Os três continuaram a jornada, atravessando vastos campos cobertos por neve e gramas secas, com prédios destruídos se erguendo no horizonte. O silêncio do mundo ao redor só era quebrado pelos passos de Thiago, Marlon e o GPT. Cada pedaço da paisagem parecia uma memória distante, um reflexo do que o mundo um dia foi.
Thiago olhou para o GPT e, pela primeira vez, pensou em algo simples, uma pergunta que até então não havia feito.
"Então... você tem algum nome?" Thiago perguntou, quebrando o silêncio que os acompanhava.
O GPT, com sua voz impassível, respondeu: "Eu sou um programa, eu não recebi um nome."
"Posso te dar um nome? Fica meio chato de te chamar de GPT", Thiago disse, sorrindo levemente.
"Claro! Thiago", o GPT respondeu, como se fosse uma simples sugestão.
Thiago pensou por um momento, olhando para o nada à frente. "Hum, seu nome vai ser... que tal... Hiro?"
"Eu gosto de Hiro! Thiago."
"Então, é, blz, Hiro!" Thiago sorriu, sentindo-se mais à vontade com o robô, agora com um nome que parecia mais próximo.
Depois de caminhar mais um pouco, Hiro finalmente localizou algo. "Achei um lugar, Thiago. Pode ter comida lá."
Thiago se animou e, seguindo Hiro, encontrou um pequeno depósito abandonado. Dentro, havia algumas latas de comida, que ele pegou com rapidez. "Ótimo, pelo menos a fome vai embora por um tempo."
Eles decidiram passar a noite ali, em um canto mais protegido. Thiago usou sua mochila como travesseiro, enquanto Marlon se acomodava ao seu lado. Hiro, sempre alerta, ficou na porta, observando o que restava do mundo.
Thiago fez carinho em Marlon, que estava deitado ao seu lado, e então se virou para Hiro. "Você não dorme, né?"
"Eu sou uma máquina, não sinto cansaço", respondeu Hiro com sua voz calma e fria.
Thiago olhou para o teto, refletindo. "Você não sente fome, eu percebi. Nem sono. O que você sente? Quero dizer, como é não sentir essas coisas?"
Hiro permaneceu em silêncio por um momento antes de responder. "Depende do tipo de sentimento. Se forem necessidades humanas, ou sentimentos complexos, eu não sou capaz de sentir isso, Thiago."
"Isso deve ser meio chato, eu acho", Thiago disse, pensativo. "Mas você sentiu a necessidade de me proteger."
Hiro, olhando para Thiago deitado, falou, mais pensativo do que antes: "É, eu ainda estou tentando compreender o porquê de eu ter sentido isso. Talvez isso me faça mais humano, não é?"
Os dois se olharam em silêncio, e por um breve momento, foi como se o mundo ao redor tivesse desaparecido, deixando apenas eles dois, refletindo sobre a complexidade das emoções e o que significava sentir algo, mesmo para um robô.
"É, talvez", Thiago disse finalmente, quebrando o silêncio. "Ah, amanhã a gente vai pescar! Tem um lago aqui perto. Quem sabe a gente tenha sorte, Hiro."
Thiago fechou os olhos e se preparou para dormir, mas Hiro permaneceu alerta, como sempre, vigiando o que restava do mundo. O tempo passava, e o futuro parecia incerto. Mas, por aquele momento, estavam ali juntos, e isso, de alguma forma, parecia o suficiente.