CAPÍTULO VI: O GUERREIRO DEMONÍACO

Era Mouros Atrox! General de Isgard, um dos homens de confiança da alta corte de Isgard e de Fergus Riagan.

Sua armadura, negra como a própria escuridão primordial, era de um brilho impecável, como se tivesse emergido da forja naquele instante. Cada placa de metal, trabalhada com a precisão de um mestre artesão, reluzia sob a luz bruxuleante e vacilante das tochas, sem exibir sequer um traço de batalha anterior. Espinhos finos e afiados como agulhas de obsidiana adornavam seus ombros e braços musculosos, conferindo-lhe a aura sinistra de um demônio ancestral pronto para o abate. O próprio ar ao seu redor parecia crepitar com uma energia fria e implacável, prenunciando a violência que estava por vir.

Kael relaxou os ombros, um sorriso irônico brincando em seus lábios. Com um gesto displicente, voltou a colocar as mãos nos bolsos, como se o embate já fosse uma mera formalidade. Em sua mente, a presença de Mouros era mais que um trunfo, era a garantia de que aquela emboscada na floresta sombria não o pegaria desprevenido. Afinal, Mouros era um general leal, um pilar do reino Invernal... ou assim ele pensava.

- Até que enfim, lata de sardinha. Achei que você tinha se perdido na floresta. Sua cabeça serve só para separar as orelhas? E cadê o outro paspalho, Zene? - zombou Kael, a voz escorrendo um sarcasmo cortante como gelo.

Mouros se aproximou lentamente, cada passo pesado afundando na terra úmida da clareira sob o manto da noite. A cada movimento, o metal de sua armadura negra rangia em uníssono com o estalar faminto do fogo, criando uma sinfonia sinistra que ecoava pela floresta silenciosa, carregada de ameaça. Um sorriso malicioso e cruel retorceu seus lábios grossos, expondo dentes amarelados e irregulares como os de um predador faminto. Seu olhar, antes oculto sob a sombra do elmo, agora brilhava com uma crueldade gélida que arrepiou a espinha de Kael.

- Você realmente acreditou que eu viria aqui pra te ajudar, aberração? - retrucou Mouros, a voz carregada de uma ironia venenosa e um desprezo gélido que congelou o ar ao redor. Cada palavra era um dardo envenenado lançado contra a alma de Kael.

A expressão de Kael se endureceu. O sorriso irônico desapareceu como fumaça, e a indiferença deu lugar a uma máscara de frieza calculista. A verdade o atingiu como um golpe brutal, esmagando qualquer vestígio de esperança. Seus ombros caíram ligeiramente, o peso da traição o atingindo com a força de um soco certeiro no estômago, roubando-lhe o ar dos pulmões. Incredulidade e dor se misturavam em seus olhos, enquanto uma raiva incandescente começava a borbulhar em suas veias.

- Bom, confesso que esperava um pouco mais de inteligência da sua parte, mas parece que me enganei - disse Kael, a voz amarga e carregada de decepção. Ele respirou fundo, o ar entrando em seus pulmões como brasas, tentando controlar a fúria selvagem que ameaçava explodir em seu peito e fazê-lo perder o controle.

Seus olhos fixaram-se em Mouros, analisando cada detalhe de sua postura imponente, procurando por qualquer resquício de hesitação, qualquer sinal de que aquele homem ainda pudesse ser o aliado que ele um dia conheceu. Mas não havia nada além de uma frieza pétrea e impenetrável em seu olhar.

O General negro não respondeu imediatamente. Então, uma voz feminina fria e distante ecoou pela clareira:

Voz Misteriosa: "Mouros! Recupere o colar! Não o deixe escapar!"

A ordem pairou no ar, intensificando a tensão. Mouros, com um movimento rápido e brutal que quebrou a quietude da floresta como um raio, desembainhou sua espada. A lâmina longa e escura, adornada com entalhes sinistros, reluziu brevemente à luz das tochas antes de ser erguida em uma postura defensiva.

Kael observou a mudança de postura do General para ataque, com uma sobrancelha erguida, um brilho de antecipação perigosa em seus olhos vermelhos.

- Ah, então vamos dançar primeiro, General? Que cavalheiresco da sua parte... para um traidor.

Com um giro rápido e elegante para o lado, Kael desviou de um golpe cortante da espada, evitando por pouco o impacto da lâmina fria que silvou a centímetros de seu rosto. O aço frio roçou sua camisa, arrepiando sua pele como um aviso.

Mouros, sem perder um instante, investiu novamente com uma fúria renovada. Kael, com um salto ágil como um lobo em meio à floresta escura, desviou do golpe traiçoeiro e girou sobre os calcanhares, desferindo um chute giratório flamejante carregado de fúria que atingiu o estômago do General em cheio, o impacto fazendo o ar escapar dos pulmões de Mouros com um grunhido. O General cambaleou para trás, e Kael aproveitou a oportunidade fugaz para lançar uma sequência implacável de socos rápidos e precisos, cada ataque carregado de sua raiva e decepção.

Mouros defendeu-se como pôde, usando seus braços revestidos de metal como escudos improvisados. A luta se intensificou, com os dois guerreiros trocando golpes ferozes em uma dança mortal, cada um buscando desesperadamente a vantagem. O guerreiro negro, movido por uma fúria e ganancia, não desistiu. Avançou novamente, brandindo sua espada em um arco mortal na noite escura.

Mas Kael, esquivou-se com um salto preciso, evitando o golpe com maestria. O chute seguinte, carregado de toda a sua fúria contida, explodiu no elmo de Mouros com um impacto ensurdecedor, fazendo o metal vibrar como um sino fúnebre que anunciava o início de uma batalha sangrenta até a morte.

O General, porém, não se abalou com o golpe, apenas um sorriso malicioso e sedento por sangue se abriu em seus lábios, revelando a ferocidade selvagem daquele embate iminente sob as estrelas. Seus olhos, antes frios e calculistas como aço temperado, agora faiscavam com um desafio incandescente, refletindo a fúria que o consumia por dentro.

Kael respondeu com um sorriso igualmente selvagem e predatório. A luta o excitava de uma forma visceral, a adrenalina correndo em suas veias como fogo líquido, despertando o guerreiro adormecido em seu interior, a fera que ele tanto lutava para conter. Aquele era o momento que ele esperava, a chance de provar sua força e sua coragem, de mostrar a Mouros Atrox e a todos que o subestimaram a extensão de seu verdadeiro poder.

- Parece que você gostou do meu presente, cabeça de lata. Devo te dar mais um? - Kael sorriu com escárnio, seu olhar rubro brilhando na escuridão da noite. Ele se sentia confiante, acreditando ter a vantagem naquela dança mortal. A excitação perigosa o impulsionava a lutar com uma ferocidade crescente.

- Isso é tudo que você tem, lobinho? Vai precisar mais do que isso para me derrubar e me impedir de mostrar quem você realmente é! - Provocou Mouros, com seus braços cruzados sobre o peito em uma pose arrogante de superioridade, sua voz carregada de escárnio.

- Ainda não desistiu, Matusalém? Que teimosia! Mas se quer continuar apanhando até seus ossos quebrarem, quem sou eu para impedir? - Kael zombou, limpando suas vestes com um gesto displicente, como se a luta fosse um mero incômodo, indigna de sua atenção total. Ele parecia não se importar em prolongar o confronto, confiante em sua superioridade e no desespero crescente de Mouros.

- Não se ache esperto, garoto insolente. Minha força vai te esmagar como a um inseto, e minha armadura negra será seu fim. Seus ancestrais te esperam nas profundezas do inferno! - Ameaçou Mouros Atrox com sua voz rouca e gutural, cuspindo no chão úmido da floresta em sinal de repúdio.

Cada músculo de seu corpo estava tenso como uma corda de arco prestes a disparar, pronto para o ataque brutal. Ele queria ver Kael sofrer, queria ver a besta de olhos vermelhos se revelar, e estava determinado a fazê-lo pagar caro por sua arrogância juvenil.

- Você parece muito confiante dentro dessa sua lata de lixo. Queria eu ter essa autoestima toda... Talvez se eu usasse chifres também me sentiria mais ameaçador - Retrucou Kael com um riso sarcástico e malicioso, denunciando sua intenção de provocar Mouros até o limite.

Ele adorava desestabilizar o General e se divertia com suas reações explosivas de raiva. Seus olhos semicerrados e a sobrancelha arqueada transmitiam sua arrogância e superioridade, enquanto ele se preparava para desferir o golpe final.

- Você fala demais para quem está prestes a ter o coração arrancado do peito. - Mouros rangeu os dentes com força, a voz carregada de um ódio visceral.

Ele queria acabar com aquela luta o mais rápido possível e estava disposto a usar toda a sua força bruta para isso. Seu olhar frio e calculista, fixo em Kael como o de uma serpente prestes a atacar, uma veia saltava em sua testa, denunciando o esforço que começava a surgir.

Kael, em um misto perigoso de excitação e fúria fria, com as pálpebras semicerradas e faiscando em vermelho, os punhos cerrados com tanta força que seus nós dos dedos estavam brancos, as narinas dilatadas em antecipação do combate, sentia a adrenalina correr em suas veias como eletricidade pura. Ele sabia que por trás daquela proteção de metal imponente havia um guerreiro experiente e mortal pronto para matá-lo, e cada músculo do seu corpo estava preparado para reagir no instante certo. Ele estava pronto para a batalha, sedento por sangue e pela descarga selvagem da adrenalina sob o céu estrelado.

Os guerreiros se encararam, seus olhares fixos um no outro como predadores em um duelo mortal, sem desviar sequer por um segundo, como se o próprio tempo tivesse parado naquele instante congelado na escuridão da noite. Uma quietude sinistra e opressora pairava sobre a clareira iluminada pelas chamas bruxuleantes e vacilantes, prenúncio da batalha iminente que decidiria o destino de ambos.

O silêncio era quase opressor, imensurável, apenas quebrado pelo farfalhar suave das folhas agitadas por uma brisa gélida e pelo som da respiração pesada e ofegante dos dois guerreiros em lados opostos do círculo de fogo na calada da noite. A tensão crescia a cada segundo que se passava, como um raio prestes a cair e incendiar toda a floresta. A floresta parecia prender a respiração em suspense, aguardando o desenrolar da luta que decidiria o destino de ambos os guerreiros sob o olhar silencioso da lua. As árvores imponentes, antes tão firmes e seguras, agora se curvavam levemente sob o peso invisível da tensão, como se também sentissem o perigo iminente, como se soubessem que aquele era um momento crucial na história sangrenta daqueles dois contendores. A respiração dos guerreiros tornou-se mais curta e ofegante com a proximidade do confronto, cada um deles aguardando o momento preciso para desferir o ataque decisivo.

Uma gota de suor frio escorreu pela testa marcada de cicatrizes do General, mostrando uma rara vulnerabilidade por baixo da armadura negra imponente que o transformava em uma fortaleza ambulante na escuridão da noite. A tensão entre eles aumentava gradativamente, criando uma atmosfera eletrizante que podia ser cortada com uma adaga.

- O que foi, General Atrox? Parece nervoso... A armadura está pesando? Vai pedir arrego? Provocou Kael, com um sorriso irônico e cheio de escárnio dançando em seus lábios rosados iluminados pelas chamas. Ele se sentia confiante, a luta o excitava, e a oportunidade de irritar Mouros era tentadora demais para resistir sob a luz das estrelas.

- Eu já enfrentei guerreiros mais temíveis e experientes do que você, amaldiçoado. Você realmente acha que um verme insignificante como você pode me intimidar ou me impedir de cumprir minhas ordens nesta noite? Sua humilhação será lembrada por gerações em Isgard! - Bufou o General, a voz carregada de ódio e desdém. Seus olhos estavam arregalados em fúria, e uma veia proeminente saltava em sua testa, denunciando o esforço imenso que fazia para controlar a raiva que o consumia sob a luz da lua.

Kael respirou fundo, o ar entrando em seus pulmões como uma lufada de vento gelado na noite escura. Ele sabia que Mouros Atrox era um oponente formidável, um dos guerreiros mais temidos do Reino Invernal, mas ele não se deixaria intimidar por suas palavras. Aquele era o momento que ele esperava, a hora de mostrar sua força e sua habilidade não apenas a Fergus, mas a todo o reino de Isgard, provando que ele era mais do que a "aberração de olhos vermelhos" que todos temiam. Um brilho selvagem e faminto surgiu nos olhos de Kael, refletindo a visceralidade animalesca daquela batalha que se aproximava na escuridão.

Um sorriso de predador se abriu em seus lábios, revelando a excitação sombria que o consumia por dentro sob a luz das tochas. Ele estava pronto para a luta, sedento por sangue, adrenalina e pela chance de provar seu valor naquela noite fatídica. O ar frio da floresta roçava sua pele exposta, mas ele mal o sentia, seu corpo irradiava um calor intenso, uma energia bestial pulsava em cada fibra muscular de seu ser na calada da noite. A adrenalina corria em suas veias como uma corrente elétrica incandescente, cada choque o impulsionando para frente, cada faísca aguçando seus sentidos a um nível sobrenatural na noite escura.

Ele podia sentir o cheiro acre de metal e suor de Mouros, ouvir o ranger ameaçador de sua armadura negra a cada movimento brusco, antecipando cada ataque, cada defesa com uma precisão quase premonitória sob o olhar silencioso das estrelas. Ele mantinha a postura de defesa, seus ombros tensos como as cordas de um arco prestes a disparar uma flecha mortal na noite gélida. Kael estava levemente agachado, seu corpo inclinado para frente. Com os punhos cerrados à frente do corpo, ele reuniu forças, a fúria crescendo em seu interior como um vulcão prestes a entrar em erupção. Seus punhos se incendiaram em chamas de pura energia, prontos para receber o ataque iminente.

- Você tem um belo uniforme, General. Pena que não vai ser o suficiente pra te proteger de mim.

Gritou Kael, seus olhos faiscando em fúria, como se duas brasas estivessem acesas em seu rosto. A raiva o consumia por dentro, uma onda de calor que subia do estômago até a garganta, ameaçando explodir a qualquer momento. Seus músculos estavam tensos, cada fibra nervosa pulsando em antecipação pelo combate que se aproximava. Ele não era mais o garoto fraco e inseguro que Mouros um dia conheceu. Ele era Kael, o guerreiro, o futuro sucessor de Isgard, e ele estava pronto para a batalha. Um arrepio gélido subiu pela espinha do General, enquanto mantinha seu olhar fixo em Kael, e seu corpo estava tenso, pronto para o combate. Ele estava determinado a vencer.

- Não me faça rir... Eu sou Mouros Atrox, o General Demoníaco de Isgard. Você não tem a mínima chance contra mim. É patético como você se ilude com a ideia de que pode me vencer. Sua ousadia te custará caro, garotinho! Respondeu Mouros, com um tom de voz carregado de arrogância e prepotência.

Ele não se limitou a palavras, e sua expressão facial era de puro desprezo, como se Kael fosse um inseto insignificante. Seus ombros estavam rígidos, e seus punhos cerrados, demonstrando a fúria que o consumia por dentro. Então o general investiu como um touro enfurecido com sua espada, grunhindo ferozmente, em um rugido rouco que ecoou na clareira. A lâmina escura cortou o ar, buscando o corpo de Kael com precisão mortal. O General estava confiante em sua força e em sua armadura, mas sabia que Kael era um oponente perigoso e teria que dar tudo de si para vencê-lo, afinal o rapaz era filho do líder do reino.