capítulo 2 Melissa o furacão ambulante

Capítulo 2 guerra na mansão

João Ricardo sentia que havia assinado sua própria sentença de morte. O silêncio que se instalou na mansão era tão pesado que parecia que até os móveis estavam segurando a respiração.

Bia ainda estava estática, olhando para ele como se tentasse entender se ele tinha algum desejo suicida.

A governanta foi a primeira a reagir.

— "Você... você tem ideia do que acabou de fazer?!"

— "Sim." — João respirou fundo. — "Provoquei um cara que pode acabar comigo em menos de um segundo. Foi um momento de brilhantismo, eu sei."

Os seguranças começaram a cochichar entre si. Alguns já estavam apostando em quantos ossos de João seriam quebrados antes do fim da noite.

Bia segurou a manga da camisa dele.

— "João... meu pai não é uma pessoa comum."

— "Isso eu já percebi. Mas quem exatamente ele é?"

Ela hesitou por um instante antes de dizer:

— "Ele é um segurança militar de elite. Já trabalhou para políticos, empresários... e dizem que ele até participou de missões secretas."

João sentiu o estômago revirar.

— "Ah, ótimo. Então eu basicamente provoquei um John Wick brasileiro."

— "Algo assim..."

Ele passou a mão no rosto.

— "Dá tempo de eu fugir pro Paraguai?"

Antes que alguém respondesse, um rugido de motor ecoou do lado de fora.

Os empregados se encolheram.

Os seguranças ficaram em posição de alerta.

Bia mordeu o lábio.

João? Bem, ele só teve tempo de soltar um longo suspiro antes que a porta fosse aberta com um estrondo.

BAM!

Um homem alto, de cabelo curto e grisalho, usando um uniforme militar impecável, entrou na mansão como se fosse dono do mundo.

O olhar dele era afiado como uma lâmina. Seus passos eram pesados, firmes, calculados.

Era como se a própria morte tivesse entrado no recinto.

Os seguranças abriram espaço, quase reverenciando a presença dele.

O homem parou no meio da sala, cruzou os braços e olhou diretamente para João Ricardo.

O jovem engoliu seco.

— "Então..." — A voz do homem era grave e carregada de autoridade. — "Você é o infeliz que engravidou minha filha?"

João abriu a boca para negar, mas a governanta, como uma desgraçada fofoqueira, se apressou em dizer:

— "Sim, senhor! Ele confirmou isso pelo telefone!"

O olhar do militar se estreitou.

— "Interessante."

Um dos seguranças deu um passo à frente.

— "Senhor, deseja que a gente dê um jeito nele?"

João imediatamente levantou as mãos.

— "Ei, ei, calma aí! Podemos resolver isso como pessoas civilizadas!"

O pai de Bia estalou os dedos.

— "Se segurem."

Os seguranças avançaram.

— "Pera, pera, pera! Eu não engravidei ninguém!"

Mas ninguém estava ouvindo.

João sabia que não teria chance contra todos ao mesmo tempo, então fez a única coisa que podia: correu.

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Operação: Fugir Para Não Morrer

João pulou por cima de uma mesa, derrubou um vaso caro (talvez Ming, mas dane-se) e correu pelo corredor.

Os seguranças vieram atrás dele como uma matilha de lobos.

— "Peguem ele!"

Ele virou uma esquina e quase trombou com um mordomo que carregava uma bandeja de chá.

— "DESCULPA, MEU BOM!"

O mordomo só conseguiu piscar antes de João desaparecer pela próxima porta.

O problema era que ele não sabia para onde estava indo.

Depois de atravessar dois corredores e pular sobre um sofá, ele percebeu que estava cercado.

— "Acabou pra você, moleque."

Os seguranças avançaram.

João respirou fundo.

— "Ok... já que é assim..."

Quando o primeiro segurança tentou agarrá-lo, João girou o corpo e acertou um chute lateral na costela do homem, que caiu de joelhos.

Os outros pararam.

— "Ele luta?"

— "Que merda é essa?"

João entrou em posição de combate.

— "Se querem me bater, vão ter que ralar pra isso."

Os seguranças se entreolharam. Então, com um grito de guerra, avançaram ao mesmo tempo.

Foi o início do caos.

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Briga na Mansão

João usou tudo o que sabia de artes marciais para se defender.

Esquivou de um soco, se abaixou debaixo de um chute e contra-atacou com um soco no estômago de um dos seguranças.

Outro tentou agarrá-lo por trás, mas ele usou o peso do próprio adversário contra ele, derrubando-o no chão.

A cada golpe, João percebia o olhar do pai de Bia ficando mais interessado.

Como se estivesse... analisando.

Mas, no fim, a diferença numérica era esmagadora.

Dois seguranças seguraram os braços dele enquanto outro preparava um soco.

— "Agora você vai aprender a respeitar a família Montenegro!"

Antes que o golpe acertasse, uma voz forte ecoou pela mansão:

— "Parem."

Todos congelaram.

O pai de Bia caminhou até João, que ainda tentava recuperar o fôlego.

Ele analisou o garoto de cima a baixo.

— "Você sabe lutar."

João bufou.

— "Só o suficiente pra não morrer."

O homem cruzou os braços.

— "Você tem coragem. Provocou um homem que poderia acabar com sua vida, e mesmo assim está aqui de pé."

João hesitou.

Aquilo era um elogio?

O pai de Bia se virou para sua filha.

— "Me explique isso direito."

Bia respirou fundo.

— "Pai... eu não estou grávida. Tudo isso foi um mal-entendido."

O homem arqueou uma sobrancelha.

— "Então por que todos acreditaram nisso?"

Ela olhou para João, que suspirou.

— "Longa história. Mas, resumindo, foi um erro e eu estava tentando consertar."

O pai dela ficou em silêncio por alguns instantes.

Então, deu um sorriso de canto.

— "Hmph. Interessante."

Os seguranças relaxaram.

João soltou um longo suspiro.

— "Então... posso sair vivo daqui?"

O homem riu.

— "Por hoje, sim."

Os empregados soltaram o ar que estavam segurando.

João sentiu as pernas ficarem bambas.

— "Eu nunca mais entro numa mansão."

Tati, que assistia tudo sentada no corrimão da escada, riu e sussurrou:

— "Primeira garota, primeiro desejo resolvido. Agora... faltam as outras."

João Ricardo olhou para o teto e se perguntou:

Será que dá tempo de fingir que morreu e mudar de país?

João Ricardo saiu da mansão dos Montenegro sentindo como se tivesse acabado de voltar da guerra.

— "Se eu sobrevivi a isso, acho que sobrevivo a qualquer coisa."

Tati, flutuando ao lado dele, estalou os dedos, fazendo uma faísca mágica aparecer.

— "Ah, não subestime a vida, meu querido. Você só enfrentou uma garota enfeitiçada. Ainda tem um batalhão de malucas por aí."

Ele fechou os olhos e massageou as têmporas.

— "Você tem uma forma maravilhosa de me lembrar que minha vida virou um inferno."

Tati sorriu.

— "É um talento meu."

Eles continuaram andando pela rua. O sol começava a se pôr, tingindo o céu de tons laranja e rosa. João respirou fundo, tentando acalmar os nervos.

— "Então... como eu sei que o feitiço da Bia foi quebrado?"

Tati girou no ar, pensativa.

— "O feitiço se desfaz quando o desejo da pessoa é realizado. E, bom... você viu o que aconteceu, né?"

Ele se lembrou do momento em que Bia se quebrou em milhões de pedaços e depois se reconstituiu.

Foi assustador.

— "Então... ela não gosta mais de mim?"

Tati deu de ombros.

— "Isso é com ela. O feitiço pode ter forçado o sentimento, mas as emoções verdadeiras ainda são dela."

João ficou em silêncio.

Não sabia se sentia alívio ou um certo vazio.

Por mais que a situação tivesse sido um caos, por um momento... Bia realmente parecia feliz ao lado dele.

— "Ah, não vai me dizer que se apegou?" — Tati provocou, cutucando sua bochecha.

— "Claro que não! Eu só... tô tentando entender essa bagunça toda."

Tati sorriu.

— "Bom, então tenta entender rápido. Porque amanhã... começa a próxima fase do pesadelo."

João sentiu um arrepio na espinha.

— "Você quer dizer..."

— "Sim." — Tati piscou. — "Tem mais garotas esperando por você."

Ele suspirou.

— "Eu realmente deveria ter ficado em casa naquele dia."

Tati gargalhou.

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Na Escola – Dia Seguinte

João chegou à escola com um único objetivo: passar despercebido.

Mas, obviamente, o universo não colaboraria.

Assim que pisou no pátio, um burburinho começou.

— "É ele!"

— "O cara que engravidou a Bia Montenegro!"

— "Mas disseram que era falso!"

— "Mesmo assim, o cara sobreviveu ao pai dela! Como?!"

João sentiu uma veia pulsar na testa.

— "Qual é o problema desse povo? Eu só quero PAZ!"

Antes que pudesse encontrar um lugar seguro, um grupo de meninas começou a cercá-lo.

— "João, oi! Você quer almoçar com a gente?"

— "Ei, você tem planos depois da aula?"

— "Me passa seu número?"

Ele deu um passo para trás, suando frio.

— "Opa, opa, calma aí! Desde quando eu fiquei popular?"

Foi então que a ficha caiu.

O feitiço do Chocolate do Cupido ainda estava em ação.

As garotas que comeram o bolo... ainda estavam apaixonadas por ele.

E Bia foi só a primeira.

Ele sentiu uma gota de suor escorrer pela nuca.

— "Droga..."

Tati apareceu do nada, sentada em cima da cabeça dele como se fosse uma fada madrinha do caos.

— "Parabéns, João! Você é oficialmente o cara mais cobiçado da escola!"

— "Isso não é um prêmio, é uma maldição!"

Ela gargalhou.

Foi então que uma voz ecoou no pátio.

— "JOÃO!"

Todos se viraram.

E lá estava ela.

Uma garota de cabelo vermelho vibrante, olhos ferozes e uma postura que exalava confiança.

Ela caminhava até ele com passos decididos, os braços cruzados e um olhar que dizia claramente: "Você tá na minha mira."

O pátio inteiro silenciou.

— "É a Melissa!"

— "Ferrou pro João..."

— "Ela é barra pesada!"

João sentiu um frio na espinha.

Melissa era conhecida por ser explosiva. Falava o que queria, fazia o que bem entendia e ninguém tinha coragem de enfrentá-la.

E agora... ela estava parada bem na frente dele, olhando direto em seus olhos.

O coração de João bateu mais rápido.

Não de amor.

Mas de puro medo.

Melissa estalou os dedos.

— "Preciso falar com você. AGORA."

João engoliu seco.

— "E se eu disser que tô ocupado?"

Ela sorriu.

— "Então eu quebro sua cara e a gente conversa depois."

Tati deu um assovio.

— "Nossa, essa eu gostei!"

João fechou os olhos.

— "Tá. Beleza. Onde vamos?"

Melissa segurou o colarinho dele e o puxou pelo pátio.

— "Descubra."

E assim começou a segunda fase do pesadelo.

João Ricardo foi arrastado pelo colarinho até um canto mais isolado da escola. Melissa não parecia disposta a soltar ele tão cedo.

Tati flutuava ao lado, rindo.

— "Ela nem precisa de magia pra te controlar, hein? Parece que já nasceu com um feitiço próprio."

— "Não começa, Tati..." — João resmungou.

Melissa finalmente parou, jogando ele contra a parede.

— "Certo, me escuta bem."

Ela apontou um dedo no rosto dele.

— "Desde ontem, eu tô com umas memórias muito estranhas. Tipo, eu lembro claramente de ter passado anos ao seu lado, de a gente ter se beijado, viajado juntos, feito..."

Ela parou de falar, suas bochechas ganhando um tom avermelhado.

— "E-E enfim! Eu lembro de coisas que não aconteceram!"

João arregalou os olhos.

— "O feitiço já tá avançando..." — Tati murmurou.

Melissa respirou fundo, tentando manter a compostura.

— "E pior: eu sinto que gosto de você. E isso tá me irritando pra caramba!"

Ela fechou os punhos, os olhos brilhando com frustração.

— "Eu nunca gostei de ninguém! Nunca fui dessas garotas que ficam suspirando por aí! Então, por que diabos agora eu fico com o coração disparado quando olho pra você?!"

João suspirou.

— "Melissa, eu—"

Ela deu um soco na parede, bem do lado da cabeça dele.

— "Cala a boca. Só me responde uma coisa: a gente realmente já teve algo no passado?"

Ele hesitou.

Poderia contar a verdade?

Melissa não era como Bia. Se contasse sobre o Chocolate do Cupido, ela poderia simplesmente rir na cara dele e ir embora.

Mas, se continuasse mentindo... o feitiço só se tornaria mais forte.

Tati observava tudo, interessada.

Ele fechou os olhos e tomou uma decisão.

— "Melissa... nada do que você lembra é real. É tudo um feitiço."

Ela piscou.

— "Feitiço?"

— "Sim. Você e outras garotas comeram um bolo mágico e—"

— "Peraí."

Ela levantou a mão, interrompendo.

Então, cruzou os braços e inclinou a cabeça.

— "Você tá me dizendo que eu tô apaixonada por você por causa de... um bolo?"

João assentiu.

Melissa ficou em silêncio por um momento.

Então, começou a gargalhar.

— "HAHAHAHA! Ai, João, você se superou! Essa desculpa é maravilhosa!"

Ele massageou as têmporas.

— "Não é desculpa! É a verdade! O bolo tinha um Chocolate do Cupido que—"

— "Tá bom, tá bom!" — Ela enxugou uma lágrima do canto do olho. — "Essa foi boa. Mas se você não quer me contar a verdade, beleza."

Melissa deu um passo mais perto, com um sorriso provocante.

— "Se esse sentimento é falso... então me prova."

João engoliu seco.

— "Como assim?"

Os olhos dela brilharam de desafio.

— "Eu quero um encontro."

— "O QUÊ?!"

Tati assobiou.

— "Eita, gostei dessa abordagem."

Melissa colocou as mãos na cintura.

— "Se o que eu sinto é só coisa da minha cabeça, então eu quero ver com meus próprios olhos. Vamos sair juntos. E, se no final do dia eu ainda sentir alguma coisa por você..."

Ela inclinou a cabeça, um olhar predatório nos olhos.

— "...aí você vai ter que me assumir de verdade, bonitão."

João ficou sem palavras.

Tati riu.

— "Parece que sua vida amorosa acabou de ficar mais complicada, hein?"

Ele suspirou pesadamente.

— "Droga..."

E assim começou o segundo desafio.

João Ricardo estava sentado na praça de alimentação do shopping, encarando um copo de suco com o olhar perdido.

— "Por que eu aceitei isso mesmo?"

Tati, flutuando ao lado dele e roubando batatas fritas do prato, respondeu com um sorriso travesso:

— "Porque você não tinha escolha."

João soltou um suspiro cansado.

Melissa, por outro lado, parecia animada.

— "Então, João... O que a gente vai fazer primeiro?"

Ele estreitou os olhos.

— "Pera aí. Você que me arrastou pra esse encontro e tá perguntando pra mim o que fazer?"

Melissa sorriu de lado.

— "Eu sou uma garota difícil, João. Se quer provar que não gosta de mim, tem que me impressionar."

João bufou.

— "Tá bom, então. Vamos ao cinema."

— "Hm... previsível." — Melissa estalou a língua. — "Mas ok, aceito."

Tati flutuou entre os dois, animada.

— "Isso vai ser divertido!"

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No Cinema

O filme começou.

Era um terror psicológico daqueles que deixam a gente sem dormir.

João estava tranquilo, apenas assistindo. Mas Melissa...

— "Pfft, isso não é nada assustador!"

Trinta minutos depois:

— "MEU DEUS! NÃO ABRE ESSA PORTA, ANTA!"

Ela se encolheu na cadeira, apertando o braço de João sem perceber.

Ele a olhou de canto de olho.

— "Não tava toda corajosa?"

Melissa o fuzilou com o olhar.

— "Cala a boca."

João sorriu, satisfeito.

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Depois do Filme

— "Tá, vou admitir... Esse filme foi tenso."

Melissa se alongou, tentando esconder que ainda estava tremendo.

João riu.

— "Tá vendo? Nem você é tão durona assim."

Ela deu um soco de leve no ombro dele.

— "Fala muito, hein?"

Tati flutuava ao lado, observando os dois interagirem.

— "Isso tá parecendo um encontro de verdade."

João ignorou.

Eles foram caminhando pelo shopping, até que Melissa parou na frente de uma loja de roupas.

— "Ei, já que estamos aqui, que tal me ajudar a escolher uma roupa?"

João levantou uma sobrancelha.

— "E desde quando eu entendo de moda?"

— "Não precisa entender. Só quero ver sua reação."

Ele suspirou.

— "Ok, tanto faz."

Melissa sumiu dentro da loja e voltou alguns minutos depois... com um vestido vermelho justo e bem curto.

— "E aí, o que acha?"

João arregalou os olhos e desviou o olhar rapidamente.

— "Eu acho que você tá querendo me fazer suar frio de propósito."

Melissa sorriu de forma travessa.

— "Talvez."

Tati gargalhou.

— "E não é que essa menina sabe provocar?"

João passou a mão no rosto, cansado.

— "Isso foi uma péssima ideia..."

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O Momento Crítico

Depois de andarem mais um pouco, Melissa parou na varanda do shopping, de onde dava pra ver a cidade iluminada.

Ela ficou em silêncio por um momento, olhando as luzes.

— "Sabe, João..."

Ele olhou para ela.

— "Mesmo que tudo isso seja um feitiço... por algum motivo, eu gosto de estar com você."

João ficou surpreso.

Melissa olhou diretamente nos olhos dele.

— "Então, me diz... se esse sentimento é falso, por que parece tão real?"

Ele engoliu seco.

— "Melissa, eu—"

Antes que pudesse responder, um estrondo ecoou pelo shopping.

— "SOCORRO! UM LADRÃO!"

João e Melissa se viraram a tempo de ver um cara mascarado correndo, segurando a bolsa de uma senhora.

Sem hesitar, Melissa avançou.

— "Opa, não no meu turno!"

— "Melissa, espera!" — João correu atrás.

E assim, o encontro virou uma perseguição.

João suspirou.

— "É claro que isso ia acontecer..."