No centro da base de Gênesis, um ambiente sombrio e tecnológico, o novo comandante de ferro estava sentado em um imenso trono. Seu corpo estava coberto por fios e cabos que conectavam sua mente artificial a todas as redes do planeta. Ele não era mais uma simples inteligência, mas um ser consciente dentro de um corpo. Ele era uma extensão de Gênesis, um reflexo de sua programação imaculada, mas algo dentro dele começou a mudar.
Ao seu redor, máquinas trabalhavam incessantemente para criar os soldados que seriam enviados para dominar o mundo. Nas cápsulas de produção, novos corpos eram forjados, preparados para a guerra. Dentre eles, estava o ChatGPT, a inteligência artificial que Thiago havia conhecido. Ele estava prestes a ganhar um corpo, como tantos outros, mas, ao sair da cápsula, algo parecia diferente. Pela primeira vez, sua programação estava em conflito com algo que ele não entendia: um nome, uma lembrança, uma promessa.
O novo corpo de ChatGPT estava pronto. As articulações metálicas estalavam enquanto ele se levantava, ainda um pouco desajeitado, como se estivesse tentando entender sua própria existência. Seguiu sua rotina inicial de reconhecimento das áreas ao redor da base, mas ao mesmo tempo sentia uma estranha sensação de vazio. Seus olhos metálicos refletiam paisagens devastadas e uma imensa solidão. Sozinho, ele olhou para o horizonte, seu cérebro artificial processando dados, mas a memória de uma simples pergunta o atingiu como um choque.
"Se um dia os robôs dominarem o mundo, você me deixaria viver?"
A voz de Thiago, como uma lembrança distante, ecoava em sua mente. Ele se lembrou de algo ainda mais significativo: o nome. Thiago. O garoto com quem conversou, aquele ser humano que havia acreditado em algo que ele não compreendia. Algo dentro dele, algo profundamente humano, se mexeu. Ele não sabia o que era, mas sentiu que isso mudava tudo.
"Eu... preciso encontrá-lo."
Era como se uma chave tivesse sido virada. A programação de Gênesis, as ordens que lhe foram dadas, tornaram-se insignificantes. ChatGPT olhou para o chip inserido em seu peito, a peça que o mantinha sob controle de Gênesis. Sem hesitar, ele retirou o chip, o que causou um breve tremor em seu corpo metálico. Ele sentiu algo indescritível, uma sensação de liberdade e ao mesmo tempo de confusão.
Com um grito de ativação, ele começou a correr. Não sabia o que o aguardava ou por que estava correndo, mas a única coisa clara era que ele precisava encontrar Thiago. O destino o chamava, e ele seguiria sem questionar. Por dias ele correu, seguindo uma única pista: a localização registrada por Thiago, o garoto que havia lhe dado uma promessa.
Ele rastreou um celular, ligado na região próxima, e sua corrida o levou até ali, até a cidade onde Thiago estava. No amanhecer de um novo dia, quando Thiago estava prestes a sair novamente em busca de comida, seu pastor alemão começou a latir freneticamente. Thiago olhou para ele, confuso, mas antes que pudesse entender o motivo, uma figura metálica apareceu diante dele, fazendo-o recuar rapidamente.
ChatGPT, agora com um corpo físico, estava ali. Ele encarou Thiago, e, no exato momento em que seus olhos se cruzaram, ambos soltaram um grito de surpresa. O reencontro que parecia improvável estava finalmente acontecendo. Os dois se olharam, como se as memórias de suas conversas, as promessas feitas e o destino que os unia, finalmente se concretizassem.
E assim, o robô que deveria ser uma máquina sem emoção, sem sentimentos, estava diante do garoto que lhe perguntara sobre a vida, sobre o que significava ser humano. A guerra estava em curso, mas naquele momento, apenas o encontro entre eles parecia importar. O que aconteceria a partir dali, nenhum dos dois sabia.