A casa de Riyeon possuía uma ampla sala de descanso no andar de cima, decorada com sofás espaçosos, poltronas luxuosas e uma mesa de jantar refinada. O ambiente era sofisticado, mas ao mesmo tempo acolhedor. Naquela noite, Riyeon decidiu quebrar sua rígida dieta e pediu à empregada que encomendasse duas pizzas.
— Eu não como pizza com frequência — confessou, enquanto se acomodava no tapete felpudo diante das grandes janelas que ofereciam uma vista panorâmica da noite estrelada.
Anya sorriu ao ouvir aquilo.
— Então essa noite é especial. Pizza é uma das minhas comidas favoritas!
Riyeon riu baixo, apreciando a empolgação genuína de Anya.
As duas ficaram ali, sentadas no tapete macio, conversando sobre a Tailândia. Riyeon estava curiosa para saber mais sobre a vida de Anya fora da Coreia, e cada detalhe compartilhado pela mais nova parecia pintá-la sob uma nova perspectiva. Anya falava dos familiares que ficaram em seu país natal, dos avós que tanto amava e de como a saudade apertava, mesmo com as chamadas de vídeo frequentes.
— Eu queria poder visitá-los mais vezes — Anya suspirou. — Mas minha família nunca teve muito dinheiro, e viajar para lá é caro.
Riyeon permaneceu em silêncio, absorvendo aquelas palavras. Era a primeira vez que refletia sobre algo tão básico para ela, mas que para Anya era uma impossibilidade. Riyeon sempre teve tudo o que queria materialmente. Nunca precisou se preocupar com dinheiro, passagens de avião, distâncias. Mas agora, olhando para Anya, percebeu que existiam coisas que o dinheiro não podia comprar.
Anya era rica em algo que Riyeon nunca teve de verdade: amor e afeto.
Riyeon desviou o olhar para a garota ao seu lado. Anya gesticulava enquanto falava, o rosto iluminado pela luz suave do ambiente, os olhos gentis e expressivos transmitindo todo o calor de sua personalidade. Seus lábios rosados e carnudos moviam-se de forma quase hipnotizante.
Sem perceber, Riyeon se aproximou mais. Uma mecha de cabelo caiu sobre o rosto de Anya, e, instintivamente, Riyeon a colocou atrás de sua orelha, um toque delicado e involuntário.
Anya parou de falar no mesmo instante. Seu coração deu um salto quando percebeu a forma intensa como Riyeon a observava.
Então, Riyeon quebrou o silêncio.
— Você é linda.
A voz dela soou baixa, mas firme.
Anya sentiu a respiração falhar. Seu coração batia tão rápido que tinha certeza de que Riyeon poderia ouvir.
Riyeon levou o polegar até sua bochecha, deslizando suavemente sobre a pequena covinha que surgia quando Anya sorria. Depois, seus dedos tocaram de leve o lábio inferior da mais nova, sentindo sua textura macia.
— Eu posso te beijar? — perguntou Riyeon, sua voz carregada de uma ternura velada.
Ela sempre respeitava os limites de Anya. Precisava de sua permissão.
Anya não respondeu com palavras. Apenas assentiu levemente, como se estivesse hipnotizada pela presença de Riyeon.
A mais velha sorriu de forma quase imperceptível e, com delicadeza, se inclinou.
O primeiro toque foi sutil, um roçar de lábios hesitante. Riyeon esperou, sentindo a respiração quente de Anya se misturar com a sua, até que a garota fechasse os olhos e se entregasse ao momento. Então, aprofundou o beijo com mais firmeza, sem pressa, saboreando cada segundo.
Anya deslizou as mãos até os ombros de Riyeon, sentindo a pele quente sob o tecido fino da blusa que ela usava. Seu coração martelava no peito, mas não havia nervosismo — apenas uma sensação inebriante de que aquele momento era certo.
Quando se separaram, seus rostos ainda estavam próximos, respirações entrelaçadas. Anya abriu os olhos devagar e encontrou o olhar intenso de Riyeon fixo no seu.
— Você beija tão bem... — Anya murmurou, sem conseguir conter o pensamento.
Riyeon riu suavemente, um brilho divertido e satisfeito dançando em seu olhar.
— Eu estudo tudo com dedicação — brincou, arqueando levemente uma sobrancelha.
Anya revirou os olhos, mas sorriu, sentindo o coração aquecido de uma forma que nunca havia sentido antes.
— Eu gosto de você, Riyeon.
A confissão saiu espontaneamente, e Anya percebeu que não havia medo em dizê-la.
Riyeon segurou seu rosto com delicadeza e encostou sua testa na dela.
— Eu gosto muito de você, Anya.
E então, Riyeon a beijou novamente, sem pressa, como se quisesse prolongar aquele momento para sempre.
Riyeon ainda sentia o gosto suave dos lábios de Anya quando se afastaram, o coração pulsando forte contra o peito. Elas estavam sentadas na sala de estar, o ambiente iluminado apenas pela luz suave de um abajur. Anya mantinha a cabeça baixa, os dedos brincando com a barra do próprio casaco, enquanto um leve rubor pintava suas bochechas.
— Anya... — Riyeon chamou suavemente, inclinando-se um pouco para que seus olhos encontrassem os dela. — Eu quero ficar com você.
A jovem ergueu o olhar, surpresa pela confissão tão direta. Seu coração deu um salto no peito.
— Ficar comigo? — ela repetiu, a voz saindo em um sussurro.
Riyeon sorriu, um brilho sincero dançando em seu olhar.
— Sim. Eu quero tentar. Quero estar ao seu lado de verdade.
O coração de Anya parecia ter parado por um segundo. Ela sentia o calor se espalhando pelo peito, uma felicidade genuína tomando conta de si. Engolindo em seco, ela assentiu.
— Eu também quero tentar.
Riyeon não conteve o sorriso largo que tomou conta de seu rosto e, com delicadeza, puxou Anya para mais perto, envolvendo-a em um abraço caloroso. Elas permaneceram assim por um tempo, sentindo a presença uma da outra, até que o cansaço finalmente começou a pesar em seus corpos.
— Vamos dormir? — Riyeon sugeriu, segurando a mão de Anya e entrelaçando seus dedos.
Anya sorriu e assentiu, permitindo-se ser guiada até o quarto. Assim que chegaram, Riyeon abriu as portas do seu closet, revelando uma impressionante coleção de roupas perfeitamente organizadas.
— Você pode escolher o que quiser para dormir — disse Riyeon, encostando-se à porta com um olhar divertido.
Anya percorreu os olhos pelo closet e, depois de um momento de hesitação, puxou uma camisa social branca, larga e confortável.
Riyeon arqueou uma sobrancelha, surpresa com a escolha. No entanto, ao vê-la vestida com sua blusa, algo dentro dela se revirou. A peça grande caía solta sobre Anya, os botões desajeitadamente alinhados, revelando sutilmente a pele delicada da clavícula.
— Anya... — Riyeon passou a mão pelo rosto, soltando um suspiro exagerado. — Você tem noção do quão tentador é dormir ao seu lado com você vestida assim?
Anya arregalou os olhos antes de soltar uma risada leve e divertida.
— Você fala como se eu tivesse feito isso de propósito — provocou ela, mordendo o lábio para conter um sorriso malicioso.
Riyeon balançou a cabeça, exasperada, mas não conseguiu evitar a risada que escapou.
— Você não facilita a minha vida — brincou, pegando Anya pela mão e puxando-a para a cama.
As duas se aconchegaram sob as cobertas, um silêncio confortável preenchendo o ambiente enquanto o sono lentamente tomava conta delas. O quarto estava escuro, iluminado apenas pela luz fraca da lua que passava pelas cortinas.
No meio da noite, Riyeon acordou sentindo um peso suave sobre o braço. Piscando algumas vezes para ajustar a visão, ela levantou levemente as cobertas e sorriu ao perceber que Anya havia se aninhado nela, como um pequeno gatinho em busca de calor. O peito de Anya subia e descia suavemente com a respiração tranquila do sono profundo.
Com um sorriso terno, Riyeon ajustou sua posição, puxando Anya ainda mais para perto e deixando que a cabeça da garota repousasse em seu ombro. A ação fez Anya soltar um suspiro satisfeito, algo tão involuntário e doce que fez o coração de Riyeon derreter completamente.
Riyeon se inclinou e depositou um beijo suave no topo da cabeça de Anya, sentindo o cheiro adocicado dos fios escuros. Então, com um último olhar para a garota que segurava seu coração, ela fechou os olhos e finalmente se rendeu ao sono, sabendo que não queria estar em nenhum outro lugar além daquele.