Misaka ainda observava Seike e Hina, sem entender bem o que havia acontecido entre os dois. Mas, apesar de sua confusão, sua preocupação com Kawe era maior. Sem perder tempo, saiu à procura dele.
Quando finalmente o encontrou, seu coração quase parou. Kawe estava caído no chão, cercado por um grupo de valentões, sendo espancado sem piedade.
— Tava se achando tanto, mas no fim é só mais um fracote! — zombou Misoto, rindo.
— Como alguém tão fraco pode ter tanto ego? — acrescentou uma garota do grupo.
— Ei, Misoto, vamos levar as coisas dele. Quem sabe assim ele aprende a nunca mais se meter com a gente! — sugeriu outro garoto.
— Boa ideia. Peguem tudo que puderem! — ordenou Misoto com um sorriso cruel.
Os valentões avançaram para roubar os pertences de Kawe. Mas antes que pudessem tocá-lo, Misaka correu na direção dele, empurrando os agressores e protegendo o corpo do garoto ferido.
— O que você está fazendo aqui? — murmurou Kawe, ainda consciente, mas visivelmente debilitado. — Eu mandei você não se intrometer.
— Como eu poderia ficar de braços cruzados? Olha o estado em que você está! — retrucou Misaka, sua voz carregada de preocupação.
Misoto observou a cena e riu.
— Olha só, a namoradinha veio defender o fracote! Hahaha!
— Que patético! — zombou a garota do grupo.
— Ei, Misoto, que tal brincarmos um pouco com ela também? — sugeriu um dos valentões, avançando para agarrá-la.
Antes que ele pudesse sequer encostar em Misaka, Kawe ergueu a cabeça e lançou um olhar mortal na direção do agressor.
— Se tocar um dedo nela, eu te mato, seu desgraçado.
O valentão hesitou por um momento, mas logo recuperou a postura e riu.
— Vai fazer o quê? Você já está quase morto, seu lixo.
Misaka, assustada com a intensidade na voz de Kawe, implorou:
— Por favor, para! Não precisa disso… Eles vão te matar!
Mas Kawe não parecia disposto a recuar.
— Me matar? EU NÃO LIGO! — sua voz ecoou pelo beco. — MAS ELES TENTARAM ENCOSTAR EM VOCÊ, E ISSO EU NÃO POSSO PERDOAR!
Misoto, vendo que a situação estava prestes a sair do controle, decidiu intervir.
— Ei, Renji, já chega. Ele já aprendeu a lição. Vamos embora.
— Vai deixar por isso mesmo, Misoto? Esse merda me ofendeu! — resmungou Renji, irritado.
— Sim, e se não gostou, vai ter que lutar contra mim.
Renji rangeu os dentes, mas sabia que não poderia enfrentar Misoto naquele momento.
— Tsk… Da próxima vez, eu acabo com você, Kawe.
Com isso, os valentões finalmente se afastaram. Kawe, esgotado, caiu de joelhos no chão.
— Kawe! Você está bem?! — Misaka correu até ele.
— Não… Estou péssimo… Mal consigo me levantar.
— Vou chamar uma ambulância!
Antes que ela pudesse se afastar, Kawe segurou seu braço.
— Não precisa… Ainda consigo andar.
Misaka o observou, claramente preocupada, mas não insistiu.
— Agora me diga… Como foi o encontro do Seike?
— Foi bem… ESPERA, COMO ASSIM ENCONTRO?! — Misaka arregalou os olhos, surpresa.
Kawe riu, mesmo sentindo dor.
— Ah, foi mal. Não era um encontro romântico, mas sim uma reconciliação de amizade.
— A-assim está melhor… — murmurou ela, desviando o olhar.
Kawe a observou por um momento e perguntou, com um sorriso travesso:
— Você gosta dele?
Misaka ficou corada na mesma hora.
— O q-quê?! E-eu… B-bem… Eu não sei ao certo… P-peraí! Eu não preciso falar isso pra você!
Kawe apenas sorriu.
— Entendi…
— Como assim entendeu?!
— Nada, nada… Mas acho que ainda tenho chances.
Misaka ficou confusa com a resposta, mas Kawe se levantou, disfarçando sua dor para não parecer fraco na frente dela.
— Vamos embora.
— Você consegue andar sozinho?
— Claro!
Apesar de sua confiança, o simples ato de ficar de pé fez seu corpo gritar de dor. Mas ele não demonstrou.
Os dois partiram juntos.
No dia seguinte…
Cheio de band-aids e com o corpo coberto de escoriações, Kawe caminhava ao lado de Seike rumo à escola.
— E aí, Seike? Como foi o encontro?
Seike imediatamente ficou vermelho.
— Idiota, não era um encontro!
Kawe riu da reação do amigo.
— E o que aconteceu com você? Apanhou da sua mãe por chegar tarde em casa?
— Engraçadinho… Você devia me agradecer. Só conseguiu se reconciliar com a Hina por minha causa.
Seike suspirou.
— Nisso você tem razão. Só consegui falar com ela por sua causa. Então… Obrigado.
Kawe, pego de surpresa pelo agradecimento sincero, desviou o olhar.
De repente, uma voz chamou por eles.
— KAWE! SEIKE!
Os dois se viraram e viram Misaka correndo na direção deles.
— Misaka? O que foi? — perguntou Seike.
— Eu soube que você e a Hina fizeram as pazes! É verdade?
— Sim, é verdade.
— Que bom! Agora podemos voltar a ser amigos! O trio está de volta! Hahaha!
Kawe suspirou.
— Ela me excluiu completamente…
Misaka ignorou o comentário e olhou para Kawe.
— Além disso… Obrigada por ontem.
Ela sorriu de orelha a orelha. Kawe ficou completamente vermelho.
— A-agradecer pelo quê? — perguntou Seike, desconfiado.
— Bem, sabe… É que ontem o Kawe se lançou contra uma matilha de cachorros para me proteger! — disse Misaka, rindo.
Seike ergueu uma sobrancelha. Ele sabia que ela estava mentindo, mas decidiu deixar passar.
— Hmmm… Então foi por isso que ele ficou todo acabado? Hahaha!
Kawe apenas suspirou.
Assim, os três seguiram juntos para a escola, como se nada tivesse acontecido.
Mas, no fundo, Kawe sabia que aquele incidente com os valentões ainda não tinha terminado…