O ronco da moto ecoava pela cidade enquanto Oliver e Christopher avançavam sem hesitação. A escuridão da noite parecia envolvê-los, mas Oliver não sentia medo. Seu olhar estava fixo no caminho à frente, a mente trabalhando rapidamente.
Christopher, segurando-se firme na garupa, olhou para ele.
— Como sabe onde fica a base deles?
Oliver manteve os olhos na estrada.
— Eu olhei todo o seu histórico. Vi onde esteve, com quem esteve… Não foi difícil conectar os pontos.
Christopher ficou em silêncio. Era assustador como Oliver parecia ter acesso a tudo sem esforço algum.
— Você não acha que é perigoso ir direto para lá?
Oliver soltou um riso seco.
— Perigoso para eles.
Ele aumentou ainda mais a velocidade, e em poucos minutos, chegaram ao que parecia ser um antigo complexo industrial abandonado. Mas Oliver sabia a verdade.
A base da AEX estava logo à frente.
Oliver acelerou pela estrada deserta, os faróis da moto cortando a escuridão enquanto Christopher se segurava atrás dele.
A cidade ficou para trás rapidamente, dando lugar a estradas mais isoladas, ladeadas por árvores densas que pareciam engolir a luz da lua. Oliver não seguia um mapa ou qualquer direção convencional—ele simplesmente sabia para onde estava indo. Seu olhar frio escaneava os detalhes ao redor, identificando padrões invisíveis para qualquer outra pessoa.
Christopher observava o caminho com uma expressão apreensiva.
— Isso fica longe pra caramba…
— AEX nunca se esconde perto de onde agem — respondeu Oliver. — Eles precisam de um local isolado, onde possam erradicar qualquer vestígio se forem descobertos.
O vento cortava seus rostos à medida que se afastavam ainda mais da civilização. O som do motor da moto era a única coisa audível naquele vazio absoluto. A estrada de asfalto deu lugar a um caminho de terra, repleto de raízes e pedras que faziam a moto trepidar levemente.
E então, depois de mais alguns minutos, Oliver parou bruscamente.
Christopher olhou ao redor, confuso.
— O que foi?
Oliver não respondeu de imediato. Ele removeu o capacete, os olhos fixos na escuridão à frente. O caminho acabava em uma estrutura desgastada, uma antiga instalação industrial aparentemente abandonada. Mas Oliver sentia algo além do que os olhos podiam ver.
A base da AEX estava bem ali. Escondida do mundo, mas não dele.
— Chegamos.
Christopher engoliu seco.
— Isso… Isso é mesmo um esconderijo da AEX?
Oliver desceu da moto lentamente, os olhos analisando cada detalhe da paisagem à frente.
— Não. Isso aqui é a cabeça da operação.
Christopher olhou para a estrutura desgastada à frente. A antiga instalação industrial parecia abandonada há décadas—paredes rachadas, placas enferrujadas, janelas quebradas. Não havia nenhum som vindo de lá, apenas o uivo distante do vento.
Mas Oliver sabia que aquilo era apenas uma fachada.
Ele deu alguns passos à frente, sentindo a presença da AEX se espalhando pelo lugar como um câncer. Não era apenas uma base, era o núcleo da organização.
— Isso aqui… — Christopher murmurou. — Parece um lixão abandonado.
— E é exatamente por isso que ninguém nunca encontrou — Oliver respondeu.
Ele se ajoelhou, tocando o chão com a ponta dos dedos. A textura da terra parecia diferente—compactada, como se houvesse algo logo abaixo.
— Essa merda tem vários níveis subterrâneos — murmurou para si mesmo.
Christopher se aproximou, olhando ao redor com cautela.
— Então como a gente entra?
Oliver não perdeu mais nenhum segundo.
Ele sabia exatamente do que a AEX era capaz.
Se eles tinham colocado as mãos em Evelyn e Ayla, o tempo era a única coisa que ele não podia desperdiçar.
Sem aviso, ergueu uma das mãos e, com um simples pensamento, todo o chão abaixo dele explodiu.
O concreto e o aço reforçado foram rasgados como se fossem papel, poeira e destroços voando em todas as direções. Christopher mal teve tempo de reagir antes de sentir seu corpo sendo puxado para baixo, caindo junto com Oliver na imensidão escura da base subterrânea.
Eles atravessaram camadas e camadas de concreto, cabos elétricos se rasgando no impacto, luzes piscando e alarmes disparando. Quando finalmente tocaram o solo, Oliver já estava em pé, os olhos brilhando com pura determinação.
Ao redor, corredores metálicos se estendiam em todas as direções. A base era monstruosa—paredes de titânio, sistemas de segurança avançados, portas trancadas por tecnologia de ponta. Mas nada daquilo importava.
Oliver já tinha invadido lugares piores.
Ele olhou para frente, sentindo a presença de dezenas—talvez centenas—de soldados se aproximando.
— A festa começou.
Christopher se levantou, ainda atordoado.
— Você é maluco!
— Bem-vindo à guerra.
Sem mais palavras, Oliver avançou, pronto para acabar com qualquer um que se colocasse entre ele e as pessoas que ele precisava salvar.
Oliver olhou para Christopher e foi direto ao ponto:
— Preciso que ache o painel principal. Se conseguirmos acesso ao sistema, podemos rastrear onde estão mantendo Evelyn e Ayla.
Christopher arregalou os olhos.
— Como caralhos eu vou achar isso no meio dessa base gigante?!
Oliver deu um sorriso de canto.
— Você apaga tudo relacionado a algo, certo? Usa isso ao seu favor e foque no que mais importa, a porra do painel.
Christopher ficou em silêncio por um segundo. Então, respirou fundo e assentiu.
— Certo... Mas você vai ficar bem sozinho?
Oliver estalou os dedos e a primeira leva de soldados virou a esquina. Eles ergueram as armas, mas antes que pudessem apertar os gatilhos, Oliver se moveu.
Com um único impulso, disparou como um vulto, desviando das balas com precisão absurda. O primeiro soldado foi jogado contra a parede com um soco brutal. O segundo tentou reagir, mas Oliver agarrou o cano de sua arma e o torceu, quebrando o metal como se fosse de plástico, antes de acertá-lo com um chute no peito que o lançou para longe.
Ele olhou para Christopher por cima do ombro.
— Vai logo. Eu cuido dessa parte.
Christopher já sabia o que tinha que fazer.
Sem perder tempo, ele ativou sua habilidade. Sua presença simplesmente… desapareceu. Os soldados ao redor pararam de prestar atenção nele, como se nunca tivesse existido.
Oliver avançou. O primeiro soldado tentou atirar, mas antes que conseguisse puxar o gatilho, já estava no chão, desacordado.
Outro veio por trás, mas Oliver se virou no último segundo e acertou um soco no peito dele, lançando-o contra a parede.
O alarme soou. Sirenes vermelhas iluminaram os corredores. Mais soldados surgiram, armados até os dentes, mas Oliver apenas sorriu.
— Podem vir.
Ele avançou. Balas voaram em sua direção, mas com um movimento de mão, usou a telecinese para freá-las no ar e, com um simples gesto, devolveu os projéteis contra os próprios atiradores.
Enquanto isso, Christopher se movia sem ser notado. Passava pelos corredores cheios de soldados que sequer percebiam sua presença. Computadores estavam espalhados pelas salas, mostrando dados confidenciais. Mas ele não tinha tempo para isso.
Ele encontrou uma grande porta de metal. Ao lado, um teclado numérico.
[PAINEL PRINCIPAL – ACESSO RESTRITO]
Era ali.
Sem hesitar, ele encostou a mão no teclado e apagou a própria tentativa de invadir. Para o sistema, ele nunca havia tocado no painel.
A porta se abriu.
Dentro da sala, monitores mostravam transmissões ao vivo da cidade, documentos confidenciais, e no centro… uma cápsula de vidro, vazia, mas com sinais de que alguém esteve lá recentemente.
Evelyn e Ayla não estavam ali.
Christopher arregalou os olhos.
— Merda…
Oliver, do lado de fora, esmagava o último soldado contra o chão quando sentiu a mensagem na mente de Christopher:
"Elas não estão aqui."
O olhar de Oliver se tornou frio.
— Então… eles não trouxeram elas pra cá?
Se não estavam ali, estavam onde?
O chão sob Oliver começou a rachar. O ar ao seu redor tremia.
Alguém ia pagar caro por isso.
Christopher digitava rapidamente no painel, buscando qualquer informação útil. Foi então que viu algo que fez seu sangue gelar.
[SETOR ESPECIAL – NÍVEL MÁXIMO DE SEGURANÇA]
[SALA DE CONTENÇÃO – ÚLTIMO ANDAR]
Lá estavam elas.
Ele nem precisou avisar Oliver.
O chão estremeceu.
Christopher olhou para trás e viu Oliver se aproximando, seus olhos brilhando com uma intensidade assustadora.
— Aguenta firme.
Antes que pudesse reagir, sentiu uma força invisível puxá-lo para longe do painel.
E então…
BOOM!
O chão explodiu.
Paredes desmoronaram, estilhaços voaram em todas as direções. O prédio inteiro tremia enquanto Oliver simplesmente obliterava tudo que havia abaixo deles, abrindo caminho direto para o topo.
Christopher sentiu seu estômago revirar enquanto era arrastado pelo ar junto de Oliver, subindo pelos escombros como se a gravidade não existisse.
O último andar estava logo à frente.
Nada mais importava.
Oliver ia pegar Evelyn e Ayla.
E quem estivesse no caminho?
Ia se arrepender de ter nascido.
Os escombros ainda caíam quando Oliver e Christopher aterrissaram no último andar.
E então, os olhos de Oliver se estreitaram.
Evelyn e Ayla estavam ali.
Presas, mas aparentemente sem ferimentos.
Porém, a visão além delas fez seu corpo gelar.
Uma sala de vidro reforçado.
E lá dentro…
Ele.
O homem que Oliver jurou ter matado.
O coração de Oliver disparou, mas ele não teve tempo para digerir a situação. Porque bem na frente das duas…
Cinco figuras se erguiam.
Eles não eram soldados comuns.
Oliver conseguia sentir.
Poderosos.
Cada um deles exalava uma presença que fazia o ar vibrar.
A AEX tinha outras cobaias vivas.
E agora, estavam entre Oliver e sua família.
— ...Entendi.
Oliver girou os ombros, estalando o pescoço.
Se eles achavam que isso ia impedir ele de pegar as duas pessoas mais importantes da sua vida…
Estavam fodidamente enganados.
A voz de Magnus Varkaine ressoou pelo ambiente, seu tom impregnado de uma confiança arrogante e fria.
— Já faz muito tempo, não é mesmo, Oliver Nash?
Era uma presença imponente, um nome que ainda carregava um peso considerável. Magnus Varkaine. Aquele homem era uma lembrança amarga, um eco do passado de Oliver, e, por mais que sua voz fosse carregada de superioridade, Oliver sabia exatamente o que estava acontecendo.
Ele não se deixou levar pelas palavras de Magnus, observando calmamente a situação se desenrolar diante de seus olhos.
— Você parecia tão certo da sua vitória naquela noite. Mas veja só… aqui estou eu. E agora… elas são minhas.
Oliver não respondeu de imediato. Sabia que cada palavra de Magnus era uma tentativa de desestabilizá-lo, de provocar alguma reação. Mas ele não cederia.
Os cinco avançaram.
Cada um com um poder diferente, mas Oliver não se deixou intimidar. Ele analisava a situação com precisão, cada movimento dos adversários se tornando uma leitura clara em sua mente. Um disparou uma onda de choque, outro se moveu com uma velocidade sobre-humana, outro ainda gerou labaredas de fogo azul, cada um mais perigoso que o outro, mas nada que Oliver não pudesse lidar.
Foi quando Christopher se aproximou com sua missão: "Chegar perto das meninas."
Oliver sabia que o tempo era curto e as circunstâncias, intensas. Ele olhou para Christopher, sua mente transmitindo a ordem com a mesma frieza de sempre:
"Usa seu poder e chega perto delas. Agora."
O resto, ele resolveria com seus próprios métodos. A ação estava em suas mãos. A calma ainda reinava, mas Oliver sabia que não demoraria muito até que tudo mudasse.
Enquanto os cinco adversários avançavam, Oliver sentiu uma leve tensão se formando em seu corpo. Não era raiva, mas uma sensação de preparação para o que estava por vir. Ele já tinha enfrentado situações semelhantes antes, mas nunca com esse nível de complexidade. A vida de Evelyn e Ayla estava em jogo, e isso tornava a situação mais pessoal.
Christopher foi o primeiro a agir. Seguindo a ordem de Oliver, ele utilizou seu poder de apagar sua presença da percepção dos inimigos, fazendo com que ele desaparecesse aos olhos dos soldados. Movendo-se silenciosamente, ele se aproximou das meninas, agora com um caminho livre, embora ainda consciente de que o tempo estava contra ele.
Enquanto isso, Oliver estava imerso no combate. Ele não precisava usar toda a força imediatamente; um simples movimento de telecinese foi suficiente para desarmar os inimigos e desestabilizar o ambiente. O soldado com supervelocidade foi o primeiro a ser neutralizado — uma onda de energia o atingiu com força, fazendo-o cair contra a parede e ficando inconsciente. Oliver não desperdiçou tempo, avançando logo para o próximo.
O homem que comandava essa força, Magnus Varkaine, assistia tudo de longe, um sorriso de satisfação pairando sobre seus lábios. Ele não parecia preocupado com o fato de seus soldados estarem sendo derrotados. Pelo contrário, sua expressão era quase de diversão, como se estivesse esperando que Oliver caísse em sua armadilha.
— Você acha que pode me vencer, Oliver? — Varkaine disse, a voz carregada de escárnio. — Sabe, você sempre foi um desperdício de potencial. Poderia ser tão mais... mas você é só uma criança que não sabe o que está fazendo.
Oliver manteve sua postura firme, ignorando as palavras do homem. Ele sabia o que realmente estava em jogo aqui. Não era sobre vencer ou perder, era sobre salvar Evelyn e Ayla. A raiva viria mais tarde, mas agora era preciso focar.
Com um gesto de mão, ele usou sua telecinese para desintegrar uma linha de ataque formada por uma série de lâminas que saíam de uma das figuras. Enquanto isso, mais um soldado avançava com energia concentrada em um soco poderosíssimo. Oliver não se moveu, apenas usou uma onda telecinética para desviar o impacto, fazendo com que o soco atingisse a parede atrás dele.
Ele sabia que os cinco ainda eram um problema, mas não estava sozinho. Christopher estava cumprindo sua parte, se aproximando cada vez mais de Evelyn e Ayla.
Quando ele finalmente chegou até elas, o caminho estava livre, graças ao poder de apagar sua presença. O tempo estava se esgotando, e enquanto isso, Oliver não tirava os olhos de Magnus.
O homem não parava de sorrir, mas o semblante de Oliver permanecia inabalável. Ele sabia que não importava o que Varkaine dissesse ou fizesse, Oliver não cederia. Não enquanto tivesse Evelyn e Ayla ao seu lado.
— Não subestime as pessoas que você está tentando controlar, Magnus — disse Oliver, sua voz calma e carregada de um poder inquestionável. — Elas nunca foram suas. E nunca serão.
E, com um movimento rápido, ele fez os soldados que ainda restavam voar para longe com uma rajada de telecinese, dando tempo suficiente para que Christopher, com as meninas agora a salvo, pudesse se afastar.
Agora, era só uma questão de acabar com isso.
Magnus observou com uma calma desconcertante enquanto Oliver dominava seus soldados. Ele sabia que não seria tão fácil. Algo estava errado. Seus olhos se fixaram rapidamente em um ponto, e em um instante, ele percebeu que Christopher, que estava a poucos passos de Evelyn e Ayla, havia começado a se mover de forma distinta. O poder de invisibilidade de Christopher, embora eficaz, não era infalível, e Magnus, com seu intelecto afiado, percebeu que havia algo diferente na forma como os inimigos desapareciam de sua visão.
— Você... — Magnus disse, com um sorriso satisfeito. — Não tão rápido.
Com um gesto de sua mão, uma série de cápsulas ocultas nas paredes da base começaram a se abrir uma por uma, liberando uma série de figuras humanas, todas com características únicas e um poder inconfundível. Havia algo peculiar nelas: seus corpos estavam cobertos por armaduras tecnológicas que pareciam amplificar seus poderes, como se estivessem em um estado de preparação para combate intenso.
Cada cápsula liberou uma pessoa diferente. Havia uma mulher com a habilidade de manipular eletricidade, um homem com controle sobre magma e fogo, outro que parecia dominar a gravidade, e uma figura que emanava uma aura de energia pura. Todos eles foram criados e preparados pela AEX, e Magnus, com um comando, os liberou.
— Vocês não vão a lugar algum — disse Magnus, sua voz carregada de autoridade. — Destruam Oliver, agora.
Os novos guerreiros avançaram rapidamente, e o ambiente da base se transformou em um campo de batalha. As paredes tremiam com os impactos das habilidades sendo disparadas e o caos se espalhava pelo local.
Oliver não se deixou abalar. Ele sentiu o aumento da tensão no ar e, instintivamente, usou sua telecinese para criar um campo de força ao redor de Evelyn e Ayla, protegendo-as enquanto a batalha se desenrolava.
Christopher, ainda invisível, rapidamente percebeu a mudança. Ele não tinha mais a cobertura que precisava para agir livremente. Mas ele sabia que agora, mais do que nunca, Oliver precisaria de toda a ajuda que pudesse dar.
Enquanto Magnus e seus guerreiros começavam a atacar, Oliver estava com a mente afiada e focada. Ele sentiu o poder emanando de cada um dos oponentes, e uma ideia se formou em sua mente. Ele sabia que não poderia lutar contra todos ao mesmo tempo, mas também sabia que tinha algo a seu favor: a energia.
Ele se concentrou, sentindo a vibração das forças ao seu redor, e com um movimento rápido de suas mãos, canalizou sua telecinese para desestabilizar o ambiente. O chão começou a se rachar, criando fissuras, enquanto o ar parecia se distorcer à medida que ele manipulava as energias que os inimigos estavam emitindo. Ele sabia que a única maneira de vencer essa batalha seria desorganizar completamente a base.
Mas, para isso, ele precisaria de mais tempo — tempo que ele sabia que não teria se continuasse lutando diretamente com aqueles poderosos inimigos.
Christopher entendeu a situação rapidamente. A invisibilidade não duraria para sempre, e a ajuda de Oliver estava sendo comprometida pela força dos novos guerreiros. Então, ele decidiu agir.
Com um movimento rápido, ele usou seu poder de apagar sua presença da percepção dos inimigos, e uma onda de energia invisível os envolveu. Nenhum dos guerreiros da AEX podia mais ver ou sentir sua presença. Mas ele não parou por aí. Christopher começou a se aproximar furtivamente de Magnus, e enquanto ele se aproximava, ele usou seu poder para apagar completamente a percepção de Magnus sobre ele.
Magnus, ainda monitorando seus guerreiros com a confiança de quem sabia que estava no controle, subitamente ficou confuso. Ele olhou ao redor, tentando perceber onde estava seu alvo, mas tudo o que sentia era um vazio. Ele sentia algo, mas não conseguia identificar o quê.
Oliver, aproveitando o momento, usou sua telecinese para desestabilizar mais ainda a base, fazendo com que as paredes tremessem e os sistemas de defesa começassem a falhar. Ele não estava apenas lutando, estava destruindo a própria estrutura da AEX, uma guerra interna que poderia ser a chave para finalmente acabar com a organização.
— Agora. — Oliver pensou, seus olhos fixos em Magnus.
Enquanto os novos guerreiros tentavam reagir, as fissuras no chão começaram a crescer, e a base da AEX, um local que sempre estivera escondido e protegido, agora estava se desintegrando sob os próprios pés de seus criadores.
Christopher, sentindo a presença de Magnus enfraquecer por conta de sua manipulação, aproveitou o momento para se aproximar ainda mais de Evelyn e Ayla, mantendo a invisibilidade até que, com um leve toque, ele as guiou para mais perto de Oliver.
— Vamos acabar com isso. — disse Oliver, agora com uma voz carregada de decisão, enquanto a base da AEX começava a se desintegrar.
O confronto estava longe de terminar, mas Oliver e Christopher estavam cada vez mais próximos de alcançar o que vinham procurando.
O caos estava se instalando em cada canto da base da AEX. Mesmo com a percepção de Magnus comprometida, ele não era tolo. A mente afiada de Magnus, experiente nas situações mais extremas, logo percebeu uma falha, algo que ele poderia usar a seu favor. E não demorou muito para que ele a encontrasse.
Com um movimento rápido, Magnus, sem sequer olhar diretamente para ele, apontou sua mão na direção de Christopher e disparou. O som de um tiro ecoou pelo local, e uma bala certeira atingiu a perna de Christopher. Ele se contorceu momentaneamente, mas seu poder de invisibilidade continuava funcionando, fazendo com que ele desaparecesse novamente da vista dos outros. Porém, o dano estava feito, o sangue de Christopher manchou o chão, e ele sentiu a dor atravessando sua perna.
Tudo estava caótico. O som das explosões ainda ecoava pelos corredores da base, e a luta parecia longe de terminar. Mas quando Oliver viu o escombro sendo lançado em direção a Evelyn e Ayla, algo se rompeu dentro dele. O peso do que estava em jogo, o risco iminente para as pessoas que ele mais queria proteger, e a incapacidade de controlar totalmente a situação causaram um turbilhão interno.
O escombro era gigantesco, uma ameaça direta àquelas que ele considerava sua família. No instante em que o viu se aproximando delas, a raiva emergiu, mais poderosa do que ele jamais imaginara. A energia em seu corpo começou a ferver, e sem pensar duas vezes, ele usou sua telecinese com uma força destrutiva nunca vista antes. O escombro foi parado no ar, mas o impacto emocional dentro de Oliver foi ainda mais forte.
Ele segurou o escombro com um esforço monstruoso, mas naquele momento, algo dentro dele que estava guardado por tanto tempo, algo negro e destrutivo, finalmente ressurgiu.
A ferida de Christopher, que ainda sangrava, começou a se curar rapidamente, e a energia da telecinese de Oliver se expandia descontrolada. O ambiente ao redor dele foi se distorcendo, como se o próprio espaço estivesse se dobrando sob a pressão de sua ira. As cobaias da AEX começaram a flutuar, elevadas pela força avassaladora de Oliver. Ele estava agora no centro de uma tempestade emocional e física, mais forte do que jamais imaginou ser capaz.
Dentro de sua mente, a cena parecia uma metáfora para sua explosão interna. Ele viu uma taça sendo preenchida com água, mas a gota final, a última que faria a taça transbordar, caiu. E tudo foi derramado. A raiva, a dor, a frustração de toda a sua vida, tudo o que ele havia tentado evitar, transbordou em uma fúria avassaladora.
Os cabelos de Oliver, antes escuros, agora estavam se transformando em branco, um reflexo de sua transformação interna. Seus olhos, que antes eram humanos, agora estavam completamente alterados. O vermelho foi tomado por uma mistura de rosa que se dilatava, enquanto suas pupilas se estreitavam, quase como se ele fosse uma besta com poder ilimitado.
O mundo ao seu redor parecia escurecer, mas logo a luz da lua surgiu, iluminando a cena de destruição. A base da AEX, que parecia indestrutível, começou a ser dilacerada sob a força de Oliver. A cratera formada em seu epicentro engolia tudo, e os escombros flutuavam ao redor, como se o próprio espaço fosse moldado pela fúria de Oliver.
O comando que Magnus, até então tranquilo, tentou dar, agora não passava de um suspiro perdido em meio ao caos. Ele observava, assustado, enquanto a base inteira estava sendo desfeita, pedaço por pedaço, pelas ondas de poder de Oliver. Ele estava incontrolável, em uma raiva tão pura e intensa que parecia que nada poderia detê-lo.
E enquanto isso, Evelyn e Ayla, mesmo em meio a toda essa destruição, estavam a salvo, protegidas pela energia de Oliver, mas agora, ele estava sendo consumido pela própria raiva que jurou apagar. Tudo o que ele temia estava agora diante dele: a perda do controle e a ascensão da fúria que ele tentava esquecer.
E a luta... agora parecia ser contra ele mesmo.
A cratera aumentou ainda mais, com o terreno ao redor sendo desintegrado pela força brutal de Oliver. A base da AEX, antes sólida e imponente, agora estava completamente suspensa no ar, sendo engolida pela força devastadora que ele liberava. Magnus, que já estava sendo levantado do chão pela pressão de Oliver, sentiu a gravidade da situação. Seu corpo começou a ser esmagado por uma força implacável, os ossos se quebrando, seus gritos ecoando no ar, um som agonizante que reverberava por todo o local.
Oliver, cegado pela raiva, o olhou com desprezo, e com um simples movimento de sua telecinese, Magnus foi esmagado. Era como se ele fosse uma bolinha de papel, seus ossos se estilhaçando e sua carne se torcendo até não restar mais nada, o som de sua destruição era apavorante e final. A base da AEX, uma fortaleza de poder e controle, agora era uma ruína flutuante, sem mais ninguém para defendê-la.
Enquanto tudo ao redor estava sendo destruído, Evelyn e Ayla acordaram, as duas virando-se ao mesmo tempo, ainda atordoadas pela força do impacto. Seus olhos se abriram para a cena apocalíptica à sua frente, mas o que realmente as fez parar foi a aparência de Oliver. Seus cabelos, agora brancos, seus olhos alterados, um vermelho e rosa distorcido que parecia consumir toda a luz ao redor, e uma aura de fúria irrefreável. Para um breve momento, sua raiva desapareceu, como se a visão delas, o simples fato de vê-las ali, as duas seguras, tivesse apagado toda a intensidade daquele fogo interior.
Oliver flutuou sobre as ruínas, puxando Evelyn e Ayla para mais perto de si, sem dizer uma palavra. Ele olhou para elas, seus olhos voltando ao seu estado habitual, mais calmos, embora ainda com a sombra daquilo que havia acabado de acontecer. Ele não precisou de palavras.
Então, Oliver voltou a sua atenção para o restante da base, com todos os inimigos já mortos, suas ameaças dissipadas como poeira no vento. Ele ergueu os escombros, colocando-os no chão e fechou a cratera de forma tranquila, como se o caos nunca tivesse ocorrido ali. Tudo ficou em silêncio, a única evidência do que havia acontecido eram os corpos caídos e as marcas do poder de Oliver no solo.
Evelyn e Ayla estavam confusas, sem saber o que havia realmente acontecido, mas o olhar de Oliver sobre elas foi suficiente para fazer a compreensão se instalar. O homem que as salvou, que as trouxe de volta à segurança, era diferente. Ele não era mais o mesmo. A transformação era visível, e a dúvida se instalou em seus corações.
Oliver então deu um sinal na mente de Christopher, instruindo-o a apagar as memórias delas. Não era apenas aquele momento que ele queria apagar, mas tudo o que se relacionava ao que ele havia se tornado. O homem que havia jurado esconder seus sentimentos, que tinha recusado a ideia de se entregar à raiva, agora estava tomando uma decisão impensável: apagar tudo o que ainda restava de sua humanidade. A dor dessa decisão quase era visível, mas ele não hesitou. Era a única forma de protegê-las da verdade que ele agora carregava.
Christopher, ainda relutante, fez o que foi pedido. As memórias de Evelyn e Ayla foram apagadas, e com isso, elas voltaram a dormir, como se nada tivesse acontecido. Oliver olhou para elas, suas expressões serenas e sem memória da tragédia que havia se desenrolado. Ele piscou, e quando abriu os olhos novamente, estava de volta ao apartamento.
Ele as deixou no quarto, o silêncio tomando conta do ambiente. A dor daquilo que ele fez, o preço que ele pagou por tentar apagar a raiva e os sentimentos que ela despertava, era algo que só ele poderia compreender. Com um último olhar sobre as meninas, Oliver se dirigiu ao local onde tudo relacionado a eles estava guardado. Ele destruiu tudo, sem deixar rastros. As memórias, as lembranças, os momentos... tudo.
Ele sabia que estava se afastando de tudo e de todos. A mudança dentro dele era irreversível.