Era um sábado à tarde quando Articos decidiu dar uma volta no shopping.
Não era nada demais, apenas queria comprar algumas coisas para casa e relaxar um pouco.
Ele andava pelo corredor principal, com os fones de ouvido no lugar, perdido na música que tocava, como sempre fazia quando estava sozinho.
O ritmo animado o fazia caminhar de forma descontraída, quase como se estivesse em um outro mundo, distante da realidade ao seu redor.
Enquanto ele passava por uma das lojas, Stella, que também estava fazendo suas compras, o avistou de longe.
Ela parou por um momento, observando-o de longe. Ele parecia tão imerso na música que nada ao redor parecia importar
Ela deu alguns passos até ele, com a intenção de chamá-lo, mas não conseguia fazê-lo ouvir.
Decidida, ela deu uma pequena corrida até ficar bem próxima dele.
Quando estava quase alcançando sua mão, ele se virou de repente e, sem pensar, segurou a dela.
— Ué... você me assustou, Stella. — Ele disse, ainda com os fones no pescoço, mas agora a música em pausa.
Ela riu, um pouco sem jeito.
— Desculpa, eu tentei te chamar, mas você estava tão perdido na sua música que não ouviu.
Articos sorriu, abaixando os fones de ouvido completamente.
— Bem, agora que você me pegou, o que você quer?
Ela hesitou por um segundo, com um sorriso travesso nos lábios.
— Estava pensando se você poderia me dar uma opinião sobre umas roupas. Eu estou procurando algo novo, mas queria alguém para me ajudar a decidir.
Ele pensou por um momento e olhou para as sacolas que ela carregava.
— Já comprei o que precisava. Acho que posso te ajudar.
Ela deu um sorriso agradecido, e eles seguiram até a loja de roupas. Articos ficou ali, ao lado dela, enquanto ela provava diferentes roupas.
Cada vez que ela voltava da cabine de prova, ele a observava atentamente, analisando o que ela vestia.
— Essa, Stella, está muito boa. O corte é ótimo e combina bem com você. — Ele dizia, observando a forma como a roupa se ajustava.
— E o que você acha dessa outra? — Ela perguntou, experimentando algo diferente, mais ousado.
Articos observou, detalhadamente. — Essa também fica boa, mas é mais para uma ocasião especial.
O que você pensa, pensa em usar ela para algum evento?
Ela pensou por um segundo, sorrindo. — Talvez.
Ele continuou, sem hesitar. — Eu diria que, dependendo do estilo de evento, ela ficaria ótima.
Se for algo mais descontraído, essa daqui, de antes, é mais versátil.
Stella riu, parecendo satisfeita com a análise dele.
— Você realmente sabe como analisar as coisas.
Articos deu de ombros. — Fui treinado para ver além da superfície. Detalhes importam, não só na roupa, mas em tudo.
Ela fez uma pausa, observando-o com uma expressão mais suave.
— Eu estava começando a perceber isso.
Depois de alguns minutos, Stella saiu da cabine, com uma escolha já definida.
Ela sorriu, olhando para ele.
— Então, o que acha? Acho que vou levar essa.
— Excelente escolha. — Ele respondeu com confiança. — Agora você só precisa de um bom lanche para comemorar a compra, né?
Ela deu um pequeno riso, surpresa com a sugestão.
— Você realmente pensa em comida o tempo todo, não é?
Ele deu uma risada, sem graça.
— E quem não pensa, né? Sempre é bom recarregar as energias depois de um bom trabalho de análise de roupas.
Stella olhou para ele com um sorriso sincero.
— Pois é. Você quer vir comigo então? Tenho que comprar mais comida lá pra casa, e você pode me acompanhar.
Articos pensou por um momento, então deu um sorriso.
— Por que não? Afinal, o que seria de mim sem um bom lanche depois de um dia produtivo?
Com isso, ambos seguiram para a praça de alimentação do shopping.
Conversaram durante o caminho, e Articos até se divertiu mais do que imaginava.
Algo sobre o jeito de Stella fazia o tempo passar mais rápido e as pequenas interações ficarem mais interessantes.
Ao chegarem à praça de alimentação, Stella foi direto para uma das lanchonetes que ela costumava frequentar.
O garoto, ainda com a energia da conversa, se sentou à mesa, esperando que ela escolhesse o que queria pedir.
— O que você vai pegar? — Ele perguntou, tirando o fone de ouvido de vez, agora sem querer mais ouvir música, tão imerso na conversa que nem se lembrou disso.
Stella deu um sorriso.
— Vou pegar um hambúrguer e uma batata frita, o básico. E você? A aposta é que vai pedir algo com carne extra, certo?
Ele riu.
— Acha que um cavalheiro, como eu... — Dando uma pausa dramática — Não pediria carna extra?
Quando ela chegou com os pedidos, Articos já estava olhando o ambiente ao redor, observando as pessoas.
Estava ali, mas a mente ainda estava na conversa com a mulher.
Ela se sentou à sua frente com um sorriso.
— Acho que você tem um bom paladar. — Ela comentou enquanto começava a dar a primeira mordida.
— Bem, depende, quando o assunto é carne, o que vir é lucro, mas quando é café, é meu domínio. — Articos brincou, fazendo-a rir.
Enquanto comiam, conversavam suavemente, sobre a escola, as compras e até alguns dos interesses de Articos que ele não costumava revelar com facilidade.
Stella parecia gostar de fazer perguntas, de saber mais sobre o que o fazia ser tão único, e ele gostava da forma como ela o ouvia, como se estivesse realmente interessado.
Após alguns minutos, Stella olhou para ele com um olhar mais curioso.
— Então, você trabalha na cafeteria e ainda estuda... Como consegue manter tudo isso em equilíbrio? Eu nem consigo imaginar fazer tanta coisa.
Articos deu de ombros, mais confortável com a conversa agora.
— Lá vem você perguntando isso novamente... É tudo questão de organização
Stella olhou para ele, um pouco surpresa.
— Eu... não sabia que você se importava tanto com isso. Eu sempre imaginei que você fosse apenas aquele tipo de cara que... bem, deixa as coisas acontecerem. Não sabia que era tão focado.
Ele sorriu de forma suave, o que lhe dava um ar mais sério do que geralmente mostrava.
— Às vezes, as pessoas não veem o que está por trás de tudo, sabe? Eu tenho meus motivos para fazer o que faço. Não é só por necessidade, mas porque, no fundo, gosto de me manter ocupado.
Ela o observou por um momento, claramente pensativa.
— Sabe... Eu respeito isso. Parece que você sabe exatamente o que quer, e tem a disciplina para correr atrás. Isso é... admirável.
Articos ficou em silêncio por um momento, observando ela.
Ele não estava acostumado a receber elogios sinceros, então a expressão dela pegou-o de surpresa.
Mas, ao mesmo tempo, aquilo fez com que ele se sentisse mais próximo dela, como se finalmente alguém entendesse sua rotina sem julgamentos.
Ele mordeu a batata frita antes de responder.
— Não sou perfeito, mas tento. E, no final, tudo tem um motivo. Não faço nada sem saber que vou ganhar algo.
Stella sorriu, visivelmente mais à vontade com a conversa.
— E isso é algo que eu definitivamente posso aprender.
Eles continuaram a comer, a conversa fluiu naturalmente, e o tempo passou sem que eles percebessem.
Stella, com seu jeito descontraído, conseguia tirar Articos da sua zona de conforto, enquanto ele, com seu jeito calmo e centrado, a fazia refletir sobre algumas coisas que ela nunca havia considerado.
Ambos estavam começando a entender mais um sobre o outro, sem pressa, sem pressões.
Quando terminaram, Articos ficou para pagar a conta, como sempre fazia quando saía com alguém, apesar de Stella insistir para pagar sua parte.
— Eu pago a minha parte — Disse Stella segurando o braço dele.
— Eu que toquei no assunto antes, então eu pago.
Ela estava começando a entender que ele gostava de demonstrar sua generosidade de uma maneira simples, sem alarde.
Saíram da lanchonete juntos, com o shopping mais vazio agora, já perto do fim da tarde.
O clima estava mais ameno, e ambos estavam tranquilos, como se a tarde tivesse se tornado uma pausa agradável no meio de uma rotina movimentada.
— Bom, espero que tenha gostado da companhia. — Articos disse enquanto caminhavam em direção à saída.
Stella sorriu, um pouco mais de uma forma íntima.
— Eu gostei muito. E... quem sabe a gente não faz isso mais vezes? Tenho certeza de que tem mais coisas sobre você que eu adoraria descobrir.
Ele sorriu de volta, mais sincero do que o usual.
— Eu aceito. Desde que o lanche seja sempre bom.
Ela riu, balançando a cabeça de forma divertida.
— Combinado. Até logo, Articos.
— Até logo, Stella. — Ele respondeu, assistindo-a se afastar antes de seguir seu próprio caminho.
E, por mais que os dois tivessem tido uma tarde simples, algo ali estava começando a se formar, algo que ambos talvez não estivessem prontos para entender completamente ainda.
Mas, de alguma forma, estava claro que aquela amizade, ou quem sabe algo mais, iria se fortalecer com o tempo.
No dia seguinte, Articos se pegou pensando em Stella. O que ela disse, o jeito como riu, a conversa que tiveram... Tudo parecia tão simples, mas ao mesmo tempo tão... diferente.
Ele não costumava se abrir assim, mas com ela, parecia fácil. Então, depois de muito refletir, ele decidiu dar o próximo passo. Pegou o celular, hesitou um pouco, e então mandou a mensagem.
[Ei, Stella, você está livre hoje?]
Ela respondeu quase de imediato, como se estivesse esperando por isso.
[Uau, você finalmente tomou coragem, hein? Onde vamos?]
Ele sorriu ao ver a resposta dela, sentindo uma onda de nervosismo misturada com alívio. Talvez estivesse mais animado do que deveria.
[Queria te levar em uma sorveteria. O que acha?]
Ela respondeu em seguida, com uma empolgação visível.
[Isso soa perfeito! Vou me arrumar e te encontrar lá. Estou te esperando.]
Articos, por um momento, ficou parado, olhando a tela do celular. Algo simples como um convite, mas para ele, parecia mais.
Talvez fosse só o começo, mas o que quer que fosse, ele estava disposto a ver até onde isso os levaria.
Ele se arrumou rapidamente e saiu, sentindo um calor diferente no peito, um que não costumava sentir. No caminho até a sorveteria, ele pensava no que poderia acontecer.
Não era como se ele nunca tivesse saído com alguém antes, mas sair com Stella tinha algo de novo, algo mais... autêntico.
Chegando lá, ele a viu imediatamente. Ela estava na entrada, com um sorriso que parecia brilhar mais do que o normal.
Estava usando uma blusa simples e jeans, mas algo nela sempre parecia ser especial.
— Ei, Articos! — Ela acenou, caminhando até ele. — Achei que você fosse demorar mais.
Ele sorriu, tentando esconder o nervosismo.
— Eu também pensei que fosse demorar, mas o tempo estava a meu favor hoje.
Eles entraram juntos, e Articos notou como ela olhava as opções com cuidado.
Ele sabia que ela adorava sorvete, mas ela parecia se dar ao luxo de escolher como se fosse uma decisão importante.
A observando ali, ele não pôde deixar de achar graça.
— Qual é o seu favorito? — Ela perguntou enquanto olhava para os sabores.
— Hum... Gosto muito de chocolate com menta. É meio estranho, eu sei, mas é o que gosto. — Ele deu um sorriso sem graça.
Stella riu. — Eu gosto de morango com marshmallow. Não sei, é o meu tipo de combinação. Mas vamos de chocolate com menta para hoje, vai. Eu topo.
Ele pediu os dois sabores e sentou-se com ela em uma mesa próxima, deixando a conversa seguir naturalmente.
Stella parecia tranquila, mas havia algo nos olhos dela que ele ainda não conseguia decifrar.
Como se ela estivesse observando tudo com mais cuidado.
— Então... o que tem feito de interessante além de trabalhar e estudar? — Ela perguntou enquanto dava uma colherada no sorvete.
Articos pensou um pouco, não era algo que ele costumava falar muito, mas estava se sentindo confortável o suficiente para compartilhar.
— Jogar, comer, jogar, comer, e jogar, mas... De vez em quando, fico pensando no futuro.
Stella assentiu, como se compreendesse perfeitamente o que ele queria dizer.
— Eu entendo. Às vezes, quando não estou estudando ou treinando, fico apenas... pensando. E isso não é bom. Faz a gente se perder em muitas coisas.
Articos olhou para ela, realmente interessado.
— O que você costuma pensar?
Ela deu de ombros, pensativa.
— Coisas pequenas, coisas grandes... A vida, na verdade. O que eu quero dela. Mas nada que eu tenha respostas, por enquanto.
Ele sorriu, de forma mais descontraída.
— Eu diria que, com o tempo, as respostas vão surgindo. Só temos que aprender a esperar e agir quando elas aparecem.
Ela o observou com um olhar mais suave.
— Acho que você está certo. E, de alguma forma, você me passa uma sensação de que sabe mais do que deixa transparecer.
Articos apenas sorriu, não sabendo o que dizer a seguir. A conversa fluiu bem, de uma forma simples, sem pressões.
Eles se perderam no tempo, falando sobre tudo e nada, enquanto saboreavam o sorvete e a companhia um do outro.
Quando o sorvete acabou, ele percebeu que, por mais que tivessem passado um bom tempo juntos, ele não queria que aquele momento terminasse.
Ele então sugeriu, mais por impulso do que por planejamento.
— O que acha de dar uma volta? Acho que ainda temos algum tempo antes de a noite cair.
Stella, sem hesitar, aceitou com um sorriso.
— Vamos! Eu estava achando que a tarde seria muito curta para a gente.
Eles saíram da sorveteria e caminharam juntos, sem pressa, aproveitando a conversa e a tranquilidade daquele momento.
Para Articos, isso era algo raro. E ele estava começando a perceber que se sentia bem ali, ao lado dela, sem precisar se preocupar com mais nada.
Era o tipo de encontro simples, mas que tinha algo de especial.
Enquanto caminhavam, o som dos passos sobre a calçada misturava-se ao suave zumbido da cidade ao redor.
Articos olhou para Stella, com o rosto iluminado pela luz suave do final da tarde.
Ele estava se divertindo, mas uma curiosidade repentina o fez interromper o silêncio confortável.
— Eu percebi que ainda não sei o seu sobrenome — disse ele, com um sorriso curioso.
Stella olhou para ele e, com um brilho nos olhos, respondeu.
— Ah, Lionheart.
Articos quase tropeçou no próprio pé ao ouvir aquilo.
Ele parou por um momento, surpreso com o que acabara de ouvir.
— Lionheart? Sério?
Ela riu, balançando a cabeça. — Sim, esse é o meu sobrenome. Engraçado, né?
Articos sorriu, ainda em choque com a escolha do nome.
— Isso é... um nome e tanto. A tradução literal é "coração de leão". E eu diria que isso definitivamente explica um pouco sobre o seu jeito, essa confiança toda.
Stella deu uma risada, como se fosse uma piada interna.
— Acho que sim. E eu sempre brinco dizendo que meu sobrenome combina bem comigo.
Eles continuaram a caminhar, mas Articos não conseguia deixar de pensar no quanto aquele sobrenome parecia se encaixar perfeitamente nela.
Stella Lionheart, com sua personalidade forte e presença marcante. Algo realmente digno de um "coração de leão".
Ele então fez uma piada, tentando relaxar a tensão do momento.
— É, e agora que você me disse o seu sobrenome, eu acho que o meu... Crisol... não chega nem perto, né?
Stella olhou para ele, rindo ainda mais.
— Não, eu diria que o seu nome também chama atenção. Não é todo dia que se encontra alguém chamado Articos Crisol. Você sabia que "Articos" é o nome de uma região no Ártico? Eu sempre pensei que esse nome soava como algo imponente também.
Articos deu um sorriso, mais confortável agora.
— É estranho o meu nome, mas acho que combina comigo, e também acho que nossos nomes realmente têm algo... grandioso, né?
Ela concordou com a cabeça, e ambos riram disso. A conversa, que antes parecia tão casual, de repente se transformou em algo mais leve e até divertido.
Eles estavam compartilhando uma troca de ideias sobre os nomes que carregavam, e parecia que aquilo estava quebrando ainda mais qualquer barreira que pudesse existir entre eles.
Stella então perguntou, ainda sorrindo:.
— Não acha engraçado, dois nomes que chamam tanto a atenção, mas de formas diferentes? Eu, com esse sobrenome forte e você, com o nome que soa como algo meio... místico?
Articos deu de ombros, rindo.
— Talvez seja um pouco engraçado, mas, de certa forma, tem tudo a ver com a gente, não? Eu sou mais introspectivo, então meu nome meio que combina com isso. E você, bem, é exatamente o tipo de pessoa que um "coração de leão" deveria ser.
Stella deu uma risada suave.
— Você tem razão. Acho que nossos nomes fazem mais sentido agora que eu penso sobre isso. Mas, no fim das contas, é o que a gente faz com o nome que importa, certo?
— Sem dúvida — respondeu ele. — E você definitivamente faz algo com o seu nome. Me faz até pensar em querer fazer mais com o meu.
Eles trocaram olhares e, mais uma vez, a conversa seguiu sem pressa, como se ambos estivessem aprendendo a cada passo.
A tarde estava passando, mas Articos sentia que o tempo tinha desacelerado para ele e Stella. Estava se divertindo e, de alguma forma, sentia que algo estava crescendo entre eles.
Algo simples, mas com o potencial de ser duradouro.
E enquanto caminhavam juntos, rindo e trocando mais palavras, Articos não poderia deixar de pensar que talvez esse fosse o começo de algo que ele ainda não conseguia prever, mas que, de alguma forma, já parecia certo.
A noite começou a cair lentamente, e o céu tomou um tom mais profundo de azul.
O ambiente ao redor ficou mais calmo, as luzes da cidade começaram a acender, e a conversa entre eles fluía sem pressa.
Stella, com um olhar curioso, perguntou.
— Então... você não tem ninguém esperando em casa?
Articos, que estava distraído com o som da cidade, olhou para ela e respondeu.
— Não, eu moro sozinho.
Ela o olhou surpresa, levantando uma sobrancelha.
— Sozinho? Uau, achei meio estranho. Como assim?
Ele deu uma leve risada e continuou.
— Eu moro em um apartamento, um pouco longe da escola. Nada de mais.
Stella parecia intrigada, mas logo se recuperou e, com um sorriso, perguntou.
— E eu posso passar lá de vez em quando para te perturbar?
Articos riu, dando de ombros.
— Se você me chamar e eu estiver jogando, provavelmente não vou dar nem tchuiu.
Mas, de resto, você pode passar à vontade.
Ela riu com ele, e o clima ficou mais leve entre eles, como se as pequenas piadas estivessem quebrando qualquer tensão restante.
Eles continuaram a andar até passarem por uma máquina de pegar bichos de pelúcia, uma daquelas máquinas clássicas que todos conheciam, mas que ninguém acreditava realmente ser capaz de pegar algo.
Stella parou diante da máquina, olhando com uma expressão de derrota.
— Eu nunca consegui pegar um desses. Acho que sou péssima.
Articos olhou para a máquina e, com um sorriso travesso, dizendo.
— Então escolha um, que eu vou pegar para você.
Ela olhou para ele, surpresa com a oferta. — Sério?
— Sério. Vai lá, escolha um. Eu te ajudo.
Stella, ainda incrédula, olhou para as opções na máquina.
Depois de alguns segundos de indecisão, apontou para uma coruja preta de pelúcia que estava em uma posição um pouco mais difícil de alcançar.
— Aquela, por favor.
Articos se aproximou da máquina, colocou a ficha e, em questão de segundos, a garra da máquina se fechou em torno do bicho de pelúcia e o puxou até a saída.
Ele sorriu, entregando a coruja para Stella.
— Pronto. Aqui está.
Ela ficou boquiaberta por um momento, olhando para a coruja preta, antes de sorrir largamente.
— Caraca, você realmente conseguiu!
Ele deu de ombros, com um sorriso descontraído.
— Eu sou bom com essas coisas.
Stella riu e agradeceu, sentindo uma mistura de surpresa e diversão.
Ela segurou a coruja com carinho, quase como se fosse um símbolo daquele momento.
Logo, chegaram ao ponto onde precisavam se despedir.
Ela sorriu mais uma vez, segurando o bichinho de pelúcia.
— Bem, acho que é isso. Até mais, Articos.
Ele sorriu de volta, balançando a cabeça.
— Até mais, Stella.
E assim, cada um seguiu seu caminho, com o som da noite e a cidade ao fundo, ambos se sentindo mais leves do que quando se encontraram.
No dia seguinte, Articos chegou ao colégio com seus três amigos, conversando e rindo como de costume.
Quando entraram na escola, ele avistou Stella no corredor, mexendo em seu armário.
O que chamou a atenção dele, no entanto, foi a coruja preta de pelúcia, agora pendurada na mochila dela.
Articos parou por um momento e, sem querer, deu um pequeno sorriso ao vê-la com o presente que ele havia dado.
Ele não disse nada, apenas continuou seu caminho, mas aquele simples gesto parecia carregar um significado maior.
Stella, por sua vez, parecia não ter notado o olhar dele, e continuou a organizar suas coisas.
A vida seguia seu curso, mas, de alguma forma, as coisas pareciam estar tomando um rumo diferente para ambos.