encantada

Joo Harin nunca foi péssimo nos estudos, mas também nunca foi brilhante. Sua vida sempre girou em torno das passarelas, fotos, ensaios e viagens, e ela teve que se esforçar muito para acompanhar o ritmo da escola. E ela admite que sempre fora uma aluna mediana. Sabia que só tinha conseguido uma vaga na academia Seonhwa, a mais prestigiada da Coreia, por conta de sua fama.

Por isso, quando descobriu que as provas estavam se aproximando e que estava longe de dominar os conteúdos, engoliu o orgulho e pediu ajuda a Daehyn. Todos os dias ela ajudou seu compromisso nos estudos, Daehyn era realmente inteligente. Mesmo que ela estivesse fazendo aulas na escola Mirae, não era o suficiente. Ela precisa de uma abordagem mais realista do seu problema em sala.

No começo, Daehyn não pareceu muito interessado. Mas, ela lembrou das palavras da mãe, e isso a deixou mais maleável.

— Você tem certeza de que quer minha ajuda? — disse, levantando uma sobrancelha.

— Por que não?

— Ora, porque a gente não consegue passar dois minutos sem se alfinetar.

Harin revirou os olhos.

— Você quer me ajudar ou não?

— Querer, eu não quero. Mas não posso deixar você diminuir a pontuação da nossa turma com notas baixas.

Daehyn suspirou, e acabou concordando.

E foi assim que, naquela tarde, as duas se sentaram juntas na biblioteca da escola Mirae, com livros e cadernos espalhados pela mesa.

— Ok, vamos começar por matemática. — Daehyn disse, puxando um dos livros. — O que você tem mais dificuldade?

Harin fez uma careta.

— Se eu falar "tudo", você me mata?

Daehyn soltou um riso nasalado.

— Você não está fazendo aulas extras?

— Estou, mas são muitas informações para assimilar de uma vez. Fazia muito tempo que eu não estudava como uma pessoa comum.

— Bom, então vamos fazer o começo.

Ela começou a explicar os conceitos básicos de álgebra, desenhando gráficos e esquemas no caderno de Harin. Sua forma de falar era clara e objetiva, e Harin percebeu que nunca havia entendido tão bem aquelas fórmulas antes.

— Nossa... você realmente sabe explicar.

— Eu apenas organizei a informação de um jeito lógico.

— Não, sério. Você fala como se tudo fosse tão simples. Parece que sua mente funciona de um jeito diferente.

Daehyn desviou o olhar para Harin, um pouco surpresa com o tom de admiração na voz dela.

— É só prático. E eu gosto de aprender.

Harin apoiou o rosto na mão e inspirou Daehyn atentamente.

Havia uma coisa nela que a fascinava. Não era apenas a inteligência, mas a forma como seu olhar brilhava quando falava sobre algo que gostava. O jeito como suas sobrancelhas se arqueavam levemente quando ele estava equipado, e os óculos dançavam em seu rosto.

— Você é muito inteligente, sabia? — disse sem pensar.

Daehyn parou de escrever, erguendo os olhos para Harin.

— Eu só estudo bastante.

— Não, não é só isso. Tem algo em você. Você tem um brilho quando explica as coisas... é como se tudo no mundo feito sentido para você.

Daehyn sentiu as bochechas esquentarem levemente, ela ajeita os óculos um pouco desconcertada.

— Acho que você está delirando depois de tanto estudar. — Tentei desconversar.

Harin riu, mas não tire os olhos dela.

Aquela tarde acabou sendo mais produtiva do que esperavam. Com a paciência e a explicação de Daehyn, Harin conseguiu entender boa parte do conteúdo, e, no final, até ela mesma ficou surpresa com seu progresso.

Mas, mais do que isso, ver que aprender com Daehyn era uma experiência boa. E, estranhamente, ela não estava sendo hostil com ela naquele dia. O que foi um grande avanço.

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O ar da noite estava fresco quando Harin e Daehyn deixaram a biblioteca. Caminhavam lado a lado, em silêncio, ainda absorvendo as horas de estudo. Para Harin, aquela noite foi surpreendentemente produtiva. Daehyn tinha uma maneira de explicar as coisas que faziam tudo parecer mais simples, e Harin, que sempre teve dificuldade em se concentrar nos estudos, conseguiu entender conceitos que antes eram impossíveis.

O celular de Harin vibrou em seu bolso. Ao pegá-lo, viu o nome de Riyeon na tela. Suspirou antes de atender.

— Alô? — disse, levando o telefone ao ouvido.

— Ei, queria saber se você precisa de ajuda com os materiais. Percebi que estava meio perdido esses dias — a voz de Riyeon soou casual do outro lado da linha.

Daehyn olhou rapidamente para Harin ao ouvir isso, mas não disse nada. Continuou caminhando com as mãos nos bolsos, mantendo seu olhar fixo à frente.

— Ah... não precisa — respondeu Harin, tentando manter a voz neutra. — Daehyn me ajudou bastante hoje.

Do outro lado da linha, Riyeon ficou em silêncio antes de soltar uma risada maliciosa. Harin conseguiu ouvir a voz de Anya ao fundo.

— Ah, entendi. Então a Daehyn te ajudou bastante, hein? — sua voz carregava insinuações claras.

— Para com isso — resmungou Harin, sentindo o rosto esquentar.

— Você está com uma voz estranha, Harin. Algo aconteceu além do estudo? Vocês ficaram depois da aula... sozinhas... por horas... — Riyeon prolongou as palavras, divertindo-se com a situação.

Harin se sentindo um nervoso súbito. Riu de leve, mas seu olhar passou de relance por Daehyn, que parecia imersa nos próprios pensamentos. Riyeon tinha uma mania de provocá-la sutilmente.

— Nada demais, Riyeon. Preciso desligar agora. — Sua voz saiu mais apressada do que queria, temendo que Daehyn ouvisse qualquer coisa comprometedora.

— Certo, certo, não vou te atrapalhar mais. Mas só para constar... Anya e eu já temos nossas apostas, viu? — Riyeon provocou uma última vez antes de Harin desligar.

Guardando o celular de volta no bolso, Harin soltou um suspiro discreto e olhou de canto de olho para Daehyn. Será que ela ouviu alguma coisa? Se sim, ela não demonstrava. O rosto da outra estava tranquilo, mas sua expressão impassível tornava difícil saber o que realmente estava pensando.

— Algo errado? — perguntou Daehyn, notando o olhar de Harin.

— Não... nada — Harin balançou a cabeça rapidamente, desviando o olhar para a rua à frente.

O silêncio voltou a reinar entre elas, mas dessa vez não era desconfortável. Pelo contrário, tinha um entendimento tácito que nem o mesmo Harin sabia explicar. Apenas caminhavam juntas, o vento noturno brincava com os fios soltos de seus cabelos, enquanto pensamentos silenciosos preenchiam o espaço entre elas.