Plantas de cores vibrantes e intensas brotaram de repente, como se um novo campo tivesse sido desenhado sobre o campo de batalha. Era um espetáculo de beleza selvagem, contrastando com todo o caos anterior.
A luz falsa, que observava tudo ao longe, moldou-se em uma boca... e sorriu.
O homem de cabelos azul-esverdeado apertou o coração verde em sua mão, fazendo-o brilhar com força.
Nesse instante — PFFFT! — o cavaleiro inimigo cuspiu sangue, tombando ligeiramente para o lado, surpreso com a dor repentina que explodia em seu peito.
Cambaleando, ele levantou o olhar pela primeira vez com medo e insegurança.
— Como você… soube do coração? — perguntou, tentando falar apesar da dor esmagadora.
O homem manteve-se firme. Seu olhar cortante, implacável.
— Eu não preciso responder isso — respondeu seco, dando um passo à frente.
O verdadeiro motivo daquele ataque certeiro estava finalmente exposto: o coração que o cavaleiro carregava era conectado à mana viva da árvore, que reagia intensamente a habilidades ligadas às plantas.
E ele...
Ele havia matado essa árvore. E também possuía habilidades relacionadas às plantas.
Agora a verdade por trás daquele golpe certeiro no peito estava além da força ou velocidade. Era estratégia silenciosa.
Enquanto todos estavam focados na batalha, o homem de cabelos azul-esverdeado havia feito algo simples — e quase imperceptível.
Uma pequena planta surgiu no chão, próxima ao cavaleiro, como se fosse apenas um resquício do caos floral ao redor. Mas ali, com um movimento sutil, ele jogou uma semente especial, ligada diretamente à frequência do Coração Verde.
— Você não percebeu — disse o homem, sua voz baixa como o vento entre as folhas. — Mas, desde o início, você já estava enraizado.
O cavaleiro caiu de joelhos, o peso da dor e da revelação o esmagando mais do que qualquer golpe físico.
E então... o chão ao redor começou a vibrar, como se algo ainda maior estivesse prestes a emergir.
O inimigo apertou os punhos com força.
Uma aura roxa e densa tomou forma ao seu redor, ondulando como um miasma furioso.
Sua espada começou a tremer violentamente, vibrando com uma energia sinistra. As plantas ao redor reagiram de imediato, sentindo a ameaça.
Vinte vinhas ergueram-se do chão como serpentes assassinas, disparando contra ele em sincronia.
Mas então… uma voz jovem ecoou pelas costas do cavaleiro:
— Perdendo... para essas coisas sem valor?
A sombra de uma figura apareceu atrás dele, envolta em uma capa vermelha viva, com traços verdes e roxos reluzindo como padrões místicos.
A simples presença daquela capa anulou completamente os ataques. As vinhas pararam no ar e se desfizeram em folhas antes mesmo de alcançá-lo.
Todos ficaram em choque absoluto, paralisados diante da nova figura.
E então, uma mensagem brilhou diante dos olhos de Layos:
『O segundo guardião — Leilani — apareceu.』
O nome caiu como um trovão entre os presentes.
Se o primeiro guardião já fora quase impossível de enfrentar… Agora, havia mais um.
『Caminho Nível 11. Cavaleiro Leilani.』
Zhin Tohm, ainda com a mão no peito ferido, foi ocultado por uma enorme capa flutuante.
Ninguém conseguia vê-lo. O tecido ondulava como névoa viva, cobrindo tudo ao redor dele.
Então… De dentro daquela capa, surgiu a silhueta de uma criança.
Passos calmos. Ela surgiu como se não tivesse pressa alguma, com um sorriso curioso nos lábios e o olhar carregado de algo que ninguém sabia nomear — loucura, talvez... ou apenas genialidade.
Seus cabelos verdes, como esmeraldas polidas, balançavam levemente ao vento, contrastando com a pele absurdamente branca, quase translúcida, como se fosse feita de porcelana viva.
Os olhos vermelhos não piscavam. Eram intensos, afiados, do tipo que atravessa a alma e ri de volta.
Vestia uma calça marrom comum, com as mãos enterradas nos bolsos, e uma camisa clara cheia de pequenas bolinhas amarelas e verdes, como se tivesse saído de casa em meio a um devaneio e escolhido a roupa pela vibração das cores.
Tinha 1,50m de altura, mas havia nela uma presença que ocupava o espaço de uma gigante.
Seu andar era leve, quase dançante, e havia algo elegante, inquieto e deliciosamente imprevisível naquela tranquilidade que exalava.
Com um giro leve da mão, a capa voou até ele, enrolando-se em seu braço como se tivesse vida própria.
Zhin Tohm, que antes caía com o corpo à beira da morte… agora estava de pé, ileso. A planta cravada em seu peito havia desaparecido sem deixar rastros.
Zhin Tohm ficou em choque ao ver a figura diante dele. Seus olhos se arregalaram e ele deu um passo hesitante para trás.
— E-espera... como você está...?
Antes que pudesse terminar a pergunta, a voz que parecia ser de um jovem finalmente se revelou. Era uma menina.
— Eu... ainda não faço ideia — disse ela, com um tom calmo, quase confuso. — É estranho... sentir o corpo vivo outra vez.
Enquanto falava, passava lentamente a mão pelo próprio rosto, como se quisesse ter certeza de que aquilo era real.
Ela olhou em volta com seriedade, observando os rostos ao redor, os corpos feridos, o campo de batalha.
— E quem são eles? — perguntou, fria. — Por que estão fazendo isso com você?
Zhin Tohm baixou os olhos, como se sua postura de cavaleiro firme desabasse diante daquela presença.
— Eu… eu não sei quem são exatamente. Mas um deles... está com o coração — ele apontou discretamente com os olhos para o homem de cabelos azul esverdeado.
— Estão me atacando… é parte da tarefa. Mas mesmo assim… — sua voz tremia. — Eu não consigo entender nada.
O vento soprou suavemente, fazendo os cabelos da garota dançarem com leveza. Pequenas esferas brancas e luminosas se desprendiam de seus fios como flocos encantados, flutuando ao redor dela.
Ela então pegou a capa que ainda envolvia seu braço. Seus olhos se tornaram afiados, como lâminas prontas para cortar.
Com a voz carregada de raiva, encarou diretamente o homem de cabelos azul esverdeado:
— Parece que alguém… não aprendeu a pedir o que pertence aos outros.
Silêncio. A tensão crescia. E a batalha… estava longe de terminar.
Igris, já exausto e com o corpo drenado de mana, caiu de joelhos. Seus olhos perderam o brilho por um momento, e o grande olho que flutuava acima dele desapareceu. As correntes que o prendiam se estilhaçaram no ar.
Tsukiko correu até ele, ajoelhando-se para ajudá-lo a se levantar — mas antes que pudesse fazer algo, Leilani jogou sua capa sobre ela.
— Tô aqui… — disse uma voz atrás do homem de cabelos azul esverdeado.
— Hã?! — ele se virou, surpreso.
Foi tarde demais.
As mãos de Leilani surgiram rápidas como um raio, arrancando o coração verde diretamente da mão dele. Ele tentou reagir, atacando-a com desespero, mas seus movimentos pareciam lentos diante dela. Em um instante, ela já estava ao lado de Zhin Tohm, sorrindo como se tivesse feito apenas um pequeno truque de criança.
— Até que… não estou tão enferrujada com as minhas habilidades — disse ela, segurando o coração com delicadeza. — É tão bom ver você de volta, meu coração…
Mark, confuso, apertou a adaga em sua mão, tentando entender o que estava acontecendo. Todos ao redor também observavam, sem coragem de interromper aquela cena carregada de poder e mistério.
Leilani então voltou seu olhar para o homem de cabelos azul esverdeado. Riu suavemente, mas com malícia.
— Você usou ele? — perguntou com desdém. — Se for isso… então você sabe o preço que deve pagar.
No mesmo instante, o peito dele se contorceu em dor. Seus olhos se arregalaram e ele cuspiu uma torrente de sangue, caindo um passo para trás.
Leilani sorriu de forma cruel, seus olhos brilhando com uma satisfação sombria.
— O preço… é parte do seu sangue. Afinal, para que ela continue batendo, é preciso mais do que mana — disse, levantando levemente o coração. — É preciso uma pequena parte da pessoa.
Um silêncio cortante tomou o campo. Os soldados ao redor ficaram pálidos, boquiabertos… E não perderam tempo: começaram a recuar.
O medo já tinha vencido antes mesmo do próximo golpe ser desferido.
Leilani soltou uma risada suave, quase divertida, ao ver a reação ao seu redor.
— O que foi, gente? Estão com medo? — perguntou com o olhar arregalado e um sorriso que oscilava entre o curioso e o insano.
Sem aviso, ela apertou o coração verde contra o peito com rapidez surpreendente. Uma aura intensa percorreu seu corpo inteiro, vibrando em tons estranhos. O coração pulsou uma vez… duas… e então perdeu parte da sua cor, como se drenado.
As pessoas ao redor começaram a correr, tomadas por um medo instintivo — não sabiam exatamente o que aconteceria, mas sabiam que não queriam estar perto quando acontecesse.
Mark e Layos permaneceram firmes, apesar do terror estampado em seus olhos. Queriam sobreviver. Queriam provar para Takeshi que também eram fortes.
Luna respirava com dificuldade, o sangue escorrendo pela testa. Tsukiko correu até Igris e o homem de cabelos azul esverdeado, tentando entender o que fazer.
Enquanto isso, Mark e Layos davam um passo à frente, sentindo o vento cortante soprar contra seus rostos — mas sem recuar.
Leilani observou os dois, intrigada. Um brilho de expectativa passou por seus olhos enquanto ela ajeitava a capa com calma.
— Hmmmm… — murmurou, como se estivesse analisando um brinquedo novo. — Então venham vocês dois.
Mark avançou em silêncio, ativando sua habilidade. Imediatamente, sua visão foi tomada por uma névoa negra densa, distorcendo o mundo ao redor. Ele respirou fundo... e segurou o ar nos pulmões, como se até o próprio ar estivesse contaminado.
Enquanto corria em meio à névoa, seus pensamentos ecoavam com urgência:
“Minha habilidade está no limite… e eu não vou aguentar muito mais sem respirar.”
O coração pulsava forte, o som retumbando em seus ouvidos como tambores de guerra. Cada batida reforçava a rejeição de morrer ali. Ele não podia, não queria cair tão cedo.
Até que—
Ele desferiu a adaga com força, rompendo o manto da névoa.
No instante seguinte, ela se dissipou de forma abrupta, revelando Mark aos olhos de todos. Seu corpo surgiu no campo de batalha como um raio, e o golpe veio certeiro — forte, rápido e inesperado.
Zhin Tohm entrou na frente no último segundo, bloqueando o ataque com o próprio corpo. A força foi tamanha que o empurrou alguns metros para trás, arrastando-o pelo chão.
Leilani arregalou os olhos, surpresa, e correu até o amigo com expressão aflita.
Mark ficou parado, ofegante, observando o impacto que causara. Em seguida, murmurou com frieza:
— Ei, sistema… abre meus status.
Uma luz suave brilhou ao lado dele e a janela de status apareceu diante dos seus olhos:
『 Status 』
Nome: Mark
Estatísticas:
[Força: 6], [Velocidade: 6], [Mana: 2], [Magia: 1],
[Resistência: 1], [Constituição: 1], [Stamina: 2],
[Saúde: 1], [Defesa: 2]
Moedas: 1300
Habilidades:
[Manto das Sombras Lv.1]
[Névoa da Ilusão Lv.2]
Modificador: O ser com o rosto distorcido.
Mark observava a janela de status com expressão séria, pensativo. Então murmurou:
— Você alterou os status como eu pedi... Certo, quero usar dois pontos para aumentar minha força.
No mesmo instante, uma aura vermelha envolveu seus braços. Seus músculos se expandiram e ganharam definição, ficando visivelmente mais fortes e preparados para o combate.
Layos se aproximou, impressionado.
— Foi rápido... Achei que ainda estivesse se recuperando. Sua habilidade é realmente poderosa.
Enquanto isso, Leilani ajudava Zhin Tohm a se levantar, mas o semblante dela era puro ódio. A capa que a envolvia se rasgou parcialmente, revelando duas partes distintas: uma continuava andando ao redor dela como uma extensão viva, e a outra envolvia Zhin Tohm para protegê-lo.
O coração verde em suas mãos começou a perder o brilho, batendo mais devagar, enfraquecido.
Mark observou o avanço dela com olhos atentos, sentindo a pressão no ar se intensificar. Então olhou para Layos e declarou:
— Se prepara. Estamos no limite, Layos… mas agora é tudo ou nada. Vamos com tudo!
Os dois começaram a caminhar, firmes, mesmo com o medo ainda presente nos olhos. Mas havia algo maior do que o medo naquele momento: a esperança de resistir, de lutar, de provar que ainda podiam vencer.
Enquanto isso, os soldados corriam apressados, mas, ao verem Mark e Layos ainda lutando com tanta determinação, a reação foi mista. Alguns, paralisados pelo medo, fugiram para longe, incapazes de suportar a tensão crescente.
Mas outros, os mais corajosos, começaram a se reerguer, sentindo uma chama de esperança acender dentro deles. A luta ainda não estava perdida, e talvez, só talvez, houvesse uma chance de reverter aquele caos.
Com o vento uivando forte e a tensão no ar, a batalha se intensificava a cada segundo. O som das correntes de batalha, os golpes e a determinação de cada combatente preenchiam o campo, deixando claro que o final dessa luta seria decidido não apenas pela força, mas pela coragem daqueles que ainda se mantinham de pé.