Capítulo 3 corrida contra o amor
Melissa correu pelo shopping como uma bala, os olhos brilhando de adrenalina.
— "Ei, volta aqui, seu merda!"
O ladrão olhou para trás, viu uma garota de cabelo vermelho correndo feito um touro furioso e acelerou ainda mais.
João Ricardo vinha logo atrás, já se arrependendo de ter saído de casa.
— "Melissa, deixa isso pra segurança!"
— "Que segurança o quê! Esse cara roubou uma senhorinha, mano! Eu vou dar uma lição nele!"
João suspirou.
— "Por que eu ainda me surpreendo?"
Tati flutuava ao lado, dando risadinhas.
— "Admito, essa garota tem fibra."
O ladrão virou uma esquina e entrou em um beco do shopping, achando que tinha escapado.
Má ideia.
Porque Melissa saltou e deu uma voadora no meio das costas dele.
— "PEGA ESSA, OTÁRIO!"
O cara voou pra frente e caiu de cara no chão, a bolsa deslizando pelo chão.
Ele gemeu de dor.
João chegou logo depois, ofegante.
— "Você tá MALUCA? E se ele tivesse uma faca? Uma arma?"
Melissa cruzou os braços, orgulhosa.
— "Ah, João, eu sei me virar!"
Tati flutuou até o ladrão, cutucando ele com o pé.
— "É, esse aqui não levanta tão cedo."
Logo, a segurança do shopping chegou e prendeu o cara.
A senhora que teve a bolsa roubada veio até Melissa, emocionada.
— "Minha querida, você é um anjo! Muito obrigada!"
Melissa sorriu de canto.
— "Tranquilo. Só não deixo injustiça passar na minha frente."
João a observou por um instante.
Ela era impulsiva, encrenqueira e talvez um pouco doida.
Mas também tinha um senso de justiça forte.
E, de um jeito estranho... isso a tornava fascinante.
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O Fim do Encontro
Depois de toda a confusão, os dois voltaram para a praça de alimentação.
Melissa jogou-se na cadeira e esticou os braços.
— "Isso foi divertido!"
João revirou os olhos.
— "Você tem um conceito bem estranho de diversão."
Ela sorriu.
— "E aí? Você ainda acha que meus sentimentos são falsos?"
Ele ficou em silêncio por um momento.
Então, suspirou.
— "Melissa... Eu não sei."
Ela arqueou a sobrancelha.
— "Não sabe?"
Ele coçou a nuca, olhando para o lado.
— "O feitiço pode ter causado isso... Mas tudo o que você fez hoje, tudo o que sentiu... Isso foi real. Você foi real."
Ela ficou levemente surpresa com a resposta.
Tati, que estava comendo um algodão-doce, sorriu de canto.
— "Ah, esse garoto tá aprendendo a lidar com mulheres."
Melissa olhou para João por alguns segundos.
Então, deu um sorriso travesso.
— "Bom... Se eu sou real, então isso também é."
Antes que ele pudesse reagir, ela puxou seu rosto e deu um selinho rápido nele.
João ficou completamente paralisado.
Tati arregalou os olhos.
— "Opa, opa, opa! Que plot twist é esse?!"
Melissa riu da expressão de João.
— "Pronto. Agora você pode dizer que eu não estou fingindo."
Ela se levantou e pegou a mochila.
— "Valeu pelo dia, João. Se cuida."
E saiu, deixando ele ali, ainda tentando entender o que tinha acabado de acontecer.
Tati bateu no ombro dele, rindo.
— "Ei, parabéns! Você sobreviveu ao seu primeiro beijo forçado!"
João finalmente conseguiu falar:
— "Eu... Eu fui assaltado."
Tati riu ainda mais.
— "E nem tentou reagir!"
Ele suspirou pesadamente, cobrindo o rosto com as mãos.
— "Isso vai dar merda..."
E ele não estava errado.
Porque, no dia seguinte, a notícia já tinha se espalhado:
"João Ricardo beijou Melissa!"
E as outras garotas enfeitiçadas... não iam deixar isso barato.
João Ricardo entrou na escola na manhã seguinte já esperando problemas.
Ele sentia os olhares queimando nele.
Assim que pisou no corredor, ouviu os cochichos:
— "É verdade que ele beijou a Melissa?"
— "Eles tão namorando?"
— "Que sortuda! Eu queria estar no lugar dela!"
— "Peraí, se ele beijou a Melissa, quer dizer que ele gosta dela?"
João passou a mão no rosto, já cansado do dia antes mesmo de ele começar.
Tati, flutuando ao lado dele, segurava a barriga de tanto rir.
— "Aaaah, João, você tá LITERALMENTE vivendo uma novela!"
Ele suspirou pesadamente.
— "Isso é um pesadelo."
De repente, sentiu um puxão forte na camisa.
Antes que pudesse reagir, foi arrastado para dentro da sala de aula.
Bia estava lá, com os olhos cheios de lágrimas.
— "João... me diz que isso não é verdade."
Ele congelou.
Tati parou de rir.
— "Opa... clima tenso."
Bia apertou as mãos, tentando conter a emoção.
— "Você beijou a Melissa?"
João abriu a boca para explicar, mas, antes que pudesse dizer qualquer coisa, a porta foi escancarada.
Melissa entrou, com um sorriso provocante.
— "E aí, João. Dormiu bem depois do nosso beijo?"
Bia se virou para ela, chocada.
— "Então é verdade..."
— "Claro que é!" — Melissa cruzou os braços. — "E quer saber? Foi ótimo."
Bia tremeu.
— "M-Mas João é meu namorado!"
Melissa riu.
— "Namorado? Bia, cê caiu no conto da cegonha."
Ela se aproximou de João e pegou no braço dele.
— "Ele pode até ser 'seu namorado', mas eu garanto que ele se divertiu comigo ontem."
Bia olhou para João com olhos marejados.
— "É verdade...?"
Ele sentiu um aperto no peito.
Não queria magoá-la. Mas também não podia mentir.
— "Bia... foi só um selinho. Ela me pegou de surpresa."
Bia abaixou a cabeça, mordendo o lábio.
Melissa sorriu vitoriosa.
Mas antes que pudesse comemorar, a porta se abriu de novo...
E outra garota entrou.
Amanda.
Ela era uma das meninas que também havia comido o bolo.
E ela não parecia feliz.
— "EU NÃO ACREDITO!"
Melissa e Bia se viraram para ela.
Amanda apontou para João, furiosa.
— "Você beijou a Melissa, mas ainda não me beijou?!"
João engasgou.
— "O QUÊ?!"
Melissa arqueou a sobrancelha.
— "Hummm... parece que você tem mais pretendentes do que pensava, hein, João?"
Bia fungou.
— "Eu não quero dividir ele..."
Amanda bateu o pé.
— "Se ele beijou a Melissa, então ele tem que me beijar também! Isso é justiça!"
Tati gargalhou.
— "Ahhh, isso tá ficando cada vez melhor!"
Mais meninas começaram a se reunir na porta.
Todas elas tinham um olhar determinado.
— "Se ele beijou a Melissa, então ele tem que beijar todas nós!"
— "Isso mesmo! Justiça para todas!"
— "Beijo coletivo!"
João arregalou os olhos.
— "Pera aí, PAREM COM ISSO!"
Mas já era tarde.
Ele estava cercado.
Tati riu tanto que caiu no chão.
— "João, meu querido... boa sorte."
E assim, a guerra começou.
João Ricardo estava encurralado.
As meninas que comeram o bolo estavam determinadas.
Se Melissa foi beijada, então todas tinham o direito de serem também.
Ele suava frio.
Tati flutuava ao lado, segurando um balde de pipoca que veio do nada.
— "Agora eu quero ver como você sai dessa, Joãozinho!"
Melissa cruzou os braços, se divertindo.
— "Tsc, tsc... Esse cara não aguenta uma pressãozinha, não?"
Bia, por outro lado, parecia prestes a chorar.
— "Ele é meu namorado..."
João ergueu as mãos, tentando acalmar o motim feminino.
— "Gente, vamos conversar! Isso tudo é um mal-entendido!"
Amanda bateu o pé.
— "Sem conversa! Justiça é justiça!"
As meninas avançaram.
João gelou.
— "CARAMBA, EU VOU MORRER!"
Ele fez a única coisa que podia fazer.
Correu.
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A Caçada ao João
O corredor virou uma cena de perseguição de filme.
João disparou pela escola, pulando carteiras, deslizando pelo chão e até derrubando um professor sem querer.
— "DESCULPA, PROFESSOR!"
As meninas vinham atrás, gritando como uma torcida de estádio.
— "VOLTA AQUI, JOÃO!"
— "É SÓ UM BEIJINHO!"
— "VOCÊ BEIJOU A MELISSA, TEM QUE BEIJAR TODAS!"
Melissa ria enquanto corria atrás também.
— "Ele é mais rápido do que eu pensava!"
Bia, ainda confusa, tentava acompanhar.
— "João, espera!"
No meio da confusão, João pegou um atalho pela quadra e subiu a arquibancada.
As meninas o cercaram lá em cima.
Ele olhou para baixo. Não tinha saída.
— "Ferrou..."
Tati flutuou ao lado, mastigando pipoca.
— "E aí, qual é o plano, estrategista?"
João suava.
Então, teve uma ideia.
— "Pessoal, peraí! Eu aceito beijar todas vocês!"
Silêncio.
As meninas pararam, surpresas.
— "Sério?" — Amanda perguntou, desconfiada.
João abriu um sorriso.
— "Claro! Mas, mas, mas... Vamos fazer isso direito, né? Um beijo desses tem que ser especial! Então, que tal fazermos isso... AMANHÃ?"
As meninas piscaram.
— "Hmmm..."
Ele continuou.
— "Pensa só! Um evento especial! Um momento inesquecível!"
Elas murmuraram entre si.
— "Realmente..."
— "Não pode ser só de qualquer jeito."
— "Tem que ser romântico!"
Melissa olhou para João, percebendo a jogada.
Tati gargalhou.
— "Esse garoto é esperto."
Amanda sorriu.
— "Tá bom! Amanhã, então! Mas se você fugir, a gente caça você!"
As meninas finalmente foram embora.
Assim que ficaram sozinhos, João caiu sentado, exausto.
— "Eu preciso de férias."
Bia sentou-se ao lado dele, abraçando os joelhos.
— "João... você realmente vai beijá-las?"
Ele suspirou.
— "Óbvio que não. Amanhã eu invento outra desculpa."
Ela sorriu levemente.
— "Fico feliz..."
Ele a olhou.
Ela parecia mais tranquila agora.
Tati, flutuando acima, balançou as pernas no ar.
— "Bom, um problema resolvido. Mas amanhã..."
Ela riu.
— "Vai ser outra novela."
João fechou os olhos.
— "Eu só queria uma vida normal..."
Mas, com aquele feitiço ainda ativo...
Isso estava muito longe de acontecer.