a tensão na sala de estudo

O som do pingar da água do suco ainda ecoava no corredor enquanto Riyeon e Anya se dirigiam à sala de estudo. Riyeon caminhava com firmeza, a postura confiante e o semblante sério, mas o olhar de Anya estava fixo nela. Ela se sentia profundamente tocada pela defesa incondicional de Riyeon, uma atitude que parecia tão fora de lugar em uma escola onde o status era tudo, mas ao mesmo tempo, tão reconfortante.

Ao chegarem na sala, Riyeon abriu a porta e entrou primeiro, ajeitando a postura e indo diretamente até o seu armário. A tensão ainda estava no ar. O suco que Daehyn havia jogado tinha encharcado todo o uniforme de Riyeon, e ela precisava trocar de roupa antes de se concentrar no estudo.

Anya, sentindo uma curiosidade crescente, permaneceu na porta da sala, observando em silêncio. Riyeon estava tranquila, como se a situação toda fosse apenas mais um desafio a ser superado. Mas Anya percebeu algo mais naquela cena – Riyeon não estava apenas sendo prática, ela também parecia estar profundamente confortável consigo mesma, como se tivesse o poder de dominar qualquer situação.

Riyeon puxou um uniforme extra do armário e, sem hesitar, começou a tirar a gravata e o colete, deixando a camisa branca à vista. Anya sentiu sua respiração se apertar. Havia algo em Riyeon que ela não conseguia ignorar. O corpo esguio, mas bem treinado, e a confiança com que ela se movia despertaram um fascínio inusitado em Anya.

— Eu... Eu posso ajudar com a gravata? — Anya perguntou, a voz falhando levemente enquanto sua mente parecia tentar se concentrar no momento. Era a primeira vez que se aproximava de Riyeon por conta própria, e a proximidade física fez seu coração acelerar.

Riyeon olhou para ela, e o sorriso que apareceu em seu rosto parecia quase um jogo.

— Pode sim, obrigada — respondeu, com um tom leve, sem perceber completamente a tensão crescente. Ela estendeu a gravata, permitindo que Anya a desamarrasse, e a partir dali, Anya se viu quase hipnotizada pela delicadeza de cada gesto de Riyeon.

Mas quando Riyeon começou a desabotoar a camisa, Anya quase parou de respirar. 

Ela estava desconfortavelmente ciente do que estava acontecendo, mas não sabia como reagir. Riyeon estava provocando-a de uma maneira sutil, havia uma energia palpável entre as duas. Anya sentia o olhar de Riyeon, firme, quase como se estivesse desafiando-a, mas com uma cumplicidade que ela não sabia como decifrar.

Anya desviou o olhar rapidamente, ruborizando, sentindo que o que estava acontecendo ia muito além do que ela imaginava ser capaz de lidar. Riyeon, ao contrário, parecia se divertir com a situação, sem perceber o impacto que estava causando.

— Você está corada, Anya — Riyeon disse, com um tom que misturava provocação e interesse genuíno. Ela notou como a outra parecia desconfortável, mas ao mesmo tempo, encantada pela energia que estava se formando entre elas. Ela não se importava de ser assistida semi-nua pela outra garota.

Riyeon tinha hábitos saudáveis, antes de dormir, ela fazia uma sessão de treinos na academia da sua casa para manter a forma atlética. Nunca ninguém vira o seu belo corpo, Anya era uma exceção, e pelo rubor das suas bochechas, indicava que aquilo havia mexido com ela. 

Anya não sabia o que responder.

— Eu só... é que... nunca pensei que alguém como você fosse tão... acessível — ela conseguiu dizer, sua voz baixa, quase tímida. Não era exatamente a palavra acessível que ela queria usar. 

Riyeon sorriu para ela, agora com uma expressão mais suave.

— Todo mundo tem seus próprios momentos de fragilidade, Anya. Não sou imune a isso — respondeu, quase com uma suavidade inesperada.

A conversa fluiu lentamente enquanto Riyeon terminava de se trocar. A interação estava começando a se tornar mais íntima, mas era a confiança, mais do que qualquer outra coisa, que estava se solidificando entre elas.

Enquanto dobrava a camisa suja, Riyeon notou o caderno de Anya, que ela havia tentado esconder discretamente. A lembrança da cena anterior voltou à mente de Riyeon – os desenhos que Daehyn havia tentado expor. Seu olhar se suavizou ainda mais.

— Você gosta de desenhar, não é? — Riyeon perguntou, com um tom genuinamente curioso.

Anya apertou os lábios, desviando o olhar, claramente envergonhada. Ela sabia que Riyeon provavelmente tinha entendido do que se tratavam aqueles desenhos. 

— Eu... sim... — respondeu baixinho, sem conseguir encará-la.

Riyeon percebeu a hesitação e, ao invés de pressioná-la, apenas sorriu.

— Eu adoraria ver seus desenhos um dia — disse, com um tom sincero. — Mas só quando você se sentir confortável para me mostrar.

Anya ergueu os olhos, surpresa pela consideração de Riyeon. O coração dela bateu mais forte. 

Riyeon não insistiu, mas por dentro, sentia-se estranhamente feliz por saber que Anya a desenhava. Saber que Anya passava tempo observando-a, registrando sua imagem em traços delicados, a fazia sentir um calor inesperado no peito. 

Anya sentia que estava começando a se abrir de uma maneira que nunca imaginara, e Riyeon, embora ainda brincando com as situações, parecia ter um entendimento mais profundo do que estava acontecendo. A maneira como ela olhou para Anya, com uma atenção sincera, fez com que Anya sentisse o sentimento se intensificar, fazendo a paixão repentina sentida por Riyeon crescer dentro dela a cada dia.