Durante o restante das aulas, Riyeon não tentou mais conversar com Anya. Ela percebeu que uma garota estava assustada por conta das outras alunas que cercaram mais cedo. Por isso, resolvi dar espaço, mantendo a atenção na aula e apenas lançando olhares discretos para o jovem ao seu lado. Anya anotava tudo com dedicação, seus olhos atentos a cada detalhe que os professores mencionavam. Diferentemente do restante da turma, ela parecia realmente interessada no conteúdo, sem se preocupar com status ou recuperação. Isso despertou ainda mais a curiosidade de Riyeon. Ela já sabia que Anya era inteligente, mas o que mais intrigava era sua humildade. Mesmo sendo bolsista em uma academia de elite por puro mérito, ela não tentou se candidatar. Era um contraste gritante com Daehyn, que fazia questão de enfatizar sua posição e a influência de sua família.
Riyeon não suporta essa atitude.
Ela evitou prolongar conversas com Daehyn justamente por isso. Sempre que conheciam, percebia a soberba disfarçada na forma como a outra mencionava os pais e sua posição social. Os pais de Daehyn se gabavam da filha prodígio, mas não eram piores que os próprios pais de Riyeon, que viam nela um gênio moldado desde o nascimento. A verdade era que Riyeon e Daehyn faziam parte de um jogo de poder entre suas famílias. Uma competição silenciosa, onde os filhos eram peças no tabuleiro da alta sociedade. Mas Riyeon não se importou com isso. E no fundo, sabia que Daehyn sentia algo mais por ela. Certa vez, sem querer, Riyeon viu o papel de parede do celular da garota. Uma foto sua, tirada sem que ela percebesse. Desde então, passou a notar os olhares prolongados e a forma como Daehyn ficou tensa quando estava a sós. Riyeon sente pena. Porque nunca poderia retribuir esse sentimento. Nunca gostei de ninguém, nunca namorou, apesar de ser cortejado por diversas pessoas da alta sociedade. Nenhuma delas despertou nada em seu coração. Mas agora... havia uma exceção. A jovem tímida que conhecia despertava algo diferente dentro dela. E Riyeon foi determinada a descobrir que tipo de sentimento era esse. Na saída da escola, Riyeon acomodou-se no banco de couro do carro de luxo da família. O motorista a leva para sua aula extra, como de costume. Sua rotina era monótona, previsível. Mas então, algo corta essa monotonia. Parados no sinal, seus olhos pousaram em uma figura conhecida.
Sentada na parada de ônibus, Anya estava equipada com um caderno de couro. Riyeon não conseguiu dizer se ela escreveua ou desenhava, mas sua postura era tranquila e imersa no que fazia.
Ela ouviu sem perceber. Riyeon olhou para Anya com mais clareza. E veremos como ela era bonita. Não de uma beleza óbvia e chamativa, mas um encanto sutil, quase hipnotizante. Os traços delicados, os olhos expressivos e serenos, a forma como mordia de leve os lábios enquanto pensado. E então, um detalhe capturou completamente sua atenção. Uma covinha. Discreto, mas adorável. Algo tão pequeno, mas que fez algo dentro de Riyeon estremecer. O olhar de Anya tinha algo de melancólico, como um cachorrinho perdido, esperando ser encontrado. E sem entender por quê, Riyeon sentiu vontade de segurá-la pela mão de novo. Mas, dessa vez, não para observar-la...
E sim, para tê-la por perto.