Daehyn estava em casa arrumando sua estante de livros quando recebeu uma ligação de sua mãe:
— Preciso que você pegue uns documentos que esqueça no escritório e os traga para mim o mais rápido possível. Eles em cima da mesa estão em um envelope branco.
— Você não pode pedir para outra pessoa vir buscar? Estou ocupado aqui.
— Se tivesse como eu já teria pedido. Pare de reclamar e os traga.
Daehyn bufou impaciente. Ela iria ter que interromper suas ações.
— Estou aguardando. Não demore — digo isso, ela desliga.
Mesmo contragosto, ela foi até o escritório de casa e obteve esses documentos. Se trocou rapidamente e saiu em direção ao escritório da mãe. Cerca de vinte minutos depois, ela entrou no local, sua mãe estava na sala atendendo um cliente. Ela bateu na porta e pegou um:
— Entra.
Ao abrir a porta, ela dá de cara com Harin, que conversava com sua mãe.
— Mas será possível que em todo lugar você esteja, garota? Só pode ser perseguido.
Harin revira os olhos com um sorriso.
— Ué, vocês se conhecem? — pergunta a mãe dela.
— Somos colegas de classe — diz Harin.
— Somos conhecidos apenas.
— Você não consegue ser menos ranzinza nem com seus colegas de classe? — questiona sua mãe, a repreendendo. — Não ligue para a má educação da minha filha, ela é assim desde o berço. Pode apostar que só tem os genes do pai.
Harin soltou uma risada, Daehyn fechou a cara e entregou os documentos.
— Espero que sejam muito importantes para você sair de casa tão rápido.
— Claro que são. É uma amostra do contrato da senhorita Joo Harin. Eu saí tão apressado que acabei de esquecer.
— Se eu quiser, não teria trazido.
Sua mãe lhe lança outro olhar de repressão, ela não sabia que as duas gostavam de se alfinetar sempre que pudesse. Harin apenas ignorou.
Ao sair do escritório, Harin acompanhou, seguindo pelo corredor iluminado.
— Então, você realmente não consegue fugir de mim — disse Harin, provocando.
— Você que não me deixa em paz — retrucou Daehyn, cruzando os braços enquanto caminhavam para a saída do prédio.
— Bom, agora que já fez o favor para sua mãe, o que pretende fazer? — Harin disse, encostando-se à parede enquanto Daehyn chamava o elevador.
— Voltar para casa. Tenho coisas mais importantes para fazer.
— Como ficar trancada no quarto?
— E o que você tem com isso?
Harin falou de canto.
— Nada. Só acho que, depois do jantar da outra noite, você até que ficou mais sociável. Quem diria que eu, a grande estrela, conseguiria quebrar a muralha de gelo Daehyn?
Daehyn revirou os olhos.
— Ilusão sua.
O elevador chegou e elas entraram juntas. O silêncio entre elas durou alguns segundos antes de Harin falar novamente:
— Vamos comer alguma coisa antes de irmos para casa?
— Porquê? — Daehyn arqueou a sobrancelha.
— Porque estou com fome, e porque eu sei que você também está. E não adianta negar.
Daehyn suspirou, ponderando.
— Tá bom. Mas eu escolho o lugar.
— Tudo bem — disse Harin com um sorriso satisfeito.
As portas do elevador se abriram, e elas saíram juntas para a movimentada rua de Seul.
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A chuva caiu forte naquela noite, transformando as ruas em um cenário cintilante sob as luzes da cidade. Harin e Daehyn estavam terminando o jantar tranquilamente quando o gerente do restaurante se mudou com uma expressão preocupada.
— Senhorita Joo, seus fãs descobriram que você está aqui. Há uma multidão se formando na entrada.
Harin soltou um suspiro pesado. Ela deveria ter imaginado que uma história simples no Instagram traria esse tipo de atenção. Daehyn arqueou uma sobrancelha.
— De novo? Você realmente não consegue jantar em paz?
Harin falou de canto, mas sua preocupação era real. O gerente sugeriu uma saída estratégica.
— Podem usar a porta dos fundos. O carro da senhorita já está dando a volta.
Sem outra opção, Harin concorda, e Daehyn a batida. As duas foram guiadas pelo corredor de serviço até a porta traseira do restaurante. Assim que saímos, foram surpreendidas pelo vento gelado e pela chuva intensa que caía sem trégua.
— Mas que inferno — resmungou Daehyn, puxando o capuz do casaco para cobrir a cabeça.
Harin soltou uma risada divertida, suas mãos segurando os óculos escuros que agora eram inúteis sob a tempestade.
— Parece cena de filme — disse ela, olhando para cima, sentindo as gotas frias escorrerem pelo rosto.
Daehyn um inspirador. Harin estava radiante sob as luzes da rua, os fios molhados grudando em sua pele, o brilho das gotas iluminando seu rosto. Daehyn viu como Harin era incrivelmente bonita. Não apenas no sentido óbvio, mas aquele brilho que emanava dela, na maneira como encarava as situações com leveza, mesmo quando tudo parecia caótico.
Harin notou o olhar da outra e abriu um sorriso provocador.
— O que foi? — Disse, inclinando a cabeça.
Daehyn desviou o olhar rapidamente, sentindo o coração acelerar por um breve instante.
—Nada. Apenas estava me perguntando quantas pessoas ainda apareceriam do nada na sua vida — retrucou, tentando subir indiferentemente.
Harin riu, dando um passo mais perto.
— Você está com ciúmes? — obrigou, encurtando ainda mais a distância entre elas.
Daehyn abriu a boca para retroceder, mas foi interrompido pelos painéis do carro de Harin dobrando a esquina. O buzinou, chamando-as. O momento se dissipou no ar, e Daehyn soltou um suspiro, aliviado - ou talvez um pouco frustrado.
— Vamos logo antes que eu congele — disse, indo em direção ao carro.
Harin a seguir, mas não sem lançar um último olhar intrigado na direção de Daehyn. Algo naquela noite pareceu ter mudado entre eles.