você está me perseguindo

Daehyn caminhava entre as pessoas, completamente alheia, perdida em pensamentos. Antes de entrar no escritório da sua família, avistou Harin sair junto de um homem alto; eles conversavam entre si. Com um impulso quase involuntário, ela se escondeu atrás de um pilar para não ser vista. Sua curiosidade cresceu ao observá-los entrarem no carro de luxo que sempre acompanhava Harin.

"Será que essa garota está me perseguindo?", pensou, sentindo um incômodo estranho se espalhar pelo peito.

Suspirando pesadamente, Daehyn adentrou o escritório da sua mãe, carregando um turbilhão de perguntas.

— O que aquela garota estava fazendo aqui? — perguntou de forma direta, cruzando os braços.

Sua mãe levantou o olhar, interrompendo a leitura de alguns documentos.

— Você se refere à senhorita Joo Ha-rin? Aquela modelo famosa? Ela estava à procura de advogados, então veio para uma reunião — respondeu com um tom calmo, mas claramente satisfeito.

Daehyn franziu o cenho, incomodada com o entusiasmo da mãe.

— E então?

— Fechamos negócio. Eu irei representá-la de agora em diante — anunciou com um sorriso discreto, voltando sua atenção para os papéis à sua frente.

Daehyn se jogou no sofá, exasperada. Aquilo só podia ser brincadeira. Parecia que Harin estava em todos os lugares que ela frequentava, e agora até seus pais estavam envolvidos com ela? Isso a irritava mais do que gostaria de admitir.

Por que Harin precisava estar por toda parte? Primeiro, invadindo sua escola com toda a atenção indesejada, depois cruzando seu caminho na Mirae, e agora firmando negócios com sua própria família? Sentia como se estivesse sendo encurralada. Mas o que mais mexia era a sensação incômoda que crescia dentro dela.

Ela não podia negar que Harin a intrigava. Aquela garota, com sua luz intensa, seu brilho natural e o jeito despreocupado de lidar com tudo. Era impossível ignorá-la. E, por mais que tentasse se convencer do contrário, Daehyn sabia que, no fundo, a presença de Harin começava a despertar algo nela.

Revirando os olhos, decidiu ignorar esse pensamento. Não queria perder tempo tentando entender aquela garota. E, acima de tudo, não queria admitir que talvez já estivesse pensando demais nela.

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Nos dias que se seguiram, Harin fechou a parceria para ser a garota-propaganda da escola Mirae. O ensaio fotográfico já tinha sido feito, e as fotos ficaram excelentes. Em breve, seriam colocadas em outdoors pela cidade, tornando Harin ainda mais visível nos holofotes. Seu empresário, Woobin, estava preocupado com o impacto disso em seu bem-estar.

— Você não acha melhor contratar um professor particular para te dar aulas em casa? — perguntou Woobin, cauteloso.

— Por que eu faria isso? — Harin arqueou uma sobrancelha.

— Depois que as fotos da campanha saírem, vai ser impossível para você continuar frequentando aquela escola. Eles ainda não descobriram diretamente que você faz aulas preparatórias lá, mas é questão de tempo. Você não vê a multidão que precisa enfrentar todos os dias para entrar na academia Seonhwa?

Harin revirou os olhos.

— Woobin, eu não me mudei de Paris para viver trancafiada em casa. Vim justamente para ter a experiência de ser uma estudante do ensino médio comum. Conhecer gente nova, fazer amigos... Eu já moro sozinha, e você ainda quer que eu me isole ainda mais? Não faz sentido.

Woobin suspirou, prevendo o problema.

— Eu só estou pensando no seu bem-estar. Você não vai conseguir lidar com o assédio por muito tempo.

— Não se preocupe. Eu posso lidar com isso. Afinal, essa sempre foi a minha vida. Você só precisa contratar pelo menos mais um segurança. O motorista não vai dar conta sozinho.

Woobin assentiu. Ele já estava considerando essa possibilidade, pois previa o caos que a vida de sua pupila iria se tornar. Diferente da mãe de Harin, ele realmente respeitava suas vontades. Se ela queria ser uma adolescente normal — mesmo não sendo —, ele faria o possível para facilitar sua vida.

Durante os anos que passou ao lado de mãe e filha em Paris, Woobin testemunhou de perto o controle emocional que Miran exercia sobre a filha e como foi difícil para a garota se libertar disso. O relacionamento entre as duas era um verdadeiro tsunami, e ele temia pelo dia em que a mãe de Harin decidisse procurá-la novamente.

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A manhã na academia Seonhwa estava turbulenta. A aula de educação física era uma das mais esperadas pelas alunas, pois sempre trazia atividades desafiadoras e dinâmicas. O professor, conhecido por sua criatividade, anunciou a atividade do dia: um circuito de resistência e força em duplas.

— Hoje vocês vão trabalhar em pares e testar a sua coordenação e resistência — explicou ele, percorrendo a turma com os olhos. — Cada dupla terá que completar uma série de exercícios em sincronia.

A turma rapidamente se organizou, mas Daehyn e Harin, que ainda evitavam qualquer tipo de interação, não tiveram escolha. O professor não deu tempo para protestos, apenas entregou as instruções e seguiu adiante.

O primeiro desafio exigia que uma segurasse a outra enquanto faziam abdominais. Sentadas frente a frente no tapete do ginásio, elas se encararam em silêncio antes de começarem. O contato físico era inevitável; Harin segurava os tornozelos de Daehyn com firmeza, sentindo o calor da pele da outra em suas mãos. Fazer exercícios era rotineiro para Harin, ela tinha o dever de manter a boa forma. Mas essa não era a mesma realidade de Daehyn.

— Não vá desistir no meio, Daehyn — provocou Harin, tentando aliviar a tensão. A garota fazia os exercícios com certa dificuldade.

— Isso vale para você também, Joo Harin — retrucou Daehyn com um sorriso desafiador.

O exercício exigia que ambas subissem e descessem ao mesmo tempo. No começo, tentavam ignorar a proximidade, mas conforme o ritmo acelerava e seus rostos se aproximavam a cada repetição, a tensão se tornava palpável. Os olhares se encontravam rapidamente antes que ambas desviassem, fingindo foco total na atividade.

Quando terminaram a série de abdominais, passaram para o próximo desafio: corrida sincronizada com elásticos presos aos tornozelos. A ideia era trabalhar a cooperação e o equilíbrio, mas, para Daehyn e Harin, significava mais uma desculpa para se aproximarem sem querer.

— Se você me fizer tropeçar, eu juro que te derrubo junto — murmurou Daehyn enquanto se posicionavam.

— Como se eu fosse cometer um erro desses — rebateu Harin, ajeitando o elástico.

O apito soou, e elas começaram a correr lado a lado. No início, foi difícil coordenar os passos, e quase caíram algumas vezes. Mas, com o tempo, encontraram um ritmo, e algo interessante aconteceu: começaram a rir. A situação era absurda, e pela primeira vez em dias, estavam interagindo de forma espontânea.

— Acho que finalmente conseguimos fazer algo juntas sem querer nos matar — brincou Harin, ofegante.

Daehyn abriu um pequeno sorriso, mas logo desviou o olhar. Ela ainda estava determinada a ignorar Harin.

Por fim, o último exercício era um jogo de queimada em duplas. Se uma fosse eliminada, a outra deveria protegê-la e tentar trazê-la de volta ao jogo. Durante a partida, Harin foi acertada primeiro e se retirou para a lateral, torcendo por Daehyn. Surpreendentemente, Daehyn jogava de maneira estratégica, desviando das bolas com agilidade e mirando com precisão.

Quando teve a chance, ela acertou um adversário e trouxe Harin de volta ao jogo. A modelo ficou momentaneamente surpresa, mas logo sorriu e voltou com tudo, defendendo Daehyn e derrubando adversários lado a lado com ela. O jogo terminou com as duas vencendo, arrancando aplausos dos colegas.

Quando o professor encerrou a aula, ambas estavam suadas e exaustas. Ainda assim, um sentimento diferente pairava entre elas. Uma faísca de civilidade.

Harin pegou sua garrafa de água e lançou um olhar de canto para Daehyn.

— Você jogou bem hoje — disse casualmente.

Daehyn secou o suor da testa e olhou de volta, mantendo a expressão neutra.

— Você também — respondeu, antes de se afastar para o vestiário, sem dar espaço para mais conversa.

Harin observou-a ir, mordendo o lábio. Aquela tensão entre elas continuava viva. E, no fundo, uma parte dela sabia que nunca realmente desapareceria.