Natalie~
Quando a batida interrompeu o Alfa Darius, eu senti um lampejo de esperança—uma chance de escapar.
"O que é?" Darius rosnou para a porta, sua voz afiada com irritação.
Uma voz masculina do outro lado respondeu, "Alfa, seu sobrinho, Alfa Griffin, chegou às terras da alcateia."
Darius endireitou-se, seu rosto suavizando brevemente. "Bem. Estarei lá em breve," ele latiu, dispensando o homem.
Os passos do lado de fora se afastaram, e seu olhar sombrio voltou-se para mim. Eu estava tremendo, me pressionando contra a porta como se ela pudesse me engolir por inteiro. Minha voz vacilou, desesperada. "Por favor, Alfa Darius, não, por favor..."
"Você pode ir por enquanto," ele disse, seu tom perigosamente calmo. "Mas não se esqueça—você carrega minha marca agora. Assim que eu der as boas-vindas ao meu querido sobrinho, vou reivindicá-la completamente. Lembre-se disso."
"Por favor," eu implorei, minha voz quebrando. "Não faça isso comigo. Farei qualquer coisa, só não—"
A ardência aguda de seu tapa me interrompeu, virando minha cabeça para o lado. Eu ofeguei, segurando minha bochecha enquanto minha visão embaçava pelo impacto.
"Você deveria estar grata por eu estar te tomando como minha. Uma coisa sem lobo como você não tem valor," ele sibilou. "Me desafie novamente, e eu vou jogá-la para os machos não ligados. Eles revezarão com você até não sobrar nada."
Suas palavras se instalaram sobre mim como uma névoa sufocante. Assenti fracamente, o medo me envolvendo como uma segunda pele.
"Saia," ele latiu.
Não esperei um segundo comando. Juntando os restos rasgados do meu vestido, fugi de seu escritório, tropeçando escada abaixo e para fora da casa, meu peito arfando com soluços contidos.
A jornada de volta à minha cabana foi um borrão de sombras e terror. Evitei os caminhos abertos, me mantive nas bordas das terras da alcateia, correndo atrás de árvores e estruturas abandonadas, desesperada e rezando para que ninguém me visse. Minha frágil cabana oferecia pouco conforto, mas era o único lugar onde eu podia me esconder. Quando bati a porta fraca, desabei no chão, meu corpo sacudido por soluços incontroláveis.
"Deusa," sussurrei através das lágrimas, olhando para o teto rachado. "O que eu fiz para merecer isso? Por que minha vida é assim? Por favor... me ajude."
Chorei até meu corpo desistir, o sono misericordiosamente me levando.
Na manhã seguinte, o peso do mundo me pressionava enquanto eu vestia meu vestido mais limpo, mas desgastado. Meu reflexo no espelho rachado era um lembrete cruel da minha realidade. Meu rosto estava pálido, minha bochecha ainda vermelha onde sua mão havia atingido. Puxando meu cabelo bagunçado em um coque apertado, me forcei a ficar ereta.
"Você não vai chorar hoje," sussurrei para mim mesma. "Não importa o que eles digam, você não é fraca. Você vai sobreviver a isso."
Com isso, saí da cabana e entrei nos olhares julgadores da alcateia.
Por onde eu ia, sussurros me seguiam.
"Ela é uma desgraça," alguém murmurou alto. "Se vendendo para o Alfa desse jeito."
"Ela deveria ter sido morta a tiros como o pai dela," outra voz se juntou, pingando malícia.
Continuei andando, minha cabeça erguida mesmo quando suas palavras me dilaceravam. Meus passos me levaram à residência do Alfa, onde fui direto para a cozinha. Quando entrei na cozinha, os Omegas ficaram em silêncio, o desdém em seus olhos ao me olharem era inconfundível.
"Você ouviu?" uma delas sussurrou para outra. "O Alfa Griffin vai ficar por um tempo. Ele é tão bonito... quem for sua companheira, será a mulher mais sortuda do mundo."
"Talvez ele assuma a alcateia," outra Omega riu. "O Alfa Darius não tem filhos, e suas filhas são Omegas. O Alfa Griffin seria perfeito."
Suas palavras mal registraram quando o chef principal latiu ordens. "Natalie, leve as bandejas do café da manhã para o salão de jantar. O resto de vocês, ajudem ela."
Agarrei a bandeja, meus dedos tremendo como se o peso dela sozinho pudesse me esmagar. Cada passo que eu dava parecia como caminhar para as mandíbulas de uma fera. O salão de jantar se erguia à frente, suas portas duplas se abrindo para revelar uma multidão já sentada. Quando entrei, o mundo pareceu pausar. O silêncio varreu a sala como uma onda sufocante, seguido rapidamente pela picada aguda de sussurros murmurados.
"É ela."
"O novo brinquedo do Alfa."
Suas palavras me perfuravam, cada sílaba afiada e cortante. Meu peito apertou, a vergonha se enrolando como uma serpente ao redor do meu coração. Não ousei levantar o olhar; podia sentir seus olhos me perfurando, me dissecando, me julgando. Minhas pernas pareciam que iam ceder a qualquer momento, mas me forcei a seguir em frente, um passo de cada vez.
A mesa principal era uma visão imponente. No centro estava sentado o Alfa Darius, sua presença presunçosa e dominante. Ele se recostava em sua cadeira como um rei, seus olhos negros penetrantes brilhando com satisfação. Mas não foi ele quem enviou uma onda de desconforto através de mim. Não, foi o homem sentado ao seu lado.
Seus olhos—um cinza tempestuoso—se fixaram nos meus, sua intensidade me congelando no lugar. Eram uma mistura de emoções: raiva, descrença e algo que eu não conseguia nomear. Ele era impressionantemente bonito de uma maneira que parecia quase antinatural—ombros largos, impossivelmente alto, com uma aura poderosa que exalava dominância. Sua presença preenchia a sala, sufocante e magnética ao mesmo tempo.
Não conseguia desviar o olhar. O mundo ao nosso redor parecia desaparecer, deixando apenas seus olhos penetrantes e a tensão silenciosa, não dita, crepitando no ar. Minha respiração falhou enquanto eu colocava a bandeja na frente do Alfa Darius, desejando que minhas mãos parassem de tremer.
De repente, a voz do homem cortou o silêncio, baixa e furiosa. "O que é isso?" Seu tom trovejou, reverberando pelo salão enquanto sua mão batia na mesa. O som foi como um tiro, sacudindo todos para um silêncio atordoado.
A sala congelou. Todas as cabeças se viraram para ele, seus sussurros silenciados em um instante.
"Griffin," Darius disse, sua voz perigosamente calma. No entanto, o sutil apertar de sua mandíbula traía sua irritação. "Do que você está falando?"
Griffin—seu nome combinava com a força que ele irradiava—não olhou para seu tio. Seu olhar penetrante permaneceu fixo em mim, agora queimando com uma fúria que parecia me desvendar completamente. "Ela," ele cuspiu, sua voz grossa de raiva. "Ela é minha companheira."
Suspiros ondularam pela sala como uma pedra jogada em água parada. Meu coração parou.
Sua companheira?
Eu? Natalie a sem lobo tinha um companheiro?
Suas palavras me atingiram como um golpe físico, me deixando cambaleante. Companheiros eram sagrados, uma ligação forjada pelo destino, inquebrantável e inegável. Mas eu não sentia... nada. Nenhuma famosa atração como os lobos ligados sempre falavam. Além de suas características bonitas que chamavam minha atenção como faziam com todos os outros, eu não sentia nenhum reconhecimento deste homem diante de mim. A presença de um companheiro deveria acender um fogo em sua alma, mas minha existência sem lobo me deixava no escuro. Tudo que eu sentia agora era confusão, e então vergonha enquanto os murmúrios se intensificavam.
A voz de Griffin falhou levemente, embora a raiva nela permanecesse. "Como isso é possível? Por que ela não pode sentir a ligação? E por que—" Sua voz quebrou novamente, e ele cerrou os punhos, seus nós dos dedos embranquecendo. "Por que ela já está marcada? Por você, Tio?"
Suas palavras me esmagaram. Meus joelhos vacilaram, ameaçando ceder sob mim. A marca. Levantei uma mão trêmula até meu pescoço, como se para esconder a evidência da reivindicação de Darius. Minha vergonha parecia uma marca, queimando em minha pele.
A expressão do Alfa Darius escureceu, mas ele manteve sua compostura, sua voz transbordando falsa simpatia. "Griffin, você entendeu mal," ele disse suavemente. "Ela veio até mim, sem lobo e desesperada, implorando por minha proteção. Ela estava perdida, quebrada. Tive pena dela. Ela me pediu para reivindicá-la, e eu... aceitei."
"Não," eu engasguei, minha voz mal audível mas carregada de desespero. "Isso não é verdade—"
"Chega!" A voz de Griffin cortou a minha, afiada e inabalável. Seu olhar, agora gelado e desprovido da confusão que uma vez continha, me perfurou como uma lâmina. "Não vou aceitar isso. Uma companheira sem lobo já é uma coisa," ele disse friamente, suas palavras deliberadas e cortantes, "mas uma já profanada? E pelo meu tio, de todas as pessoas? Não."
O mundo desmoronou ao meu redor enquanto suas palavras atingiam como golpes em meu peito. Cada uma era uma adaga, cortando a frágil esperança que eu nem percebia que estava me agarrando. Lágrimas embaçaram minha visão, mas me recusei a deixá-las cair, não aqui, não na frente deles.
A expressão de Griffin era resoluta, seu tom final enquanto ele falava as palavras que romperiam a ligação para sempre. "Eu, Griffin Blackthorn da Alcateia Pedra Negra, rejeito você..." Ele pausou, "Qual é o seu nome!" Ele latiu e eu me encolhi,
"Natalie Cross." Eu respondi, minha voz engasgada com lágrimas.
"Ótimo." Ele disse, antes de continuar. "Eu, Griffin Blackthorn da Alcateia Pedra Negra, rejeito você, Natalie Cross da Matilha Presa de Prata como minha companheira."
O poder por trás de sua declaração ressoou pelo salão, selando meu destino. A ligação que deveria nos unir se despedaçou e eu ainda não sentia nada. Nada além de pura humilhação. Meu corpo tremia sob o peso de sua rejeição, não porque me afetava física ou espiritualmente, mas porque parecia que até a deusa havia me rejeitado agora.
Suspiros ecoaram ao nosso redor. Os sussurros recomeçaram, uma cacofonia de julgamento e descrença. Mal os registrei. Minhas pernas vacilaram, mas me agarrei à borda da mesa, me forçando a permanecer de pé. Eu não cairia. Não aqui. Não na frente deles.
Lágrimas se acumularam em meus olhos, ameaçando cair, mas as pisquei de volta com toda a força que pude reunir. Se eu os deixasse me ver chorar, estaria entregando meu último fragmento de dignidade.