O Guardião do Passado

O ar era denso, úmido, saturado com o cheiro acre de mofo e decomposição, como se séculos de silêncio tivessem se cristalizado nas paredes de pedra negra. Musgo viscoso cobria cada superfície, entremeado por símbolos arcanos que pulsavam com uma luz esverdeada e doentia, como o coração de uma fera adormecida. O chão irregular, salpicado de rachaduras e poças d’água estagnada, refletia a luz trêmula das tochas carregadas pelo trio: Thomas, Mira e Oloorin. Cada passo ecoava, um som seco e solitário que reverberava pelas sombras, enquanto as chamas dançavam nas paredes, projetando figuras distorcidas que pareciam observar os intrusos com olhos invisíveis.

No centro da câmara, erguia-se um pedestal de mármore branco, rachado e desgastado pelo tempo, como um osso exposto ao vento inclemente. Sobre ele repousava o painel perdido — uma placa de pedra esculpida com detalhes intricados, suas figuras em tons apagados de azul e dourado contando uma história esquecida de sacrifício e poder. Era a peça final do mosaico, a chave para desvendar o selo que continha o Devorador de Luz, uma entidade cuja mera menção gelava o sangue. Mas o que dominava a atenção não era o painel, e sim a figura que emergiu diante dele. Uma presença etérea tomou forma, lenta e deliberada, até revelar um cavaleiro espectral, alto e imponente. Sua armadura translúcida brilhava com ecos de luz azulada, como fragmentos de um céu perdido, e sob a viseira abaixada, dois olhos ardiam como chamas gélidas, fixando-se nos três com uma intensidade que parecia desnudar suas almas.

Thomas sentiu um arrepio subir pela espinha, a mão direita buscando instintivamente o cabo da espada curta que pendia em sua cintura. O ombro direito, ainda sensível das feridas de batalhas passadas, reclamou com um leve pulsar, mas ele ignorou a dor, os olhos castanhos arregalados diante do espectro. Ao seu lado, Mira apertava o grimório contra o peito, como se o livro fosse um talismã contra o desconhecido. Seus cabelos castanhos, emaranhados pelo suor e pela poeira do templo, caíam sobre o rosto, e os olhos verdes brilhavam com uma mistura de medo e resolução. Oloorin, o mais velho e experiente do grupo, permanecia sereno, o cajado firme em sua mão direita, as runas entalhadas na madeira emitindo um leve fulgor que ecoava os símbolos da câmara. Seu manto azul-escuro ondulava suavemente, como se tocado por um vento que não existia, e os olhos azuis, profundos como um lago de inverno, analisavam o cavaleiro com uma calma calculada.

O silêncio opressivo foi quebrado por Mira, que deu um passo hesitante à frente, a voz ecoando com uma clareza surpreendente na câmara abafada. “Quem é você?” perguntou, o tom carregado de curiosidade e cautela.

O cavaleiro permaneceu imóvel, os olhos flamejantes fixos nela, como se sondasse sua essência em silêncio. Thomas, tenso, aproximou-se de Mira, o corpo pronto para reagir. “Talvez ele não nos entenda,” murmurou, a voz baixa para não perturbar a quietude frágil do momento.

Oloorin, porém, ergueu a mão livre, o gesto pedindo paciência enquanto seus olhos permaneciam no espectro. “Ele entende,” afirmou, a voz grave ressoando com autoridade. “Sinto a magia que o ancora aqui. É antiga, tecida com fios de sacrifício e desespero.” Ele deu um passo à frente, o cajado batendo no chão com um som abafado que pareceu reverberar nas pedras. “Cavaleiro, revele seu nome e seu propósito,” ordenou, as palavras carregadas de uma energia sutil que fez as runas em seu cajado brilharem mais intensamente.

A câmara pareceu prender a respiração, o ar vibrando com a energia da pergunta. Então, o cavaleiro falou, sua voz um trovão baixo que ecoava de um abismo distante: “Eu sou Sir Aldric, outrora guardião deste templo, agora condenado a protegê-lo contra minha vontade.”

As palavras pairaram no ar, carregadas de uma melancolia que parecia impregnar as paredes. Thomas sentiu um aperto no peito, como se a dor do cavaleiro fosse uma força física que o alcançasse. “O que aconteceu com você?” perguntou, a voz mais suave do que pretendia, quase um sussurro.

Sir Aldric inclinou a cabeça, a armadura espectral tremeluzindo como se respondesse à emoção na pergunta. “Eu pertencia a uma ordem sagrada,” começou, cada sílaba carregada de um peso ancestral. “Juramos defender este templo contra os servos do Devorador de Luz, uma entidade que devora a essência da vida e extingue toda esperança. Quando o culto retornou, mais forte e impregnado de corrupção, eu liderei uma resistência contra eles. Mas fui traído por um irmão de armas, envenenado por magia negra que me prendeu a este limbo, entre a vida e a morte.”

Ele fez uma pausa, a voz ganhando uma nota de angústia. “A maldição que me aflige é cruel: fui condenado a vigiar o painel — a chave para selar o Devorador — e desafiar qualquer um que se aproxime, independentemente de suas intenções. A magia negra que me prende não me permite distinguir entre amigo ou inimigo, herói ou vilão. Devo barrar todos, mesmo aqueles que, como vocês, buscam impedir que o selo seja rompido. Minha alma clama para que mãos dignas levem o painel e reforcem o selo, mas meu corpo espectral é forçado a erguer a espada contra todos que se aproximam.”

Mira, os olhos marejados de empatia, avançou mais um passo, o grimório tremendo levemente em suas mãos. “Você não merece isso,” disse, a voz falhando com uma compaixão genuína. “Ninguém deveria ser escravo de uma maldição tão cruel.” Ela olhou para o grimório, como se buscasse uma prece que pudesse libertá-lo, mas Sir Aldric ergueu a mão translúcida, interrompendo-a com um gesto quase gentil.

“Minha redenção não tem mais importância, jovem clériga,” respondeu, o tom suavizado por uma tristeza resignada. “Mas há esperança para o mundo que vocês ainda habitam. O painel contém o segredo do ritual que aprisionou o Devorador de Luz há séculos. O culto sabe que vocês estão aqui e planeja quebrar o selo com um sacrifício sombrio, usando o sangue de inocentes sob a lua cheia que se aproxima em três dias.”

Oloorin, sempre pragmático, inclinou-se para frente, os olhos estreitados em concentração enquanto segurava o cajado com firmeza. “Como podemos provar que somos dignos de levar o painel?” perguntou, a voz cortante como uma lâmina arcana. “Que não somos como aqueles que você é forçado a temer?”

Sir Aldric voltou o olhar para o mago, as chamas azuis em seus olhos intensificando-se por um instante. “A maldição me obriga a testá-los,” declarou, o tom ganhando uma nota de desafio. “Vocês devem revelar a pureza de suas intenções, não com armas ou magia, mas com a verdade de seus corações. Cada um deve compartilhar um sacrifício pessoal, uma memória que mostre sua devoção à luz e à justiça. Só então poderei confiar a vocês o painel e a esperança que ele representa.”

Um silêncio pesado caiu sobre a câmara, as palavras do cavaleiro ecoando como um julgamento inevitável. Thomas, Mira e Oloorin trocaram olhares, o peso do pedido refletido em suas expressões. Era um teste que ia além da força ou da habilidade — uma prova de alma. Eles se sentaram em um semicírculo diante de Sir Aldric, o pedestal entre eles como um altar silencioso, a luz etérea da armadura do cavaleiro lançando sombras suaves sobre seus rostos.

Thomas foi o primeiro a romper o silêncio, a voz tremendo enquanto ele fixava o olhar no chão rachado. “Eu... deixei minha vida acomodada para ajudar um amigo em busca de sua irmã,” começou, as palavras saindo hesitantes, como se ele as arrancasse de um lugar profundo e intocado. “Era uma vida simples. Meu pai, que perdeu a mão forjando uma arma lendária, me ensinou a cuidar do que importa, a proteger quem depende de nós. Quando soube que Elara estava em perigo, abandonei tudo — a segurança da forja, o conforto da rotina, a promessa de um futuro tranquilo. Não hesitei, porque acredito que algumas coisas valem mais que a própria vida.”

Ele fez uma pausa, os olhos castanhos nublados por memórias. “Estar aqui, enfrentando perigos que nunca imaginei, me mudou. Não sou mais só o garoto ferreiro de um villarejo. Sou parte de algo maior, algo que não posso abandonar.”

Sir Aldric assentiu lentamente, a luz de sua armadura suavizando-se como se reconhecesse a verdade nas palavras. “Sua jornada é de coragem e altruísmo,” disse, a voz ecoando com aprovação. “Vejo a luz em seu coração.”

Mira, encorajada pela vulnerabilidade de Thomas, respirou fundo e começou a falar, o grimório ainda apertado contra o peito. “Quando eu era criança, tinha um amigo muito querido,” disse, os olhos fixos em um ponto distante, como se o passado se desenrolasse diante dela. “Ele adoeceu, uma febre que ninguém conseguia curar. Tentei tudo — preces, ervas, implorei à deusa com todas as minhas forças. Mas ele morreu. Senti que falhei, que minha fé não era suficiente. Foi essa dor que me levou ao grimório, ou talvez ele tenha me encontrado. Dediquei minha vida a servir à luz, a nunca mais deixar alguém perecer nas sombras.”

Ela apertou o grimório com mais força, as lágrimas contidas brilhando em seus olhos. “Lutar contra o Devorador de Luz é minha maneira de honrar a memória dele, de proteger outros do sofrimento que conheci.”

O cavaleiro inclinou a cabeça, a voz suavizando-se ainda mais. “Seu sacrifício é de dor e redenção,” disse. “A luz da deusa brilha forte em você.”

Por fim, Oloorin deu um passo à frente, o cajado repousando ao seu lado enquanto falava com uma calma que contrastava com a intensidade do momento. “Em minhas viagens, encontrei uma missão que prometia poder inimaginável, mas exigia um sacrifício profundo,” começou, os olhos azuis fixos em Sir Aldric, mas perdidos em memórias dolorosas. “Eu tinha uma esposa, a luz da minha vida, e nosso amor era a única magia que eu verdadeiramente valorizava. Mas a missão me chamava, prometendo conhecimento e força que poderiam proteger não apenas ela, mas todo o nosso mundo. Parti, sabendo que poderia levar anos, talvez décadas, mas acreditando que nosso amor sobreviveria à distância.”

Ele fez uma pausa, a voz falhando levemente, um eco de uma dor antiga. “Deixei-a com um peso imenso no coração, prometendo que voltaria. Ela sorriu, mas seus olhos já sabiam o que eu não queria admitir: que o tempo é cruel e imprevisível. Quando finalmente retornei, após anos que pareceram séculos, a vila havia mudado. Procurei por ela, mas não a encontrei. Descobri, com o coração despedaçado, que ela havia falecido, vítima de uma doença implacável. Esperou por mim até seu último suspiro, acreditando que eu voltaria a tempo de salvá-la.”

Sir Aldric permaneceu em silêncio por um longo momento, as chamas em seus olhos dançando enquanto avaliava o mago com uma intensidade que parecia penetrar além das palavras. Finalmente, ele falou, a voz grave e ressonante, carregada de uma empatia forjada em sua própria experiência de perda e dever.

“Seu sacrifício é de uma sabedoria nascida da dor e de uma humildade forjada na perda,” disse Sir Aldric. “A luz do conhecimento guia seu caminho, mas é a força de sua alma que ilumina as sombras do passado. Você é digno, mago, pois carrega a luz mesmo nas trevas mais profundas.”

Com um gesto lento, o cavaleiro espectral se afastou do pedestal, a armadura começando a dissipar-se como névoa ao amanhecer. “Vocês provaram sua pureza,” declarou, a voz agora um sussurro quase inaudível. “O painel é seu. Mas saibam que o culto está próximo. A lua cheia está a três dias, e com ela virá o sacrifício. Vocês devem agir rápido.”

Thomas avançou e pegou o painel, sentindo o peso frio da pedra contra as mãos calejadas. Era uma obra-prima esculpida, retratando sacerdotes em mantos brancos selando o Devorador de Luz em um círculo de luz pura. Uma inscrição na borda, quase apagada, dizia: “O selo se quebrará sob a lua cheia, se o sangue inocente for derramado no altar das sombras.” Ele leu em voz alta, a gravidade das palavras ecoando na câmara.

Mira sentiu um calafrio. “Eles planejam um sacrifício humano novamente,” disse, a voz tremendo. “Precisamos impedi-los.”

Oloorin, com um movimento fluido, ergueu o cajado e conjurou uma luz suave sobre o painel, examinando-o com olhos experientes. “Há mais aqui,” murmurou, as runas do cajado pulsando em sincronia com as inscrições. “Vejo traços de um ritual de reforço. Podemos usá-lo para fortalecer o selo, mas precisamos de tempo e dos materiais certos.” Ele guardou o painel em sua mochila, voltando-se para os outros. “Vamos ao mosaico. Ele pode nos mostrar o próximo passo.”

Eles foram à câmara principal, guiados por Sir Aldric, cuja forma espectral abria passagens ocultas e evitava armadilhas mortais. O mosaico incompleto os aguardava, e Thomas encaixou o painel com um clique suave. A imagem se completou: os sacerdotes selando o Devorador, mas uma sombra rastejante escapava pelas bordas, um aviso de que o selo era frágil.

“A lua cheia,” murmurou Mira. “Três dias.”

Sir Aldric, agora uma figura quase invisível, sua forma espectral tremeluzindo como uma chama à beira de se extinguir, falou uma última vez. “Eu os guiarei ao altar. Sigam-me.” Sua voz era um sussurro fraco, carregado pelo peso de séculos, como folhas secas arrastadas pelo vento em um cemitério abandonado. Ele ergueu a mão translúcida, apontando para um corredor estreito que se ramificava à esquerda da câmara principal, e começou a avançar, sua armadura fantasmagórica tilintando suavemente, um eco distante de sua antiga glória.

Thomas, Mira e Oloorin trocaram olhares determinados e o seguiram, os passos dos três ressoando nas lajes úmidas do templo. O ar ao redor ficava mais frio e denso a cada metro, como se o próprio ambiente resistisse à presença deles. Oloorin, segurando seu cajado com firmeza, conjurou uma esfera de luz azulada que pairou à frente do grupo, lançando sombras dançantes nas paredes cobertas de musgo. A luz revelava entalhes antigos nas pedras — símbolos que pareciam pulsar levemente, como se fossem olhos vivos, vigiando os intrusos com desconfiança.

Enquanto avançavam pelos corredores sinuosos, Sir Aldric demonstrava um conhecimento íntimo do templo, revelando atalhos e segredos há muito esquecidos. Ele pressionava certas pedras nas paredes, desgastadas pelo tempo, e seções inteiras giravam silenciosamente, abrindo passagens ocultas que cortavam o labirinto de túneis. Em um desses desvios, o grupo passou por uma galeria de estátuas quebradas, figuras de pedra que outrora foram imponentes, mas agora estavam reduzidas a fragmentos cobertos de teias e poeira. Representavam os antigos guardiões da ordem de Aldric, seus rostos rachados ainda carregando vestígios de solenidade. Thomas sentiu um calafrio percorrer sua espinha ao perceber que os olhos vazios das estátuas pareciam acompanhá-los.

“Esses foram meus irmãos,” disse Sir Aldric, sua voz carregada de melancolia. “Caíram protegendo este lugar. Suas almas ainda vagam, presas entre a luz e as sombras.” Ele pausou, como se perdido em memórias, antes de continuar a guiá-los.

Mira, caminhando ao lado de Thomas, segurava seu grimório com força contra o peito. Seus olhos se suavizaram com compaixão. “Eles merecem descanso,” murmurou, quase para si mesma. “Talvez possamos ajudá-los depois que isso terminar.” Sir Aldric virou-se para ela, a luz de sua forma espectral tremendo por um instante, como se suas palavras o tivessem tocado. “Talvez, jovem clériga,” respondeu ele, antes de retomar o caminho.

Após descerem escadas íngremes e atravessarem mais corredores, o grupo chegou a uma sala intermediária — uma biblioteca esquecida, um relicário do passado congelado no tempo. Prateleiras de madeira apodrecida curvavam-se sob o peso de tomos antigos, suas capas de couro rachadas exalando um cheiro acre de pergaminho velho e mofo. A luz da esfera de Oloorin mal penetrava a poeira espessa que pairava no ar, e cada passo levantava pequenas nuvens que dançavam como fantasmas minúsculos.

Mira, atraída pelos livros como uma criança por um tesouro, aproximou-se de uma prateleira. Seus dedos delicados roçaram as lombadas desgastadas até pararem em um grimório particularmente antigo. A capa, adornada com o símbolo da ordem de Sir Aldric — uma lua crescente entrelaçada com espinhos —, estava quase ilegível, mas ainda carregava uma aura de poder. Ela o retirou com cuidado, o som das páginas rangendo como um lamento baixo. “Este grimório é da sua ordem,” disse, abrindo-o com reverência. As palavras, escritas em uma caligrafia elegante, detalhavam rituais de proteção e selamento, muitos dos quais ressoavam com as preces que ela conhecia.

Oloorin aproximou-se, seus olhos brilhando com curiosidade enquanto espiava por cima do ombro dela. “Podemos usá-lo contra o culto,” confirmou, traçando uma runa no ar que fez as páginas virarem sozinhas, revelando diagramas intricados de magia arcana. “Esses rituais são antigos, mas robustos. Com os materiais certos, poderíamos reforçar o selo do Devorador de Luz ou até bani-lo permanentemente.”

Enquanto isso, Thomas explorava as paredes da sala, seus olhos atentos examinando cada detalhe. Ele limpou uma camada de teias de aranha de uma inscrição na pedra, revelando um mapa rudimentar do templo. “Vejam isso,” chamou, apontando para as linhas gravadas. “Estamos aqui, na biblioteca. O altar está próximo, mas há uma câmara de guarda antes. Deve ser onde o culto está.”

Sir Aldric pairou sobre o mapa, sua forma quase se fundindo às sombras. “Sim, a câmara de guarda é onde eles preparam o ritual,” disse, a voz agora um eco fraco. “O tempo corre contra nós.”

Munidos do grimório e do mapa, o grupo seguiu em frente, o ar ficando cada vez mais opressivo, carregado de uma energia sombria que parecia sugar a luz da esfera de Oloorin. Após mais alguns corredores, chegaram à porta da câmara de guarda — uma estrutura colossal de pedra, esculpida com símbolos do Devorador de Luz: luas crescentes entrelaçadas com espinhos, pulsando com uma luminescência doentia que fazia a pele arrepiar.

Sir Aldric parou diante da porta, sua forma agora tão tênue que mal era visível. “Não posso ir além,” disse, a voz fraca, mas firme. “Minha maldição me prende aqui. Mas vocês têm a força para vencer o que está lá dentro. Que a luz os guie.” Com essas palavras, ele começou a se dissipar, como fumaça levada pelo vento, deixando apenas um vazio silencioso onde estivera.

Thomas, Mira e Oloorin se entreolharam, a determinação queimando em seus olhos. Com um esforço conjunto, empurraram a porta, que rangeu sob o peso de suas mãos, abrindo-se lentamente para revelar a escuridão além. A câmara de guarda se erguia diante deles, um espaço vasto onde sombras se contorciam nas paredes como criaturas vivas. O som de cânticos baixos e ritmados ecoava pelo ar, um prenúncio do culto que os aguardava, imerso nos preparativos para libertar o Devorador de Luz.