Não havia tempo para hesitar. Seu coração batia descontrolado, um tambor frenético ecoando em seu peito, enquanto ele girava nos calcanhares e disparava em direção à saída. Seus pés batiam contra o chão irregular, o som dos passos reverberando nas paredes de pedra como um aviso tardio do que estava por vir.
Atrás dele, o ar explodiu em um estrondo ensurdecedor. Uma onda de calor lambeu suas costas, e o chão tremeu com tanta força que ele quase perdeu o equilíbrio. Pedras despencaram do teto da caverna, uma chuva mortal de fragmentos irregulares. Uma delas passou a poucos centímetros de sua cabeça, o deslocamento de ar bagunçando seus cabelos castanhos e suados. Outra acertou o chão à sua frente, estilhaçando-se em pedaços que ricochetearam perigosamente. Aiden não parou para pensar no quão perto estivera da morte; ele apenas correu, os pulmões ardendo enquanto forçava cada músculo a obedecer. Quando finalmente irrompeu para fora, o ar fresco da floresta oeste o atingiu como um bálsamo, invadindo suas narinas com o cheiro de pinheiros e terra úmida.
Ele respirou fundo, o alívio momentâneo sendo rapidamente substituído pelo som de passos pesados atrás dele.
Virando-se, ele viu a figura imponente emergir das sombras da caverna. Era o zumbi — Joren. Seus olhos verdes brilhavam com uma intensidade sobrenatural, como duas esmeraldas reluzindo na penumbra. A luz do sol nascente banhava seu corpo, revelando a camisa xadrez rasgada que pendia em farrapos sobre o peito largo, e a cicatriz profunda que marcava seu queixo. Era Joren, o marido de Mara, agora transformado em algo grotesco e implacável. Sem hesitar, Joren avançou, os movimentos rápidos e precisos como os de um predador em caça. Antes que Aiden pudesse reagir plenamente, um golpe veio em direção ao seu peito, uma força bruta carregada de intenções letais.
Por puro instinto, Aiden ergueu a foice que segurava, o metal gasto chocando-se contra o punho de Joren. O impacto reverberou por seus braços, um tremor que fez seus dentes rangerem e seus ossos protestarem. A força foi devastadora, arremessando-o para trás como se fosse uma folha ao vento. Ele voou por metros, o mundo girando em um borrão de verde e marrom até que seu corpo colidiu com o chão. Um grito abafado escapou de seus lábios enquanto a dor explodia em suas costas e ombros, o impacto tirando o ar de seus pulmões. Rolando na terra úmida, ele lutou para se levantar, as mãos tremendo ao se apoiar na foice. O sangue pulsava em seus ouvidos, mas ele forçou os olhos a se fixarem em Joren, agora plenamente visível à luz do dia.
A batalha que se seguiu foi um pesadelo em câmera lenta. Aiden sabia que estava em desvantagem desde o primeiro golpe. Joren, mesmo em seu estado de morto-vivo, era uma força da natureza, uma máquina de destruição movida por algo além da compreensão humana. Cada ataque que Aiden conseguia bloquear com a foice era um teste de resistência; o metal cantava a cada colisão, mas seus braços fraquejavam mais a cada segundo. Ele tentou contra-atacar, girando a lâmina em um arco desesperado, mas Joren era rápido demais, esquivando-se com uma agilidade que desafiava sua aparência deteriorada. Um soco acertou o ombro esquerdo de Aiden, a força arrancando um grito rouco de sua garganta. A dor era aguda, como se uma faca tivesse sido cravada em sua carne, e seu braço ficou dormente por um instante.
Outro golpe veio logo em seguida, um chute que o pegou desprevenido e o fez tropeçar. Seus joelhos afundaram na terra molhada, o cheiro de musgo e sangue subindo até seu nariz. Um corte em sua testa, aberto por um golpe anterior, sangrava livremente agora, o líquido quente escorrendo por seu rosto e embaçando sua visão em um dos olhos. Ele piscou furiosamente, tentando clarear a vista, mas Joren não lhe deu trégua. O zumbi avançava, implacável, os olhos verdes fixos nele como lanternas em meio à escuridão. Desesperado, Aiden decidiu apelar para algo além da força física. Ele precisava alcançar o homem que Joren costumava ser.
"Joren, escute!" Sua voz saiu rouca, carregada de exaustão e urgência. "Mara está esperando por você! Seus vizinhos, seus amigos — todos sentem sua falta! Você não é isso!"
As palavras pairaram no ar, frágeis contra o silêncio opressivo da floresta. Por um momento, Aiden achou que tinham sido em vão. Joren não respondeu; apenas continuou avançando, os punhos cerrados prontos para esmagá-lo. Mas Aiden não desistiu. Ele precisava tentar, precisava acreditar que algo ainda restava daquele homem gentil das historias que escutou.
Então veio o golpe que mudou tudo. Com um rugido gutural que parecia rasgar o próprio ar, Joren cravou as garras no flanco direito de Aiden. A dor foi imediata e avassaladora, um fogo líquido que se espalhou por seu corpo. Ele ouviu o estalo seco de uma costela quebrando, o som ecoando dentro de seu crânio enquanto gritava. O som que saiu de sua garganta era primal, um lamento de agonia que ele mal reconheceu como seu. As garras de Joren torceram, aprofundando o ferimento, e o sangue quente encharcou sua camisa, escorrendo pela perna até o chão. Suas pernas cederam, o mundo girando enquanto ele caía de joelhos mais uma vez. Antes que pudesse se recuperar, Joren o agarrou pelo pescoço, os dedos frios e duros como ferro apertando com força desumana.
Aiden lutou para respirar, cada tentativa uma batalha contra a pressão esmagadora. Seus olhos encontraram os de Joren — os dele, arregalados de desespero e marejados de lágrimas; os do zumbi, verdes e vazios, um abismo de nada que parecia sugar qualquer esperança. Mas Aiden não estava pronto para morrer ali. Com o pouco fôlego que lhe restava, ele forçou as palavras a saírem, um último apelo ao homem que Joren fora.
"Lia…" Ele sussurrou, a voz falhando enquanto pontos pretos dançavam em sua visão. "Sua filha… ela está com medo, esperando o papai voltar. Lembra do doce? Você correu até a cidade só para vê-la sorrir. Ela ainda fala disso, Joren. Ela precisa de você."
Por um instante, o tempo congelou. Algo mudou nos olhos de Joren. O brilho verde, tão frio e distante, vacilou como uma chama ao vento. Uma faísca de emoção — reconhecimento, dor, talvez até humanidade — atravessou aquele olhar morto. Os dedos que apertavam o pescoço de Aiden afrouxaram, e ele caiu ao chão, o impacto enviando outra onda de dor através de seu corpo ferido.
Ofegante, ele segurou o flanco ensanguentado, o peito ardendo a cada respiração rasa. Joren, por sua vez, emitiu grunhidos confusos, um som rouco e torturado que parecia uma tentativa frustrada de formar palavras. Seus movimentos tornaram-se erráticos; ele cambaleou para trás, os olhos arregalados de fúria e desorientação.
Então, com um rugido que fez os pássaros alçarem voo das árvores ao redor, Joren se lançou contra a parede da caverna. O impacto foi violento, pedras rolando e poeira subindo em uma nuvem sufocante. Por um momento, Aiden pensou que ele voltaria para terminar o que começara, mas, em vez disso, Joren correu de volta para as profundezas escuras da caverna, os passos pesados ecoando até desaparecerem. Aiden ficou sozinho, o silêncio da floresta caindo sobre ele como um manto pesado.
Gravemente ferido, ele sabia que não podia ficar ali. Cada movimento era uma tortura, mas ele rastejou até uma árvore próxima, o tronco áspero arranhando suas costas enquanto se encostava.
O sangue escorria livremente de seu flanco, formando uma poça escura na terra. Ele pressionou a mão contra o ferimento, os dentes cerrados contra a dor, enquanto tentava manter os olhos abertos. Da caverna, vinham sons distantes — gritos agudos, explosões abafadas, o eco de uma batalha que ele não podia mais testemunhar. Ele não sabia se Joren lutava contra os cultistas ou contra si mesmo, mas uma parte dele queria acreditar que suas palavras tinham alcançado algo.
O tempo se arrastava, cada minuto uma eternidade de agonia e incerteza. O sol subia lentamente no céu, os raios mornos filtrando-se pelas copas das árvores e aquecendo sua pele fria e suada. Ele perdeu a noção de quanto tempo passou ali, oscilando entre a consciência e a escuridão, até que um som o trouxe de volta: passos, pesados e irregulares, vindo da direção da caverna. Ele ergueu a cabeça com esforço, os olhos embaçados focando na figura que emergia das sombras.
Era Joren. Seu corpo estava ainda mais destruído — um braço fora arrancado na altura do ombro, o sangue seco manchando sua pele pálida, e cortes profundos cruzavam seu torso. Mas o que chamou a atenção de Aiden foi o que ele carregava: sobre o ombro restante, Joren trazia a garota inconsciente, a mesma que estivera amarrada à pedra sacrificial dentro da caverna. Seu rosto estava pálido, os cabelos loiros emaranhados caindo sobre os olhos fechados, mas ela respirava, o peito subindo e descendo em um ritmo fraco.
Joren parou diante de Aiden, os olhos verdes encontrando os dele. Havia algo diferente naquele olhar agora — não mais o vazio cruel de antes, mas um brilho que poderia ser determinação, ou talvez redenção. Sem dizer uma palavra, ele estendeu a mão restante, os dedos trêmulos mas firmes. Aiden hesitou por um instante, o medo e a dor quase o dominando, mas então agarrou a mão oferecida. Joren o puxou para cima com um esforço visível, o corpo do zumbi tremendo sob o peso de seus próprios ferimentos. Apoando Aiden com o ombro, ele começou a guiá-lo, passo a passo, pela trilha que levava de volta à casa de Mara.
A jornada foi lenta e excruciante. Cada passo enviava uma pontada de dor através do corpo de Aiden, o ferimento em seu flanco sangrando novamente com o esforço. Ele se apoiava pesadamente em Joren, o cheiro metálico de sangue e o fedor de decomposição do zumbi misturando-se em suas narinas. A garota pendia sobre o ombro de Joren, um peso morto que ele carregava sem hesitação. A floresta ao redor parecia viva, os sons de pássaros e o farfalhar das folhas um contraste cruel com a cena de destruição que os três formavam.
Conforme se aproximavam da casa de Mara, o sol já estava alto no céu, banhando o pequeno chalé em uma luz dourada. A porta se abriu antes mesmo que chegassem, e Mara surgiu no limiar, os olhos arregalados de choque. Atrás dela, Lia, a pequena filha de Joren, espiava com o rosto pálido de medo. Quando Mara viu o marido — ou o que restava dele — um grito escapou de sua garganta, uma mistura de horror e alívio. Lia correu para fora, parando a poucos metros, os olhos fixos no pai.
"Papai?" Sua voz era um sussurro trêmulo, carregado de esperança e incerteza.
Joren não respondeu, mas seus olhos verdes se fixaram nela por um longo momento. Ele depositou a garota inconsciente no chão com cuidado, então caiu de joelhos, o corpo finalmente cedendo ao peso de seus ferimentos. Aiden, exausto e à beira do colapso, deslizou para o chão ao lado dele, o mundo escurecendo em sua visão. A última coisa que viu foi Mara correndo em direção a eles, lágrimas escorrendo por seu rosto, enquanto Lia se aproximava lentamente, uma mão hesitante esticada em direção ao pai.