o peso da verdade

Riyeon chegou até a casa de Harin com um ar de urgência. Ao seu lado, Anya e Jiwon mantinham expressões tensas. As três carregavam consigo uma verdade pesada, um segredo que, ao ser revelado, mudaria tudo. Harin já as aguardava na sala de estar, o olhar ansioso, as mãos inquietas.

— Vocês aceitam alguma coisa? Água, refrigerante? Chá? — perguntou, tentando amenizar a tensão que pairava no ar. Mas ninguém parecia disposto a aceitar.

— Estamos bem — respondeu Jiwon.

Harin assentiu e as convidou a se sentarem no sofá. Assim que se acomodaram, ela se inclinou levemente para frente, os olhos dançando entre as três mulheres à sua frente.

— O que vocês têm para me dizer? A mensagem parecia urgente.

Riyeon respirou fundo. O nó na garganta dificultava a fala, mas precisava começar de algum jeito.

— Faz muito tempo que você conhece o Kyler? — perguntou, escolhendo as palavras com cuidado.

Harin franziu o cenho, surpresa com a pergunta.

— Bem, nos conhecemos há uns quatro anos, mais ou menos. Trabalhávamos para a mesma marca em Paris. Nos conhecemos em um desfile.

— Você confia nele? — Anya interveio, o olhar afiado.

Harin hesitou antes de responder.

— Não muito. Digamos que, no passado, ele fez coisas que me fizeram ter um pé atrás com ele. Mas... por que o interesse nele? O que ele fez?

Riyeon trocou olhares com Anya e Jiwon antes de finalmente soltar a verdade. Ela explicou que, ao investigarem os motivos do término entre Harin e Daehyn, acabaram descobrindo muito mais do que imaginavam. Revelou que Kyler estava infiltrado na vida dela a mando de sua mãe, que o chantageava com um segredo obscuro. Ele estava coletando informações sobre seus contratos para entregá-las à mulher que vinha manipulando cada aspecto da sua vida.

Harin ouvia tudo atentamente, seu olhar ficando cada vez mais distante, como se as peças finalmente estivessem se encaixando. E estavam.

— Isso faz muito sentido com o que descobri esta tarde — murmurou ela, cruzando os braços. — Eu estava no escritório dos pais da Daehyn, e ele estava comigo, muito atento ao que eu conversava. Como eu estava muito feliz pelo fechamento do contrato, não me importei com a presença dele. Mas acabei descobrindo que ele mentiu para mim sobre quem o chamou para Seul.

— Como assim? — Jiwon franziu o cenho.

— Ele me disse que foi o Woobin quem o trouxe de volta, mas quando perguntei a Woobin, ele disse que não tinha ideia de que Kyler estava na Coreia. Agora, tudo faz sentido. Ele veio porque minha mãe o trouxe.

O silêncio tomou conta do ambiente. O peso daquela revelação era esmagador. Anya pigarreou e falou com cautela:

— Harin, não sei se você confia tanto em nós para contar tudo, mas essa história tem muitas camadas. Acho que estamos perdendo o início dela.

Harin ergueu o olhar para ela, um sorriso triste se formando em seus lábios.

— Vocês já sabem de muita coisa. Não faz sentido esconder mais. Eu terminei com a Daehyn por causa da minha mãe.

Riyeon fez uma expressão de certeza.

— Eu sabia! — exclamou, quase aliviada por estar certa desde o início.

— Minha mãe... ela fez algo imperdoável. Mandou instalar câmeras na minha casa sem meu consentimento. Estava me vigiando desde que cheguei à Coreia. Cada passo meu, cada conversa. Inclusive, ela conseguiu vídeos meus e da Daehyn juntas... e usou isso para me chantagear.

— Meu Deus... — Jiwon cobriu a boca com a mão, horrorizada. — Sua mãe é um monstro.

— Ela é mais que isso — Harin abaixou o olhar, apertando as mãos no colo. — Eu voltei para a Coreia tentando fugir dela. Ela sempre controlou minha vida em Paris, me sufocava. Mas mesmo aqui, conseguiu me manipular. Ela viu o quanto Daehyn era importante para mim e usou isso contra mim. Para protegê-la, eu a afastei.

O silêncio voltou a dominar o ambiente. O coração de Riyeon batia acelerado. Tudo fazia sentido agora.

— Então foi por isso que você terminou com ela... — murmurou Riyeon, mais para si mesma do que para os outros.

— Sim. E do jeito mais cruel possível. Me sinto culpada todos os dias. Mas conheço minha mãe. Se eu não cedesse, ela não pararia. Eu jamais quero prejudicar a Daehyn.

Riyeon fechou os olhos, absorvendo a dor nas palavras de Harin. Depois, Anya falou, sua voz firme:

— Você já sabe que Kyler está trabalhando para ela. O que pretende fazer?

Harin soltou um longo suspiro, passando as mãos pelos cabelos. O peso das decisões a esmagava, mas ela não podia mais adiar aquilo.

— Eu preciso pensar. São muitas coisas ao mesmo tempo, minha mente está uma confusão. Mas acho que vou confrontá-lo diretamente. Conheço o Kyler. Se ele estiver sendo chantageado também, sei qual pode ser o motivo. Minha mãe deve ter descoberto o segredo que ele esconde a sete chaves.

— Isso parece um filme cheio de reviravoltas — Jiwon soltou uma risada nervosa.

— Um filme de terror — Harin corrigiu, sua expressão sombria. Ela respirou fundo e olhou para cada uma delas com gratidão. — Obrigada por tentarem me ajudar. Vocês fizeram uma ótima investigação. Agora, cabe a mim dar o próximo passo.

Anya assentiu.

— Você não está sozinha, Harin. Se precisar de nós, estaremos aqui.

Harin sorriu, um sorriso pequeno e cansado, mas sincero. Ela sentia que não estava completamente perdida. Ela sabia que sua luta estava longe de acabar, mas agora, pelo menos, não estava lutando sozinha.