o centro das atenções

Os dias na academia começaram a ganhar uma nova dinâmica desde que Riyeon e Anya ficaram mais próximas. Antes, Riyeon sempre foi uma figura inalcançável — intocável, como se vivesse num pedestal construído pelo seu próprio talento e status impecável. Mas agora, a mudança nela era perceptível.

Ela parecia... diferente.

Anya notou isso em pequenos gestos: Riyeon a esperava todas as manhãs no portão da escola, segurava sua mão de forma discreta quando ninguém estava olhando e, às vezes, até ajeitava sua gravata sem que Anya precisasse pedir. No refeitório, Riyeon fazia questão de sentar ao seu lado, deixando de lado outros alunos influentes para dar toda a sua atenção a Anya.

E as pessoas notaram.

Os corredores começaram a se encher de olhares curiosos e cochichos animados sempre que elas passavam juntas. O nome de Anya começou a ser mencionado com mais frequência, não apenas por sua inteligência e ascensão acadêmica, mas por ter conquistado a atenção de ninguém menos que Riyeon.

Os fã-clubes de Riyeon — sim, porque ela tinha mais de um — pareciam ter aprovado a presença de Anya ao lado dela. Em vez de vê-la como uma "intrusa", muitas começaram a admirá-la. Afinal, não era qualquer uma que conseguia chegar perto da número um e ainda fazê-la sorrir de verdade.

Riyeon, por sua vez, não se incomodava nem um pouco com a atenção extra sobre elas. Pelo contrário, ao andar com Anya pelos corredores e perceber o respeito que ela agora recebia, sentia uma satisfação genuína. Era como se, de alguma forma, estivesse dividindo um pouco do seu mundo com Anya, fazendo com que ela também fosse reconhecida.

Os professores também perceberam a mudança. Riyeon sempre fora impecável em seu desempenho, mas agora parecia... mais viva. Ela ainda mantinha sua postura séria durante as aulas, mas havia algo diferente no brilho dos seus olhos e na maneira como interagia com Anya, mesmo que discretamente.

Então veio o grande dia da palestra.

Todos os alunos foram convocados para o auditório da academia, onde Riyeon seria a apresentadora principal. O assunto era sobre "O Futuro Acadêmico e as Oportunidades Globais", e era esperado que ela, como a aluna mais brilhante da escola, desse o exemplo.

Anya sentou-se nas primeiras fileiras, junto a outros alunos importantes. Ela observava Riyeon no palco, impecável em seu uniforme, segura de si enquanto organizava seus papéis. Quando a reitora anunciou seu nome, os aplausos encheram o auditório.

Então, Riyeon começou a falar.

A postura firme, a voz controlada, a dicção perfeita — ela era simplesmente fascinante. Havia uma presença nela que fazia todos prestarem atenção, admirados com sua inteligência e confiança.

Anya sentiu um orgulho inexplicável crescer em seu peito.

Aquela garota no palco, que falava com tanta eloquência e conquistava a atenção de todos... era a mesma que segurava sua mão nos corredores, que a provocava com sorrisos maliciosos, que a abraçava nos momentos mais inesperados.

E o mais importante: aquela garota incrível estava apaixonada por ela.

Anya baixou o olhar, tentando esconder o sorriso involuntário que surgiu em seus lábios. Seu coração batia mais rápido, mas não era nervosismo — era felicidade.

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Anya caminhava apressada pelo corredor, tentando chegar à biblioteca antes que Riyeon a encontrasse. Desde que começaram a ficar, a garota prodígio vinha se tornando cada vez mais ousada nos lugares onde tentava beijá-la. E Anya, por mais que adorasse os beijos dela, morria de medo de serem pegas. Mas, antes que pudesse escapar, sentiu uma mão firme agarrar seu pulso e puxá-la para dentro de uma sala vazia.

— Riyeon! — Anya sussurrou, com o coração acelerado. — O que você está fazendo?

A porta do laboratório se fechou atrás delas, e Riyeon encostou Anya contra uma das bancadas. Seu olhar carregava uma diversão travessa.

— Precisamos discutir um assunto importante — Riyeon murmurou, deslizando as mãos para a cintura de Anya.

— Que assunto? — Anya perguntou, engolindo em seco.

— Esse — Riyeon sussurrou antes de capturar os lábios de Anya em um beijo lento e provocante.

Anya se derreteu instantaneamente, sentindo o calor subir pelo corpo. Suas mãos agarraram a blusa impecável de Riyeon, enquanto a outra menina aprofundava o beijo com um sorriso satisfeito. Mas, entre um suspiro e outro, Anya se afastou com um sobressalto.

— Alguém pode entrar! — ela protestou, olhando nervosa para a porta.

— Relaxa — Riyeon riu, puxando-a de volta para seus braços. — Ninguém vem ao laboratório essa hora.

No instante seguinte, ouviram o som inconfundível de passos se aproximando pelo corredor. Anya arregalou os olhos.

— Eu te disse! — ela sibilou.

Riyeon segurou sua mão e a puxou rapidamente para trás de uma prateleira de reagentes. Mal conseguiram se esconder antes que a porta se abrisse, e uma voz familiar ecoasse pelo ambiente.

— Tem alguém aqui? — Daehyn perguntou, desconfiada.

Anya segurou o riso nervoso, cobrindo a própria boca, enquanto Riyeon apenas observava a cena com um brilho de diversão nos olhos. Daehyn deu alguns passos para dentro do laboratório, seu olhar percorrendo o espaço em busca de qualquer movimentação suspeita.

— Eu juro que ouvi barulhos... — Daehyn murmurou para si mesma.

Anya se mexeu inquieta, tentando ajustar a posição sem fazer barulho, mas acabou esbarrando em uma estante, fazendo um pequeno frasco de vidro balançar perigosamente.

Riyeon agiu rápido. Antes que Anya soltasse qualquer ruído de pânico, ela segurou o rosto dela e selou seus lábios em um beijo, abafando qualquer som que pudesse denunciá-las.

Anya ficou completamente imóvel, seu coração disparando não apenas pelo medo de serem pegas, mas pela eletricidade que o toque de Riyeon causava nela. O beijo começou como um gesto estratégico, mas logo Riyeon aprofundou o contato, aproveitando a oportunidade para provocá-la ainda mais. O mundo ao redor pareceu desaparecer.

Daehyn, por sorte, não percebeu nada. Depois de alguns segundos de silêncio, ela resmungou algo inaudível e saiu do laboratório, fechando a porta atrás de si.

Anya só teve tempo de suspirar aliviada antes de Riyeon se afastar levemente, encostando a testa na dela com um sorriso satisfeito.

— Viu? Eu disse que ninguém ia nos pegar — Riyeon sussurrou.

Anya, ainda sem fôlego, deu um leve empurrão nela.

— Você é terrível! — acusou, mas um sorriso brincava nos seus lábios.

Riyeon riu, segurando sua mão e entrelaçando seus dedos.

— E você gosta de mim assim mesmo.

Anya revirou os olhos, fingindo impaciência, mas não negou. Afinal, Riyeon estava absolutamente certa.