No dia seguinte, Daehyn esperou ansiosamente pela chegada de Riyeon e Anya. Em sua mente, a semente que havia plantado deveria dar frutos. Seus esforços de chantagem não tinham funcionado com Riyeon, que sequer dera importância às suas ameaças. Isso a irritava profundamente.
Quando as duas chegaram juntas, Daehyn as observou discretamente. Mas, à medida que o tempo passava, percebeu que nada entre elas havia mudado. Na verdade, pareciam ainda mais próximas, trocando sorrisos cúmplices. Riyeon estava de ótimo humor, participativa nas aulas, respondendo perguntas com segurança, o que encantava a turma. Todos estavam vidrados nela.
A amargura tomou conta de Daehyn. Ela não sabia mais o que fazer, a não ser confessar o que nunca tinha dito em voz alta. O que nunca havia admitido para ninguém: amava Riyeon desde o primeiro ano.
No intervalo, Riyeon saiu da sala. Aproveitando que Anya não a seguiu, Daehyn viu a oportunidade perfeita. Seguiu Riyeon de forma cautelosa até a sala particular dela, observando-a enquanto parecia procurar um livro. Somente quando a porta se fechou atrás de si, Riyeon notou sua presença.
Seu semblante se fechou imediatamente.
— Anya parece ser mais interesseira do que eu pensei — Daehyn soltou, com rancor na voz.
Riyeon suspirou, exasperada.
— Foi você quem contou a ela sobre o programa. Não me surpreende.
— Eu apenas falei a verdade. Mas confesso que estou decepcionada com a reação dela.
Riyeon cruzou os braços, o olhar frio.
— Quando você vai parar com isso? Você nos persegue sem motivo nenhum.
Daehyn apertou os punhos.
— Não é sem motivo, Riyeon! Desde que aquela garota pôs os pés na escola, você tem me ignorado. Nós éramos uma dupla, colegas que compartilhavam refeições. E, de uma hora para outra, você mudou de lugar e passou a fingir que eu não existo!
Riyeon manteve o olhar fixo nela, sua voz saindo gelada.
— Não foi por causa dela que parei de falar com você. Eu já estava decidida a fazer isso. Se não tivesse sentado ao lado dela, teria feito isso com outra pessoa.
O coração de Daehyn disparou.
— O quê?
— Eu só sentei ao seu lado durante esses anos porque os professores pediram. Eles me viam como um incentivo para manter você focada nos estudos. A escola precisava que nós duas mantivéssemos a pontuação alta para continuar em primeiro lugar. Eu nunca quis estar ali, Daehyn.
Cada palavra era uma faca perfurando o peito dela.
— Outra coisa — Riyeon continuou, impassível. — Eu fingia ser cortês com você porque o seu pai pediu ao meu. Ele implorou para que eu te desse atenção, porque você se sentia sozinha. Disse que você sempre falava de mim de forma devotada.
Daehyn sentiu o ar faltar.
— Para ser sincera, nunca gostei de sentar perto de você. Sua arrogância me estressa. Não gosto do jeito esnobe com que fala sobre o status da sua família. Eu apenas suportava.
As lágrimas se acumularam nos olhos de Daehyn.
— Eu... eu te amo, Riyeon. Sempre amei. Você não sabe disso?
Riyeon fechou os olhos com força.
— Eu sei.
Daehyn prendeu a respiração, uma centelha de esperança surgindo em meio à dor.
— Mas eu nunca poderei corresponder — Riyeon finalizou, a voz firme.
A esperança morreu instantaneamente.
— Pare de se magoar, Daehyn. Eu nunca terei esse tipo de sentimento por você.
Riyeon pegou o livro que precisava e fez menção de sair.
Foi então que Daehyn caiu de joelhos.
— Por que não pode ser eu? — Sua voz saiu embargada, carregada de dor. — Eu fiz tudo para você me notar!
Riyeon olhou para ela com um misto de pena e cansaço.
— Porque essas coisas a gente não escolhe.
Daehyn ergueu o rosto, os olhos brilhando com lágrimas.
— Eu amo a Anya.
Aquelas palavras foram a última facada no coração de Daehyn.
— Meu coração escolheu ela desde o primeiro olhar. Ela me faz querer viver, traz cor para os meus dias. Ela é minha calmaria no meio do caos da minha vida. Anya é tudo para mim.
O choro silencioso de Daehyn ecoava pelo cômodo. Riyeon sentiu um peso no peito, mas sabia que não poderia se sentir culpada pelos sentimentos que Daehyn projetava nela.
Ela se aproximou, sua voz agora mais suave.
— Espero que, depois dessa conversa, você siga em frente e nos deixe em paz.
Riyeon abriu a porta, pronta para ir embora.
— Eu não vou virar a cara para você. Mas, por favor, respeite o meu relacionamento. Pare de mexer com a Anya.
E com isso, ela saiu, deixando Daehyn sozinha, despedaçada no chão.
Riyeon voltou para a sala com passos firmes, mas por dentro, sentia um leve peso no peito. Ela não se arrependia do que disse para Daehyn, mas sabia que as palavras haviam atingido a garota como uma lâmina afiada.
Assim que entrou, seu olhar encontrou Anya, que, como sempre, percebeu de imediato que algo tinha acontecido. Anya sorriu ao vê-la, mas seu sorriso logo se desfez quando notou a expressão séria da namorada.
Assim que Riyeon se sentou ao seu lado, Anya se inclinou discretamente.
— O que houve?
Riyeon suspirou, aproximando os lábios do ouvido dela para que ninguém mais ouvisse.
— Daehyn me seguiu até a minha sala. Ela confessou que me ama.
Anya arregalou os olhos, surpresa.
— Ela disse isso?
— Sim. Mas eu fui direta. Disse que nunca tive sentimentos por ela e que não posso corresponder.
Anya franziu os lábios, absorvendo a informação.
— E como ela reagiu?
Riyeon hesitou antes de responder.
— Chorou. Caiu de joelhos.
Anya desviou o olhar, parecendo refletir sobre tudo. Quando voltou a encarar Riyeon, havia um brilho de compaixão em seus olhos.
— Eu me sinto mal por ela — Anya murmurou.
Riyeon arqueou uma sobrancelha.
— Depois de tudo o que ela fez com você?
Anya suspirou, apoiando o queixo na mão.
— Eu sei que ela tentou nos separar, que foi cruel... mas, no fundo, ela só estava perdida nos próprios sentimentos. Deve ser horrível amar alguém por tanto tempo e nunca ser correspondida.
Riyeon ficou em silêncio, encarando Anya com admiração. Mesmo depois de tudo, ela ainda conseguia sentir empatia.
Riyeon sorriu, balançando a cabeça antes de se inclinar e beijar delicadamente a bochecha de Anya.
— Você é incrível — murmurou.
Anya corou um pouco, desviando o olhar.
— Só tento me colocar no lugar dela...
Naquele momento, uma das seguidoras de Daehyn entrou na sala e se dirigiu à mesa dela. Com movimentos rápidos e silenciosos, começou a recolher o material escolar e a mochila da garota.
Riyeon observou a cena sem expressão, apenas notando os olhares curiosos de algumas alunas. Daehyn não voltaria para a aula.
Esperava que, dessa vez, ela realmente tivesse entendido o recado.