Riyeon e Raina chegaram primeiro ao restaurante. Como Raina estava em casa, Riyeon pediu que o motorista buscasse Anya e a levasse até lá, enquanto ela mesma ia com a irmã. Escolheram uma mesa mais reservada, já que o local não estava cheio. Raina parecia empolgada, quase não acreditando quando Riyeon lhe contou que apresentaria Anya. Para ela, isso significava que o relacionamento entre as duas era sério. No fundo, sentiu-se importante. Sabia o quanto Riyeon era reservada com sua vida íntima e, se estava tomando essa atitude, era porque a considerava especial.
As duas cresceram sob regras rigorosas e rotinas meticulosamente planejadas. Juntas, passaram por grandes provações e se compreendiam no caos de suas próprias vidas. Quando Raina não estava imersa nos desafios da faculdade de medicina, era mais presente, assumindo o papel da irmã divertida, que adorava provocar e cuidar da mais nova. Riyeon não admitia, mas sentia falta dela em casa. A presença de Raina sempre afastava a solidão silenciosa que insistia em rondá-la.
As duas estavam sentadas, esperando Anya, quando Riyeon quebrou o silêncio:
— Só tenho uma coisa para te pedir.
Raina ergueu a sobrancelha, intrigada.
— O quê?
— Apenas... seja menos você.
Raina franziu o nariz, confusa.
— Como assim, ser menos eu? Não sei se entendi a sugestão.
Riyeon revirou os olhos, impaciente.
— Anya é sensível. Ela não vai saber lidar com esse seu humor ácido. Apenas seja legal.
Raina observou a irmã atentamente. Ela parecia agitada, preocupando-se com mínimos detalhes. Aquilo era realmente importante para Riyeon, então Raina decidiu que tentaria ser o mais gentil possível.
— Só porque estou vendo que você está a ponto de um ataque de nervos, prometo que vou ser legal. Vou guardar meu humor ácido só para você.
Minutos depois, Anya chegou. Usava um vestido cinza, simples e elegante, que a deixava ainda mais encantadora. Quando Riyeon a viu, ficou deslumbrada. Para ela, Anya era a garota mais linda que já tinha visto. Mas, como sempre, manteve esses pensamentos para si. No entanto, Raina percebeu sua reação de forma curiosa e intrigada. Riyeon nunca demonstrava emoções, mas seus olhos brilhavam, transmitindo o que ela não dizia em voz alta. Raina teve a certeza de que aquela garota era muito especial para sua irmã.
Anya cumprimentou Raina respeitosamente, e a mais velha logo a achou adorável. Tão adorável que sentiu vontade de apertá-la.
— Minha nossa, você é tão fofa que estou tentada a te apertar. Irmã, deixa eu levar ela para mim? — disse Raina, provocando.
Funcionou. Riyeon estreitou os olhos para ela, enquanto Anya corava, mas sorria.
O jantar seguiu de forma agradável, com Raina se esforçando para ser gentil, mas sem perder a chance de provocar a irmã sempre que podia.
— Então, Anya, como você aguenta essa criatura? — Raina perguntou, apontando para Riyeon.
Anya riu, olhando para a namorada, que revirou os olhos.
— Ah... Ela não é tão ruim quanto quer parecer. — respondeu, brincando.
Raina gargalhou.
— Isso quer dizer que ela tem um lado fofo? Bom, essa é novidade!
Riyeon suspirou, fingindo irritação.
— Raina, se você continuar, eu te expulso do jantar.
— Você nunca faria isso. Sei que me ama. — Raina piscou para ela, e Anya riu novamente.
O clima era leve e divertido até que, pouco antes de terminarem a sobremesa, a porta do restaurante se abriu e uma figura familiar entrou. Daehyn. Ela estava acompanhada dos pais, mas seu olhar logo encontrou Anya e Riyeon juntas na mesa. Vendo as duas lado a lado, a expressão dela mudou imediatamente. O ciúmes queimou dentro dela ao perceber que realmente havia algo entre elas. Seus punhos se cerraram por instinto.
Mesmo assim, ela foi até a mesa e cumprimentou-as.
— Ora, Riyeon, Anya... Raina. Que coincidência encontrar vocês aqui. — Sua voz carregava uma falsa cordialidade.
Riyeon manteve a expressão neutra, enquanto Anya, visivelmente desconfortável, apenas assentiu em resposta. Raina, por outro lado, lançou um olhar afiado para Daehyn.
— Sim, que coincidência. — Raina disse secamente, sem qualquer entusiasmo.
Daehyn forçou um sorriso, mas não ficou por muito tempo. Após algumas trocas de palavras curtas, ela se afastou para se juntar aos pais, ainda fervendo de raiva e ciúmes.
Quando ela saiu, Anya soltou um suspiro aliviado. Raina olhou para ela e comentou:
— Nunca fui muito com a cara dela. Sempre quis ser mais que todo mundo por causa do status dos pais, e isso me irrita.
Anya piscou, surpresa.
— Você não gosta dela?
— Nem um pouco. — Raina sorriu de lado. — Mas pelo visto, ela gosta de você. — Ela piscou de forma provocativa para Anya, que balançou a cabeça negativamente. Pelo pouco tempo de conversa com Raina, ela percebeu que ela era o completo oposto de Riyeon.
Riyeon soltou um suspiro exasperado.
— Raina, chega.
A mais velha apenas riu e voltou a comer sua sobremesa, satisfeita por ter conseguido provocar as duas ao mesmo tempo.
Raina cruzou os braços e lançou um olhar pensativo para a irmã mais nova.
— Sabe, eu tenho quase certeza de que Daehyn tem um crush em você. Mas, como você é sensata, jamais daria moral para ela.
Riyeon revirou os olhos e bufou.
— Como se eu fosse perder tempo com isso. Daehyn pode ter tudo o que quiser, mas eu não sou uma dessas coisas.
Anya ouviu a conversa em silêncio, ainda incomodada com a presença de Daehyn no restaurante. Raina percebeu seu desconforto e mudou de assunto com um sorriso divertido.
— O que me impressiona mesmo é a forma desleixada que minha irmã gosta de sair de casa para andar de skate. Uma verdadeira moleca.
Anya soltou uma risada, lembrando-se de algo.
— Nosso primeiro encontro fora da escola foi justamente com ela vestida desse jeito.
Riyeon arqueou uma sobrancelha e sorriu de canto.
— Então você considera aquilo um encontro?
Anya corou levemente, mas manteve a postura.
— Eu não considerava, mas no dia seguinte você mencionou que era um encontro. Só que eu neguei. — Ela riu ao lembrar da cena.
— Você só disse isso para me provocar. — Riyeon rebateu, cruzando os braços.
Anya apenas sorriu e cutucou o braço da namorada, que acabou rindo também. Raina, que observava tudo de maneira encantada, percebeu o quanto Anya conseguia quebrar as barreiras de Riyeon.
Sem perceber, Raina começou a assistir à interação das duas com um sorriso satisfeito. Anya estava mais do que aprovada por ela.
Anya se levantou com um sorriso suave, avisando que iria ao banheiro. Riyeon apenas assentiu, observando-a se afastar até desaparecer pelo corredor do restaurante. Assim que ficaram sozinhas, Raina cruzou os braços sobre a mesa e encarou a irmã mais nova com um olhar cheio de significado.
— Você sabe que está apaixonada, não é? — Raina disse, sem rodeios.
Riyeon não respondeu. Não era necessário. O silêncio dela era a confirmação de que Raina estava certa. Sempre fora difícil para Riyeon admitir seus sentimentos, mas naquele momento, nem mesmo ela poderia negar a verdade óbvia. Raina sorriu de canto, satisfeita com a reação da irmã.
— Você pode até não falar, mas está estampado na sua cara. E, sinceramente? Nunca vi você olhar para alguém do jeito que olha para Anya — Raina continuou, relaxando os ombros. — Ela é um amor, Riyeon. Muito fofa. Eu adorei conhecê-la.
Riyeon abaixou o olhar, como se absorvesse as palavras da irmã. Raina raramente elogiava alguém com tanta sinceridade, e aquilo significava muito.
— Espero que o relacionamento de vocês dure bastante. E que seja feliz — Raina disse, apoiando o queixo na mão. — Sei que você é fechada e difícil, mas Anya parece ser exatamente o tipo de pessoa que consegue quebrar suas barreiras. E se você precisar de qualquer coisa, eu estarei aqui. Vou ajudar no que puder.
Riyeon ergueu o olhar para Raina, surpresa com a sinceridade e o carinho na voz dela. Por um momento, não soube o que dizer. Apenas esboçou um pequeno sorriso, algo raro, mas genuíno.
— Obrigada, Raina — Riyeon disse, em um tom baixo, quase inaudível.
Raina riu, satisfeita.
— De nada. Mas olha, se você machucar essa garota, eu mesma acabo com você.
Riyeon revirou os olhos, mas o sorriso permaneceu. Era bom saber que, independentemente de tudo, sua irmã estaria ao lado dela. E mais do que isso, era bom saber que Anya já fazia parte daquele mundo de uma forma que ela nunca imaginou ser possível.