Capítulo 39 - O Jardim da Devoração.

No interior do labirinto, Dário avançava com cautela. O ambiente era denso, repleto de plantas exóticas, árvores retorcidas e galhos que pareciam se mover com vontade própria. Havia um ar etéreo ali, como se tudo respirasse em um ritmo distinto do mundo exterior.

Ele retirou o fragmento do mapa recebido do Ego de Vel’Ryn, mas logo franziu o cenho. Sem o restante, aquilo era inútil. Não havia direção clara, e cada trilha parecia girar sobre si mesma em espirais de ilusão natural.

Suspirando, ativou os Passos do Eclipse, movendo-se com agilidade pelos corredores vivos do labirinto. A cada dia, seu domínio sobre as habilidades crescia. Após alguns minutos, encontrou um pequeno jardim envolto em névoa, com um lago sereno no centro.

— Acho que vou esperar um pouco por aqui... Não vi ninguém até agora, e não faço ideia de como estão Minna e Íris — murmurou, caminhando até a margem.

Ao se aproximar, a terra junto à borda se agitou. Galhos e raízes emergiram de repente, enrolando-se em torno de seus tornozelos. Do fundo do lago, uma planta colossal ergueu-se, seus cipós vibrando com energia predatória.

Dário tentou invocar a Energia Áurea para se libertar, mas os tentáculos vegetais o prendiam com força incomum. Seus olhos brilharam com um estalo sombrio. Ativou brevemente o Corpo Especial, canalizando Energia das Trevas, que corroeu os galhos com uma aura densa e negra. Saltou para trás, livre.

— Que droga... Hahaha! Bem, não devia esperar menos... afinal, eu tenho -900 de sorte.

Mal terminou a frase e novos cipós foram lançados contra ele. Dário recorreu outra vez aos Passos do Eclipse, desviando por um triz. Canalizou Energia Áurea nas mãos e avançou pelos flancos, desferindo golpes rápidos.

— Punhos Solar Vauren!

Os ataques cortaram os cipós com precisão, abrindo espaço. Ele recuou, mantendo distância segura e analisando o inimigo. A planta gigante parecia consciente brincava com sua presa antes de devorá-la.

Então, liberou uma nova habilidade: um pólen esverdeado e denso se espalhou pelo ar, corroendo tudo que tocava. Dário cobriu o corpo com uma camada de Energia Áurea, evitando contato direto. Mas os cipós da criatura moviam-se com liberdade dentro do pólen, como se fossem imunes à corrosão.

— Droga... essa coisa está combinando habilidades. Isso vai ser complicado...

Sem espaço para manobras, com a criatura o encurralando lentamente, Dário cerrou os punhos. Seus olhos brilharam, entrelaçando luz e trevas.

— Já que você quer brincar... então vamos brincar. Dário deu um leve sorriso após dizer isso.

Ele ativou sua habilidade de domínio:

— Crepúsculo Eterno!

Uma aura colossal se expandiu. Luz e trevas tomaram o campo de batalha. O céu acima dividiu-se em duas metades uma solar, a outra noturna. O pólen foi imediatamente corroído e dispersado pelas forças opostas.

Dário sentiu-se leve, repleto de vigor. Era a primeira vez que utilizava essa habilidade em combate real. O Crepúsculo Eterno fortalecia suas técnicas e aliados próximos, enquanto enfraquecia que as habilidades dos inimigos e corroía parte de suas energias.

Ainda assim, ele sabia: sua compreensão da técnica era incompleta. Era poderosa, mas instável.

Avançou com os Passos do Eclipse, cortando os cipós enfraquecidos. A planta reagiu, liberando mais pólen e tentando contê-lo. Mas a fusão entre mobilidade e domínio era superior: Dário se aproximou do núcleo da criatura.

Canalizando os Punhos Solar Vauren, preparou o golpe final. Porém, a planta revelou uma habilidade oculta: atacou diretamente o espírito de Dário. Seu corpo congelou no ar, paralisado.

Um cipó ergueu-se, pronto para esmagá-lo.

Mas Dário reuniu o pouco controle que restava e murmurou:

— Equilíbrio Absoluto...

A técnica dispersou a influência espiritual, permitindo-lhe voltar a se mover. Com um giro ágil, desviou do ataque e contra-atacou com tudo o que tinha.

— Punhos Solar Vauren!

O impacto foi devastador. A cabeça da planta explodiu em fragmentos verdes e energia corrompida. O corpo tremeu, os cipós murcharam e o lago voltou à calmaria.

Dário respirou fundo, suado e exausto, mas vitorioso.

— Acho que passei da parte de ser azarado...

O silêncio que se seguiu era quase sobrenatural. As folhas cessaram seus sussurros, e até o vento pareceu respeitar o momento. O Crepúsculo Eterno dissipou-se, e o céu do labirinto retornou ao seu estado opressivo, mas vivo.

Então, a voz metálica e familiar ecoou em sua mente:

> Ding.

[Parabéns ao anfitrião por interceptar a oportunidade do Filho do Céu.]

[Inimigo especial eliminado: Guardião do Jardim Abissal]

Recompensas:

• +3000 Pontos de Vilão

• +250 de Sorte

• 2x Fichas Gacha

• 1x Semente Corrompida

Dário caiu de joelhos, o corpo em agonia, os músculos em chamas... mas o sorriso continuava.

— Então foi isso que eu ganhei? Nada mal... — murmurou. E essa “Semente Corrompida”? Nome acolhedor.

O sistema respondeu imediatamente:

> Item – Semente Corrompida:

Uma semente viva, originária da Planta Abissal derrotada.

Pode ser cultivada em ambiente especial para gerar uma criatura aliada, um guardião espiritual, ou absorvida para um avanço raro na afinidade com a natureza corrompida.

Aviso: usar essa semente afetará o alinhamento espiritual de forma irreversível.

> Ding.

[Missão Secundária: Ascensão do Vilão em Solo Inesperado]

> Objetivos:

→ Explore a Região Sagrada Vel’Ryn

→ Roube as oportunidades do Filho do Céu

→ Destrua os Planos Ocultos do Filho do Céu

> Objetivo Atualizado:

✓ Explorar a Região Sagrada Vel’Ryn (Concluído)

> [Deseja receber a recompensa ou acumular até a finalização dos demais objetivos?]

Dário ergueu uma sobrancelha.

— "Explorar" significava sobreviver ao lugar, não fazer turismo... faz sentido, afinal temos apenas sete dias... Disse, limpando o suor da testa com as costas da mão. — Deixe acumular. Quero o banquete completo no fim.

> Ding.

[Entendido. As recompensas serão concedidas após a conclusão ou falha dos objetivos.]

Dário observou a semente entre os dedos, sentindo seu calor pulsante e a estranha vibração corrompida. Refletiu por um momento.

Ter um aliado poderia ser útil… mas a ideia de absorver a semente era tentadora.

— Azar é só um detalhe. Disse em tom leve, como quem ri da própria má reputação. — Basta esmagar tudo que se põe no caminho. A sorte, no fim, sempre se curva à força.

Com um sorriso carregado de veneno e ambição, guardou a semente no anel dimensional.

O jardim à sua volta jazia em ruínas. Galhos partidos, água escura escorrendo lentamente, o ar ainda impregnado pelo pólen da batalha. Dário encarou a destruição como quem aprecia uma pintura finalizada.

Estava pronto para o próximo movimento.

Antes de partir, sentou-se por alguns minutos, cruzando as pernas. Começou a circular lentamente a Energia Áurea pelo corpo, equilibrando as partes afetadas pela técnica espiritual da planta. Ainda não dominava completamente seu Corpo, mas estava próximo.

Levantou-se, renovado.

— Hora de continuar.

E com os olhos fixos nas trilhas do labirinto, Dário seguiu adiante, rumo ao desconhecido.