No dia seguinte, Harin voltou à escola com seu brilho habitual. O abatimento da noite anterior parecia ter desaparecido, substituído por sua postura confiante e animada. Seu humor estava renovado e, ao entrar na sala, ela depositou um suco sobre a mesa de Daehyn sem dizer nada. A garota chamou os olhos, arqueando uma sobrancelha.
— Você não precisa fazer isso — disse Daehyn, olhando para o suco com desconfiança.
— Claro que preciso — Harin cruzou os braços e inclinou a cabeça de lado, um pequeno sorriso de desafio nos lábios. — Eu não sou mal-agradecida e também não quero nada dever a você.
Daehyn soltou um suspiro, pegando o suco e girando-o na mão antes de encará-la.
— Você era como se um simples suco fosse um grande favor. Eu só deixei aquele na sua mesa porque você estava com uma cara péssima. Não precisa devolver a gentileza.
— Ah, então você admite que se preocupou comigo? — Harin apoiou-se na mesa dela, os olhos brilhando com diversão.
— Não distorça as coisas — Daehyn revirou os olhos e abriu uma garrafa de suco, bebendo um gole como se estivesse provando para Harin que não se importava.
— Sabe, eu acho que você gosta de implicar comigo só para ter assunto — Harin continuou, observando Daehyn com curiosidade. — Ou talvez... seja o seu jeito estranho de demonstrar interesse.
Daehyn quase engasgou com o suco, mexendo levemente antes de lançar um olhar incrédulo para ela.
— Interesse? Em você? Só porque você é famoso e todo mundo te idolatra, acha que eu também faço parte desse grupo?
Harin riu baixinho, balançando a cabeça.
— Eu não disse isso. Mas você sempre me dá atenção. Mesmo que seja para mim tratar mal — ela piscou de maneira provocativa.
Daehyn abriu os lábios, claramente sem paciência.
— Você fala demais. Eu prefiro quando está aquecido recebendo presentes de seus fãs e me deixando em paz.
— Mas aí eu não teria minhas manhãs divertidas — Harin rebateu, pegando seu próprio suco e bebendo um gole. O calor da provocação entre elas faz algo estranho se agitar dentro dela. Por que essa dinâmica com Daehyn parecia o ponto alto de seus dias?
O sinal tocou, interrompendo uma troca de farpas. Ambas se endireitaram, voltando-se para a frente da sala. Mas Harin ainda sorria de canto, enquanto Daehyn revirava os olhos, sem perceber que uma leve cor avermelhada cirúrgica em seu rosto.
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O som dos passos ecoou pela ampla sala de estar quando Woobin adentrou a casa de Harin com uma expressão fechada. Seu semblante denunciava que algum fato o incomodava profundamente. Harin, que estava organizando algumas roupas recém-chegadas de Paris, gritou os olhos e notou de imediato o ar carregado que seu empresário carregava.
— A sua mãe designada para você? — Woobin perguntou.
Harin soltou um suspiro pesado, Woobin tirou o paletó e jogou sobre uma das poltronas.
— Ela o fez. Não me diga que ela ligou para você também? — ela questionou, massageando as têmporas como se tentasse aliviar uma dor de cabeça iminente.
— Sim, e ela não foi exatamente educada. Ela acha que a culpa é minha por você ter vindo embora — revirou os olhos, exasperado. — Como se você não tivesse uma mente própria para tomar suas próprias decisões.
Woobin suspirou, a mãe de Harin já estava querendo arrumar problemas outra vez.
— Ela me ameaçou, sabia? Disse que eu estava te manipulando para ficar em Seul e abandonar sua carreira internacional. Que eu era um péssimo empresário e que estava arruinando seu futuro.
Harin soltou uma risada irônica, balançando a cabeça.
— Ela não tem jeito. O melhor que pode fazer é ficar onde está e me deixar em paz. Mas sabemos que ela não fará isso tão facilmente.
— Exato. Ela não vai desistir tão fácil. Mas não se preocupe, eu sei lidar com esse tipo de pressão.
Harin apoiou o queixo na mão, pensativa.
— Obrigada, Woobin. Sério. Eu sei que não é fácil lidar com minha mãe. Ela sempre quer estar no controle de tudo.
— Eu já esperava isso quando aceitei ser seu empresário — ele brincou, dando um sorriso cansado. — Mas falando em negócios, há outra coisa que preciso discutir com você.
Ele pegou uma cadeira e sentou-se de frente para ela, assumindo uma postura mais profissional.
— A escola preparatória Mirae entrou em contato comigo. Eles querem marcar uma reunião para conversar sobre a possibilidade de você se tornar a garota-propaganda deles.
Harin piscou, surpresa.
— Sério? Mas eu estive lá ontem para fazer minha matrícula.
— Exatamente. Isso deve ter chamado a atenção deles. Você é um rosto conhecido internacionalmente e, para eles, seria uma jogada de marketing incrível ter você como representante da escola.
Harin inclinou-se para frente, refletindo.
— Parece uma boa ideia... Mas estamos sem um advogado de confiança para nos ajudar na leitura dos contratos. Você pode arrumar um?
Woobin convidou de canto e suspendeu um cartão de sua carteira, estendendo-o para ela.
— Já fiz isso. Aqui está. Esse escritório é um dos melhores da Coreia. Ele pertence a um conglomerado familiar e tem uma excelência impecável. Marquei uma visita para mais tarde.
Harin pegou o cartão e analisou as informações impressas nele. A sensação de estar construindo sua vida em Seul aos poucos dava um novo ânimo.
— Parece promissor. Quero fazer tudo da maneira certa desta vez.
Woobin concordou, satisfeito.
— É assim que se fala. Vamos garantir que tudo esteja a seu favor, Harin. Sem interferência.
Harin falou, determinado. O futuro estava em suas mãos, e dessa vez, ninguém a impediria de seguir o caminho que queria.