Um Novo Desafio

Thomas ajustou o saco de lona no ombro e começou a caminhar em direção às colinas, a trilha de terra batida esticando-se à sua frente. O sol da manhã já estava alto, e Thomas sentia o calor em suas costas, mas isso não o deteve. Ele conhecia bem a região — as tardes passadas com sua mãe, uma herbalista habilidosa, haviam gravado em sua memória os segredos das plantas. Erva-cidreira, com suas folhas verdes brilhantes e serrilhadas, gostava de áreas ensolaradas e solos bem drenados. Ele sabia onde procurar.

A caminhada levou cerca de uma hora. A trilha serpenteava entre árvores esparsas, o som de seus passos abafado pela vegetação densa que ladeava o caminho. Thomas mantinha os olhos atentos, vasculhando o chão em busca dos tufos característicos da erva. Após alguns minutos, avistou o primeiro maço, as folhas balançando suavemente ao vento. Ele se ajoelhou, o cheiro cítrico e fresco da planta subindo até suas narinas enquanto usava uma pequena faca para cortar os caules com cuidado, preservando as raízes. Colocou o maço no saco, sentindo um pequeno orgulho ao ouvir o leve farfalhar das folhas contra a lona.

A coleta prosseguiu sem pressa, mas com foco. Thomas encontrou mais maços ao longo da trilha, alguns escondidos entre arbustos, outros em clareiras abertas onde o sol batia forte. Ele contava mentalmente — dois, três, quatro — enquanto o saco ficava mais pesado. Em certo momento, porém, a tarefa encontrou um obstáculo. Ao se aproximar de uma encosta íngreme, o solo úmido da chuva da noite anterior tornou-se traiçoeiro. Seus pés deslizaram na lama, e ele quase caiu, o coração disparando enquanto se agarrava a um galho próximo para se equilibrar. "Calma, Thomas," murmurou para si mesmo, respirando fundo. Ele firmou os pés, testando o terreno com cuidado, e usou sua força para subir, os músculos das pernas protestando contra o esforço. Do outro lado da encosta, encontrou mais dois maços, e o alívio o fez sorrir.

Com sete maços coletados, ele continuou a busca, agora mais atento ao terreno. Foi então que um ruído súbito o fez parar. Um grunhido baixo veio dos arbustos à sua esquerda, seguido pelo som de algo se movendo na vegetação. Thomas congelou, o coração batendo forte no peito. Ele não era um guerreiro — sua faca era para cortar plantas, não para lutar. Lentamente, virou a cabeça e viu um javali emergir da mata, as presas curtas reluzindo à luz do sol. O animal bufou, encarando-o por um instante, e Thomas sentiu o suor escorrer pela testa. Mas então o javali desviou o olhar, aparentemente desinteressado, e trotou para longe, desaparecendo entre as árvores.

Thomas soltou o ar que nem sabia que estava segurando, as mãos tremendo ligeiramente enquanto ajustava o saco no ombro. Ele não havia enfrentado o javali, mas ficar calmo diante dele já era algo. Recomposto, continuou a coleta, encontrando os últimos três maços em uma clareira próxima. Com os dez maços devidamente guardados, ele verificou o saco, satisfeito com o peso e o aroma fresco que emanava dali. O sol ainda não havia alcançado o meio-dia — ele terminara em metade do tempo que imaginara.

O caminho de volta à cidade foi mais rápido. Thomas conhecia a trilha agora, e a descida das colinas facilitava seus passos. O saco batia contra suas costas a cada passada, um lembrete tangível de sua conquista. Ao avistar as muralhas da cidade, sentiu uma onda de orgulho misturada com nervosismo. Ele atravessou o portão, acenando timidamente para os guardas que o cumprimentaram, e seguiu direto para o boticário.

O homem estava em sua loja, um espaço pequeno repleto de frascos e ervas secas penduradas no teto. Era de meia-idade, com óculos redondos e uma barba grisalha bem aparada, e ergueu os olhos de um almofariz ao ver Thomas entrar. "Aqui estão as ervas que o senhor pediu," disse Thomas, colocando o saco sobre o balcão com cuidado.

O boticário abriu o saco, inspecionando os maços com dedos experientes. Ele cheirou as folhas, verificou a textura e assentiu, um sorriso satisfeito surgindo em seu rosto. "Excelente trabalho, jovem. Estão perfeitas — frescas e bem colhidas. Aqui está sua recompensa." Ele entregou a Thomas um pequeno saquinho de moedas, o tilintar metálico ecoando no ar silencioso da loja.

"Obrigado, senhor," respondeu Thomas, pegando as moedas com um leve rubor nas bochechas. Ele guardou o saquinho no bolso e saiu, o elogio do boticário ainda ressoando em sua mente. Mas ele não queria parar por aí. Aiden precisava dele, e cada missão completada era um passo mais perto de ajudá-lo a encontrar sua amada. Com isso em mente, dirigiu-se à guilda.

O salão principal estava movimentado como sempre, o barulho de conversas e o tilintar de armaduras enchendo o ar. Thomas se aproximou do balcão, onde a recepcionista de cabelos ruivos o cumprimentou com um sorriso. "Olá novamente, Thomas," disse ela, a voz calorosa. "Como foi a missão?"

"Foi bem, senhora," respondeu ele, um pouco mais confiante agora. "Consegui coletar as ervas sem problemas."

"Que bom! Você está pronto para outra missão?"

"Sim, eu gostaria de saber se há mais alguma coisa que eu possa fazer." Thomas esfregou a nuca, um gesto que traía seu nervosismo apesar da determinação em seus olhos.

A recepcionista consultou o livro de registros e então virou-se para as placas de missões atrás dela. "Na verdade, há um grupo de aventureiros que chegou esta manhã e está procurando um quarto membro para uma missão. Eles são de rank E, um nível acima do seu, mas estão dispostos a aceitar um novato para completar o time."

Thomas sentiu um frio na barriga. Rank E significava mais perigo, algo além de sua experiência limitada. "Qual é a missão?" perguntou, tentando manter a voz firme.

"Eles precisam eliminar um pequeno acampamento de goblins que tem ameaçado viajantes numa rota comercial próxima," explicou ela. "É uma missão importante para a segurança da região, mas também mais perigosa. Seria uma ótima oportunidade para você ganhar experiência e subir de rank, embora eu deva alertar que envolve combate."

A palavra "combate" fez o estômago de Thomas se revirar. Ele imaginou goblins — criaturas pequenas, mas ferozes, com dentes afiados e olhos brilhantes, como as histórias que ouvia na vila. Ele não sabia lutar, não como Aiden, que enfrentara zumbis com coragem. Mas antes que pudesse responder, a recepcionista continuou.

"Se você estiver aqui na guilda antes do amanhecer amanhã, posso apresentá-lo ao grupo. Eles planejam partir de manhã. São três: um tank, uma maga e uma cleriga. O tank é um guerreiro robusto, confiante, com uma armadura que parece impenetrável e uma espada larga nas costas. A maga é uma jovem talentosa, com um cajado adornado de runas que brilham quando ela conjura. E a cleriga é uma curandeira calma, devota, com uma presença que acalma até os corações mais agitados."

Thomas assentiu, imaginando o trio. O tank seria imponente, talvez com uma voz grave e um jeito de liderar natural. A maga, com seus feitiços, poderia incinerar inimigos à distância — algo que ele mal conseguia compreender. E a cleriga, com sua serenidade, talvez pudesse curar ferimentos como os que Aiden sofrera. Mas ele? O que ele poderia oferecer a um grupo assim?

"A senhora acha que eu deveria ir?" perguntou, buscando um sinal de encorajamento.

Ela sorriu gentilmente, os olhos verdes brilhando com paciência. "Só você pode decidir isso, Thomas. Mas lembre-se de que todos os grandes aventureiros começaram de algum lugar. Você não estará sozinho — o grupo é experiente e pode te ensinar muito."

Thomas respirou fundo, os pensamentos girando em sua mente. Ele viu Aiden em sua memória, ferido no chalé de Mara, mas ainda lutando por Lyra. Aiden era corajoso, disposto a arriscar tudo por quem amava. Se ele podia enfrentar zumbis, Thomas podia ao menos tentar enfrentar goblins — não por glória, mas para ajudar seu amigo. Ele sabia que missões simples como coletar ervas não seriam suficientes para progredir rápido na guilda. Essa missão, por mais assustadora que fosse, era uma chance de crescer, de se tornar alguém que Aiden pudesse contar.

"Eu vou aceitar," disse finalmente, a voz firme apesar do tremor em seu peito.

"Ótimo!" exclamou a recepcionista, anotando algo em seu livro. "Esteja aqui antes do amanhecer, e eu te apresento ao grupo. Boa sorte, Thomas."

Ele agradeceu com um aceno desajeitado e saiu da guilda, o sol já começando a se pôr no horizonte. A cidade estava mais calma agora, as ruas se esvaziando enquanto o crepúsculo tomava conta. Thomas decidiu passar a noite na taverna novamente, o "Repouso do Viajante", onde pediu um quarto e uma refeição simples. Sentado à mesa, com uma tigela de ensopado à sua frente, ele mal sentiu o gosto da comida. Sua mente estava cheia — goblins, o grupo de aventureiros, Aiden.

Naquela noite, deitado na cama estreita do quarto, o sono demorou a vir. Ele imaginava o tank, um guerreiro alto e forte, rindo com confiança antes da batalha. A maga, com seus olhos brilhantes e feitiços dançando no ar. E a cleriga, com uma voz suave que poderia aliviar até o pior dos medos. E ele, Thomas, o novato desajeitado, sem espada ou magia. O que ele poderia fazer? Talvez consertar algo quebrado, carregar suprimentos, ou apenas tentar não atrapalhar. Mas ele queria mais — queria ser útil, queria provar seu valor.

Enquanto o cansaço finalmente pesava sobre seus olhos, Thomas tomou uma decisão. Ele estaria na guilda na manhã seguinte, pronto para se apresentar ao grupo. Não sabia se seria aceito, nem se sobreviveria aos goblins, mas estava determinado a tentar.