O restaurante estava um pouco mais tranquilo naquela noite. Anya estava de pé, atrás do balcão, organizando alguns pratos e ajeitando as mesas, quando percebeu uma presença familiar entrando pela porta. O som da campainha que indicava a chegada de clientes a fez olhar para a entrada e, de repente, seus olhos se encontraram com os de Riyeon.
Riyeon estava diferente. Nada de uniforme pesado, sem a pressão das roupas formais da academia. Ela usava roupas casuais, mas cada peça, de uma qualidade inegável, exalava luxo. Um cardigan de lã branco, jeans de corte perfeito, um boné preto e botas que faziam seu andar ainda mais confiante. A mistura de simplicidade e sofisticação era impossível de ignorar. Anya sentiu uma onda de admiração se formar dentro de si.
Riyeon caminhou até o balcão onde Anya estava, com seu sorriso de lado, mas algo nos seus olhos parecia incomum — mais suave, talvez. O modo como ela olhou para Anya, sem pressa, parecia que ela estava ali não só por um simples jantar, mas por algo mais.
— Olá, Anya — Riyeon disse com um sorriso caloroso, e Anya percebeu que ela não estava ali de surpresa.
Anya sorriu, um pouco envergonhada pela presença imponente de Riyeon, mas logo se recompôs.
— Oi, Riyeon. O que você está fazendo aqui?
Riyeon olhou para os pais de Anya que estavam no canto, acompanhando a cena com curiosidade. Ela se aproximou mais e, com um sorriso travesso, disse:
— Na verdade, eu estava pensando... Você não gostaria de vir comigo hoje? Queria te mostrar minha casa. Gostaria de retribuir a gentileza do outro dia, quando me mostrou seu quarto.
Anya ficou surpresa, mas sentiu um impulso de aceitar. Ela nunca imaginou que Riyeon, a garota número um da academia, queria mostrar seu lado pessoal, e a ideia de passar mais tempo com ela, fora do contexto da escola, parecia tão... natural.
Ela olhou para os pais, que estavam assistindo atentamente, como se já soubessem o que estava prestes a acontecer.
— Posso ir, mãe, pai? — Anya perguntou, um pouco ansiosa.
O pai de Anya sorriu com um olhar compreensivo, como se visse que a filha estava ficando mais aberta a novas amizades. Sua mãe, com um sorriso acolhedor, assentiu.
— Claro, minha querida. Aproveite a noite — disse a mãe de Anya, com um tom de quem sabia que aquilo seria algo bom para ela.
Anya não teve tempo de pensar muito. Ela rapidamente foi até seu quarto, pegou uma bolsa simples e se preparou para sair. Quando se virou para olhar Riyeon, percebeu que ela ainda estava sorrindo para ela de uma maneira muito pessoal, quase íntima, o que a fez sentir seu rosto esquentar.
Riyeon a levou até seu carro, onde o motorista as aguardava. A cidade já estava mais tranquila, e o caminho até a mansão de Riyeon foi calmo, sem grandes conversas. Anya não sabia o que esperar, mas ela sentia que aquele momento mudaria algo entre elas.
Ao chegarem à mansão de Riyeon, Anya ficou boquiaberta. A casa era imensa, com um jardim bem cuidado e uma fachada elegante, um luxo que Anya jamais imaginou. Tudo naquelas ruas parecia ser do outro mundo. Quando o carro parou em frente à entrada, ela saiu lentamente, sentindo-se como se estivesse entrando em um lugar completamente diferente da sua realidade cotidiana.
— Uau... — Anya murmurou, olhando em volta, ainda sem acreditar no que via.
Riyeon, com seu sorriso sutil, pegou a mão de Anya, quase como se quisesse tranquilizá-la.
— Vamos entrar. Não é tão grande quanto parece. — Ela disse com a mesma leveza de sempre, mas Anya podia perceber que Riyeon estava tentando fazer tudo parecer mais simples, mesmo que fosse tudo muito grandioso.
Quando entraram, Anya ficou mais impressionada ainda com a decoração sofisticada. A casa era moderna e ao mesmo tempo aconchegante, com um toque de elegância que Riyeon parecia carregar sem esforço. O que realmente chamou a atenção de Anya foi o quarto de Riyeon. Ela a levou até lá, e o ambiente foi uma surpresa ainda maior.
O quarto de Riyeon tinha uma atmosfera única. Era despojado e diferente de qualquer lugar que Anya já tinha visto. Parecia um ambiente inspirado numa pista de skate, com paredes em tom cinza e preto, e, de forma surpreendente, skates pendurados nas paredes, criando um ambiente que refletia tanto o lado aventureiro quanto o sofisticado de Riyeon. Todos os móveis na cor branca. E, no canto, havia um grande aquário, com peixes coloridos nadando tranquilamente.
Anya ficou maravilhada, sem palavras.
— Eu... Eu nunca imaginaria que seu quarto fosse assim. — Anya disse, observando cada detalhe, com os olhos brilhando de admiração.
Riyeon riu suavemente, como se soubesse o impacto que aquilo estava causando em Anya.
— Não sou só a garota da academia, sabe? Tem um lado meu que poucas pessoas conhecem.
Anya sentiu um calor no peito ao perceber a confiança que Riyeon tinha ao se mostrar desse jeito. Riyeon não precisava da fachada de perfeição que ela mostrava para todos. Ali, no seu espaço, ela era apenas ela mesma.
Anya olhou para Riyeon, um pouco nervosa, mas também se sentindo confortável. Algo estava mudando entre elas, e Anya sentiu que Riyeon não era apenas a imagem perfeita da academia — ela era alguém real, com sentimentos, com fragilidades, com uma vida além da pressão da escola. Alguém que queria ser livre.
Riyeon sorriu para Anya, vendo o quanto ela estava encantada com o lugar. Ambas se sentiram mais próximas do que nunca.