Capítulo 4

Os despertos afastaram-se do grupo de mineradores, seguindo rumo à explosão misteriosa.

O silêncio pairou pesado no ar.

Três detentos trocaram olhares significativos.

Era a oportunidade perfeita.

— Nossa chance chegou. Isso vai ser moleza. — Sussurrou um deles.

Sem hesitar, levantaram-se. O som metálico das picaretas caindo no chão ecoou pelo lugar. Os mineradores já estavam tensos com a presença dos criminosos, mas agora, sentiam um frio cortante percorrer suas espinhas.

O guarda ergueu a escopeta e mirou diretamente em Daiki, o primeiro prisioneiro que havia entrado no ônibus.

— PARADOS! — gritou, tentando manter o controle da situação. — Daiki, você e seus amigos, voltem para o trabalho. AGORA!

Daiki apenas sorriu.

Um sorriso frio. Vazio.

De repente, seus dois companheiros explodiram em movimento.

Como sombras rasgando a realidade, desapareceram diante dos olhos dos guardas e mineradores.

Katzo, com uma velocidade monstruosa, avançou pelo flanco esquerdo.

O guarda puxou o gatilho.

Bang!

Katzo desviou no último instante. Um salto ágil. Suas mãos brilharam em um tom esverdeado e, então—

Shrrk!

Uma lâmina de energia se formou.

Com um único golpe, dividiu o primeiro guarda ao meio.

Sangue quente jorrou, pintando o chão de vermelho.

O silêncio foi instantâneo.

Os mineradores apenas assistiram, paralisados, enquanto o cheiro ferroso se espalhava pelo ar.

Ashora, o terceiro detento, avançou pelo lado oposto.

Fogo surgiu em suas mãos. Chamas intensas que queimavam tudo, menos ele.

Seu soco acertou o rosto do segundo guarda.

Crack!

O impacto foi brutal. O crânio do policial cedeu, deformando-se por completo.

Mas Ashora não parou.

De novo.

E de novo.

Punhos flamejantes esmagavam carne e osso, transformando o rosto do guarda em algo irreconhecível.

Como garantia, pressionou suas mãos incandescentes contra a cabeça destroçada, carbonizando o que restava.

O último guarda, posicionado no centro, tremia incontrolavelmente.

Ele sabia.

Não tinha qualquer chance contra três despertos de nível A+.

— NÃO DÊ MAIS UM PASSO, SEU DESGRAÇADO! — sua voz tremeu de desespero ao apontar a arma para Daiki. — SE NÃO, EU ESTOURO SEU CÉREB—

A voz foi interrompida.

Algo surgiu atrás dele.

Sombras. Mãos espectrais, cor de sangue coagulado, emergiram do vazio.

Os olhos de Daiki brilharam em tons psicodélicos.

Uma fumaça negra escapou de sua boca. Dela, mais mãos surgiram, como entidades famintas.

O guarda foi suspenso, braços e pernas esticados, indefeso.

Daiki se aproximou lentamente.

Seus olhos penetraram na alma do homem.

Então, inclinou-se até seu ouvido.

— É o fim.

As mãos do vazio puxaram com brutalidade.

Crack!

Membros arrancados.

O torso sem vida caiu no chão.

Daiki passou a mão pelo sangue quente que escorria. Levou os dedos ensanguentados ao nariz, inspirando profundamente.

— Que era maravilhosa estamos vivendo. — Murmurou, rasgando o próprio macacão. — Humanos fracos rastejando como vermes... QUE MARAVILHOSO! VAI SER UM MASSACRE!

Seu riso foi diabólico.

Dentes afiados brilharam à luz fraca da mina.

Garras cresceram em seus dedos.

— PARE! — uma voz corajosa ergueu-se do meio dos mineradores. Um homem levantou-se, segurando uma picareta.

Daiki observou-o por um instante.

Piscou.

E desapareceu.

Antes que o minerador pudesse reagir—

CRACK!

Mãos frias envolveram seu pescoço.

Seu crânio explodiu.

Sangue quente jorrou, manchando os rostos apavorados dos mineradores.

Eles entraram em pânico.

— Darei cinco segundos para fugirem. — disse Daiki, erguendo a mão manchada de sangue. — Depois disso... a caçada começa.

— UM.

Gritos de desespero encheram o local de loot.

— DOIS.

Corpos tropeçavam uns nos outros.

— TRÊS.

Era cada um por si. Um único deslize significava a morte.

— QUATRO.

Ji-Ho correu com tudo o que tinha.

— CINCO.

Daiki sorriu.

Os três criminosos desapareceram na floresta densa.

Ji-Ho viu Park tropeçar à sua frente.

— Ji-Ho! ME AJUDE! — implorou o homem caído.

Ji-Ho olhou para trás.

Daiki avançava.

— Achei você. — Sua voz carregava um prazer sádico.

— Me desculpe, Sr. Park. — Murmurou Ji-Ho antes de continuar correndo.

O grito agonizante de Park ecoou atrás dele.

Ji-Ho correu.

Seus pulmões queimavam.

Pensou em sua mãe, em sua irmã.

Lágrimas caíram involuntárias.

Ele não podia morrer ali.

A floresta se encheu de gritos de terror.

Ji-Ho não era rápido o suficiente.

Os passos de Daiki estavam cada vez mais próximos.

Uma árvore enorme surgiu à sua frente.

Raízes altas e expostas.

Sem pensar, enterrou-se entre elas.

Daiki parou.

Cheirou o ar.

— Você acha que pode se esconder de mim? — riu. — Eu sinto seu medo. Seu coração... — ele começou a bater palmas, sincronizando com os batimentos de Ji-Ho.

Ji-Ho soube que era questão de tempo.

Aproveitou a distração e disparou novamente.

A estrada!

Mas antes que pudesse alcançá-la—

WHAM!

Algo atingiu sua cabeça.

Daiki o empurrara com sua mão contra o chão.

Ele caiu.

O mundo girou.

O cheiro de sangue encheu suas narinas.

Uma sombra se inclinou sobre ele.

— Achou que poderia escapar, verme?

Chutes brutais.

Daiki avançava ferozmente, seus golpes carregados de pura destruição.

WHAM!

Um soco brutal atingiu Ji-Ho em cheio, lançando-o pelo ar. Seu corpo colidiu violentamente contra uma árvore de raízes expostas.

O impacto fez o tronco grosso estremecer. A árvore possuía uma tonalidade dourada, quase mística.

Ji-Ho cuspiu sangue. O líquido quente escorreu por seus lábios.

Seu corpo tremia. Seus pulmões pareciam prestes a explodir.

"É assim que vou morrer?"

Seu pensamento ecoava na mente em desespero.

"Esse é o preço que pago por ser fraco?"

Então, flashes de memória.

O rosto de sua mãe.

O sorriso de sua irmã.

Lágrimas brotaram involuntariamente. Era o fim. Não havia escapatória.

Passos lentos se aproximaram.

Daiki.

Seus olhos brilhavam em êxtase, como se saboreasse aquele momento.

A fumaça negra saiu de sua boca, ondulando no ar como serpentes famintas.

Cada passo queimava o solo, deixando pegadas carbonizadas.

De repente—

Uma mão emergiu da escuridão.

Dedos longos e retorcidos agarraram Ji-Ho pela cabeça e o ergueram até a altura dos olhos de Daiki.

O criminoso o observou por um instante.

Então, sussurrou com um sorriso cruel:

— É o fim. A última coisa que verá... sou eu te matando.

Daiki abriu a boca.

A fumaça negra tomou forma.

Uma adaga sombria materializou-se da fumaça negra. A lâmina vibrava, gotejando uma essência densa e maligna.

Shlukk!

A adaga perfurou a barriga de Ji-Ho, fincando-o na árvore dourada.

Seus olhos se arregalaram. O ar fugiu de seus pulmões. Sua visão ficou turva.

O sangue escorria pela lâmina.

Sua consciência se esvaía.

Daiki olhou para o corpo imóvel por alguns segundos.

E então, sem dizer nada, se afastou, desaparecendo na floresta em busca de seus companheiros.

A noite caiu.

Ji-Ho continuava lá.

Preso. Silencioso. Morto?

Foi quando algo mudou.

As folhas da árvore começaram a brilhar.

Uma luz pálida se espalhou pelo tronco dourado.

O vento soprou forte, levando folhas secas ao ar, fazendo-as dançar sob a luz da lua.

Então—

As raízes se moveram.

O som de batimentos cardíacos ecoou dentro da árvore.

Vasos vermelhos pulsavam em seu interior, como se transportassem sangue para um coração adormecido.

As raízes envolveram Ji-Ho suavemente, puxando-o para um abraço desconhecido.

Então, do alto de um dos galhos, uma borboleta dourada desceu lentamente.

Ela pousou sobre a testa de Ji-Ho.

No mesmo instante—

Seus olhos se abriram.

Ji-Ho despertou do seu sono eterno.