O refeitório da academia estava movimentado. Harin e Daehyn caminhavam lado a lado, cada uma segurando sua bandeja com o almoço. O cheiro da comida pairava no ar, misturado com o burburinho das conversas e risadas das alunas espalhadas pelas mesas.
— Hoje está mais cheio do que o normal — comentou Harin, olhando ao redor em busca de um lugar para sentar.
— Acho que é por causa da prova que tivemos mais cedo. Todo mundo saiu com fome — respondeu Daehyn, rindo.
Enquanto caminhavam até uma mesa vazia, Harin ajustou sua bandeja para segurar melhor o copo de suco, mas no movimento, sua faca escorregou. Instintivamente, ela tentou agarrá-la no ar antes que caísse no chão. O problema foi que o reflexo rápido resultou em um corte inesperado no dedo.
— Ah! — ela exclamou, puxando a mão imediatamente.
Daehyn se virou no mesmo instante, a expressão de preocupação evidente.
— O que aconteceu? — ela perguntou, pousando sua bandeja na mesa rapidamente.
Harin olhou para o dedo ferido, onde uma linha fina de sangue começava a surgir. Ela franziu a testa e tentou minimizar a situação.
— Foi só um cortezinho — disse, mas fez uma careta ao sentir a ardência.
Daehyn segurou a mão dela com delicadeza e, sem pensar muito, assoprou levemente o dedo ferido.
— Ei, o que você está fazendo? — Harin perguntou, sentindo um arrepio inesperado.
— Isso ajuda a aliviar a dor — respondeu Daehyn, séria, enquanto continuava soprando com delicadeza.
A cena atraiu a atenção de Riyeon e Anya, que estavam chegando com suas bandejas, não perderiam a oportunidade de zoar Harin.
— Meu Deus, Harin, você tem uma enfermeira pessoal agora? — Riyeon provocou. Elas se sentaram na frente das duas.
— Isso foi fofo demais! Daehyn está completamente rendida por você — Anya acrescentou, rindo.
Harin revirou os olhos, mas não conseguiu evitar que seu rosto ficasse um pouco quente.
— Cala a boca, vocês duas — resmungou. — Nenhuma das duas tem moral para falar. Riyeon é bem pior.
Daehyn, por sua vez, ignorou os comentários e se levantou repentinamente.
— Espera aqui. Eu já volto — disse ela, saindo em passos rápidos em direção à sala de aula.
Harin observou-a partir, confusa, enquanto Riyeon e Anya trocavam olhares significativos.
— Ela foi pegar um curativo, não foi? — Riyeon perguntou, com um sorrisinho.
— É claro que foi — Anya respondeu. — Eu nunca vi a Daehyn tão atenta a alguém desse jeito.
— Amor, não esqueça que ela era atenta a você antes. Apesar de ser uma atenção voltada para o mal — Riyeon alfineta mais uma vez.
— Vocês duas falam demais — Harin murmurou, tentando parecer indiferente, mas o sorriso nos lábios a traía.
Minutos depois, Daehyn retornou, segurando um pequeno pacote de curativos na mão. Ela se abaixou ao lado de Harin e segurou a mão dela novamente, com cuidado.
— Aqui, deixa eu ver — disse ela, abrindo o pacote com habilidade.
Harin ficou em silêncio enquanto Daehyn limpava delicadamente o corte com um lenço antes de colar o bandete sobre a pele machucada. O toque dela era tão gentil que Harin mal sentiu o contato, mas o coração batia acelerado.
O refeitório inteiro parecia ter se dado conta da interação entre as duas. Murmúrios e olhares curiosos vinham de todos os lados. Era impossível não notar a atenção e o carinho que Daehyn dispensava a Harin.
Quando terminou, Daehyn sorriu.
— Pronto. Agora toma mais cuidado com essa faca, por favor — pediu.
Harin riu baixinho.
— Sim, senhora.
Riyeon e Anya bateram palmas de forma exagerada.
— Que cena adorável! — Riyeon disse, fingindo enxugar uma lágrima imaginária.
— Isso foi digno de um girls love — Anya acrescentou, ainda se divertindo com a situação.
Daehyn apenas sorriu, sem demonstrar constrangimento, enquanto Harin balançava a cabeça.
— Eu juro, vocês são insuportáveis. Não é à toa que são um casal — disse Harin, mas seu tom de voz entregava o quanto estava feliz.
— Nós somos cúmplices em tudo. Não é amor? — Riyeon beija o rosto de Anya, enquanto Daehyn revira os olhos, com um sorriso contido no canto dos lábios.
Harin olhou para Daehyn, as duas apenas se encararam, trocando um sorriso. Entre provocações e brincadeiras, algo genuíno florescia entre elas, e todo mundo ali parecia perceber isso. A amizade improvável entre as quatro florescia assim como seu romance.
— Parem de boiolice na frente do refeitório, por favor, já basta a Riyeon e a Anya — Park Jiwon, que passava pela mesa delas bem na hora, diz em direção a Harin, ela estava claramente zombando delas.
— Morra de inveja — responde Harin rindo.
— Puro suco de romantismo. E ainda senta as quatro na mesma mesa! O que vai ser de nós, meros expectadores?! Eu, como linha de frente de um fã-clube em prol da Riyeon, tenho uma reputação a zelar. Só posso shippar um casal por livro.
— Então trate de arrumar sua própria história — Daehyn solta uma resposta. Ela também tinha um sorriso nos lábios.
— Favor, cobrar a autora. Ela quem manda na gente.
— Está vendo né, autora? Park Jiwon também quer uma história para chamar de sua! — Anya solta uma risada.
Elas riram e seguiram seu almoço. Park Jiwon despediu-se, e saiu do refeitório, deixando as quatro imersas em seu próprio mundo.