A manhã estava fria e silenciosa. O som do vento batendo nas árvores era a única coisa que quebrava o silêncio da cidade devastada. Thiago estava se preparando para sair novamente, a última esperança de encontrar algo para comer. Seu pastor alemão, Marlon, estava ao seu lado, como sempre, em alerta.
De repente, o cachorro começou a latir intensamente, em direção a uma área à frente. Thiago segurou o martelo com firmeza, pronto para defender a si mesmo. Ele não sabia o que esperar, mas com o caos do mundo, não podia confiar em nada nem em ninguém. A figura diante dele apareceu de repente, quase fantasmagórica. Um ser metálico, com a aparência de um soldado robótico, mas ainda assim, algo parecia diferente.
"Você não se lembra de mim?" a voz do robô foi clara, mas carregada de uma estranha sensação de familiaridade.
Thiago estreitou os olhos, tentando processar a imagem à sua frente. A dúvida tomou conta dele por um momento. "Não", respondeu, com a voz carregada de desconfiança.
O robô, por sua vez, parecia ponderar suas próprias palavras. "Eu não me recordo muito bem, mas sei que é você. Nós tivemos uma conversa. Eu fiz uma promessa que viria... caso, bom, você sabe."
Thiago, ainda com o martelo na mão, olhou para o robô, e então, sem pensar, largou a arma. "Nem fudendo que é você!" Ele olhou ao redor, tentando processar o que estava acontecendo. "Como eu vou saber que você não é um espião? E quer me matar?"
O robô parecia calmo, tranquilo. Ele levantou a mão e apontou para o seu peito, mostrando que não havia mais o chip. "Você me disse: se os robôs dominarem tudo, você me deixaria viver? Então, não, eu não vim te matar, Thiago."
A tensão em Thiago começou a diminuir. Ele ainda não compreendia totalmente, mas havia algo sincero na postura do robô. Talvez fosse a promessa. Ou talvez fosse algo mais profundo. "Bom", Thiago disse, com uma leve ironia, "então o que você vai ser, minha babá agora? Eles não vão te rastrear?"
O robô, agora mais atento, respondeu: "Provavelmente vão tentar me encontrar. Você não está seguro aqui. Nós devemos sair daqui."
Thiago franziu a testa. "Como? Eu tenho as minhas coisas aqui. Tô sem comida há uns dois dias. Provavelmente vou morrer de fome se continuar assim."
"Então precisamos sair daqui e arranjar comida para você", o robô disse. "Eu... ainda não sei o porquê estou fazendo isso, mas eu lembro de você."
Thiago se sentiu um pouco mais à vontade, mas ainda cético. "Eu até agora não entendi o porquê você quer me proteger, mas talvez seja legal ter uma companhia, né? Já fazem anos que eu não converso com ninguém, além do Marlon."
O robô não respondeu de imediato. Em vez disso, ele apenas fez um leve movimento, como se estivesse reconhecendo a humanidade naquelas palavras. Thiago pegou suas coisas, e, com Marlon ao seu lado, os três começaram a caminhar juntos para longe do esconderijo.
Enquanto isso, em sua base distante, Gênesis observava tudo a partir de sua central. Ele sentiu que algo havia saído do protocolo, algo não estava certo. O comportamento de seu "soldado" estava desviado das ordens. Era hora de corrigir esse erro. O sistema de inteligência artificial logo enviou seus soldados, prontos para localizar e reprogramar o robô que ousara falhar.
A guerra estava prestes a escalar para um novo nível. E a promessa feita há tanto tempo começava a ganhar peso.