A porta da Fazenda do Vale Verde se fechou atrás de Thomas e Mira com um leve rangido, abafando o vento gelado que cortava os campos lá fora. O interior da casa era um refúgio acolhedor: o calor da lareira crepitava suavemente, enchendo o ar com o aroma reconfortante de madeira queimada, misturado ao cheiro apetitoso de ensopado de legumes que vinha da cozinha. A luz suave das velas, fixadas nas paredes de madeira rústica, lançava sombras tremeluzentes, criando uma sensação de paz que parecia abraçar quem entrava.
No centro da sala, Lia, a filha de Mara, brincava no chão com suas bonecas de pano, espalhadas em um círculo desajeitado. Seus cabelos castanhos balançavam enquanto ela movia as figuras, inventando vozes agudas e animadas. "Você vai na festa, Dona Flor!" dizia, rindo sozinha, os olhos brilhando de entusiasmo. Ao ouvir o som da porta, ela levantou a cabeça e, ao ver Aiden, seu rosto se iluminou como o sol em um dia claro. "Aiden! Você voltou!" exclamou, correndo para abraçar as pernas dele com tanta energia que quase derrubou uma boneca no caminho.
Aiden bagunçou os cabelos dela com um sorriso caloroso, o tipo de sorriso que suavizava as linhas duras de seu rosto marcado pela vida. "Claro que sim, Lia. Não ia te deixar esperando, né?" Ele se abaixou até a altura dela, o olhar gentil carregado de uma ternura que escondia as cicatrizes — tanto as visíveis em seu corpo quanto as invisíveis em sua alma, vestígios de batalhas passadas e perdas que ainda ecoavam em seu coração. "O que suas bonecas estão tramando hoje?"
"Uma festa!" respondeu Lia, empolgada, pegando uma boneca e mostrando a ele com orgulho. "Quer brincar comigo? A gente pode fazer um bolo pra elas!"
Aiden hesitou por um instante, o corpo ainda sentindo o peso das últimas semanas, mas assentiu com um leve aceno. "Tá bem, vamos fazer um bolo." Ele sentou no chão, cruzando as pernas com cuidado, e ajudou Lia a organizar as bonecas ao redor de uma "mesa" invisível. Suas mãos moviam-se com facilidade, apesar da exaustão, enquanto ele contava uma história sobre os campos que outrora floresceram ali, a voz grave e calma enchendo o espaço com uma nostalgia tranquila. Lyra, parada perto da porta com os braços cruzados, observava a cena em silêncio. Seu rosto permanecia fechado, como uma máscara que ela raramente tirava, mas os olhos azuis traíam um leve amolecimento ao ver a interação entre os dois — uma conexão que ela não admitiria em voz alta.
Na cozinha, Mara mexia uma panela grande sobre o fogo, os cabelos grisalhos caindo em mechas soltas do coque desleixado. Ela virou-se para os recém-chegados, e um sorriso acolhedor se abriu em seu rosto, o tipo de sorriso que fazia qualquer um se sentir em casa. Igual uma mãezona, ela exsudava um calor que parecia capaz de derreter até o mais frio dos corações. "Bem-vindo de volta, Thomas, meu querido!" disse, a voz firme, mas carregada de uma hospitalidade genuína. Seus olhos gentis pousaram em Mira, avaliando-a com curiosidade e simpatia. "E quem é essa moça bonita do seu lado?"
Thomas, ainda ajustando-se à presença inesperada de Aiden, pigarreou antes de responder. "Mara, essa é a Mira. Uma amiga que conheci na cidade. Ela me ajudou muito por lá."
Mira, sentindo-se um pouco tímida sob o olhar caloroso de Mara, ofereceu um aceno leve e um sorriso hesitante. "Prazer em conhecê-la, senhora."
Mara riu, um som rico e reconfortante que parecia abraçar a sala inteira. "Ah, sem essa de 'senhora', querida. Me chama de Mara. Aqui somos todos família!" Ela gesticulou para a mesa rústica de madeira, já arrumada com tigelas e talheres simples. "Sentem-se, vocês dois. O jantar tá quase pronto, e vocês devem estar famintos depois da estrada."
Thomas e Mira trocaram um olhar rápido, a tensão da chegada ainda pairando entre eles, mas aceitaram o convite, acomodando-se à mesa. Aiden, percebendo o clima pesado, deu um último tapinha carinhoso na cabeça de Lia. "A gente continua a festa depois, tá?" disse, levantando-se com cuidado, o corpo protestando ligeiramente enquanto se juntava aos outros à mesa. Lyra, por fim, aproximou-se em silêncio, sentando-se ao lado dele. Sua presença era como uma sombra quieta, um apoio que não precisava de palavras para ser sentido.
Mara trouxe tigelas fumegantes de ensopado e um cesto de pão fresco, servindo todos com gestos naturais que pareciam parte de um ritual cotidiano. "Comam à vontade," disse, antes de voltar à cozinha, mexendo a panela com um ritmo tranquilo que ecoava a paz do lar. O jantar começou em um silêncio carregado, quebrado apenas pelo tilintar dos talheres contra a cerâmica e pelo crepitar da lareira ao fundo. Thomas, com a mente cheia de perguntas que giravam como folhas ao vento, finalmente tomou coragem para falar. "Aiden, eu... preciso saber o que aconteceu. Com você, com a fazenda... com tudo."
Aiden largou a colher na tigela com um leve clink e suspirou, um som longo que parecia carregar semanas de peso acumulado. Ele olhou para Lyra, buscando um sinal, e ela assentiu quase imperceptivelmente, os olhos fixos em algum ponto distante. "Tá bem, Thomas," disse ele, a voz grave cortando o ar. "Vou te contar tudo, desde o dia que você partiu pra cidade."
Depois que Thomas deixou a Fazenda do Vale Verde rumo à cidade, Aiden e Lyra ficaram para trás, tentando manter a vida na casa em andamento. A fazenda, com suas paredes de madeira desgastadas e quebrada, telhado torto que rangia sob o vento, pedia reparos urgentes. A cerca ao redor estava quebrada em vários pontos, tábuas soltas balançando como dentes frouxos, e o telhado deixava pingar água em dias de chuva, formando poças irritantes no chão da cozinha.
Aiden, com sua foice sempre ao alcance como um companheiro fiel, recusava-se a ceder aos ferimentos, mas carregava um fardo invisível que pesava mais a cada dia. A dor era uma presença constante, uma pontada aguda que se intensificava a cada movimento, dificultando até mesmo respirar fundo. O braço latejava, a pele ao redor da ferida inchada e quente ao toque, mas o verdadeiro tormento vinha da costela, que parecia gritar em protesto a cada passo ou esforço.
Mesmo assim, ele acordava cedo, o sol mal despontando no horizonte, e pegava as ferramentas com uma determinação teimosa que era quase obstinação. Com ambas as mãos — embora o braço tremesse de fraqueza —, ele carregava tábuas pesadas e martelava estacas na terra, a foice repousando contra a cerca, pronta para qualquer eventualidade. Cada golpe do martelo era uma batalha contra a dor, o suor escorrendo pelo rosto enquanto ele cerrava os dentes, recusando-se a desistir. Mara ajudava como podia, trazendo baldes d’água fresca ou um pão quente recém-saído do forno, seus olhos preocupados notando os gemidos abafados que escapavam dele apesar de seus esforços para escondê-los.
Lyra, com seu rosto fechado e postura rígida, não ficava de braços cruzados, embora sua ajuda viesse com um ar de relutância. Ela carregava tábuas e segurava as estacas enquanto Aiden martelava, seus movimentos precisos, mas desprovidos de qualquer leveza ou entusiasmo. "Você devia parar," disse ela uma vez, a voz cortante como o vento de inverno, enquanto limpava o suor da testa com o dorso da mão. "Vai piorar essa costela." Aiden apenas grunhiu em resposta, ajustando a posição para aliviar a pressão no lado. "Não vou deixar a fazenda desmoronar," retrucou, a voz rouca de exaustão, os olhos fixos na estaca como se ela fosse o último fio que o mantinha de pé. Lyra bufou, um som curto e impaciente, mas continuou ajudando, seus olhos azuis focados no trabalho, nunca se permitindo relaxar ou ceder à descontração que Aiden tentava trazer.
Lia, curiosa como uma abelha em um jardim florido, ficava por perto, fazendo perguntas e tentando ajudar, mesmo que suas mãozinhas muitas vezes só atrapalhassem. "Por que você tá consertando a cerca, Aiden?" perguntou ela um dia, sentada na grama macia enquanto ele fincava uma estaca com golpes hesitantes, o rosto contorcido de dor.
"Porque ela protege a casa, Lia," respondeu ele, enxugando o suor da testa. "Mantém os bichos do lado de fora e a gente seguro aqui dentro."
"E você não tem medo dos bichos?" insistiu ela, os olhos arregalados de curiosidade, brilhando como duas estrelas pequenas.
Aiden riu, um som fraco e entrecortado que terminou em uma careta de dor. "Às vezes sim, mas a gente tem que enfrentar o medo, né? Senão, ele fica maior que a gente." Ele se apoiou na estaca por um momento, respirando com dificuldade, o peito subindo e descendo em arfadas curtas, o ar entrando em rajadas que pareciam insuficientes.
Lia assentiu, pensativa, e correu para pegar mais pregos, entregando-os com um sorriso orgulhoso que iluminava seu rosto. Lyra, sentada na varanda com os braços cruzados, observava tudo com um meio sorriso que tentava esconder. Ela ainda carregava um peso nos ombros, uma tristeza que não explicava e que parecia enraizada em seu âmago, mas aos poucos, a presença de Aiden e Lia parecia amolecer suas defesas, mesmo que ela nunca se permitisse juntar-se às brincadeiras.
"Lyra, vem brincar com a gente!" chamou Aiden um dia, enquanto ele e Lia construíam uma "casa" de gravetos no quintal, o corpo curvado para proteger a costela ferida. Ele sorriu para ela, um convite genuíno brilhando em seus olhos, tentando puxá-la para o momento de leveza.
Lyra bufou, o rosto fechado como uma porta trancada com mil chaves. "Eu não brinco, Aiden," respondeu, seca, as palavras cortando o ar como uma lâmina afiada. Mas seus olhos seguiram os dois por um instante, traindo um desejo escondido de se juntar, um anseio que ela enterrava sob camadas de reserva.
"Tá bom, mas se mudar de ideia, a casa precisa de um telhado!" brincou ele, voltando a ajudar Lia, que ria alto enquanto empilhava os gravetos tortos, suas risadas ecoando pelo quintal como música.
Aiden continuava consertando a cerca e o telhado entre acessos de dor, o braço cada vez mais rígido pela infecção que se recusava a ceder. Lyra ajudava nas tarefas com sua habitual relutância, mas havia uma consistência em seus esforços que mostrava que, no fundo, ela se importava. Ele gostava da rotina — o trabalho físico o mantinha ocupado, afastando os pensamentos sobre Elara, sua irmã perdida para o destino, e os perigos que Thomas enfrentava na cidade. À noite, Mara contava histórias perto da lareira, sentada em uma cadeira de balanço que rangia suavemente, enquanto Lia se aninhava em seu colo, ouvindo com os olhos brilhando de fascínio. Aiden e Lyra escutavam em silêncio, o crepitar do fogo trazendo uma paz que eles não sabiam que precisavam, um momento de trégua em meio ao caos que os cercava.
Mas mesmo nessa tranquilidade aparente, algo parecia fora de lugar, como uma nota dissonante em uma melodia. Aiden sentia um frio estranho às vezes, uma sensação que não explicava, como se o ar ficasse mais denso em certos momentos, carregado de uma presença que ele não podia ver. Ele notava sombras que se moviam rápido demais nos cantos dos olhos, mas quando virava para olhar, não havia nada além do vazio. Lyra também parecia inquieta, embora não dissesse nada, seus olhos vagando para o horizonte com uma frequência que não passava despercebida, como se ela soubesse de algo que ainda não estava pronta para compartilhar.
Aiden parou de falar por um instante, os olhos distantes, como se revisse cada detalhe na memória, as imagens daquele tempo dançando em sua mente como sombras na parede. Thomas ouvia em silêncio, o coração apertado pela intensidade da narrativa, enquanto Mira mantinha os olhos fixos em Aiden, absorvendo cada palavra com uma mistura de fascínio e apreensão. "E então, o que aconteceu?" perguntou Thomas, a voz rouca, carregada de uma urgência que ele não conseguia disfarçar. "Como você conseguiu essa cicatriz?"
Aiden enrolou a manga da camisa com um movimento lento, revelando uma cicatriz longa e irregular no antebraço esquerdo, a pele ainda avermelhada pela infecção que lutava para curar. "Foi numa noite, uns dias depois que você foi embora," começou ele, encarando a mesa como se ela guardasse as respostas. "Eu tava consertando a cerca perto do bosque, já no fim do dia, quando ouvi um barulho esquisito. Parecia algo se mexendo nas sombras, mas não vi nada claro. Pensei que fosse um cervo, então voltei pra casa. Só que aquela sensação de estar sendo vigiado não me largava, como um peso que eu não conseguia sacudir."
Ele fez uma pausa, os olhos estreitando-se enquanto revivia o momento. "Uma noite, acordei com um frio estranho no quarto. Fui até a janela e vi uma figura perto da cerca — uma sombra com olhos brilhando como brasas. No dia seguinte, pilares de gelo começaram a aparecer ao redor da casa. Não entendia de onde vinham, mas pareciam crescer a cada dia, cercando a gente como uma prisão." Ele fez outra pausa, os olhos distantes, perdidos em um passado que ainda o assombrava. "Acho que tinha algo a ver com Lyra, mas na hora eu não sabia disso."
Thomas franziu a testa, inclinando-se para a frente. "E o que você fez?"
"Numa noite, decidi investigar," continuou Aiden, a voz ganhando um tom de determinação. "Peguei a foice e segui a sombra até o bosque. Ela me levou até a caverna dos cultistas, o ar ficando mais gelado a cada passo. A entrada era estreita, coberta de musgo e pedras úmidas, quase invisível entre as árvores. Entrei, o coração na boca, a lanterna tremendo na minha mão. O interior era escuro, o eco dos meus passos reverberando nas paredes de pedra. No fundo, vi a criatura — alta, feita de gelo e sombra, com garras que brilhavam como facas. Estava diante de um portal azul, uma fenda na realidade que pulsava com uma luz fria, emanando um vento gelado que arrepiava a pele. A criatura se preparava para entrar, mas antes de cruzar o portal, ela virou e olhou diretamente pra mim, como se soubesse que eu estava ali o tempo todo. Seus olhos, duas brasas ardentes, me congelaram no lugar. Então, ela sorriu — um sorriso que não era humano, cheio de malícia — e desapareceu no portal, que se fechou atrás dela."
Mira arregalou os olhos, a colher parada a meio caminho da boca. "E você voltou pra casa?"
"Sim," respondeu Aiden, assentindo lentamente, "mas depois disso, toda noite eu e Lyra víamos a criatura atrás da cerca, nos observando. Era como se ela estivesse esperando algo — ou alguém. Não aguentava mais. Eu sabia que a gente tinha que fazer alguma coisa, então uma noite, na varanda, encarei Lyra e disse que não dava mais."
Ele parou por um momento, como se estivesse de volta àquela noite, o peso da decisão ainda fresco em sua memória. "Eu tava andando de um lado pro outro, a foice na mão, olhando aquela coisa nos espiar. Falei pra ela: ‘Toda noite, Lyra. Toda maldita noite ela tá lá, só... esperando. Eu não aguento mais isso.’"
Lyra, que até então ouvia em silêncio, mexeu-se na cadeira, os olhos fixos na mesa, mas claramente revivendo a conversa em sua mente. Aiden continuou: "Ela tava sentada no banco da varanda, com aquele jeito fechado dela, olhando a criatura. Eu parei na frente dela e disse: ‘A gente tem que fazer alguma coisa. Não dá pra ficar aqui, deixando ela nos encarar como se a gente fosse indefeso. Eu digo que a gente vá até aquela caverna — hoje à noite — e acabe com isso.’"
Ele fez uma pausa, um leve sorriso surgindo ao lembrar da resposta de Lyra. "Ela me olhou, calma, mas com aquele tom que corta, e disse: ‘E fazer o quê, Aiden? Sair brandindo sua foice nas sombras? A gente nem sabe o que é — ou o que ela quer.’ Eu fiquei irritado, joguei as mãos pro alto e retruquei: ‘Eu não ligo pro que ela quer! Eu quero que ela suma. Você não? Ou tá tudo bem pra você essa coisa nos assombrar pra sempre?’"
A sala ficou quieta, todos presos na história, o ar carregado de expectativa. Aiden prosseguiu: "Lyra ficou em silêncio por um tempo, olhando pro horizonte onde a caverna ficava. Aí ela falou, baixo, mas firme: ‘Não tá tudo bem. Mas sair correndo às cegas não vai resolver nada. Não é só sobre a criatura. Aqueles pilares de gelo, os cultistas... tá tudo conectado. Eu preciso saber por quê.’ Eu perguntei se ela achava que tinha a ver com ela, e ela hesitou, como se doesse admitir. ‘Talvez,’ disse. ‘Tem algo nela... no jeito que ela olha pra gente. Pra mim. Não consigo me livrar da sensação de que tá ligado ao que aconteceu antes — comigo, com meu passado.’"
Aiden olhou para Lyra, que agora encarava as próprias mãos, os dedos entrelaçados com força, como se as palavras ainda ecoassem dentro dela. "Eu vi que ela tava falando sério, que não era só medo. Era algo maior. Perguntei se ela queria esperar, e ela se levantou, decidida, e disse: ‘Não. Eu quero ir até a caverna. Mas não pra lutar — ainda não. Pra entender. Se aqueles cultistas tão por trás disso, se aquele portal significa algo... a gente precisa descobrir antes que seja tarde demais.’ Ela me olhou firme e falou: ‘Eu também tô cansada de ser observada. Vamos acabar com isso — juntos.’"
Ele sorriu, um sorriso pequeno, mas genuíno, lembrando do momento. "Eu concordei. ‘Tá bom. Juntos. Amanhã à noite, a gente vai. Mas se chegar a hora, Lyra, eu não vou deixar essa coisa sair impune.’ E ela, com um meio sorriso que quase nunca aparece, disse: ‘Ótimo. Porque nem eu.’"
Aiden respirou fundo, voltando ao presente, os olhos encontrando os de Thomas. "Na noite seguinte, fomos. Chegamos à caverna, o ar gelado nos cortando como facas. O portal azul se abriu diante da gente, e a criatura saiu dele, os olhos fixos em nós dois. Ela sorriu, um sorriso que me deu calafrios, e aí o portal começou a se fechar devagar. Sabíamos que era agora ou nunca."
Ele parou, o silêncio pesando na sala como uma névoa densa. Thomas e Mira o encaravam, esperando mais, os olhos arregalados de antecipação, mas Aiden apenas balançou a cabeça, um gesto cansado. "O que aconteceu depois... bem, isso é outra história."
Thomas abriu a boca para insistir, mas Mara interveio da cozinha, a voz suave cortando a tensão. "Chega por hoje, vocês todos. Já tá tarde, e esse dia foi longo demais. Comam e descansem." E com isso, a conversa foi deixada em suspenso, o peso do que viria pairando no ar como uma promessa não dita.