descoberta

Anya estava lavando as mãos quando ouviu a porta do banheiro se abrir. Um arrepio percorreu sua espinha ao perceber que Daehyn havia entrado. Não era coincidência. Ela a seguiu.

Daehyn foi direta, sua voz carregada de acusação:

— Vocês estão juntas, não estão?

Anya virou-se bruscamente, surpresa com a abordagem repentina.

— Do que você está falando?

— Não se faça de idiota. Você sabe exatamente do que estou falando.

Anya suspirou, exausta daquela perseguição constante. Por que Daehyn parecia tão obcecada com ela?

— Por que você me persegue tanto? Eu nunca fiz nada para você. — Sua voz saiu firme, carregada de frustração.

Daehyn cruzou os braços, seu olhar faiscando com ressentimento.

— O que você fez? Vamos começar pelo fato de ter tirado meu lugar no ranking. E agora fez a Riyeon ficar contra mim! Acha isso pouco?

Anya sentiu sua paciência se esgotar. Ela sempre tentava evitar conflitos, mas Daehyn estava passando dos limites.

— Eu não tirei você do ranking de propósito. Diferente de você, eu tenho uma bolsa para manter. Não posso me dar ao luxo de reprovar em nenhuma matéria. — Seu tom era frio e calculado. — E sobre a Riyeon, eu não fiz absolutamente nada. Ela toma as próprias decisões, e se decidiu se afastar de você, tem os próprios motivos. Não me culpe por coisas que eu não controlo.

Os olhos de Daehyn brilharam com raiva, mas Anya não recuou.

— Eu fui para aquela academia por causa das minhas notas, não para desbancar você ou para arruinar sua vida. Ao invés de me ver como uma inimiga, você deveria focar em estudar mais e deixar minha vida em paz.

Dito isso, Anya pegou sua bolsa e saiu do banheiro sem esperar qualquer resposta. Daehyn ficou imóvel, perplexa. Nunca antes tinha visto Anya reagir daquela maneira. A garota tímida e discreta finalmente havia se imposto contra ela.

E isso apenas fez sua raiva crescer ainda mais.

O jantar seguiu tranquilo após o embate no banheiro. Anya voltou para a mesa com uma expressão neutra, mas Riyeon percebeu o leve tremor em suas mãos ao pegar o copo de suco. Raina, atenta como sempre, percebeu algo no ar e lançou um olhar interrogativo para a irmã mais nova, mas Riyeon apenas balançou a cabeça de forma quase imperceptível. Não queria estragar a noite com o assunto de Daehyn.

Após terminarem a sobremesa, Raina despediu-se de Anya com um abraço amigável. Riyeon, como sempre, manteve-se discreta, apenas segurando a mão de Anya por um breve instante antes de guiá-la até o carro onde o motorista as esperava. A noite estava fria e úmida, e uma garoa fina começava a cair quando o carro deu a partida.

Do outro lado do restaurante, Daehyn observava a cena atentamente. Seu coração batia rápido, mas não de emoção – era raiva, pura e intensa. Ela respirou fundo, tentando se controlar. Não podia agir impulsivamente. Ela precisava de provas. Com um sorriso maldoso, inventou uma desculpa qualquer para os pais, alegando que não se sentia bem e chamaria um táxi para voltar para casa. Assim que saiu, deu ordem ao taxista:

— Siga aquele carro.

O motorista hesitou por um momento, mas ao ver a quantia que Daehyn colocou sobre o painel, não questionou. O carro de Riyeon seguia tranquilo pela cidade, desacelerando ao chegar no centro. Antes do destino final, Riyeon pediu que o motorista parasse em uma loja de conveniência.

— Preciso comprar algumas coisas para amanhã — disse ela, piscando para Anya. — Você pode esperar aqui enquanto eu resolvo isso? — perguntou ao motorista.

Ele assentiu e elas desceram do carro, deixando ele sozinho. E seguiram andando pela calçada, até sumir do campo de visão dele.

Esse era o momento perfeito para Daehyn. Ela saiu rapidamente do táxi e, mantendo-se nas sombras, seguiu as duas a uma distância segura. Seu coração acelerou quando viu Riyeon segurar o rosto de Anya com carinho, seus olhos escuros brilhando mesmo na pouca luz da rua. O beijo veio logo em seguida, e Daehyn sentiu um aperto no peito. Aquilo era real. Não era um boato, uma ilusão ou uma provocação. Riyeon estava mesmo apaixonada por Anya.

Com um movimento rápido, Daehyn puxou o celular do bolso e tirou várias fotos do casal em seu momento íntimo. Observou a tela, ampliando uma das imagens. Era perfeita. A prova definitiva que ela precisava.

Um sorriso venenoso surgiu em seus lábios. Agora, ela tinha algo nas mãos. Algo que poderia virar o jogo a seu favor. Guardando o celular no bolso, Daehyn virou-se e desapareceu nas sombras, já arquitetando seu próximo passo.