A noite passou rápido.
Articos saiu da cafeteria tarde, mas sua mente não estava no trabalho.
Ele queria respostas.
Na manhã seguinte, ao chegar na escola, avistou Stella sentada sozinha perto da quadra.
Ela girava uma bola de vôlei entre os dedos, distraída.
Sem hesitar, Articos se aproximou.
— Preciso perguntar uma coisa.
Stella ergueu o olhar para ele, curiosa.
— Hm? O quê?
Articos cruzou os braços.
— Por que fizeram bullying com você?
O sorriso no rosto dela sumiu na hora.
Ela desviou o olhar, mordendo o lábio.
— Então... Finalmente chegou esse dia...
Articos se sentou ao lado dela, esperando uma resposta.
Stella suspirou, apertando um pouco a bola nas mãos.
— É uma longa história.
— Eu tenho tempo.
Ela riu, mas foi um riso sem humor.
— Claro que tem.
Stella ficou em silêncio por alguns segundos.
Articos percebeu que ela estava tentando encontrar as palavras certas.
Por fim, ela respirou fundo.
— Foi por causa de algo que eu não fiz.
Ele franziu o cenho.
— Como assim?
Ela jogou a bola de leve para o alto e a pegou de volta.
— Alguém cometeu um erro... e eu levei a culpa.
Articos estreitou os olhos.
— E ninguém te defendeu?
Stella riu de novo, mas dessa vez foi um riso amargo.
— Você sabe como é. Quando alguém vira alvo, ninguém quer se queimar.
Articos sentiu a raiva crescendo dentro dele.
— E você ficou simplesmente deixou assim?
Ela deu de ombros.
— Já que não acreditariam em mim... Não tinha motivo para contar, bem... Até conhecer você.
Ele ficou em silêncio por um momento.
Então, sorriu de leve e deu rápido tapas em sua perna.
— Deita aqui.
Stella olhou para ele, surpresa.
Por um segundo, seu olhar pareceu brilhar.
Stella deitou a cabeça na perna do garoto, segurando a bola contra o peito.
Ele olhou para o céu, sentindo a brisa da manhã passar.
— Então... Qual era o erro? — perguntou ele, sem tirar os olhos das nuvens.
Stella ficou alguns segundos em silêncio.
— Um roubo.
Articos franziu o cenho.
— Roubo?
Ela assentiu, sem mudar de posição.
— Uma garota da minha turma perdeu um colar caro. E, por algum motivo, alguém resolveu espalhar que fui eu quem pegou.
Articos bufou.
— E ninguém questionou isso?
Stella riu, ainda olhando para o céu.
— Você acha que questionariam? O colar sumiu, precisavam de um culpado, e eu estava no lugar errado, na hora errada.
Articos passou a mão no rosto, frustrado.
— Isso é ridículo.
— Bem-vindo ao ensino médio.
Os dois ficaram em silêncio por um tempo.
Então, ele olhou para ela.
— E onde está esse colar agora?
Stella fechou os olhos por um momento.
— Foi encontrado dias depois, dentro da mochila de outra pessoa. Mas a essa altura... ninguém mais se importava. A imagem já estava feita.
Articos respirou fundo.
— E você realmente quis deixar assim?
Ela abriu os olhos e o encarou.
— O que mais eu poderia fazer?
Ele ficou em silêncio.
Sabia que, para ela, lutar contra aquilo sozinha teria sido impossível.
Então, ele fez algo inesperado.
Com cuidado, passou a mão pelos cabelos de Stella, bagunçando-os de leve.
Ela arregalou os olhos.
— O-O que você tá fazendo?
Articos sorriu.
— Te bagunçando, teimosa.
Ela corou um pouco e desviou o olhar.
— Idiota.
Ele riu.
— Só relaxa. Eu tô aqui agora.
A mulher ficou em silêncio, mas um pequeno sorriso surgiu no canto de sua boca.
Talvez, pela primeira vez em muito tempo, ela não se sentia sozinha.
Stella suspirou, apertando um pouco a bola de vôlei contra o peito.
— Eu já pensei em consertar essa história antes, sabe?
Articos inclinou a cabeça, curioso.
— E por que não fez?
Ela sorriu de leve, mas era um sorriso diferente.
— Porque agora... Não faz mais diferença.
Ele franziu o cenho.
— Explique melhor.
Stella virou o rosto para ele, seus olhos refletindo a luz da manhã.
— Eu queria que as pessoas soubessem a verdade. Queria limpar meu nome. Mas agora… Eu tenho você.
Articos piscou, surpreso com a resposta direta.
— Então você só quer deixar pra lá?
Ela assentiu.
— Porque você já é o suficiente.
O silêncio se instalou por um momento.
Articos olhou para ela, percebendo que Stella realmente não precisava mais de uma explicação para os outros.
Ela já tinha algo mais importante agora.
Ele sorriu, fechando os olhos por um segundo.
— Tsc… Então eu sou tudo isso, é?
Stella bufou, dando um soco leve no braço dele.
— Não se ache.
Ele riu.
Ela olhou para o céu, como se deixasse aquele peso se dissipar de vez.
Então, jogou a bola para cima e pegou de volta.
— Quer jogar um pouco?
Articos cruzou os braços.
— E você quer perder de novo?
Stella sorriu, um brilho travesso nos olhos.
— Quem disse que eu vou perder?
Ele estalou os dedos, pegando a bola que ela jogou na direção dele.
— Certo… Vamos ver então.
E com isso, sem precisar de mais palavras, os dois deixaram o passado para trás.
O tempo passou, e ninguém sabia do namoro de Articos e Stella. Nem mesmo os três amigos dele.
Eles agiam normalmente na escola, sem dar nenhuma pista. Apenas trocavam olhares de vez em quando, como se compartilhassem um segredo.
Christopher notou algo estranho primeiro.
— Cara, você tá diferente. — Ele apontou para Articos, semicerrando os olhos.
— Diferente como? — Articos fingiu desinteresse.
— Sei lá... mais calmo. Você tá estranho. — Christopher cruzou os braços.
Nolan e Richard se aproximaram, curiosos.
— Vai ver ele tá apaixonado! — Nolan riu, cutucando Richard.
Articos revirou os olhos.
— Vocês falam cada coisa...
Os três começaram a provocá-lo, mas ele apenas ignorou.
Do outro lado do corredor, Stella observava a cena com um leve sorriso.
Ninguém desconfiava de nada. E era assim que eles queriam manter as coisas. Por enquanto.
Os dias continuavam passando, e Articos e Stella mantinham o namoro em segredo.
Christopher, Nolan e Richard já sabiam que Articos gostava de Stella, mas não faziam ideia de que os dois estavam juntos.
Durante as aulas, Articos e Stella agiam normalmente. Durante o intervalo, eles mantinham distância, sem dar qualquer pista.
Mas pequenos detalhes escapavam, um olhar mais demorado, um sorriso discreto, um toque acidental.
No refeitório, Christopher olhou para Articos com desconfiança.
— Tá estranho, hein.
— De novo isso? — Articos revirou os olhos.
— Sim, de novo. Tá muito tranquilo, muito sereno. Quando tu gosta de alguém, normalmente fica mais na defensiva.
Nolan apontou para Stella, que estava conversando com algumas amigas.
— Aposto que já confessou.
Richard cruzou os braços.
— Ou então foi rejeitado e aceitou melhor do que esperávamos.
Articos apenas riu.
— Vocês falam demais.
Christopher ainda não parecia convencido.
Do outro lado do refeitório, Stella segurava o riso enquanto ouvia a conversa delas.
Eles realmente não tinham ideia.
No dia seguinte, os três continuavam suspeitando.
Christopher, Nolan e Richard observavam cada movimento de Articos, esperando alguma pista. Mas ele era bom em disfarçar.
No corredor, Stella passou por Articos sem dar muita atenção, apenas um aceno rápido, como sempre fazia. Mas Richard notou algo.
— Pera aí… — Ele semicerrava os olhos. — Ela sorriu.
— E daí? — Nolan questionou.
— O sorriso foi diferente. Meio... cúmplice.
Christopher bateu na mesa.
— Já sei! Eles já estão juntos e tão escondendo!
Os três se viraram para Articos, esperando uma reação. Mas ele só levantou uma sobrancelha.
— Cês tão doidos.
Richard cruzou os braços.
— Tá bom. Então não se importa se a gente perguntar pra Stella, né?
Ele deu um sorriso provocador, já pegando o celular.
Articos manteve a calma, mas, por dentro, sabia que Stella poderia acabar entregando algo.
Antes que Richard pudesse digitar qualquer coisa, Stella apareceu do nada e pegou o celular da mão dele.
— Perguntar o quê?
Os três congelaram.
Articos olhou para ela, e pela primeira vez, um pequeno sorriso se formou no canto da boca dele.
— Eles acham que estamos namorando.
Stella segurou a risada e devolveu o celular para Richard.
— Que ideia maluca.
Ela piscou para Articos e saiu andando.
Os três amigos ficaram paralisados.
— … Droga, agora fiquei mais desconfiado ainda.
Os três amigos se entreolharam, claramente frustrados.
— Isso foi muito suspeito… — Christopher murmurou.
— Foi um desvio óbvio! — Nolan concordou. — Ela não negou com todas as letras.
Richard coçou o queixo, pensativo.
— Então só tem um jeito de descobrir… A gente precisa pegar os dois no flagra.
Articos suspirou, fechando o armário com calma.
— Cês não têm nada melhor pra fazer, não?
— Não.
A resposta foi uníssona.
Ele riu pelo nariz e seguiu para a sala, mas já sabia que não seria o fim da perseguição.
Mais tarde…
Durante o intervalo, os três estavam escondidos atrás de uma pilastra, observando Articos e Stella conversando perto da escada.
— Tá rolando alguma coisa ali… — Nolan sussurrou.
— Espera, ela vai encostar nele? — Richard arregalou os olhos.
Stella segurou a manga da blusa de Articos e puxou ele levemente, sussurrando algo que fez o garoto sorrir de lado.
Christopher segurou o ombro de Richard, dramaticamente.
— É oficial. Ele nos traiu.
Mas antes que pudessem continuar espionando, Articos olhou diretamente para onde estavam.
Os três se abaixaram imediatamente.
— Ele viu a gente? — Nolan perguntou, em pânico.
Antes que alguém respondesse, ouviram passos se aproximando.
Quando olharam para cima, Articos já estava parado na frente deles, de braços cruzados.
— Divertido brincar de detetive, hein?
Os três se entreolharam e decidiram apelar para o confronto direto.
— Você tá namorando ela ou não?! — Richard foi direto.
Articos os encarou por alguns segundos, depois deu um sorriso de canto.
— Boa sorte tentando descobrir.
E então, simplesmente saiu andando.
Os três ficaram paralisados.
— ... Ele tá namorando, né?
— Com certeza.
Os três amigos ficaram parados por um momento, ainda processando a resposta.
— Ele não negou! — Nolan apontou.
— E ainda saiu com um sorriso! — Christopher completou.
Richard suspirou, derrotado.
— Isso confirma tudo… O Articos tá namorando a Stella.
— E ELE NÃO CONTOU PRA GENTE! — Nolan exclamou, indignado.
Christopher bateu no próprio peito.
— Eu confiava nele, cara! Confiava!
Enquanto isso, Articos já estava longe, rindo de leve enquanto subia as escadas.
Ele já sabia que os amigos nunca iam deixá-lo em paz até conseguirem uma confirmação, mas fazia parte da diversão.
Stella, que esperava por ele na sala, levantou uma sobrancelha.
— E aí? Eles descobriram?
Articos deu de ombros.
— Eles acham que sim.
Ela sorriu.
— Vamos ver quanto tempo levam pra ter certeza.
No dia seguinte…
Os três amigos estavam determinados.
— Precisamos de provas! — Christopher bateu na mesa.
— Exato. E eu tenho um plano! — Nolan abriu um caderno com anotações.
Richard arregalou os olhos.
— Você preparou um plano de investigação?!
— Claro, isso é sério!
Os três se inclinaram sobre a mesa para discutir, enquanto Articos, do outro lado da sala, apenas suspirava.
Stella, ao lado dele, cutucou seu braço.
— Eles realmente não vão desistir.
— Não mesmo.
Ela sorriu.
— Isso vai ser divertido.
Os três amigos estavam inquietos.
Eles tinham certeza de que Articos gostava de Stella, mas o namoro ainda era um mistério.
Decidiram, então, seguir os dois com técnicas de espionagem duvidosas.
Richard fingia ler um livro de cabeça para baixo.
Christopher usava óculos escuros dentro da sala.
Nolan segurava um jornal com buracos para os olhos.
Articos e Stella perceberam, claro.
— Eles são sempre assim? — Stella perguntou, arqueando uma sobrancelha.
— Pior que sim. — Articos respondeu, bebendo um gole de café.
No intervalo, os três decidiram agir.
O plano era simples: Nolan esbarraria "sem querer" em Articos para ver se ele segurava a mão de Stella.
Só que Nolan calculou mal.
Ele se jogou com tudo.
Mas Stella foi rápida.
Ela desviou com um passo para trás, e Articos, sem apoio, quase caiu de cara no chão.
O silêncio reinou por um momento.
Até Christopher apontar.
— ISSO FOI SUSPEITO!
Richard cruzou os braços.
— Por que desviou, Stella?
Ela sorriu, misteriosa.
— Reflexo.
Nolan resmungou.
— Eu podia ter pegado vocês agora…
Articos ajeitou a postura e olhou para os três com calma.
— Vocês realmente não têm mais nada para fazer?
— Não até termos respostas! — Christopher insistiu.
Stella riu.
— Então vocês vão ter que continuar tentando.
Ela piscou para eles e puxou Articos para outro canto do pátio.
Os três ficaram parados, frustrados.
Richard suspirou.
— Isso vai ser mais difícil do que pensei…
Os três amigos ficaram parados, observando Articos e Stella se afastarem.
— Tá me tirando? — Nolan cruzou os braços. — Ela desviou como se tivesse treinado para isso!
— E treinou. — Christopher completou. — Você acha que alguém que lida com Articos não aprende a ser ágil?
Richard coçou o queixo.
— Então precisamos de outro plano. Algo que pegue os dois desprevenidos.
Os três se entreolharam.
— Festa surpresa. — Nolan disse, estalando os dedos.
— Uma armadilha. — Christopher sorriu.
— Eles não vão ter pra onde correr. — Richard finalizou.
O plano começou a ser arquitetado.
Enquanto isso, Articos e Stella caminhavam despreocupados.
— Você fez de propósito, né? — Articos olhou para ela de canto.
— Hmm? — Stella fingiu inocência. — Do que você está falando?
Ele suspirou.
— Você desviou. Podia ter só deixado acontecer.
Ela sorriu, puxando-o pelo braço e entrelaçando os dedos nos dele.
— Não seria tão divertido assim.
Articos riu de leve.
— Eles não vão desistir tão fácil.
— Eu espero que não. Quero ver até onde eles vão.
Olhando para ela, Articos percebeu algo.
Mesmo que tentassem esconder, era só uma questão de tempo até serem descobertos.
E, sinceramente, ele não se importava mais tanto assim.
No dia seguinte, Articos chegou ao colégio com seus amigos, como sempre. Eles estavam conversando, mas o trio parecia mais curioso do que o normal.
— Aí, Art. — Nolan disse, meio desconfiado. — Como foi ontem?
Articos olhou para ele e deu de ombros.
— Normal. Por que?
— Normal? Você e Stella, no meio do nosso time, o que aconteceu? — Richard perguntou, com um sorriso malicioso.
Christopher também entrou na conversa.
— É, você ainda vai precisar contar. Ninguém sabe de nada. E, sinceramente, estamos curiosos.
Articos suspirou, tentando manter a calma. Ele queria tanto continuar disfarçando, mas era impossível com eles no encalço.
— A gente só... não fez questão de contar ainda. — ele respondeu, fingindo indiferença.
Stella estava chegando na hora, e ela sorriu ao ver Articos. Eles trocaram um olhar rápido.
— Bom dia. — Stella disse, aproximando-se.
Os três amigos imediatamente começaram a ficar mais atentos. Nolan deu um passo à frente e falou de forma provocativa.
— Então, Art. Já vai assumir?
Articos olhou para os amigos com um olhar impaciente, mas Stella já tinha se aproximado o suficiente para que todos percebessem a troca de olhares deles.
— Não, é claro que não. — Articos respondeu, tentando manter as aparências.
Eles não estavam mais disfarçando, então todos sabiam. Mas Articos queria se divertir um pouco com a situação.
O intervalo foi só mais um teste de resistência. Enquanto os amigos insistiam, fazendo perguntas mais diretas, ele fazia o possível para se manter calmo.
— Se você quiser contar logo, Art, eu entendo. Não precisa ser segredo. — Nolan disse, rindo.
— Não é segredo. Só não é o momento. — Articos respondeu, sem muita paciência.
Quando o fim do dia finalmente se aproximou, Articos já estava cansado da perseguição. Mas antes que ele pudesse se despedir dos amigos, Stella se aproximou e pegou sua mão.
— Vamos dar uma volta? — Ela perguntou, sorrindo.
Ele a seguiu, os três amigos observando de longe, ainda esperando por uma resposta definitiva.
Articos e Stella estavam caminhando em direção ao lado do colégio quando ele se virou para ela e, com um sorriso travesso no rosto, a puxou para mais perto.
— Sim. Nós estamos namorando. Agora, felizes? — Articos falou, finalmente revelando o segredo.
Antes que qualquer um dos três amigos tivesse chance de falar algo, Articos pegou Stella no colo, correndo com ela nos braços enquanto ela ria, sem parar.
— Vamos! — Ele disse, correndo, sem se importar com o que eles pensavam, enquanto Stella ria ainda mais alto.
Os três amigos ficaram para trás, observando os dois se afastarem.
— Eu sabia. — Christopher disse, dando um sorriso satisfeito.
— Vamos ter que aceitar, né? — Richard disse, rindo.
Nolan suspirou dramaticamente.
— Ele está perdendo tempo. — E os três começaram a rir juntos.
Articos continuava correndo pelas ruas, com Stella em seus braços, a risada dela preenchendo o ar.
Ele sentia o vento batendo no rosto enquanto ela se agarrava a ele, rindo sem parar.
Não era só uma corrida, era uma fuga.
Uma fuga da pressão de todos ao redor, uma fuga para algo mais leve e espontâneo.
— Articos, para de correr! — Stella riu, tentando acalmá-lo. — Você está me fazendo sentir como se estivéssemos fugindo de algo...
Ele desacelerou, finalmente parando em um canto tranquilo, perto de um pequeno parque.
Articos colocou Stella suavemente no chão, ainda rindo da situação.
— Fuga? Não é fuga. Eu só queria... — Ele parou de falar ao ver o sorriso dela. — Eu queria que fosse algo mais nosso, sabe?
Stella olhou para ele, o sorriso ainda no rosto.
— Eu entendo. — Ela respondeu. — Mas, Articos, não precisa se preocupar. Não vamos precisar esconder isso para sempre.
Ele deu um suspiro aliviado e passou a mão pelos cabelos.
— Eu sei, mas... — Ele hesitou. — Eu só não queria que fosse um grande escândalo.
Stella deu um passo em direção a ele, tocando gentilmente o braço dele.
— Acredite, não precisa ser. Às vezes, as coisas boas acontecem quando a gente menos espera. E eu gosto dessa ideia, de ser algo só nosso por enquanto.
Articos sorriu. Ele tinha razão. Não precisava fazer as coisas de acordo com as expectativas dos outros.
Eles estavam bem assim, no seu próprio ritmo, e isso era o que importava.
A risada deles se apagou aos poucos, mas ainda havia algo leve no ar, algo que indicava que, por mais que tivessem que enfrentar os olhares curiosos e as perguntas de seus amigos, eles estavam bem.
Estavam juntos, e isso era tudo o que realmente importava.
— Então, agora o que? — Articos perguntou, dando-lhe um olhar descontraído.
Stella olhou ao redor e deu um pequeno sorriso.
— Que tal um passeio por aqui? Não temos pressa, certo?
Ele acenou com a cabeça, concordando.
— Acho que nunca precisei de pressa.
E, com esse simples acordo, ambos começaram a caminhar pelo parque. O sol começava a se pôr no horizonte, tingindo o céu de tons dourados e alaranjados.
Para Articos, parecia que o mundo havia desacelerado um pouco. Era como se, por um momento, tudo estivesse no lugar certo.
Enquanto caminhavam lado a lado, o som suave das folhas sendo movidas pelo vento preenchia o ambiente.
Articos e Stella não precisavam de muitas palavras, o conforto na presença um do outro já era o suficiente. O parque estava tranquilo, com poucas pessoas ao redor, e o momento parecia perfeito.
— Sabe, Articos, eu sempre pensei que algo assim seria um pouco... complicado. — Stella começou, quebrando o silêncio, mas ainda com um sorriso no rosto.
Articos a olhou de lado, curioso.
— Complicado? Como assim?
Ela deu um pequeno suspiro e olhou para o céu.
— Como se fosse algo que todo mundo ia achar estranho, ou que ia ficar cheio de perguntas. Mas, na verdade, não é assim. É simples. É só... a gente. E, no fundo, eu nunca me importei com o que os outros pensam, desde que seja verdadeiro.
Articos sorriu, se sentindo mais tranquilo. Ela tinha razão, afinal. Eles estavam apenas sendo eles mesmos.
— Isso é o que importa, né? O que a gente sente.
Stella parou por um momento, olhando para ele, e seus olhos brilharam com uma leveza que Articos nunca tinha visto antes.
— Exatamente. O resto é só ruído.
Articos se inclinou um pouco para frente, tocando o braço dela de maneira suave.
— Eu só... — Ele hesitou, mas a expressão dela o fez continuar. — Só quero que a gente aproveite isso do jeito que estamos.
Ela olhou para ele, um sorriso sincero se espalhando por seu rosto.
— Eu também. E... não vamos nos preocupar com mais nada. Vamos ver onde isso nos leva.
Eles continuaram caminhando, sem pressa, sem expectativas. A conexão entre eles estava ali, forte e sem necessidade de mais palavras.
Os dois sabiam que, naquele momento, estavam exatamente onde precisavam estar.
Chegaram a um pequeno banco, próximo de uma fonte. Articos se sentou primeiro e, logo em seguida, Stella se sentou ao seu lado, descansando os braços sobre as pernas.
Ambos ficaram em silêncio por um tempo, apenas aproveitando a companhia.
Stella olhou para Articos, pensativa, e perguntou, com um sorriso travesso:
— Então, como vamos contar para o resto da turma?
Articos riu, balançando a cabeça.
— Acho que é melhor deixar os caras descobrirem por conta própria. Vai ser divertido ver a cara deles.
Ela riu junto, imaginando a reação dos amigos.
— Você tem razão. Eles vão surtar, não tenho dúvida disso.
Os dois ficaram ali por mais um tempo, conversando sobre coisas pequenas, se divertindo na simplicidade do momento.
E, enquanto o dia terminava e a noite caía suavemente sobre o parque, Articos sabia que, por mais que a vida fosse imprevisível e cheia de desafios, ele e Stella estavam prontos para enfrentar o que quer que viesse.
Juntos.
Articos sorriu, observando Stella fechar os olhos obedientemente.
O ambiente ao redor estava tranquilo, quase mágico, com a luz suave do entardecer iluminando o cenário.
— Agora, fique calma — disse ele, com uma voz suave, mas cheia de expectativa.
Stella sorriu, se sentindo um pouco curiosa, mas relaxou, confiando nele. A sensação de estar ali com Articos, em um lugar tão sereno, a fazia se sentir segura.
Articos, com cuidado, tirou de seu bolso algo pequeno e delicado. Um presente simples, mas que significava muito. Ele segurava uma pequena caixa, com um leve toque de ansiedade.
Ele sabia que Stella iria gostar, mas o nervosismo de querer que tudo fosse perfeito ainda estava ali, como uma chama suave em seu peito.
— Agora, pode abrir — disse ele, com um tom doce.
Stella abriu os olhos, revelando a caixa em suas mãos. Quando ela a abriu, seus olhos se iluminaram, e um sorriso genuíno se espalhou por seu rosto.
Dentro da caixa, havia um pequeno pingente de coração, delicado, com um toque de brilho dourado, combinando com o tom suave do seu cabelo.
Não era um presente extravagante, mas a simplicidade dele tornava tudo mais significativo.
— Art... — ela sussurrou, tocando o pingente com os dedos, visivelmente emocionada. — Isso é... lindo.
Articos sorriu, sentindo uma sensação calorosa tomar conta dele ao ver a reação dela.
Ele tinha se preocupado com cada detalhe, desde a escolha do pingente até o momento perfeito para entregá-lo.
— Eu só queria te dar algo que fosse nosso, algo que representasse o que estamos vivendo agora... algo simples, mas verdadeiro. — Ele explicou, olhando nos olhos dela.
Stella olhou para ele, tocando suavemente o pingente e depois o colocando no pescoço. Ela o olhou com um sorriso sincero e, com a voz baixa, disse:
— Você não precisa de mais nada, Articos. O que você me deu já é mais do que suficiente.
Eles ficaram ali por um momento, em silêncio, os dois apenas apreciando a presença um do outro.
A noite estava chegando, mas o sentimento entre eles parecia iluminar ainda mais o ambiente, como se o tempo estivesse suspenso.
Finalmente, Stella se inclinou um pouco mais perto, seus olhos brilhando com carinho.
— Obrigada, Articos. De verdade.
Ele sorriu de volta, um sorriso genuíno, tocando levemente o rosto dela.
— Eu é que agradeço por estar aqui comigo, Stella.
E, com essas palavras, o mundo ao redor parecia desaparecer, deixando apenas os dois naquele instante, naquele lugar, conectados de maneira simples e perfeita.
Stella olhou para Articos com um sorriso travesso, como se estivesse preparando algo divertido.
— Agora é a minha vez — disse ela, com um brilho nos olhos.
Articos, curioso, olhou para ela.
— O que você está planejando? — perguntou, arqueando uma sobrancelha.
Stella fez um gesto com a mão, indicando que ele fechasse os olhos. Articos hesitou por um momento, mas, confiando nela, obedeceu.
Ele fechou os olhos e ficou quieto, sentindo uma leve brisa tocar seu rosto.
O silêncio pairou entre eles, criando uma tensão suave e cheia de expectativa.
Então, sem aviso, Stella se aproximou rapidamente, inclinando-se ligeiramente.
Em um movimento ágil e delicado, ela beijou seus lábios por um breve instante, o toque sendo rápido, mas cheio de significado.
Articos ficou surpreso, mas não pôde deixar de sorrir, seus olhos ainda fechados. Ele sentiu a suavidade do beijo e, por um momento, o mundo ao redor parecia ter parado.
Quando ele finalmente abriu os olhos, Stella estava um pouco mais afastada, com o sorriso mais radiante que ele já viu.
— Agora, pode abrir os olhos — ela disse, sua voz suave e cheia de alegria.
Articos ficou sem palavras por um instante, o coração batendo mais rápido do que o normal.
Ele estava tão surpreso, mas também tão feliz. A leveza e a simplicidade daquele gesto faziam tudo parecer mais real.
— Você... — Ele sorriu, tentando reunir as palavras, mas não conseguia esconder a felicidade no olhar.
Stella riu, quase com vergonha, mas ainda com o brilho nos olhos.
— Às vezes, o melhor é não esperar muito. — Ela deu de ombros, como se aquilo fosse algo natural, mas Articos sabia que havia muito mais por trás daquele beijo.
Ele não precisou de mais palavras. O silêncio entre eles agora tinha uma nova sensação, de cumplicidade e de algo ainda mais forte crescendo entre os dois.