A luz suave da manhã invadia o quarto de Riyeon pelas grandes janelas, refletindo-se no aquário azul e espalhando um brilho cintilante pelo ambiente. Anya abriu os olhos devagar, sentindo a maciez dos lençóis e o calor confortável do cobertor que a envolvia. Demorou alguns segundos para se lembrar de onde estava, mas assim que virou a cabeça e viu o quarto despojado de Riyeon, um pequeno sorriso surgiu em seus lábios.
Ela esticou o braço, esperando encontrar a outra garota ao seu lado, mas o espaço na cama estava vazio. Anya franziu a testa, sentando-se devagar. Foi então que sentiu um cheiro delicioso vindo do lado de fora.
Curiosa, saiu da cama, vestindo apenas a camisa social de Riyeon, que ficava grande em seu corpo e lhe cobria até a metade das coxas. Caminhou descalça até a varanda do quarto e encontrou Riyeon ali, arrumando cuidadosamente uma mesa para duas pessoas.
A visão fez o coração de Anya disparar.
Riyeon estava vestindo um moletom folgado e shorts confortáveis, os cabelos ligeiramente bagunçados, mas ainda assim impecável como sempre. Ela dispunha pratos e xícaras com precisão, como se estivesse acostumada a preparar cafés da manhã sofisticados. Sobre a mesa, havia torradas douradas, frutas frescas, suco e café quente.
Ao notar a presença de Anya, Riyeon ergueu os olhos e sorriu de forma calorosa.
— Bom dia, dorminhoca.
Anya piscou algumas vezes, atônita.
— Você fez isso tudo?
Riyeon riu e se aproximou, deslizando as mãos pela cintura de Anya antes de puxá-la para um abraço demorado.
— Eu quis preparar algo especial para o nosso primeiro domingo juntas — disse ela, encostando o queixo no topo da cabeça de Anya.
Anya fechou os olhos, aproveitando o abraço e o cheiro agradável de Riyeon, que tinha um misto de lavanda e café fresco.
— Você é cheia de surpresas — murmurou Anya, sentindo o peito se aquecer.
Riyeon se afastou apenas o suficiente para olhar nos olhos dela.
— Só quando se trata de você.
Anya sentiu as bochechas esquentarem, mas Riyeon apenas sorriu e segurou sua mão, guiando-a até a mesa.
— Vem, vamos comer antes que o café esfrie.
As duas se sentaram, aproveitando a brisa suave da manhã. Anya pegou um pedaço de torrada e mordeu, observando Riyeon de soslaio.
— Você sempre toma café da manhã aqui fora?
— Quase nunca — Riyeon respondeu, erguendo a xícara de café aos lábios. — Normalmente, nem tenho tempo para isso.
Anya franziu o cenho.
— Mas então... por que agora?
Riyeon sorriu de canto, apoiando o rosto na mão enquanto a observava.
— Porque eu queria passar um momento calmo com você.
A resposta fez Anya desviar o olhar, sentindo o coração acelerar. Riyeon sempre sabia exatamente o que dizer para desarmá-la.
Elas continuaram a refeição entre conversas leves e risadas discretas. Riyeon roubava pequenos toques sempre que podia — ora segurando a mão de Anya sobre a mesa, ora ajeitando uma mecha solta do cabelo dela. A naturalidade com que fazia isso deixava Anya sem reação.
Depois que terminaram de comer, Riyeon puxou Anya de volta para o sofá da varanda e a envolveu em seus braços, aninhando-a contra si.
— A vista daqui é linda — Anya comentou, observando o jardim perfeitamente cuidado abaixo delas.
— Concordo — Riyeon disse, sua voz levemente rouca. — Mas eu estou olhando para algo ainda mais bonito.
Anya revirou os olhos, sorrindo.
— Você nunca cansa de me provocar?
— Nunca — Riyeon respondeu, rindo, antes de beijar o topo da cabeça de Anya e apertá-la um pouco mais contra si.
Ali, nos braços de Riyeon, com o sol da manhã aquecendo sua pele e a brisa suave envolvendo-as, Anya sentiu que poderia ficar assim para sempre.
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O sol da manhã iluminava suavemente o vasto jardim, revelando uma paisagem digna de um quadro. O perfume das flores se misturava com a brisa leve, criando um ambiente quase mágico. Riyeon segurava a mão de Anya com delicadeza, conduzindo-a por entre as fileiras de flores exóticas e bem cuidadas.
— Eu sempre venho aqui quando preciso pensar — disse Riyeon, olhando para Anya com um sorriso sereno. — Mas hoje, eu quis te trazer comigo.
Anya observava tudo ao redor com olhos brilhantes. O jardim era um espetáculo de cores, com rosas, lírios e orquídeas em plena floração. Ela nunca imaginou que um lugar assim pudesse existir dentro da propriedade da família de Riyeon.
Riyeon parou diante de uma roseira e, com cuidado, colheu uma rosa de tom avermelhado. Ela a girou entre os dedos antes de estender para Anya.
— Para você.
Anya sentiu seu rosto esquentar. Seus dedos tocaram os de Riyeon ao pegar a flor, e um arrepio percorreu seu corpo.
— Obrigada... — murmurou, abaixando o olhar, incapaz de esconder o sorriso tímido.
Riyeon, encantada pela reação de Anya, segurou sua mão novamente e entrelaçou seus dedos. Elas caminharam juntas por um pequeno caminho de pedras, ouvindo o canto dos pássaros e o farfalhar das folhas ao vento. Cada momento parecia gravado na memória de ambas, como se aquele jardim fosse testemunha silenciosa de um amor que florescia a cada segundo.
Depois de um tempo em silêncio, Anya, sempre mais reservada, surpreendeu Riyeon ao puxá-la para trás de uma grande árvore e encostar a testa na dela.
— Eu gosto tanto de você...
Riyeon sorriu e envolveu a cintura de Anya, trazendo-a ainda mais para perto.
— Eu sei — respondeu, acariciando a bochecha dela com o polegar. — E eu gosto ainda mais de você.
O momento foi quebrado quando Anya, de repente, se afastou e pegou uma pequena pétala que havia caído no cabelo de Riyeon.
— Você fica bonita até quando está bagunçada — brincou Anya, segurando o riso.
— Ah, é? — Riyeon arqueou uma sobrancelha e, antes que Anya pudesse reagir, pegou uma pequena folha do chão e tentou colocar no cabelo dela.
— Agora estamos combinando.
Anya riu e correu para escapar, mas Riyeon a alcançou com facilidade, segurando-a pela cintura e girando-a no ar. As risadas delas ecoaram pelo jardim, leves como a brisa.
Quando finalmente pararam de brincar, Anya encostou a cabeça no ombro de Riyeon, sentindo o coração bater mais rápido. Riyeon olhou para ela e soube, sem sombra de dúvidas, que aquele sentimento era real e inabalável.
Ali, entre as flores e as risadas cúmplices, Riyeon teve ainda mais certeza: Anya era um amor que ela iria cultivar.