Sombras na Noite

A noite estava silenciosa, exceto pelo sussurro do vento nas folhas e o ocasional estalar de um galho seco sob o peso de algum animal noturno. O mago de meia-idade mantinha a fogueira apagada, as últimas brasas cuidadosamente sufocadas com um gesto da mão, para não atrair atenção indesejada. Ele confiava na escuridão para ocultar sua presença, o manto se fundindo às sombras como uma extensão da noite.

Dentro da tenda mágica conjurada, Thomas descansava, o corpo exausto finalmente sucumbindo ao peso acumulado de dias de combate e viagem. Sua túnica rasgada, suja de terra e sangue seco, estava jogada ao lado, um testemunho mudo da batalha contra o Hobgoblin e da jornada árdua que o trouxera até ali. Suas espadas curtas repousavam na grama ao alcance da mão, o metal frio refletindo a luz fraca da lua que se infiltrava pelas frestas da tenda. O ferimento no ombro latejava sob as bandagens improvisadas, uma dor pulsante que o acompanhava mesmo no sono, mas o cansaço o abraçava como um manto pesado, oferecendo um alívio temporário da culpa e da determinação que o consumiam.

Oloorin, no entanto, permanecia vigilante, sua mente afiada como uma lâmina recém-forjada. Ele observava o acampamento dos bandidos com uma intensidade que parecia trespassar a escuridão. As tochas acesas ao longo das paliçadas improvisadas lançavam sombras dançantes sobre o terreno, revelando sentinelas que patrulhavam os perímetros com passos pesados e olhares atentos. O mago contava mentalmente os inimigos visíveis, notando a organização militarizada que sugeria algo além de simples bandidagem — uma estrutura rígida, uma hierarquia que ele precisava desvendar. A brisa fria trazia consigo o cheiro acre de fumaça, suor rançoso e algo mais sombrio, um odor metálico que ele reconhecia como sangue seco.

Enquanto seus olhos se ajustavam à penumbra, Oloorin começou a discernir detalhes perturbadores. O acampamento era maior do que parecia à distância, com dezenas de tendas espalhadas em um semicírculo protegido pelas paliçadas. Ele estimava pelo menos trinta bandidos visíveis, mas o movimento constante sugeria que havia mais, talvez cinquenta ou sessenta ao todo, contando os que estavam fora de vista ou descansando nas tendas. No centro, uma tenda maior se destacava, suas laterais adornadas com símbolos estranhos que Oloorin identificou como marcas de uma seita antiga — as mesmas que vira nos pergaminhos da caverna de Eldrin. O tecido tremia ligeiramente com o vento, mas havia uma presença ali, algo que exsudava autoridade.

Ao redor da tenda central, pequenas jaulas de madeira estavam dispostas em fileiras desordenadas, e dentro delas, figuras encolhidas e silenciosas. Oloorin sentiu um aperto no peito ao perceber que não era apenas Mira que estava em perigo; havia outros prisioneiros, aventureiros capturados como ela, suas silhuetas frágeis iluminadas pelo brilho alaranjado das tochas. Ele contou cinco jaulas visíveis, cada uma contendo uma ou duas pessoas, os corpos curvados em posições que denunciavam exaustão e desespero. Um jovem de cabelos loiros desgrenhados, talvez um guerreiro, pressionava as mãos contra as barras de sua prisão, os dedos machucados e sangrentos, os olhos fundos de quem não dormia há dias. Ao lado, uma mulher de pele morena, com vestes rasgadas que sugeriam ser uma maga, estava sentada com a cabeça baixa.

A rotina dos bandidos era metódica. Sentinelas trocavam de posto a cada hora, os passos ecoando na terra batida enquanto passavam tochas de mão em mão, garantindo que o acampamento nunca ficasse desprotegido. Grupos de homens entravam e saíam da floresta, carregando suprimentos ou, pior, novos prisioneiros. Oloorin viu uma carroça sendo descarregada perto da entrada oeste, os eixos rangendo sob o peso enquanto dois bandidos arrastavam uma figura encapuzada para fora. Era um homem de meia-idade, as roupas manchadas de lama e sangue, debatendo-se debilmente enquanto o arrastavam para uma jaula vazia. Um dos captores, um sujeito magro com uma cicatriz no pescoço, riu ao chutá-lo contra as barras, o som do impacto seguido por um gemido abafado que cortou a noite.

A atmosfera era pesada, carregada de uma tristeza que parecia impregnar o ar. Oloorin observava em silêncio enquanto um dos bandidos, um brutamontes de barba rala, abria uma jaula e jogava um balde de água suja sobre os prisioneiros, rindo enquanto eles se encolhiam contra o frio. Outro, mais jovem, passou carregando um saco de restos de comida — pão mofado e ossos roídos — que jogou nas jaulas como se alimentasse animais. Os prisioneiros se arrastavam para pegar os restos, as mãos trêmulas disputando cada migalha, e Oloorin sentiu a bile subir à garganta diante da cena.

Um movimento chamou sua atenção para a tenda central. Um homem alto e musculoso emergiu, sua presença dominando o espaço como uma sombra viva. Ele vestia uma armadura de couro reforçada, o peito largo coberto por placas de metal grosseiramente forjadas, e carregava uma espada larga embainhada na cintura, a bainha arranhada por incontáveis batalhas. Uma cicatriz profunda cortava seu rosto do queixo à testa, um traço brutal que parecia pulsar à luz das tochas. Seu porte autoritário e o modo como os outros bandidos se curvavam em sua presença indicavam que ele era o líder. Ele caminhou até as jaulas, parando diante da jovem maga morena. Com um gesto lento, ele se abaixou, os olhos frios fixos nela, e falou algo baixo demais para Oloorin ouvir. A mulher recuou, mas ele agarrou as barras e as sacudiu com força, o som metálico reverberando enquanto ela gritava, um som cortante que se perdeu no vento.

Oloorin notou que Mira não estava entre os prisioneiros visíveis. Sua ausência o inquietou — se ela fora levada para o norte, como Eldrin dissera, então talvez estivesse dentro da tenda central, reservada para o ritual descrito nos pergaminhos. Ele precisava agir, mas não podia fazer isso sozinho, não com Thomas ainda debilitado. Decidiu que era hora de acordar o jovem aventureiro. Ele se levantou silenciosamente, o manto roçando nas folhas secas, e entrou na tenda.

Thomas dormia profundamente, o rosto relaxado em uma expressão de paz que contrastava com a realidade ao seu redor. "Thomas," sussurrou Oloorin, tocando levemente o ombro ferido do rapaz com cuidado para não agravar a dor. "Acorde, precisamos conversar."

Thomas piscou, os olhos castanhos confusos por um momento antes de se focarem no mago. Ele se sentou devagar, esfregando o rosto com as mãos calejadas, o movimento puxando a bandagem e arrancando um leve gemido. "O que foi? Aconteceu algo?"

"Sim," respondeu Oloorin, a voz baixa mas urgente. "Estive observando o acampamento. Há mais prisioneiros lá, não apenas Mira. A situação é pior do que imaginávamos — são pelo menos cinquenta bandidos, organizados e cruéis. Precisamos resgatá-los, mas devo fazer isso com cuidado. Quero que você fique aqui e mantenha vigília enquanto eu me infiltro no acampamento."

Thomas assentiu, a determinação reacendendo em seu olhar apesar da exaustão. "Eu posso ajudar, Oloorin. Estou me sentindo um pouco melhor."

"Não," disse o mago, firme mas gentil. "Seu ombro ainda está ferido, e você mal consegue segurar uma espada sem tremer. Preciso que você fique aqui e observe. Se algo der errado, você será nossa linha de defesa. Sua presença aqui é crucial se precisarmos de uma retirada rápida."

Thomas hesitou, os dedos apertando o tecido rasgado da túnica, mas viu a lógica nas palavras de Oloorin. "Tudo bem. Vou ficar de olho. Mas seja cuidadoso, por favor."

Oloorin sorriu levemente, um brilho de confiança nos olhos azuis. "Eu sempre sou. Agora, descanse mais um pouco enquanto eu me preparo."

Enquanto Thomas se recostava, apoiando-se na parede da tenda, Oloorin voltou para a clareira. Ele fechou os olhos, respirando profundamente, e entrou em um estado de meditação silenciosa. Em suas mãos, duas espadas curtas se materializaram em um lampejo de luz etérea, as lâminas reluzindo com runas brilhantes que pulsavam com energia arcana. Ele as embainhou em seu cinto, ajustando o manto para escondê-las, e então se levantou, pronto para a missão.

Oloorin se aproximou do acampamento com a furtividade de uma sombra viva. As árvores altas o protegiam, suas copas bloqueando a luz da lua e criando bolsões de escuridão que ele usava a seu favor. Ele observava os movimentos dos sentinelas, memorizando seus padrões com a paciência de um caçador experiente. O ar estava carregado com o cheiro de fumaça e carne podre, e o som abafado de risadas cruéis ecoava entre as tendas. Havia muitos inimigos — mais do que ele gostaria de enfrentar diretamente —, mas sua estratégia não dependia de força bruta.

Quando um sentinela se afastou para uma ronda solitária na borda leste, Oloorin viu sua chance. Ele avançou, rápido e silencioso como um lobo, os pés mal tocando o chão coberto de folhas. Alcançou o bandido por trás, uma mão cobrindo a boca do homem enquanto a outra deslizava uma espada curta pela garganta. O gorgolejar foi abafado pelo vento, e o corpo caiu com um baque surdo. Oloorin arrastou o cadáver para as sombras, escondendo-o sob um arbusto espinhoso, o sangue quente escorrendo por suas mãos e manchando a terra.

Ele prosseguiu, um predador na noite, eliminando os guardas periféricos um a um. Cada morte era uma obra de precisão: um sentinela distraído, observando o céu, teve o pescoço perfurado por uma lâmina que surgiu das sombras; outro, que parara para acender um cachimbo, caiu com um golpe silencioso no coração, o cachimbo rolando para longe enquanto o sangue encharcava sua túnica imunda. Oloorin usava sua magia para ampliar sua furtividade, conjurando ilusões sutis — o som de um galho quebrando ao longe, uma sombra falsa movendo-se entre as árvores — para desviar a atenção dos bandidos.

Em um momento particularmente tenso, dois guardas conversavam perto de uma fogueira, suas risadas ecoando enquanto contavam histórias de saques e violência. Oloorin esperou, escondido atrás de uma tenda, o coração batendo firme mas controlado. Quando um deles se virou para pegar mais lenha, ele agiu. Com um movimento fluido, conjurou uma distração — o som de passos pesados vindo da floresta — e os homens se viraram, alertas. Antes que pudessem gritar, Oloorin emergiu das sombras, as espadas curtas dançando em arcos mortais. A primeira lâmina cortou a garganta do mais alto, um jorro de sangue apagando as chamas da fogueira; a segunda perfurou o peito do outro, que caiu com um grito abafado, os olhos arregalados de surpresa.

O acampamento era um labirinto de tendas e paliçadas, e Oloorin avançava com cuidado, contando cada inimigo eliminado — sete, agora —, mas sabendo que o tempo era curto. Ele precisava encontrar os prisioneiros antes que sua presença fosse detectada. O cheiro de suor e medo o guiava, misturado ao som abafado de gemidos que vinha das jaulas. Finalmente, ele alcançou a área onde os cativos estavam mantidos, o fedor de sujeira e desespero quase insuportável.

Oloorin se aproximou da primeira jaula, onde o jovem guerreiro loiro estava encolhido, os olhos arregalados de pavor. "Shh," sussurrou o mago, colocando um dedo nos lábios. "Estou aqui para ajudar." Ele usou sua magia para desbloquear a fechadura, as runas em suas espadas brilhando enquanto a tranca cedia silenciosamente. O jovem rastejou para fora, trêmulo, mas com um brilho de gratidão nos olhos. Oloorin libertou a maga morena em seguida, ajudando-a a se levantar enquanto ela murmurava um "obrigado" rouco.

Ele continuou, abrindo as jaulas uma a uma, libertando cinco prisioneiros no total. Entre eles, procurava Mira, mas não a encontrava. Seu coração apertou — ela devia estar na tenda central, como suspeitava. Ele instruiu os aventureiros resgatados a se esconderem na floresta, apontando a direção da clareira onde Thomas esperava. "Fiquem quietos e esperem por mim," sussurrou, a voz firme apesar da urgência.

Com as espadas em punho, Oloorin se dirigiu à tenda central, os sentidos alertas. Mas antes que pudesse alcançá-la, uma voz grave ecoou atrás dele: "Mais um rato se intrometendo nos nossos planos."

Oloorin se virou lentamente, encontrando-se face a face com o homem musculoso que vira mais cedo. O líder dos bandidos, com sua cicatriz marcante e armadura de couro, segurava a espada larga com uma mão, os olhos frios fixos no mago. Ele era uma montanha de carne e força, o peito largo subindo e descendo com uma respiração controlada, o cheiro de metal e suor emanando dele como uma aura palpável.

"É a segunda vez que alguém atrapalha os planos do culto," continuou o homem, a voz carregada de desprezo e ameaça. "Mas dessa vez, eu estou aqui para garantir que ninguém escape. Qualquer um que ousar intervir morre pelas minhas mãos."

Oloorin ergueu as espadas curtas, as runas brilhando intensamente contra a escuridão da noite. Ele sabia que enfrentaria um adversário formidável, mas sua determinação era inabalável. O ar ao redor deles ficou pesado, carregado de tensão e promessa de violência, enquanto o líder dos bandidos dava um passo à frente, a espada larga reluzindo à luz das tochas. O confronto estava apenas começando.

"É a segunda vez que alguém atrapalha os planos do culto," continuou o homem, a voz carregada de desprezo e ameaça. "Mas dessa vez, eu estou aqui para garantir que ninguém escape. Qualquer um que ousar intervir morre pelas minhas mãos."

Oloorin ergueu as espadas curtas, as runas brilhando intensamente contra a escuridão da noite. Ele sabia que enfrentaria um adversário formidável, mas sua determinação era inabalável. O ar ao redor deles ficou pesado, carregado de tensão e promessa de violência, enquanto o líder dos bandidos dava um passo à frente, a espada larga reluzindo à luz das tochas. O confronto estava apenas começando.