Lanternas no Céu

Capítulo 8 — Lanternas no Céu

A manhã chegou suave em Lorien, banhando as ruas com uma luz dourada que fazia as folhas das videiras brilharem como pequenas joias. O ar tinha um cheiro doce de flores e terra molhada, e uma calma doce parecia envolver a cidade, como se todos estivessem esperando algo importante acontecer.

Elise acordou com o coração leve, mas inquieto. Era o dia do Festival das Lanternas, a celebração mais encantadora de Lorien — uma noite dedicada ao amor e aos desejos guardados no silêncio da alma. Diziam que as lanternas, ao subir aos céus, carregavam promessas sinceras. E nesta noite, promessas seriam feitas.

Durante o dia, a cidade era um retrato de encantamento. Crianças corriam com pequenas lanternas de papel nas mãos, os moradores decoravam janelas e postes com fitas e velas. As árvores estavam enfeitadas com flores vermelhas e douradas, e os aromas de frutas caramelizadas e pão de especiarias preenchiam o ar.

Elise ajudou a senhora Maribel a pendurar lanternas na praça principal. Sorriu com os vizinhos, riu das brincadeiras, mas por dentro, contava as horas. Ela sabia que encontraria Adrian ao cair da noite. E sabia também, com a certeza de quem já não quer se enganar, que era ele quem ela escolheria.

Ao entardecer, em seu quarto, ela se olhou no espelho. Vestiu um vestido cor de vinho, com bordados delicados que pareciam pequenas constelações. Prendeu o cabelo em um coque solto, deixando algumas mechas caírem. Estava deslumbrante — mas sem exagero. Sua beleza vinha, principalmente, da luz que seus olhos carregavam: a certeza de um sentimento verdadeiro.

A noite caiu como um véu de veludo escuro, pontilhado de estrelas. As ruas de Lorien se iluminaram com centenas de lanternas douradas, penduradas entre as casas, nas pontes, nos galhos. A música suave tocava em cada esquina, e o riso dos apaixonados preenchia o ar como poesia.

Adrian a esperava à beira do lago, vestindo roupas simples, mas com o olhar mais bonito que ela já havia visto. Ele não disse nada quando a viu — porque às vezes, o silêncio carrega tudo que as palavras não alcançam.

Ela se aproximou com passos calmos, e os dois embarcaram juntos num pequeno barquinho decorado com pétalas e lanternas. A água refletia as luzes ao redor como um espelho encantado. Tudo ali parecia tirado de um sonho.

Eles remaram em silêncio até o centro do lago. Lá, Elise pegou a lanterna que havia preparado. Segundo a tradição, cada casal devia fazer um pedido silencioso antes de soltar a sua. Ela fechou os olhos. Adrian também.

Ambos pediram um ao outro — embora já soubessem que estavam exatamente onde queriam estar.

A lanterna subiu com suavidade, flutuando como uma estrela nascida da água, iluminando seus rostos com um brilho morno.

E então, Adrian segurou as mãos dela.

— Elise… eu te escolheria em qualquer vida. Em qualquer lugar. Em qualquer céu.

Ela sorriu, sentindo os olhos arderem com emoção.

— Você aceita namorar comigo? — ele sussurrou.

Ela nem hesitou.

— Sim. Mil vezes sim.

E enquanto eles se beijavam sob as lanternas que subiam aos céus, Noah, num barco próximo, observava. Ele havia chegado tarde demais. Seu peito apertava com a dor muda de quem entende que perdeu algo que nunca teve de verdade. Mas mesmo assim, ficou ali, até a lanterna deles sumir no céu.

A música do festival continuava distante, como uma melodia antiga contada ao vento.

Mas havia algo mais naquela noite.

No lago, sob as águas calmas, um brilho estranho apareceu por um instante — como se algo dormisse nas profundezas, esperando ser acordado.

E enquanto Elise se deitava no ombro de Adrian, sem perceber a sombra discreta além da margem, o céu inteiro se enchia de promessas luminosas, e o destino sussurrava, em silêncio:

O amor havia sido escolhido… mas os mistérios de Lorien estavam só começando.