Aiden acordou com os primeiros raios de sol infiltrando-se pela janela de seu quarto na taverna "Dragão Dorminhoco". O colchão de palha rangeu sob seu peso enquanto ele se espreguiçava, sentindo os músculos ainda um pouco rígidos da missão anterior, mas também uma energia renovada. Completar sua primeira tarefa — coletar dez troncos de carvalho jovem na Floresta das Sombras — havia lhe dado um gostinho do que significava ser um aventureiro. Ele se levantou, vestiu a camisa nova e ajustou a cota de malha, que tilintava levemente a cada movimento. A foice, agora uma extensão de si mesmo, foi presa às costas com cuidado antes de ele descer as escadas para o salão principal.
O aroma de mingau quente e pão fresco enchia o ar da taverna. Aiden escolheu uma mesa próxima à lareira, onde as chamas crepitavam baixinho, aquecendo o ambiente contra a brisa fria da manhã. Pediu seu café da manhã ao taverneiro, e logo uma tigela fumegante foi colocada à sua frente. Enquanto comia, seus pensamentos vagaram para Elara e sua mãe. Ele imaginou a irmã em algum lugar distante, talvez prisioneira em Valtara, e a mãe na igreja da vila, sob os cuidados do Padre Elias. A colher em sua mão foi apertada com mais força, um reflexo da determinação que queimava em seu peito. Cada missão concluída era um passo rumo ao dia em que poderia resgatar Elara e garantir uma vida melhor para sua mãe.
Terminado o café, Aiden limpou a boca com as costas da mão e saiu da taverna, atravessando a praça de Akasall em direção à guilda. O sol já aquecia as pedras do calçamento, e as ruas estavam cheias de vida: mercadores montavam suas barracas, crianças corriam entre os pedestres, e aventureiros conversavam em grupos, suas armaduras reluzindo sob a luz matinal. Ele entrou no salão principal da guilda, onde o quadro de missões exibia uma variedade de papéis coloridos, cada um prometendo desafios e recompensas.
Aiden se aproximou do quadro, os olhos verdes examinando as opções disponíveis para seu rank F. Ele queria algo que o ajudasse a ganhar mais experiência e dinheiro, mas que ainda fosse adequado para suas habilidades limitadas. Após alguns minutos, encontrou uma missão que chamou sua atenção: "Coleta de Ervas Medicinais na Floresta das Sombras". O papel descrevia a necessidade de coletar vinte ramos de uma planta chamada "folha-azul", usada em poções de cura, com uma recompensa de cinco moedas de prata. Parecia perfeita — ele já conhecia a floresta, e a tarefa não envolvia combate, algo que ainda o intimidava. Pegou o papel e levou-o até a recepcionista, uma mulher de cabelos castanhos presos em um coque, que o cumprimentou com um sorriso familiar.
"Bom dia, Aiden," disse ela, ajustando os óculos no nariz. "Escolheu sua próxima missão?"
"Sim," respondeu ele, entregando o papel. "Quero coletar as ervas medicinais."
Ela leu a descrição rapidamente e pegou um carimbo do balcão. "Boa escolha. As folhas-azuis são valiosas para os curandeiros da cidade. Só tome cuidado para pegar as certas — elas têm folhas serrilhadas e flores azuis. Há uma ilustração aqui para ajudar." Ela apontou para um desenho simples no canto do papel.
Aiden estudou a imagem: uma planta de caule fino, folhas dentadas e pequenas flores azuis brilhantes. "Entendi. Vou prestar atenção."
A recepcionista carimbou o documento e o devolveu. "Boa sorte. E se precisar de dicas, pergunte aos aventureiros mais experientes. Alguns conhecem a floresta como a palma da mão."
"Obrigado," disse ele, guardando o papel na mochila. Com um aceno, saiu da guilda e tomou o caminho para a Floresta das Sombras, sentindo uma mistura de confiança e curiosidade.
A caminhada até a floresta era familiar agora. Ele passou pelas últimas casas de Akasall, onde o cheiro de feno e fumaça de chaminés dava lugar ao aroma úmido da mata. Ao chegar à entrada da Floresta das Sombras, parou por um instante, observando as árvores altas que se erguiam como guardiãs silenciosas. O sol penetrava pelas copas em feixes dourados, mas as sombras escuras ainda dominavam o chão. Aiden respirou fundo, ajustou a mochila e entrou, seguindo um caminho estreito que serpenteava entre os troncos.
A missão exigia vinte ramos de folha-azul, e Aiden começou a procurar assim que pisou na floresta. Ele sabia que plantas medicinais geralmente cresciam em locais específicos — perto de riachos, em clareiras ou sob a sombra de árvores grandes. Caminhou por alguns minutos, os olhos atentos a qualquer sinal das folhas serrilhadas e flores azuis. Passou por arbustos espinhosos e troncos cobertos de musgo, mas nada parecia corresponder à descrição.
Após um tempo, ele ouviu o som suave de água correndo e seguiu na direção do ruído. Encontrou um riacho estreito, suas águas cristalinas deslizando sobre pedras lisas. Ajoelhou-se na margem e examinou as plantas ao redor. Havia ervas de várias formas e tamanhos, mas nenhuma com as características da folha-azul. Algumas tinham folhas lisas, outras flores brancas ou roxas, mas nada de azul brilhante. Ele franziu a testa, percebendo que a tarefa seria mais difícil do que coletar troncos.
Decidiu explorar mais. Levantou-se e seguiu o riacho, mantendo os sentidos alertas. A floresta era viva ao seu redor: pássaros cantavam nas copas, o vento sussurrava entre as folhas, e pequenos insetos zumbiam perto do chão. Após alguns minutos, chegou a uma clareira onde o sol conseguia penetrar com mais força. Lá, entre tufos de grama alta, ele avistou um grupo de plantas que pareciam promissoras. As folhas eram serrilhadas, e pequenas flores azuis brilhavam como joias sob a luz. Aiden sorriu, aliviado. "Achei vocês," murmurou, aproximando-se.
Ele se abaixou e começou a coletar os ramos com cuidado, arrancando-os pela base para não danificar as flores ou folhas. A recepcionista não havia especificado como entregá-las, mas ele imaginou que os curandeiros precisariam das plantas inteiras. Colocou os primeiros ramos na mochila, contando cada um mentalmente. Enquanto trabalhava, percebeu que as folhas-azuis não estavam tão abundantes quanto esperava. Na clareira, encontrou apenas cinco ramos adequados; o resto eram plantas semelhantes, mas com flores menores ou folhas menos serrilhadas.
"Preciso de mais," pensou, levantando-se para procurar em outras áreas. Ele caminhou pela floresta, subindo uma pequena colina onde a vegetação era mais densa. Entre as raízes expostas de uma árvore antiga, encontrou mais três ramos de folha-azul. Coletou-os com satisfação, mas ainda faltavam doze para completar a missão. O sol subia no céu, e o calor começava a pesar sobre seus ombros.
Enquanto explorava, ouviu um farfalhar próximo. Virou-se e viu um pequeno animal saindo de trás de um arbusto — um texugo listrado, com uma pelagem preta e branca que se misturava ao chão da floresta. O animal o encarou por um momento, os olhos curiosos brilhando, antes de voltar a fuçar o solo com o focinho. Aiden observou, intrigado. Pensou em testar sua habilidade "Ceifadora das Sombras" nele, como fizera com os animais durante a missão anterior, mas decidiu que não valia a pena. O texugo não era uma ameaça, e ele precisava focar nas ervas.
Continuou sua busca, descendo a colina em direção a outra clareira. Lá, encontrou mais folhas-azuis crescendo perto de um tronco caído, suas flores azuis destacando-se contra a madeira escura. Coletou seis ramos, dobrando sua contagem para quatorze. "Quase lá," disse a si mesmo, sentindo o progresso. No entanto, a mochila começava a ficar pesada, e seus joelhos doíam de tanto se abaixar.
Decidiu fazer uma pausa. Sentou-se em uma pedra próxima ao riacho, tirou um pedaço de pão da mochila e comeu lentamente, ouvindo o som da água correndo. O ar fresco da floresta aliviava o calor em sua pele, e por um momento, ele se permitiu relaxar. Enquanto mastigava, um pássaro pousou em um galho baixo à sua frente. Era uma criatura pequena, com penas azuis com a cabeça vermelha que brilhavam ao sol, o bico longo e curvo emitindo um canto suave. Aiden ficou olhando, admirado com a beleza do animal. Pensou em tentar capturá-lo com a "Ceifadora das Sombras", mas descartou a ideia. Ele precisava das ervas, não de distrações.
Terminado o lanche, guardou o resto do pão e voltou ao trabalho. Explorou uma área mais sombria da floresta, onde as árvores eram mais altas e o chão estava coberto de folhas secas. Lá, encontrou mais folhas-azuis escondidas entre samambaias. Coletou quatro ramos, chegando a dezoito. "Só mais dois," murmurou, sentindo o cansaço nos braços e pernas.
Enquanto procurava os últimos ramos, ouviu um grunhido baixo vindo de trás de um arbusto. Ele se aproximou com cautela, a mão instintivamente indo para a foice. Entre as folhas, viu um javali selvagem — menor que o da missão anterior, mas ainda assim impressionante, com uma pelagem escura e presas curtas. O animal fuçava o chão, agitado, e não parecia ter notado Aiden ainda. Ele decidiu usar a oportunidade para treinar.
Segurando a foice com firmeza, avançou lentamente. Quando estava a poucos metros, gritou — "Ceifadora das Sombras!" e atacou. A lâmina brilhou com uma aura negra, mas o golpe saiu desajeitado, cortando o ar enquanto o javali desviava com um salto rápido. O animal grunhiu alto e fugiu para a mata, deixando Aiden com uma expressão de frustração. "Ainda não está bom o suficiente," pensou, abaixando a arma. Ele sabia que precisava melhorar sua precisão e controle, mas isso viria com o tempo.
Voltou à busca pelas ervas. Após mais alguns minutos, encontrou os dois ramos finais de folha-azul perto de uma árvore retorcida, suas flores azuis quase escondidas pelas sombras. Coletou-os com cuidado, contando até vinte na mochila. O sol começava a se pôr, tingindo o céu de laranja e rosa, e Aiden sentiu uma onda de alívio. Ele havia concluído a missão.
Com a mochila cheia, retornou a Akasall, o cansaço pesando em seus ombros, mas a satisfação aquecendo seu peito. Chegou à guilda ao anoitecer, o salão principal iluminado por lanternas penduradas nas paredes. Levou as ervas até a recepcionista, que as examinou com atenção, cheirando as flores e verificando as folhas.
— "Excelente trabalho, Aiden," disse ela, guardando as plantas em uma cesta atrás do balcão. "Todas estão em boas condições. Aqui está sua recompensa." Ela entregou cinco moedas de prata, que tilintaram em sua mão.
— "Obrigado," respondeu ele, guardando o dinheiro. Hesitou por um momento antes de continuar. — "Eu gostaria de tentar algo mais desafiador agora. Algo que me ajude a ganhar mais experiência."
A recepcionista ergueu uma sobrancelha, surpresa, mas assentiu. "Entendo. Bem, temos uma missão de combate disponível para rank F. É contra um grupo de mortos-vivos que apareceram em uma fazenda. Eles são fracos individualmente, mas em grupo podem ser perigosos. Não é recomendada para aventureiros sozinhos, especialmente iniciantes como você."
Aiden franziu a testa, considerando as palavras. Ele queria se testar, mas reconhecia seus limites. — "Talvez eu devesse encontrar um grupo," disse, mais para si mesmo do que para ela.