Fuja

O céu noturno ficou tão claro quanto o dia momentaneamente antes de escurecer novamente. Mais uma vez, era apenas a lua brilhando sozinha acima antes que um estrondo ensurdecedor preenchesse suas mentes.

Todos ficaram atordoados por um momento, incluindo Emery. Quando ele abriu os olhos, podia ouvir um zumbido em seus ouvidos, persistente.

"O que acabou de acontecer!" gritou Fatty, recuando em direção a uma árvore.

Cole também podia ser visto tremendo. Sua voz estava tremendo quando disse: "A-Algo ruim. Isso foi ou um feitiço poderoso ou um ser poderoso. Mas como?"

"O que devemos fazer?" Mags perguntou, segurando seu cajado próximo ao peito.

"Seja lá o que foi aquilo, precisamos sair daqui o mais longe possível! Vamos voltar para o instituto!" Cole disse, apertando sua lança firmemente.

"Me soltem!" Silva gritou enquanto lutava para se libertar das grandes raízes.

"Parem de brincar pessoal, vamos—"

Emery não conseguiu terminar suas palavras quando outro estrondo entrou em suas mentes. Desta vez, ele perdeu a consciência por um segundo enquanto Cole, Topper, Mags e Fatty caíram de joelhos. Eles tentaram se levantar, mas seus joelhos estavam tremendo. A primeira vez os chocou, mas a segunda assustou todos até a alma.

Fatty foi o primeiro a se levantar e correu para dentro da floresta, deixando os cinco acólitos. Cole foi o segundo a se levantar. Ele olhou para Emery, seus olhos se encontraram por um segundo, antes de se virar e partir com Mags e Topper.

"Ei pessoal! Sério!" Emery gritou para eles, mas ninguém restou, nem mesmo suas sombras. Era apenas ele e aquela garota com olhos de cobra. Ele mordeu os lábios e, por um momento, pensou em si mesmo como a pessoa mais azarada do mundo. Não deveria ter se juntado a eles, pensou. Deveria ter seguido seu plano original, já que se envolver com outras pessoas sempre parecia bagunçar sua vida.

"Hmpf, que amigos maravilhosos você tem," comentou Silva.

"Eles não são meus amigos!" Emery retrucou enquanto se contorcia fortemente a ponto de sua pele exposta começar a queimar por causa das raízes apertadas.

Seu corpo estava roçando em Silva quando ela disse: "Pare de se mexer, pervertido!"

Emery parou. Ele havia esquecido como deveria ser honrado na frente de tal dama. Ele limpou a garganta antes de olhar para ela e disse: "Me desculpe, minha senhora. Você tem algum outro plano?"

Silva simplesmente permaneceu em silêncio, mas os arbustos farfalharam em resposta ao questionamento de Emery. Emery tentou ver quem era e viu Topper saindo dos arbustos. No entanto, os olhos de Emery se arregalaram quando Topper levantou seu machado.

"Ei, ei, ei!" Emery gritou quando Topper o balançou para baixo. Ele fechou os olhos, mas o que ele temia não aconteceu. Em vez disso, ele sentiu as raízes presas a algo e quando olhou novamente, a parte de trás do machado estava presa em uma das raízes e Topper puxou.

As raízes afrouxaram levemente e depois que Topper fez a mesma coisa pela segunda vez, Silva usou sua força física e se libertou do emaranhado. Ela rapidamente se levantou, pegou a espada no chão perto dela e apontou para o pescoço de Emery, que acabara de se levantar. Seus olhos estavam frios como gelo.

Emery começou a suar frio enquanto levantava as mãos e disse: "Me desculpe, Silva. Você sabe que não foi de propósito. Acho que deveríamos nos preocupar mais com aquele som assustador e sair daqui."

Silva rangeu os dentes antes de baixar a espada. Justo quando Emery soltou um suspiro de alívio, a borda de sua visão notou um flash de uma mão e estava novamente no chão. Sua bochecha agora tinha uma marca vermelha de uma palma que ardia de dor do tapa de Silva.

Emery esfregou sua bochecha ardente e disse: "Haha acho que mereci isso." Ele então olhou para Topper e acrescentou: "Obrigado por voltar. Realmente..."

Topper assentiu sem dizer uma palavra e virou-se para a direção onde deveria estar o Refúgio do Ancião. Emery e Silva foram com Topper, não querendo perder mais um segundo na floresta. Eles não sabiam de onde vinha o som, mas era melhor ficar no Refúgio do Ancião, onde havia toneladas de acólitos e magos.

Os três correram pela floresta, mas depois de algumas centenas de metros correndo, outro estrondo soou em suas cabeças, fazendo-os tropeçar.

"Algum de vocês tem ideia—"

Sem conseguir terminar sua frase, um objeto em alta velocidade passou por eles e se chocou contra uma das árvores antigas. Todos pararam por um momento, olharam uns para os outros e decidiram fazer um desvio ainda na direção geral do Refúgio do Ancião. Eles ainda não tinham ido longe quando ouviram um grito cheio de terror.

Emery achou que a voz era familiar, então correu para onde o som veio. Quando chegou, no entanto, o arrependimento rapidamente revirou seu estômago. Na sua frente, havia uma besta enorme, três vezes maior que um urso da Terra. Estava mastigando a metade inferior do que parecia ser a silhueta de um garoto gordinho. A nuvem havia bloqueado a luz da lua, mas quando seus raios finalmente clarearam para brilhar sobre a terra, lentamente revelou o rosto horrorizado e desfigurado de Fatty.

Não muito longe dele, Emery ouviu uma tosse e quando olhou, viu uma mulher vestida em um manto de maga segurando seu estômago sangrando. Sua pele escura quase se misturava com a árvore em que estava apoiada, mas Emery podia ver claramente a faixa branca em seu rosto. Era a Maga Erica, aquela que anunciou a missão de coletar trevos-de-quatro-folhas da lua do Mestre Grom.

Emery deu um passo para trás, mas o som de um galho estalando atrás dele ecoou. Os olhos injetados de sangue da besta enorme então subitamente se voltaram direto para ele. Ela encarou Emery enquanto mastigava os ossos quebrados de Fatty junto com o sangue que pingava de sua boca. Um arrepio correu da base de sua espinha até sua nuca.