Capítulo Quatorze

[Pov-Alaric]

Vendo o homem desmaiar, e a mulher chamada Maya começar a tremer, eu penso nos riscos que eu corro, revelando essa informação a eles.

'Mas isso era necessário para que eles acreditassem no que eu falei.' Eu penso, sabendo que sem uma posição de poder, seria difícil fazer eles acreditarem em mim.

Enquanto eu estou pensando, Maya volta ao normal e olha para mim com uma expressão séria.

"Isso não é coisa que você fale pra qualquer um, garoto." Ela diz, olhando para mim com um olhar preocupado, e eu imagino o que ela deve estar pensando.

"Eu sei, mas essa era a única forma que eu consegui pensar pra fazer vocês acreditarem em mim." Eu digo, e ela acena com a cabeça, antes de me responder.

"Entendo, mas é melhor você não sair falando isso por aí, ou você pode acabar em encrenca." Ela diz, me olhando com uma expressão séria em seu rosto.

"Eu sei disso, o meu Deus já me avisou que eu devo tomar cuidado com isso, além de algumas poucas pessoas, só vocês dois sabem disso." Eu digo, e ela acena com a cabeça.

"É bom ter alguém que não vai ficar se gabando por ser um campeão." Ela diz, e eu fico um pouco confuso.

"Quem é o idiota que faria uma coisa dessas, isso é literalmente chamar todos os inimigos do seu deus para cima de você." Eu digo e ela ri, enquanto balança a cabeça.

"Bom, pode não parecer, mas já existiram campeões que foram mortos por que se exibiram de mais." Ela diz e eu fico incrédulo com a informação.

"Bom, finalmente conversar com alguém depois de tanto tempo é bom, mas eu gostaria de sair da área do ritual antes." Eu digo, olhando para trás e depois para Maya.

"Verdade, então vamos voltar a superfície." Ela diz, indo em direção ao vice capitão e o levantando, antes de caminhar em direção a saída, comigo logo atrás.

Depois de alguns minutos, nós chegamos a superfície, onde ela colocou Bastion deitado em um mini acampamento feito ali e nós fomos nos reunir com os outros cavaleiros.

Como o clima estava meio pesado, não houve muita conversa, mas mesmo assim eu me apresentei aos cavaleiros e os que quiseram também se apresentaram a mim.

Depois de discutir mais algumas coisas, Maya e os cavaleiros decidiram ir dormir, deixando alguns guardas acordados que iriam trocar de lugar com alguém depois.

Vendo que eles iam dormir do lado de fora e provavelmente não seria uma boa ideia entrar em uma das casas para dormir com eles aqui, eu pulo em cima de um telhado e pego alguns dos tecidos que eu achei na casa e estava usando como travesseiro.

Assim que eu dormi, eu acordei de novo, em um campo e com a casa de Asterion na minha frente.

'Esse cara tá me chamando demais aqui.' Eu penso, indo em direção a casa e batendo na porta.

Depois que eu recebo permissão e entro, eu vou até a sala de estar, onde escuto duas vozes conversando.

Entrando na sala de estar, eu me deparo com Asterion, conversando com uma mulher desconhecida.

Ela tem o cabelo preto, cerca de 1,70 de altura, sua pele é pálida, como se nunca tivesse visto o sol, e o que mais chama atenção, são as orelhas de raposa e 5 caudas atrás dela.

{Oh, então esse é o seu campeão? Ele é diferente do que eu imaginava.} Ela disse, com um tom curioso e divertido em sua voz.

{Huh? E como você achou que ele seria?} Asterion pergunta, com um tom confuso em sua voz.

{Bom, quando você me contou que além da vida ele também vai ser o Deus do Sangue, eu imaginei que ele seria todo emo igual aqueles caras que andam com o Oberon, mas olha só pra ele, ele não parece nem um pouco com eles.} Ela diz, vindo na minha direção e antes que eu pudesse fazer algo.

"Qu-" Eu não tenho tempo de falar nada quando ela me segura e começa a girar pela sala enquanto fala coisas rápido demais para eu entender, me deixando muito tonto e confuso.

{Você vai fazer o garoto vomitar assim.} Asterion disse, o que fez ela parar e me botar no chão.

"Ugh, acho que eu vou vomitar mesmo." Eu digo e Asterion abre um buraco no chão da casa na minha frente bem na hora.

*Bleeegh* Assim que ele abriu o buraco no chão eu me abaixei e vomitei na mesma hora.

{Bom, isso foi inesperado, que tal você ir ao banheiro lavar o rosto?} Asterion sugere e aponta para uma porta fechada e eu vou até lá.

Depois de lavar o rosto e a boca, eu saio do banheiro e vejo os dois sentado no sofá, então eu vou até a poltrona livre e me sento nela.

{Bom, depois do que acabou de acontecer, eu acho melhor irmos direto ao assunto.} Asterion diz, olhando para mim.

{Alaric, eu quero te apresentar a minha amiga Selene, a deusa da lua e do conhecimento.} Ele diz, me fazendo arregalar os olhos e olhar para a mulher no sofá, e soltar a primeira pergunta que veio na minha cabeça.

"Como que ela é a deusa de duas coisas tão diferentes assim?" Eu pergunto, alternando entre olhar para Selene e Asterion.

{Bom, eu estou agindo como uma deusa da lua temporária enquanto ninguém pode ocupar a posição.} Ela diz, me deixando mais confuso ainda.

"Como assim? O que aconteceu com o antigo deus da lua?" Eu pergunto, e dessa vez quem me responde é Asterion.

{Bom, o desafio que o antigo deus da lua deu para o seu campeão foi uma luta contra ele, mas no final da luta os dois acabaram sucumbindo pelas suas feridas, por causa disso, esse tipo de desafio foi banido 400 anos atrás.} Ele diz, me deixando incrédulo.

{Mas enfim, não é por isso que eu te trouxe aqui.} Ele diz, dando uma pausa e olhando para Selene, com uma conversa silenciosa até que ela começa a falar no lugar dele.

{Eu e Asterion assistimos ao gesto que você fez, junto com aquela oração final sua e dos cavaleiros.} Ela diz, com a sua expressão se tornando mais gentil com cada frase.

{Então, depois de tudo eu pedi para ele te chamar aqui para eu poder dizer pessoalmente que aquelas pessoas mortas foram guiadas para a próxima vida.} Ela diz, olhando para mim com um sorriso.

"Sério? Isso é ótimo." Eu digo com um sorriso no rosto igual ao dela.

{Bom, eu queria falar mais coisas só que você já vai acordar.} De repente, Asterion fala, cortando a nossa conversa e me deixando confuso.

"Como assim?" Eu pergunto, olhando para ele.

{Você está prestes a rolar pra fora do telhado que você dormiu.} Ele diz segurando o riso e os meus olhos se arregalam em surpresa antes de tudo ficar escuro.

Quando eu acordo, eu vejo que eu estou na beira do telhado, basicamente de cabeça para baixo e quase caindo.

Vendo isso, eu tento fazer algo para não cair, mas o fato de que eu acabei de acordar me deixou meio lento então eu acabo caindo deitado na rua, fazendo um barulho alto.

Depois de cair, eu escuto passos correndo na minha direção e 3 cavaleiros aparecem e olham para mim com uma expressão estranha.

"O que aconteceu aqui?" Ele pergunta, com um tom confuso mas parecendo que só quer confirmar algo, me fazendo olhar para o chão e dizer.

"Eu caí do telhado." Eu digo, não conseguindo olhar nenhum deles nos olhos de tanta vergonha.

"*Pf-* Ah, bom, *Pfft* tome mais cuidado então *Pfft* e tenha uma *Pfft* boa noite." Ele diz, se forçando a segurar a risada junto com os outros enquanto todos se afastam.

'Que vergonha da porra.' Eu penso, vendo os guardas se afastando, com seus corpos tremendo em risada silenciosa.

'Bom, melhor eu voltar a dormir, pois amanhã nos provavelmente iremos em direção ao condado.' Eu penso, antes de voltar para o telhado e deitar nos meus tecidos.

Cansado demais, depois de trabalhar tanto para enterrar aquelas pessoas, eu acabo dormindo bem rápido.