Capítulo 12 - Primeiro Passo no Campo de Treinamento.

Enquanto orientava um grupo de cavaleiros, corrigindo posturas e técnicas com a precisão de quem viveu em incontáveis campos de batalha, Garron Vauren sentiu uma presença se aproximando.

Seus sentidos treinados captaram o leve deslocamento de ar antes mesmo de qualquer som de passos. Instintivamente, virou a cabeça e logo reconheceu a figura que se aproximava.

Uma mulher de beleza elegante e imponente caminhava com firmeza. Seus cabelos azul-escuros esvoaçavam ao sabor da brisa, e os olhos, frios como gelo, mantinham uma expressão impassível. Seus trajes simples de criada não conseguiam ocultar o ar de autoridade e a aura intimidadora que naturalmente emanava de sua postura. Era Caelenna.

Interrompendo momentaneamente o treino, Garron passou as instruções finais aos guerreiros, e então caminhou até ela com uma postura respeitosa.

— Senhorita Caelenna, devo a honra da sua presença aqui? perguntou com um leve sorriso, mantendo o tom cordial.

Garron era um dos poucos na mansão que conheciam a verdadeira identidade de Caelenna. Sabia que, por trás da fachada de empregada, havia uma guerreira de nível extraordinário.

Seus feitos passados eram envoltos em segredos, mas ele tinha certeza de que ela não pertencia àquele lugar… ou talvez pertencesse mais do que todos ali poderiam imaginar.

Por isso, tratava-a como se estivesse diante de uma comandante veterana, não uma simples criada.

Caelenna assentiu com leveza e respondeu, direta como sempre:

— Não vim por mim. É o jovem mestre Dário quem deseja vê-lo.

As palavras ecoaram no ar, e o silêncio que se seguiu parecia conter um certo peso. Garron piscou, confuso.

— Dário? repetiu, franzindo o cenho, como se duvidasse de seus próprios ouvidos.

O jovem mestre da família Vauren nunca havia sequer pisado no campo de treinamento. Mesmo sem aptidão para cultivar, o treinamento físico era essencial para qualquer membro da nobreza. No entanto, Dário sempre preferira festas, intrigas e escândalos a qualquer esforço real. Que ele, logo ele, estivesse vindo ao campo... soava como uma piada mal contada.

Antes que pudesse questionar mais, Caelenna virou-se e apontou com o queixo para trás.

— Veja com seus próprios olhos.

Garron acompanhou o gesto e logo viu duas figuras se aproximando. A primeira, ele reconheceu como Minna, a tímida serva que raramente saía da mansão. A segunda, no entanto, fez seus olhos se arregalarem sutilmente.

Um jovem de aparência nobre caminhava com passos firmes. Os cabelos verde-escuros, levemente desgrenhados pelo vento, conferiam-lhe um ar selvagem e misterioso. Seus olhos, de um roxo profundo, pareciam conter segredos antigos e uma determinação que Garron jamais vira naquele rosto. A pele era pálida, mas não doentia havia nela uma marca silenciosa de noites em claro e pensamentos pesados demais para alguém de sua idade.

— Então é verdade… murmurou Garron, quase sem perceber.

Dário aproximou-se com um sorriso discreto. Não era arrogante nem forçado. Era contido, sereno… quase calculado.

— Mestre Garro... Não. Irmão Garron disse Dário, com naturalidade.

— Já faz um tempo, não é?

A voz soou firme, com uma pitada de nostalgia. Garron o observou em silêncio por alguns segundos. Aquele definitivamente não era o mesmo Dário.

— Realmente faz. Achei que tivesse esquecido onde era o portão do campo de treinamento, respondeu com leveza, cruzando os braços.

O tom era brincalhão, mas o olhar de Garron estava atento, quase em alerta.

Dário apenas sorriu, ignorando a provocação.

— Suponho que tenho muito o que recuperar. A vida de um jovem mestre mimado... parece menos atraente agora.

Ao dizer isso ele, olha para Garron e usa Seus olhos do vilão Supremo para ver o perfil de Garron.

⟨Perfil do Alvo⟩

» Nome: Garron Vauren | Garron

Tharek

» Afiliação: Instrutor do Esquadrão dos Assassinos Sagrados.

» Reino: Grande Mestre - 8° nível

» Corpo Especial: Físico do Guerreiro de ferro Áureal.

» Sorte: 450

• Descrição: Esse físico especial concede força e resistência sobre-humanas. Ao ativar aumenta 2x a vitalidade e a energia Áurea por um curto período de tempo.

Depois de ler essas informações rapidamente, Dário sem a menor mudança de expressão.

Seus olhos percorreram o campo.

— Este lugar sempre esteve aqui… e eu o ignorei. Estúpido, não?

Garron estreitou os olhos. Aquela frase, dita daquele jeito, era algo que o velho Dário jamais seria capaz de pronunciar. Pensou em pressioná-lo, mas decidiu observar. Seja quem fosse esse novo Dário… ele merecia atenção.

— O campo está aberto. Mas aviso logo: não vamos pegar leve só porque é o jovem mestre.

— É exatamente por isso que estou aqui respondeu Dário, firme.

— Não quero tratamento especial. Preciso saber o que meu corpo consegue fazer… e até onde posso levá-lo.

Garron assentiu lentamente, então sinalizou para um dos soldados, que trouxe um bastão de madeira polida, usado em treinamentos básicos.

— Vamos começar com o essencial. Postura, equilíbrio, controle de respiração. Quero ver se deus ossos ainda funcionam ou se viraram porcelana.

Dário pegou o bastão com ambas as mãos. O toque firme e o peso leve despertaram ecos antigos em sua memória não apenas desta vida, mas da anterior.

Em sua vida passada, ele havia treinado esgrima em sua juventude, mais por capricho nobre do que vocação. Seu foco real, porém, era nas artes marciais: boxe, jiu-jitsu e kung fu. Aprendia para se defender. Para sobreviver.

Respirou fundo e assumiu a postura que lembrava dos livros.

Pernas afastadas, centro de gravidade baixo, olhar adiante. Um início.

Garron o observava. A postura estava longe da perfeição, mas não era a de um amador. Não havia arrogância nos movimentos apenas concentração.

Ele estudou… ou treinou em segredo? Pensou Garron.

— Muito bem disse Garron. — Ataque-me.

Dário hesitou por um instante, então avançou. O bastão cortou o ar com força surpreendente, mas Garron aparou o golpe com facilidade quase insultuosa.

— Força sem precisão é desperdício. Controle seu centro.

Garron o instruiu com firmeza.

Dário assentiu e tentou novamente. E de novo. Por várias vezes, Garron bloqueava, desviava, corrigia. Mas, a cada nova tentativa, o jovem se ajustava. Aprendia.

Minna observava à distância, incrédula. Nunca vira Dário suar tanto sem reclamar. Caelenna, por outro lado, mantinha o olhar frio e impassível mas, por dentro, talvez… uma fagulha de respeito começasse a brilhar.

Quase uma hora se passou. Quando Garron finalmente baixou o bastão, deu dois passos para trás, respirando fundo.

— Nada mal, Dário. Você ainda não é um guerreiro… mas é como se tivesse renascido com outra alma.

Dário sorriu, com leveza e ironia.

— Quem sabe?

Garron soltou uma risada áspera, quase nostálgica.

— Amanhã, mesma hora. E traga essa determinação com você. Eu vou arrancar todo o luxo do seu corpo até sobrar apenas aço.

Dário assentiu, e seus olhos brilharam.

— É isso que eu quero.

E, ao dizer isso, sabia que dava o primeiro passo em direção ao futuro que planejava. Um futuro onde deixaria de ser apenas um herdeiro mimado... e se tornaria um verdadeiro jogador neste mundo cruel.