Capítulo 7 – Laços de Sangue e Vingança

O frio da madrugada cortava minha pele como lâminas invisíveis. O céu escuro acima de nós anunciava a aproximação do amanhecer, mas o silêncio da noite ainda dominava a vila.

Sylvaine estava encostada contra um barril, suas mãos cobertas por luvas de couro, segurando um pequeno punhal que girava entre os dedos com precisão mecânica. Ela me observava com um olhar paciente, como se estivesse me avaliando.

— Não achei que você viria — disse ela, sem emoção.

Cruzei os braços.

— E perder a chance de matar Roderick? Nem em um milhão de anos.

Ela sorri de canto.

—Bom. Não gosto de trabalhar com covardes.

O brilho frio de sua lâmina captava a luz das tochas distantes. Eu poderia ver a letalidade nela. Sylvaine não era apenas uma mulher com sede de vingança. Ela era um assassinato.

— Por que exatamente você quer vê-lo morto? — quero, mantendo minha voz neutra.

Ela parou de girar o punhal e deslizou o inquérito pela lâmina, como se saboreasse a pergunta.

— Se eu te contar, você me contará seu motivo?

Hesitei por um segundo. Não era algo que eu costumava dividir com ninguém. Mas, de alguma forma, a presença dela não protege mentiras ou explicações supérfluas.

— Justo — responda.

Sylvaine suspirou e se desceu do barril, caminhou até a borda da estrada de terra.

— Roderick destruiu tudo o que eu tinha. — Sua voz saiu baixa, quase como um sussurro levado pelo vento. — Minha única família. Me deixei para morrer e com sua vida como se nada tivesse acontecido.

Seus olhos estavam fixos no horizonte, como se visse algo além do que eu podia enxergar.

Eu entendi. Eu realmente entendi.

O gosto amargo da vingança era um sabor familiar.

Me aproximei dela, meu olhar preso ao dela.

— Então você entende.

Ela virou a cabeça na minha direção, seus olhos carregados de algo que não era tristeza, nem dor. Era algo mais profundo. Determinação fria.

— Eu entendo — confirmou.

Por um instante, ficamos ali, apenas respirando o mesmo ar pesado de rancor e promessas de sangue. Não éramos amigos. Não confiávamos um no outro.

Mas temos um propósito em comum.

E isso nos torna aliados... pelo menos por agora.

O Som de Passos na Noite

Um ruído cortou o silêncio. Passos pesados ​​ecoaram pelo próximo.

Sylvaine não hesitou. Em um único movimento, sumiu nas sombras, seu corpo deslizando entre os caixotes como uma serpente.

Eu fiz o mesmo.

Nos agachamos atrás de uma carroça abandonada, observando três figuras encapuzadas que caminham lentamente pela rua estreita.

Eles estavam armados.

— São caçadores de maldições — Sylvaine sussurrou ao meu lado, sua respiração quase imperceptível.

Meus músculos se contraíram. Já estávamos nos caçando.

— Eles sabem que estamos aqui? —quere.

Ela negou levemente com a cabeça.

— Ainda não. Mas não vou demorar para perceber.

Os caçadores pararam no meio da rua. O líder, um homem alto de barba curta e armadura leve, examina os arredores.

— Temos que agir antes que eles nos encontrem — Sylvaine murmurou, seus dedos deslizando até o punhal.

Olhei para ela e vi a mesma coisa que senti dentro de mim. Ódio. Fome de sangue.

Estávamos caçando juntos agora.

O Começo de uma Aliança Sombria

Sylvaine e eu nos movemos ao mesmo tempo.

Ela foi rápida e silenciosa, surgindo da sombra como um fantasma e cortando a garganta de um dos caçadores antes que ele pudesse reagir.

O líder se virou, puxando sua espada, mas eu já estava nele. Minha lâmina encontrou sua carne primeiro.

O último caçador tentou correr, mas Sylvaine jogou seu punhal com precisão mortal. A lâmina cravou fundo na nuca do homem, que caiu sem um som.

Tudo acabou em segundos.

Silêncio. Apenas o cheiro de sangue fresco na noite fria.

Sylvaine recuperou seu punhal do cadáver, limpando-o na túnica do morto.

Ela olhou fixamente para mim.

— Você não hesitou.

Sorria de canto.

— Você também não.

Ela deu um pequeno sorriso.

— Acho que vamos dar bem, afinal.

Por um instante, houve algo diferente na maneira como nos olhamos. Não era amizade. Nem respeito.

Era entendimento.

Não precisávamos confiar em um outro. Mas sabíamos que, enquanto estivéssemos lutando pelo mesmo objetivo, seríamos aliados.

E por agora...

Isso era o suficiente.