A sala dos participantes estava envolta em um silêncio pesado, apenas quebrado pelo som de passos nervosos e respirações aceleradas. As luzes fracas projetavam sombras alongadas nas paredes, criando uma atmosfera opressiva que parecia sufocar até os mais confiantes. Seraphina, ainda disfarçada como Choi Eun-kyung, estava sentada em um canto, seus olhos observando cada movimento ao seu redor. Ela analisava os outros candidatos com um olhar treinado, buscando identificar potenciais ameaças ou aliados.
Havia uma variedade impressionante de pessoas na sala: desde ex-militares com cicatrizes de batalha até hackers que pareciam mais à vontade em frente a uma tela do que em um campo de batalha. Alguns conversavam em voz baixa, trocando informações ou tentando formar alianças. Outros estavam isolados, como ela, observando e calculando.
Seraphina notou que, embora muitos dos candidatos fossem impressionantes em termos de habilidades físicas e mentais, eles ainda estavam longe do nível dos membros dos Remanescentes Das Ruínas. Ela viu um homem musculoso levantando pesos improvisados com facilidade, uma mulher com olhos afiados que parecia memorizar cada detalhe da sala, e um jovem que manipulava um dispositivo eletrônico com uma destreza impressionante. Eram fortes, sim, mas Seraphina sabia que, se precisasse, ela poderia superá-los.
"Eles são bons," ela pensou, "mas não são muito quando comparado aos nossos."
De repente, as luzes da sala piscaram, e um som grave ecoou pelas paredes. Todos os olhos se voltaram para o centro da sala, onde uma plataforma elevada começou a subir do chão. Em cima dela, estava Ethan, seu sorriso característico estampado no rosto, mas seus olhos brilhando com uma luz sombria.
"Bem-vindos, candidatos," ele disse, sua voz amplificada por um sistema de som invisível. "Vocês estão aqui porque foram escolhidos para se juntar à Ordem de Érebo. Mas saibam que apenas os mais fortes, os mais inteligentes e os mais determinados sobreviverão."
A sala ficou em silêncio, a tensão no ar quase palpável. Seraphina observou Ethan com atenção, tentando decifrar suas intenções. Ele parecia diferente, mais sombrio e calculista do que ela se lembrava. Era como se ele tivesse se transformado em uma versão mais fria e impiedosa de si mesmo.
"A primeira fase dos testes começará agora," Ethan continuou, sua voz agora carregada de uma seriedade que fez até os mais confiantes se arrepiarem. "Esta fase foi projetada para testar suas habilidades físicas, sua resistência mental e sua capacidade de pensar sob pressão. Mas saibam que isso é apenas o começo."
Ele fez uma pausa, seus olhos percorrendo a sala como se estivesse avaliando cada um dos candidatos. "Aqui, não há espaço para fraquezas. Aqui, apenas os mais fortes sobrevivem."
Seraphina sentiu um frio na espinha, mas ela não permitiu que o medo a dominasse. Ela sabia que, independentemente do que Ethan e a Ordem de Érebo jogassem contra ela, ela estava pronta.
Ethan deu um passo à frente, sua postura agora mais imponente. "A primeira fase será dividida em três partes. Cada parte testará uma habilidade diferente, e apenas aqueles que completarem todas as três partes avançarão para a próxima fase."
Ele ergueu a mão, e um holograma apareceu no ar, mostrando um mapa detalhado de uma área que parecia ser uma floresta densa e perigosa. "A primeira parte da prova será uma corrida de obstáculos. Vocês serão levados para uma área isolada, onde terão que percorrer um trajeto cheio de armadilhas, desafios físicos e mentais. O objetivo é simples: chegar ao final do percurso o mais rápido possível."
Seraphina observou o holograma com atenção, sua mente trabalhando rapidamente para memorizar cada detalhe. Ela sabia que, em uma prova como essa, cada segundo contaria.
"A segunda parte será um teste de resistência," Ethan continuou. "Vocês serão colocados em uma situação extrema, onde terão que sobreviver com recursos limitados. Aqui, sua capacidade de pensar rápido e se adaptar será crucial."
Ele fez uma pausa, seus olhos brilhando com uma luz sombria. "E a terceira parte será um teste de combate. Vocês serão colocados em confrontos diretos, onde terão que provar que são capazes de enfrentar qualquer ameaça."
A sala ficou em silêncio, a tensão no ar quase insuportável. Seraphina sentiu um nó se formar em sua garganta, mas ela não permitiu que o medo a dominasse. Ela sabia que, independentemente do que estivesse por vir, ela estava pronta.
Enquanto os candidatos eram levados para a área de início da prova, Seraphina continuou a observar os outros participantes. Ela notou que muitos deles estavam nervosos, suas mãos trêmulas e seus olhos cheios de dúvidas. Outros pareciam confiantes demais, como se subestimassem o que estavam prestes a enfrentar.
Ela se aproximou de um grupo que parecia estar formando uma aliança. Eles conversavam em voz baixa, planejando como se ajudariam durante a prova. Seraphina ouviu atentamente, mas não se juntou a eles. Ela sabia que, em um ambiente como aquele, confiar em estranhos poderia ser perigoso.
"Você não vai se juntar a nós?" perguntou um dos candidatos, um homem alto e musculoso com uma cicatriz no rosto.
Seraphina olhou para ele, seus olhos brilhando com uma determinação silenciosa. "Eu trabalho melhor sozinha."
O homem riu, mas havia algo sombrio em sua expressão. "Boa sorte, então. Você vai precisar."
Seraphina não respondeu, mas seu olhar disse tudo. Ela não estava ali para fazer amigos. Ela estava ali para completar a missão.
Quando todos os candidatos estavam prontos, Ethan apareceu novamente, desta vez em uma plataforma elevada que dava uma visão panorâmica da área de início. Ele olhou para todos com um sorriso sombrio.
"A prova começa agora," ele disse, sua voz carregada de uma seriedade que fez até os mais confiantes se arrepiarem. "Lembrem-se: apenas os mais fortes sobrevivem."
Um sinal sonoro ecoou, e os candidatos partiram em direção à floresta. Seraphina correu com determinação, seus olhos fixos no horizonte. Ela sabia que, independentemente do que estivesse por vir, ela estava pronta.
Seraphina e os outros candidatos partem para a floresta densa e perigosa. A tensão está alta, e o mistério sobre o que está por vir cria uma atmosfera opressiva e emocionante.
O caos estava reinando na corrida mortal da Ordem de Érebo. Corpos tombavam pelo caminho, engolidos por armadilhas ocultas ou abatidos por competidores implacáveis. O número de candidatos já havia diminuído drasticamente, e a brutalidade do teste se intensificava a cada quilômetro percorrido.
Seraphina movia-se com precisão cirúrgica. Seu corpo era uma extensão de sua vontade, deslizando entre os destroços e escombros enquanto seus olhos analisavam o terreno à frente. Qualquer hesitação era uma sentença de morte, e ela não tinha intenção de ser eliminada.
A seu redor, candidatos usavam todas as estratégias possíveis para ganhar vantagem. Alguns formavam alianças temporárias, enquanto outros emboscavam rivais, jogando-os contra as armadilhas espalhadas pelo caminho. Um grupo de três corredores tentou cercá-la, mas antes que pudessem agir, Seraphina saltou para trás, girando no ar e arremessando um estilhaço metálico no joelho de um deles. Ele gritou e caiu, sendo imediatamente pisoteado por outros competidores.
Foi então que ela percebeu um olhar fixo em sua direção. Um homem alto e esguio, com cabelos loiros desgrenhados e um sorriso frio, corria poucos metros atrás dela. Diferente dos outros, ele não parecia ofegante nem desesperado. Havia algo nele que Seraphina reconheceu imediatamente, ele não era apenas um candidato. Ele era um caçador. "Finalmente alguém interessante" disse o homem, sua voz carregada de ironia.
Seraphina não respondeu. Ela apenas acelerou o passo, sentindo o instinto de batalha despertar dentro de si.
O homem a seguiu de perto, desviando com facilidade das armadilhas e ignorando os outros competidores. Se ele queria um duelo, ela estava mais do que disposta a aceitar.
O ar estava carregado com o cheiro metálico de sangue e pólvora, enquanto os gritos de dor se tornavam ecos distantes na vastidão do campo de prova. O sol se escondia atrás de nuvens pesadas, lançando uma penumbra sombria sobre o cenário de morte. Restavam apenas 9.738 candidatos.
Seraphina avançava, seus sentidos afiados rastreando qualquer movimento ao redor. Seus olhos dourados varriam cada detalhe do caminho, enquanto suas pernas se moviam com precisão cirúrgica entre escombros e armadilhas ocultas. Cada passo era uma dança entre a vida e a morte.
A ponte suspensa que se estendia à frente parecia o maior desafio até agora. Placas de metal enferrujado oscilavam sobre o abismo, enquanto fios cortantes e sensores escondidos aguardavam qualquer movimento descuidado.
Mas não era isso que fazia o coração de Seraphina bater mais rápido. Era a presença que pairava nas sombras. Vladimir Kaine.
Ele a observava, sempre a poucos passos atrás, com aquele sorriso frio esculpido no rosto pálido. Como um predador brincando com sua presa, testando o quanto ela aguentava antes de dar o bote.
"Está nervosa, Garota Brilhante?" A voz rouca dele cortou o silêncio, baixa o suficiente para apenas ela ouvir. "Ou será que está guardando o melhor para o final?"
Seraphina não respondeu, mantendo os olhos fixos na plataforma à frente. "Cuidado" Kaine murmurou, com um leve sorriso no canto dos lábios. "O melhor costuma vir quando ninguém espera."
Ele riu suavemente, um som quase gentil, mas carregado de uma ameaça velada, a tensão entre eles era palpável, mesmo em meio ao caos da corrida. Ambos sabiam que aquele confronto era inevitável, mas por enquanto, o jogo continuava.
O tempo parecia se distorcer à medida que a linha final se aproximava. Cada metro conquistado vinha com o custo de vidas. Candidatos eram dilacerados por armadilhas ocultas ou empurrados para a morte por competidores desesperados.
Seraphina deslizou pela ponte com uma agilidade fluida, desviando de lâminas ocultas e projéteis disparados dos lados. Seu corpo brilhava em reflexos cintilantes enquanto sua habilidade começava a se manifestar, deixando um rastro de luz tênue atrás dela.
Mas Vladimir Kaine seguia logo atrás, seus passos silenciosos, seus movimentos calculados, ele parecia não apenas evitar as armadilhas ele as antecipava. Seraphina sentia sua presença se aproximando, cada vez mais próxima.
"Não vai me dizer seu nome?" ele provocou, saltando por cima de uma fenda enquanto desviava de um laser oculto com uma precisão quase inumana. "Prefere que eu grave na lápide depois que tudo isso acabar?"
Seraphina sorriu, mesmo com o suor escorrendo por sua testa. "Eu prefiro que você lembre dele quando estiver no chão, implorando por sua vida. "
Os olhos dele brilharam, divertidos. "Então venha me fazer marcá-lo na cabeça."
O confronto final estava à beira de explodir, mas antes que qualquer um dos dois pudesse atacar, um rugido metálico ecoou pelo campo. As plataformas começaram a se desestabilizar, enquanto drones de ataque surgiam dos céus, disparando rajadas contra os sobreviventes.
A corrida não terminaria apenas com um vencedor, ela terminaria com um massacre, Seraphina e Kaine se entreolharam por um breve instante. A batalha deles teria que esperar, pelo menos por mais alguns minutos, o inferno estava apenas começando.
O campo de batalha se transformava em uma visão infernal, com corpos caindo ao redor e os gritos dos que lutavam para sobreviver se misturando ao rugido das máquinas assassinas. Seraphina corria, suas pernas queimando pela exaustão, mas sua mente permanecia afiada. Cada fibra do seu ser estava focada em um único objetivo: "sobreviver e vencer."
Vladimir Kaine permanecia ao seu lado, como uma sombra inquietante, igualando cada movimento dela. Nenhum dos dois ousava se afastar, cientes de que o menor erro poderia custar a vida.
As últimas centenas de metros se desenrolavam como uma dança mortal. Cada passo era uma disputa silenciosa, uma troca de olhares carregada de hostilidade e respeito mútuo. Eles desviavam de ataques, empurravam outros candidatos para fora do caminho, mas nunca tiravam os olhos um do outro.
Quando a linha de chegada finalmente surgiu à vista, ambos dispararam com toda a velocidade restante. O mundo ao redor se tornou apenas um borrão de caos e destruição. Cada batida do coração parecia uma explosão nos ouvidos.
Nos últimos metros, Seraphina canalizou a última centelha de sua força, seus pés mal tocando o chão enquanto sua energia cintilante envolvia seu corpo.
Mas Kaine estava lá, exatamente ao seu lado, o instante final foi um lampejo de pura tensão. Eles cruzaram a linha ao mesmo tempo, o sistema automatizado marcou o resultado, empate.
O silêncio pairou sobre o campo por alguns segundos, abafando até mesmo o som distante da morte. Seraphina respirava pesadamente, seus olhos fixos na tela holográfica que exibia o resultado.
Kaine quebrou o silêncio com um sorriso lento e frio. "Parece que a Garota Brilhante sabe correr, afinal."
Seraphina lançou um olhar cortante para ele, ainda tentando controlar sua respiração. "E você não é tão rápido quanto pensa, Predador Sombrio."
A tensão entre eles se intensificou. Aquela disputa estava longe de acabar. Mas agora... ambos sabiam. A verdadeira batalha estava apenas começando. A prova se transformara num campo de extermínio.
A última etapa da corrida revelava sua verdadeira face: não era apenas sobre velocidade ou resistência, mas sobre controle, instinto, e acima de tudo… intimidação.
Drones armados perseguiam os sobreviventes pelos céus. Plataformas desmoronavam sob os pés dos mais lentos. Explosões abriam crateras e atiravam corpos no abismo. Mas no centro de tudo isso, dois vultos avançavam como deuses em guerra.
Seraphina brilhava com sua elegância calculada. Sua movimentação era como um feixe de luz, cortando o ar com graça mortal. Ao lado dela, Vladimir Kaine parecia uma sombra que se movia com perfeição predatória, moldado para matar, mas segurando a lâmina só pelo prazer de dançar mais um pouco.
A linha de chegada um portão de aço negro com o símbolo da Ordem de Érebo cravado no topo surgia ao longe.
Mas o destino, como sempre, se divertia antes do fim. Cinco candidatos armados com equipamentos roubados e olhares famintos surgiram dos flancos. Sujos, exaustos, desesperados… mas perigosos. Eles haviam observado os dois liderando e decidiram apostar tudo numa ofensiva final.
"Se a gente derrubar um dos dois, a vaga é garantida!" gritou um deles, girando uma corrente elétrica em volta do braço. "Eles estão distraídos com a corrida, não vão esperar um ataque agora!".
Seraphina e Kaine pararam quase ao mesmo tempo. Os cinco avançaram, três focando em Kaine, dois em Seraphina.
"Chega disso" murmurou ela, seus olhos ainda ocultos sob a franja platinada de sua identidade disfarçada.
"Já tô cansado de palhaços" disse Kaine, com um estalo no pescoço.
E então, ambos falaram ao mesmo tempo, numa sincronia arrepiante. "Não atrapalhem a nossa corrida!". O percurso explodiu num turbilhão de luz e violência.
Kaine moveu-se como uma serpente feita de aço e fúria. Seus golpes eram rápidos demais para os olhos comuns. Ossos quebraram, corpos foram arremessados contra as paredes da plataforma. O sangue escorria de um dos agressores, que gritava com a clavícula esmagada.
Seraphina, por sua vez, nem mesmo parou. Com um único giro do corpo, desviou dos ataques como se soubesse com antecedência de onde viriam. Um chute preciso mandou um dos candidatos desmaiado para longe, enquanto o outro foi derrubado com um único soco envolto em sua cintilação etérea.
Os cinco foram deixados no chão, desacordados ou incapazes de continuar. "Amadores" disse Kaine, retomando o passo. "Lentos demais" completou Seraphina, com um leve arquejo.
Eles se entreolharam. A distância para o fim era de apenas 200 metros.
E então, correram. Não havia mais ninguém entre eles e o portão. Nenhum obstáculo. Nenhum som além do retumbar dos próprios passos.
Seraphina aumentou a velocidade. Kaine a acompanhou.
Ela girou para desviar de uma última armadilha. Ele saltou no mesmo ritmo.
Ela deslizou por uma fenda. Ele passou por cima.
Os dois atravessaram o portão juntos. O sistema de contagem brilhou acima da entrada: "CANDIDATOS APROVADOS: 8.573"
Eles estavam empatados. Ambos ofegavam. Ambos surpresos. Ambos... furiosos.
"Isso foi... irritante" murmurou Kaine, encarando-a com os olhos arregalados de incredulidade.
"Você... acompanhou meu ritmo" respondeu Seraphina, com a voz baixa, os olhos tremendo levemente pela primeira vez em anos.
A tensão entre os dois se adensou como uma tempestade antes do raio. Mas havia uma diferença ali. Respeito. Relutante, incômodo, mas real.
"Espero que o próximo teste separe o melhor do resto" disse Kaine, se afastando.
"Vai separar sim" murmurou Seraphina, ainda disfarçada como Choi Eun-kyung, antes de virar de costas.
Ambos sabiam que aquilo não terminaria ali. A guerra silenciosa entre os dois monstros havia começado.