado na superfície.
Apesar do sorriso impresso nas máscaras, não havia como enxergar os rostos por trás delas. Era como se tivesse se fundido tanto com esses disfarces que seus semblantes fossem agora a própria máscara.
Ao se deparar com aquela visão aterradora, Takeshi não pôde conter o horror. O medo estava gravado em seu rosto, claro para todos os doze estranhos.
— O que vocês querem comigo?! Vão embora! — gritou, com a voz embargada de angústia.
A corrente que o aprisionava se apertou ainda mais, esmagando-lhe o peito. A dor tornou-se insuportável, e seu rosto começou a adquirir um tom azulado, pois cada vez mais o ar lhe faltava, dificultando a respiração.
"Não, não, não, não quero perder essa chance de viver.", falou quando a sua respiração ficava pesada.
Dominado pelo medo e pela ansiedade, seus olhos começaram a se fechar lentamente enquanto ainda olhava para os doze.
"Agora não... Não... Eu só preciso resistir."
Ele estava começando a perder a consciência, não conseguia ver nem escutar quase nada ao redor, e a dor em seu peito estava diminuindo. Mas, naquele momento, conseguiu ouvir um deles falando antes de desmaiar.
A voz da pessoa tinha um tom de cansaço e como se aquilo já não fosse a primeira vez.
— Parece que esse animal é bem fraco ele não tem valor — dalou bastante desanimado.
Logo em seguida, outro deles falou, mas a voz era quase idêntica, sem muita diferença.
Ele apontou para a roupa de Takeshi e afirmou com confiança:
— Ele tem valo olhar essa roupa desse animal — falou quando apontava várias vezes para roupa.
Depois disso, o mesmo que falou primeiro, que parecia ter mais autoridade entre todos, disse:
— Mas essa roupa está um pouco rasgada, então acho que não tem tanto valor — falou com firmeza e com a mão na máscara.
"Do que esses caras estão falando? Eu preciso reagir antes que eu desmaie,eu só tenho poucos minutos.Eu vou usar VERME DOS ASPECTOS e a única opção para isso."
— Mas se costurarmos essa roupa podemos ganhar muito com isso nosso mestre vai gostar muito disso.
Takeshi olha para eles e não conseguindo mais escutar nada ele olha com bastante medo mas confiante que vai dar certo.
"Agora VERME DOS ASPECTOS"
Naquele momento, o silêncio dominou sua mente. Com uma expressão desesperada, sobrancelhas cerradas e reunindo suas últimas forças, pensou:
"Não, não, não, por que não funcionou?"