O som das folhas balançando ao vento parecia mais alto naquele momento de despedida. Peter e Moon Castro estavam lado a lado no jardim da casa onde cresceram, rodeados por arbustos bem cuidados e flores silvestres ainda brilhando com gotas de orvalho. O ar fresco trazia o cheiro de terra molhada, grama recém-cortada e o perfume doce do jasmim que crescia perto do banco de madeira — ali onde eles passavam horas juntos.
Peter vestia uma camiseta branca básica, meio amarrotada, com uma jaqueta jeans azul clara aberta por cima. A calça cargo bege estava um pouco suja nas bordas — marca das muitas aventuras recentes pelo bairro. Nos pés, tênis pretos já gastos completavam o visual casual, de quem sempre preferiu conforto ao estilo.
Moon usava um suéter oversized cinza, com as mangas cobrindo parte das mãos delicadas. A saia preta leve balançava com a brisa, e as botas de couro marrom davam um toque prático, mas feminino. O cabelo castanho escuro estava preso num rabo de cavalo baixo, com alguns fios soltos emoldurando seu rosto sério.
Eles não se olhavam, mas sentiam a tensão no ar — uma mistura de ansiedade, expectativa e medo do que estava por vir.
— Você acha que estamos prontos? — Peter perguntou, a voz mais grave que o habitual, quebrando o silêncio com uma sinceridade rara.
Moon demorou a responder, os olhos fixos no céu que se tingia de dourado e rosa com o pôr do sol. Sua respiração era curta, quase presa, e ainda evitava olhar para ele.
— Não sei. Mas a gente não tem escolha, né? — respondeu, com uma risada nervosa, quase um sussurro. — Vai ser complicado... Vou sentir falta de tudo, mas sei que é hora de seguir em frente.
Peter a observou por um momento, admirando a força que ela tentava manter. Moon sempre foi assim — forte, mesmo quando o mundo pesava sobre seus ombros. Ele conhecia aquele brilho inquieto nos olhos dela, apesar do rosto fechado.
Deu um passo à frente, a mão tremendo levemente enquanto quase tocava a dela. Não era de falar muito sobre sentimentos, mas sabia que precisava dizer o que sentia.
— A gente vai ficar bem. Não importa onde a gente vá, sempre vamos ter um ao outro.
Moon finalmente virou-se para ele, o olhar sério suavizando ao encontrar o sorriso confiante de Peter — pequeno, mas cheio de esperança, o mesmo sorriso que sempre foi o pilar do grupo.
— Eu sei, Peter. Só... ainda tenho medo. — Ela admitiu, deixando a máscara cair e o peso da despedida pesar sobre ela.
Sem hesitar, Peter colocou a mão no ombro dela — um gesto silencioso que sempre usava para confortá-la quando as palavras faltavam. Um lembrete de que, mesmo incertos, continuariam ligados.
— Vai dar tudo certo. E se precisar de qualquer coisa, sabe que eu vou estar lá. Mesmo de longe.
Moon sorriu timidamente, pequeno, mas suficiente para carregar a certeza de que a distância nunca os separaria.
Ficaram em silêncio, absorvendo o momento. O futuro era incerto, cheio de caminhos desconhecidos, mas a companhia um do outro tornava tudo mais suportável.
Com um último olhar para a casa cheia de memórias, Moon suspirou, juntando coragem.
— Então... vamos?
Peter assentiu firme.
Juntos, seguiram para a jornada que os aguardava, certos de que onde quer que estivessem, o laço entre eles seria inquebrável.