Capítulo 7

O céu ainda estava envolto num azul escuro profundo, mas no horizonte começavam a surgir tons alaranjados e dourados, anunciando o nascer do sol. Eram cerca de cinco da manhã, e a cidade permanecia silenciosa. As ruas estavam quase desertas, com o som dos passos de Jin e Kenje ecoando entre as construções.

As luzes mágicas dos postes ainda permaneciam acesas, emitindo um brilho fraco e trêmulo, prestes a se apagar com a chegada da manhã. O vento carregava um leve frio de madrugada, e o ar úmido trazia o cheiro de terra molhada e pedra envelhecida.

Kenje: Jin, como foi que você conseguiu se soltar? Naquela hora, você estava muito bem amarrado.

Jin: Eu sou um assassino do Zick Dragon. Você realmente acha que eu não iria conseguir me soltar? Inclusive, você já trabalhou conosco; deveria saber que somos muito bons no que fazemos.

Kenje: Sim, sim. Eu sei, mas é que você estava amarrado com as duas mãos para trás, sentado numa cadeira. Não tinha como você pegar nada, e não havia nada nas suas mãos. Como você se soltou?

[Jin respira fundo, olhando para frente com expressão impassível.]

Jin: Eu tenho meus métodos. Me deixa em paz.

Kenje: Ok, se não quiser falar, não fala. Mas que tem algo de errado aí, tem... Por acaso, você tem uma magia divergente?

Jin: Por que você acha isso?

Kenje: Porque você simplesmente conseguiu se soltar com muita facilidade. Isso só pode ser magia divergente, não?

Jin: Olha, pensa o que você quiser. Eu não tô nem aí. Mas para de falar isso alto na rua... vai que alguém acredita.

Kenje: Tá, foi mal.

Jin: Mas só por curiosidade... que magia divergente eu poderia usar para me desamarrar?

Kenje: Isso é complicado de responder. Magias divergentes não têm elemento, então pode ser qualquer coisa.

Jin: Então usa só as que você sabe que existem.

Kenje: Segundo os avisos do senhor feudal, até agora as pessoas divergentes que ele pegou tinham magia de criação, telecinese, envenenamento... Só lembro dessas. Vou ter que ver os avisos depois.

Jin: Então, com essas informações que você tem agora, qual dessas magias você usaria para se soltar?

Kenje: Não sei... talvez telecinese. Aí você poderia desamarrar a corda.

Jin: Eu acho que não seria tão fácil. Ouvi dizer que magos divergentes, por não serem elementares, têm dificuldade maior pra controlar seus poderes. Precisam de concentração absurda.

Kenje: E como é que você sabe disso?

Jin: Um ex-assassino do senhor Dragon. Ele era um divergente. Me explicou algumas coisas... mas, pra ser honesto, eu entendi quase nada. É tudo muito confuso.

Kenje: Qual era a magia divergente dele?

Jin: Ele conseguia teletransportar qualquer coisa que estivesse no campo de visão dele. Mas o objeto só podia ser movido para outro ponto dentro desse mesmo campo de visão.

Kenje: Então quer dizer que ele só conseguia mover uma coisa de um lado pro outro... desde que visse os dois pontos?

Jin: Sim. E, por mais limitado que pareça, era bem útil.

Kenje: Ok... quem sou eu pra questionar, né?

[Conforme continuam andando, o céu clareia cada vez mais. O silêncio da cidade começa a ser quebrado por cantos de pássaros e barulhos distantes de comércio se preparando para abrir.]

[Jin e Kenje chegam até uma casa humilde, de aparência envelhecida. A pintura está desgastada, e o telhado parece inclinado de um lado. A casa aparenta estar abandonada, mas assim que se aproximam, a porta se abre ligeiramente.]

Informante: Estavam demorando.