Natalie~
O veneno da rejeição ainda corria em minhas veias. Cada palavra que Griffin havia pronunciado se repetia em minha mente, um ciclo de agonia do qual eu não conseguia escapar. Meu companheiro—minha suposta outra metade—havia me descartado como se eu não fosse nada, como se eu não tivesse sido feita para ele. A ligação, frágil como era sem um lobo para ancorá-la, agora havia desaparecido. Tudo que restava era a lembrança vazia de quão patética eu era, um sentimento que ninguém podia ver, mas que eu sentia a cada respiração.
O salão de jantar havia esvaziado há horas, mas seu fantasma persistia nos olhares de ódio e insultos sussurrados que me seguiam por onde quer que eu fosse. Eu não precisava de um lobo para sentir o desdém deles; estava denso no ar, sufocante e cruel. Tentei manter a cabeça erguida enquanto caminhava pela casa da alcateia, mas suas vozes penetravam minhas defesas.
"Ela não pertence aqui."
"Sem lobo e rejeitada—que vergonha."
"Ela já deveria ter ido embora há muito tempo."
Cerrei os punhos, minhas unhas cravando nas palmas das mãos. A dor me mantinha centrada, me impedia de desmoronar na frente deles. Lágrimas ardiam nos cantos dos meus olhos, mas me recusei a deixá-las cair. Eles não me veriam chorar. Não de novo. Nunca mais.
Corri para a pequena cabana e me joguei na cama.
A porta se abriu com um estrondo alto, e me virei para ver Marissa parada ali, com um sorriso presunçoso estampado no rosto. Levantei-me silenciosamente do colchão e a encarei. Ela era uma das muitas admiradoras de Griffin, e aproveitava cada oportunidade para me lembrar do quanto eu era indigna.
"Você realmente achou que poderia ficar aqui depois do que aconteceu?" ela zombou, entrando na cabana como se fosse dona dela. "Griffin merece uma companheira de verdade, não uma rejeitada patética e sem lobo."
Mordi o interior da bochecha, me forçando a permanecer em silêncio. Ela não valia minha energia.
Quando não respondi, seu sorriso vacilou, e seus olhos brilharam com malícia. "O quê, sem resposta malcriada? Você acha que é melhor que nós?" Ela me empurrou com força, e eu cambaleei para trás, batendo na parede. "Diga alguma coisa, Natalie!"
Eu a encarei, meu peito arfando com raiva contida. "Saia," eu disse, minha voz firme apesar do tremor em minhas mãos.
Sua risada era afiada e cruel. "Você não pode dar ordens. Você não é nada aqui. Você sempre foi nada." Ela levantou a mão, suas garras se estendendo, mas antes que pudesse atacar, uma voz autoritária ecoou.
"Pare!"
Alfa Darius estava parado na porta, sua presença como uma nuvem de tempestade prestes a explodir. Marissa imediatamente recuou, baixando a cabeça em submissão. Eu não senti tal compulsão. Meu corpo ficou tenso quando seu olhar frio pousou em mim, o canto de sua boca se curvando em um sorriso zombeteiro.
"Vá dizer a Timóteo para reunir todos no salão," ele ordenou, sua voz afiada como uma lâmina.
"Sim, Alfa." Marissa não ousou hesitar, desaparecendo sem dizer uma palavra. Seu olhar duro fixou-se em mim, e um calafrio gelado desceu por minha espinha.
"Eu realmente gostava de você, Natalie," ele disse, sua voz pingando escárnio, um sorriso perverso brincando em seus lábios. "Mas infelizmente, não há como salvar o que tínhamos."
Antes que eu pudesse responder, ele fechou a distância entre nós, me agarrando brutalmente. Ele forçou seus lábios contra os meus, mas eu lutei com todas as minhas forças. A luta apenas alimentou sua raiva. Ele cravou os dentes em meu lábio inferior, afiado e cruel, fazendo sangrar. Eu ofeguei de dor, e no momento seguinte, seu punho atingiu meu estômago.
Desabei aos seus pés, agarrando meu abdômen enquanto ondas de dor percorriam meu corpo. Sua risada cruel ecoou no pequeno espaço enquanto eu me contorcia no chão.
"Este caos termina agora," ele cuspiu, sua voz fria e definitiva. "Esteja no salão. Não me faça esperar."
Sem outro olhar, ele girou nos calcanhares e saiu da cabana, me deixando sozinha no silêncio sufocante.
O salão da Alcateia estava lotado quando cheguei, todos os olhos se voltando para mim com desprezo mal disfarçado. Os sussurros começaram imediatamente, um crescendo de crueldade que preenchia o ar. Mantive minha cabeça erguida, me recusando a deixá-los ver o quanto seu ódio me machucava.
Alfa Darius estava no centro do palco, Griffin sentado à sua direita. O rosto de Griffin era uma máscara de raiva e nojo, seus braços cruzados firmemente sobre o peito. Ele nem sequer olhava para mim.
"Natalie Cross," Alfa Darius chamou, sua voz alta e autoritária. O salão ficou em silêncio enquanto todos os olhos se voltavam para mim. Meu coração batia forte no peito, mas forcei meus pés a se moverem, um passo de cada vez, até estar diante dele.
Ele olhou para mim, sua expressão cuidadosamente arranjada em algo que poderia passar por pena se você não o conhecesse melhor. "Me dói dizer isso," ele começou, seu tom pesado com falsa tristeza, "mas sua presença aqui se tornou uma fonte de divisão e inquietação dentro da alcateia."
Eu o encarei, meu maxilar tão cerrado que doía. A hipocrisia era sufocante. Este era o homem que havia destruído minha vida, o homem que havia tirado tudo de mim, e agora ele ousava ficar ali fingindo se importar?
"Tentamos encontrar uma maneira de fazer isso funcionar," ele continuou, sua voz ficando mais alta para benefício da multidão. "Mas após muita discussão com Alfa Griffin, chegamos à difícil decisão de bani-la da Matilha Presa de Prata."
As palavras me atingiram com força, mas me recusei a recuar. A multidão irrompeu em vivas, sua alegria com minha humilhação ecoando em meus ouvidos. Minhas mãos tremiam ao meu lado, mas as mantive cerradas em punhos.
Alfa Darius ergueu a mão, e o salão silenciou novamente. Ele se voltou para mim, sua expressão solene. "A partir deste momento, você não é mais membro desta alcateia. Você partirá imediatamente e nunca mais retornará."
Eu senti o peso de seus olhares, sua satisfação em me ver expulsa como lixo. Minha garganta apertou, mas engoli em seco, forçando as lágrimas a voltarem. Eu não choraria. Não aqui. Não por eles.
Em vez disso, endireitei os ombros e ergui o queixo, enfrentando o olhar da multidão com toda a força que pude reunir. Então me virei para Griffin, o companheiro que havia me rejeitado, que havia destruído a pouca esperança que me restava. Seus olhos encontraram os meus por um breve momento antes que ele desviasse o olhar, seu maxilar se contraindo.
E finalmente, olhei para Darius novamente—o homem que havia matado meus pais, meus amigos, meu futuro. O homem que havia me marcado contra minha vontade. Meu sangue fervia de ódio, mas mantive meu rosto inexpressivo.
Jurei a mim mesma ali e naquele momento que nunca os perdoaria. Nem Darius, nem Griffin, nem a alcateia que havia assistido ao meu sofrimento sem levantar um dedo para ajudar.
Sem dizer uma palavra, virei-me e caminhei em direção à porta. A multidão zombava e atirava coisas em mim—pedras, comida, qualquer coisa que pudessem pegar. Seus insultos me seguiram para fora do salão, mas não parei. Não olhei para trás.
Eles me perseguiram até a borda do território, suas risadas ecoando em meus ouvidos enquanto me forçavam a atravessar a fronteira como uma criminosa miserável. Não me deixaram levar nada—nem mesmo os poucos pertences que tinha em minha cabana.
Fiquei parada na beira da floresta, as terras da alcateia atrás de mim, o desconhecido se estendendo à minha frente. Meu peito doía, meu corpo tremendo de exaustão e dor, mas não me permiti quebrar.
Eles me deixaram para morrer, mas eu não lhes daria essa satisfação.
Endireitando os ombros uma última vez, entrei na floresta, as sombras me engolindo por inteiro. Eu não sabia o que havia pela frente, mas qualquer coisa que fosse, não poderia ser pior que o inferno que eu estava deixando para trás.