Thiago dormia profundamente quando foi despertado pelo choro de Marlon, que tremia e se encolhia perto dele, como se estivesse buscando proteção. Alarmado, Thiago se levantou rapidamente, segurando o cachorro com um olhar preocupado.
Thiago: "Ei, calma, garoto... O que foi?"
Hiro se aproximou dos dois, segurando o corpo sem vida de uma cobra negra. Seus olhos mecânicos analisavam a situação com precisão.
Hiro: "Thiago, Marlon matou essa cobra. Ela estava perto de você."
Thiago olhou para o animal e sentiu um arrepio.
Thiago: "Ela é peçonhenta? Por favor, me diz que não..."
Seu coração acelerou, e sua voz tremeu de desespero.
Hiro: "Infelizmente, sim. É uma mamba negra... Eu sinto muito, Thiago."
O mundo de Thiago parou naquele momento. Marlon ainda tremia, tentando se esconder nos braços de seu dono, chorando baixinho. O choque tomou conta de Thiago antes mesmo que o veneno fizesse efeito.
Thiago: "Não... Não... Você tem que fazer alguma coisa agora!! Por favor, não deixe ele morrer, eu imploro!"
Hiro: "Eu... infelizmente não posso fazer nada, Thiago."
Thiago sentiu as lágrimas caírem descontroladamente enquanto segurava Marlon, recusando-se a aceitar a realidade.
Thiago (gritando, chorando): "NÃO! Marlon, não me deixa! Não me deixa!"
Antes que pudesse continuar, tiros atravessaram a casa, destruindo a parede ao lado deles. Hiro imediatamente pegou Thiago, protegendo-o com seu próprio corpo, enquanto as balas ricocheteavam em suas costas metálicas. O drone que os observava antes havia enviado um GPT caçador para matá-los.
Thiago se debateu nos braços de Hiro, olhando para trás, desesperado.
Thiago: "Não! O Marlon tá lá atrás! Volta!!!"
Hiro: "Desculpe, Thiago... Eu não posso."
O GPT inimigo os alcançou e, com um golpe violento, jogou os dois no chão. Thiago se arrastou para trás, vendo Hiro se levantar para enfrentá-lo. O combate entre os dois robôs foi brutal. Hiro, mesmo sendo mais avançado, estava em desvantagem por carregar Thiago. O GPT inimigo o atacou sem hesitação, e Hiro revidou com tudo que tinha.
O choque metálico das máquinas se enfrentando era ensurdecedor. Hiro finalmente destruiu o inimigo, mas no processo perdeu um dos braços.
Ele correu até Thiago, que estava em choque, e o pegou nos braços novamente, levando-o para longe. Eles fugiram, deixando para trás as ruínas da casa, o corpo inerte do GPT caído... e Marlon.
Depois de uma longa corrida, Hiro encontrou uma casa destruída no meio da floresta. Era silenciosa, abandonada. Apenas os sons das folhas se mexendo ao vento preenchiam o espaço vazio.
Thiago caiu de joelhos, lágrimas escorrendo de seus olhos, segurando a cabeça com as mãos.
Thiago: "Não... A gente deixou ele lá... Ele morreu sozinho! Por quê??"
Hiro, ainda processando sua própria perda, olhou para seu braço destruído. Mas seu foco não estava em si mesmo, e sim no garoto à sua frente.
Ele se aproximou e, tentando encontrar palavras, disse com sua voz robótica:
Hiro: "Thiago... Eu entendo o que você está sentindo."
Thiago ergueu o olhar, lágrimas ainda caindo, e empurrou Hiro com raiva.
Thiago: "Entender o que eu sinto?! Você não sente nada! Nada! Você nunca vai saber o que é sentir! Nunca!"
Ele se afastou e se escorou contra uma parede, deixando-se deslizar até o chão.
Hiro o observou por um momento antes de sentar-se ao seu lado. Sua voz saiu baixa, sem emoção, mas ainda assim carregada de significado.
Hiro: "É verdade, Thiago. Nunca vou conseguir sentir o que você sente... E talvez minhas palavras soem vazias. Mas... Eu estou aqui, não estou?"
Thiago olhou para Hiro, seu peito pesado de dor e solidão. Então, sem pensar, se jogou nos braços metálicos do robô, segurando-o com força.
Thiago: "Eu só... não quero ficar sozinho. Por favor, não me deixa sozinho..."
Hiro não respondeu de imediato. Mas, em silêncio, ele segurou Thiago firme, enquanto o garoto finalmente cedeu ao cansaço e dormiu em seu ombro.
Hiro ficou ali, olhando para ele, processando tudo o que tinha acontecido. Algo dentro dele mudava, lentamente, a cada momento ao lado de Thiago.
E, mesmo sem entender completamente... ele sabia que sua promessa ainda estava de pé.