missão

A biblioteca da academia Seonhwa era um dos poucos lugares onde os alunos podiam encontrar silêncio e concentração. O espaço amplo e bem iluminado era repleto de estantes organizadas e mesas compartilhadas, onde estudantes se dedicavam a seus estudos. Harin e Daehyn haviam combinado de estudar juntas, mas a tensão entre elas crescia a cada minuto.

— Você pode parar de mexer nisso e focar? — Daehyn resmungou, observando Harin distraída mexendo no celular.

— Eu só estava respondendo uma mensagem. Relaxa — Harin retrucou, revirando os olhos.

— Relaxar? É por isso que você tem dificuldade com essas matérias. Se você levasse isso a sério, não precisaria da minha ajuda — Daehyn respondeu, cruzando os braços.

— Eu estou levando a sério! Eu só... — Harin suspirou, irritada. — Esquece. Não sei por que insisto nisso.

Os poucos alunos próximos lançaram olhares curiosos para a troca ríspida de palavras. A bibliotecária pigarreou discretamente, indicando que elas estavam chamando atenção. Percebendo isso, Harin e Daehyn se calaram, até que Daehyn simplesmente fechou o livro à sua frente.

— Se você não quer levar isso a sério, então não vou perder meu tempo — Daehyn disse friamente, levantando-se e saindo sem olhar para trás.

Harin ficou parada, sentindo uma frustração inexplicável. Parecia que, toda vez que achava que estavam mais próximas, Daehyn erguia um muro entre elas novamente.

Mais tarde, enquanto saía da biblioteca, Harin encontrou Jiwon no corredor. Como sempre, a garota estava cercada por um pequeno grupo de fãs de Riyeon, mas quando viu Harin, se aproximou sozinha.

— O que houve? Você parece irritada — Jiwon comentou, analisando a expressão da modelo.

— Daehyn voltou a ser fria comigo — Harin admitiu, bufando. — Justo quando achei que estávamos nos entendendo.

Jiwon soltou uma risada curta.

— Eu já esperava isso. Ela pode ser bem difícil às vezes.

— Mas por quê? Qual o problema dela?

Jiwon pensou um pouco antes de perguntar com um tom curioso:

— Ela já deu em cima de você?

— O quê?! — Harin arregalou os olhos, surpresa pela pergunta inesperada. — Claro que não! Nunca nem fez nada parecido.

— Hmm... então pode ser algo pessoal dela — Jiwon disse, tocando o queixo em um gesto pensativo. — Ou talvez seja ciúmes. Agora que você tem andado comigo, vai saber.

Harin ficou em silêncio, ponderando. A ideia de Daehyn sentir ciúmes parecia absurda, mas ao mesmo tempo... fazia sentido? Ela não sabia dizer. Apenas suspirou, sentindo que entender Daehyn era um desafio que ainda levaria tempo para desvendar.

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Jiwon saiu da biblioteca com a cabeça cheia de informações. A conversa com Harin tinha sido reveladora, e agora ela precisava relatar tudo para Riyeon. Caminhou pelo corredor, desviando dos estudantes que ainda estavam por ali, até encontrar Riyeon no pátio, encostada em uma das colunas do prédio, mexendo no celular.

— Então? — Riyeon perguntou assim que percebeu a aproximação de Jiwon. — Descobriu alguma coisa nova?

Jiwon sorriu de lado.

— Ah, você não faz ideia. Mas antes, me diz... por que tanto interesse na relação das duas? Você não acha que está se metendo demais?

Riyeon soltou um suspiro, guardando o celular no bolso.

— Jiwon, eu conheço a Daehyn. Ela não deixa ninguém se aproximar facilmente. Mas algo nela mudou, mesmo que um pouco, e isso aconteceu depois que Harin chegou. Eu só quero entender o que está rolando para tentar ajudar. Porque, se depender das duas, desse mato não sai coelho.

Jiwon assentiu, então começou a relatar a conversa que teve com Harin na biblioteca. Contou sobre a frieza repentina de Daehyn, o incômodo evidente que Harin sentiu e como parecia frustrada por achar que estavam se aproximando antes de Daehyn recuar. Contou também sobre a pergunta que fez, se Daehyn já tinha dado em cima de Harin, e a negação imediata da modelo. Por fim, mencionou sua suspeita sobre Daehyn estar apenas lidando com algo pessoal ou, talvez, sentindo ciúmes.

Riyeon escutou tudo atentamente, sem interromper. No final, ela sorriu, como se tivesse confirmado uma teoria.

— Eu sabia — murmurou para si mesma.

— Sabia o quê? — Jiwon franziu o cenho.

— Que Daehyn estava se envolvendo mais do que queria admitir. Olha, eu não sou cega. Quando Daehyn pediu desculpas para Anya, já foi um choque. Anya me contou no mesmo dia. Eu nunca vi Daehyn reconhecer um erro dessa forma antes. — Riyeon olhou para Jiwon, séria. — Agora, Harin. Se ela não se importasse, não teria ficado incomodada. E, sinceramente, eu vejo uma reação intrigante nela quando está perto da Harin.

— Você acha que Harin pode ser... a salvação dela? — Jiwon perguntou, refletindo sobre as palavras.

— Eu acho que Harin já é uma mudança para Daehyn. Agora, se vai ser o suficiente para quebrar essas muralhas dela, eu não sei. Mas eu quero ver até onde isso vai. Por isso, Jiwon, continue com a missão. Observe as duas e me traga qualquer novidade. Se precisar, provoque um pouco.

Jiwon riu. Anya se aproximou, com um sorriso. Ela já imaginava qual era a conversa delas.

— Você quer que eu provoque a Daehyn? Você sabe que ela pode me odiar por isso, né?

Riyeon sorriu.

— Confio em você. Mas vá com calma.

— Eu sou sua suplente, seu pedido é uma ordem — disse Jiwon, com um sorriso.

Ela estava animada. Aquilo parecia uma grande investigação, e ela adorava desafios. Além disso, tinha que admitir que também estava curiosa para ver onde essa história de Daehyn e Harin iria dar. Jiwon despediu-se e seguiu as garotas que a esperavam.

— Amor, você ainda está com esse plano? — Anya perguntou, segurando a mão de Riyeon.

— Não é um plano... É uma missão. A história delas é quase parecida com a nossa — Riyeon respondeu, entrelaçando os dedos com os de Anya. — Tirando toda a parte grosseira da Daehyn, é claro. Eu não agia assim com você. Acredito que elas possam se gostar, não sei, eu sinto uma faísca.

— Vamos ver então se a sua "missão" de monitorar elas vai dar certo. Só espero que nenhuma das duas descubra.