aproximação repentina

O ambiente na sala de aula era impecavelmente organizado, refletindo a excelência da academia. As carteiras enfileiradas de forma simétrica e os grandes janelões permitiam que a luz natural iluminasse o espaço. O dia havia começado com uma rotina normal de aulas, mas bastou a professora de Matemática avançada entrar para que o clima se tornasse mais tenso.

Riyeon estava sentada no fundo da sala, ao lado de Anya. Era um lugar estratégico para alguém que não gostava de chamar atenção desnecessária, mas que também queria observar o que acontecia ao seu redor.

Desde o primeiro dia, Riyeon havia escolhido esse assento sem pensar muito, mas agora se perguntava se havia um motivo inconsciente para querer estar ao lado de Anya. A garota franzina parecia alheia a tudo, sempre mergulhada em suas anotações ou em pensamentos que Riyeon gostaria de decifrar. 

A professora de Matemática avançada entrou na sala, ajustando os óculos e carregando uma pilha de documentos. O burburinho cessou imediatamente.

— Bom dia, turma. Espero que já tenham se acostumado com o ritmo da academia, pois dentro de duas semanas teremos a Prova de Aptidão Acadêmica.

Os murmúrios recomeçaram, mas a professora os ignorou e continuou:

— Essa prova é fundamental para avaliarmos o nível de cada aluno e determinarmos a classificação para os desafios futuros. O exame será interdisciplinar, abrangendo Matemática, Física, Literatura e História.

Riyeon suspirou, entediada. Para ela, essa prova não passava de um protocolo sem importância. Já era esperado que tirasse uma nota perfeita. Seus pais não aceitariam nada menos que isso.

Anya, por outro lado, sentiu uma tensão tomar conta de seu corpo. Sua mente começou a processar tudo o que já havia aprendido até agora, tentando entender se teria tempo suficiente para alcançar o nível dos outros alunos.

Riyeon percebeu a forma como Anya franziu as sobrancelhas, a ponta do lápis batendo levemente contra o caderno. Sua postura rígida denunciava o nervosismo.

A aula continuou, mas Riyeon passou boa parte do tempo observando Anya de relance. Ela notou que a garota tentava anotar tudo, mas em alguns momentos hesitava, voltava para linhas anteriores e mordia o lábio, como se não tivesse certeza do que estava escrevendo.

Anya estava perdida.

Quando o sinal tocou, indicando o fim da aula, os alunos começaram a se levantar e se dispersar. Riyeon permaneceu sentada, folheando seu próprio caderno de anotações. Anya suspirou ao seu lado, fechando os olhos por um momento antes de começar a guardar suas coisas.

— Pegue.

Anya virou o rosto e viu o caderno elegante sendo colocado suavemente sobre sua mesa.

— O quê? — ela perguntou, surpresa.

— Minhas anotações. Elas são mais organizadas do que os livros. Você vai precisar delas para acompanhar o ritmo da turma e se sair bem na prova.

Anya piscou algumas vezes, olhando do caderno para Riyeon. Ela parecia tranquila, como se aquilo fosse a coisa mais normal do mundo.

— Mas... por que você está me dando isso?

Riyeon deu de ombros, como se não fosse nada demais.

— Porque eu quero que você vá bem.

Anya apertou os dedos ao redor do caderno, sentindo um calor subir pelo rosto. Não estava acostumada a receber ajuda, muito menos de alguém como Riyeon.

— Obrigada... Eu prometo que vou cuidar bem dele.

Riyeon sorriu de canto.

— Apenas estude.

Ela se levantou, ajeitando a fita no cabelo com um gesto casual antes de sair da sala.

No entanto, a cena não passou despercebida.

Daehyn, que ainda estava sentada algumas fileiras à frente, apertou a mandíbula. Riyeon nunca compartilhava suas anotações com ninguém. Nunca.

O que havia de tão especial em Anya?

Ela fechou os punhos sobre a mesa, sentindo um incômodo crescer dentro de si. Algo que se recusava a nomear.

Uma coisa era certa: a aproximação entre Riyeon e Anya estava ficando cada vez mais evidente.