As aventuras do Superboy 3/30

Superboy em Terra Estranha

O Reino de Xorath era um labirinto de contradições. O chão, feito de cristais que refletiam tons de azul e roxo, parecia sólido até que Jon pisava com força demais, fazendo-o ondular como água. O céu vermelho pulsava com relâmpagos silenciosos, e o ar tinha um gosto metálico que irritava a garganta. Jon voava baixo ao lado de Zynara, que corria com uma agilidade quase sobrenatural, saltando entre rochas flutuantes e desviando de estalagmites que brotavam do chão sem aviso. Ele tentava não se distrair com a paisagem alienígena, mas era difícil ignorar a sensação de que o próprio lugar estava vivo — e não gostava deles.

"Você já esteve na Terra?" Jon perguntou, quebrando o silêncio. Ele precisava de algo para afastar a tensão, e Zynara, com sua expressão fechada, parecia carregar um peso tão grande quanto o dele.

Ela lançou um olhar de canto, sem diminuir o ritmo. "Não. Mas sei o suficiente. Um planeta primitivo, obcecado por poder e caos. Não é tão diferente de outros mundos que Voryx destruiu."

Jon franziu o cenho. "Primitivo? Temos internet, sabe? E pizza. Duvido que Xorath tenha algo tão bom quanto pizza."

Zynara bufou, um som que poderia ser uma risada reprimida. "Você é estranho, Superboy. Fala de comida enquanto estamos sendo caçados."

"É assim que eu lido com o stress," Jon retrucou, com um sorriso torto. "E, sério, me chama de Jon. 'Superboy' soa como se eu fosse posar pra uma capa de revista."

"Jon, então," ela disse, quase relutante. "Fique focado. O núcleo de energia não está longe, mas o caminho é traiçoeiro. Xorath foi projetado para confundir e destruir qualquer um que entre sem permissão."

"Então por que você tá aqui?" Jon perguntou, sua curiosidade falando mais alto. "Você não parece ser do tipo que tropeça em artefatos por acidente."

Zynara hesitou, seus olhos fixos no horizonte. "Eu não escolhi estar aqui," ela disse, a voz mais baixa. "Fui exilada. Minha missão é impedir que Voryx escape, mesmo que custe tudo." Ela não elaborou, e Jon sentiu que pressionar seria como tentar abrir uma porta trancada com força bruta.

Antes que ele pudesse responder, o chão tremeu, e uma rachadura se abriu à frente deles, liberando uma onda de vapor quente. Jon puxou Zynara para o alto, seus braços envolvendo-a por reflexo. Ela se soltou assim que estavam seguros, mas não antes de ele notar o leve rubor em suas bochechas. "Eu sei me virar," ela murmurou, ajeitando a armadura.

"Sem dúvida," Jon disse, escondendo um sorriso. "Mas, só pra constar, voar é mais rápido."

Ela revirou os olhos, mas apontou para uma estrutura distante, meio escondida por uma névoa prateada. "Ali. O Templo do Núcleo. É onde está a energia que precisamos para consertar o artefato."

Jon ajustou a esfera, que carregava em uma bolsa improvisada feita de sua capa. Ela ainda pulsava, mas a luz estava mais fraca, como uma bateria prestes a morrer. Ele usou sua visão de raio-X para escanear o templo, mas algo bloqueava seus poderes — uma interferência que fazia sua cabeça doer. "Isso não é normal," ele disse, franzindo o cenho. "Tem alguma coisa... viva lá dentro."

Zynara assentiu, séria. "Guardas de Xorath. Criaturas de energia pura, leais a Voryx. Eles vão nos atacar assim que entrarmos."

"Ótimo," Jon disse, sarcástico. "Mais drones. Alguma dica pra lidar com eles?"

"Não são drones," Zynara corrigiu, puxando sua lança. "São fragmentos da essência de Voryx. Use seus poderes com precisão, Jon. Força bruta não vai funcionar."

Eles se aproximaram do templo, uma estrutura de cristal negro que parecia sugar a luz ao redor. A entrada era um arco coberto de runas kryptonianas, algumas familiares para Jon, outras completamente estranhas. Ele sentiu um arrepio, como se o símbolo espinhoso de seus pesadelos estivesse o observando. "Fique perto," Zynara sussurrou, e pela primeira vez, sua voz carregava uma pontada de medo.

Dentro do templo, o ar era denso, e o silêncio era quebrado apenas pelo zumbido da esfera. Jon iluminou o caminho com um brilho suave de sua visão de calor, revelando corredores que se ramificavam em direções impossíveis, como um labirinto desenhado por um louco. Antes que pudessem escolher um caminho, o chão brilhou, e três formas surgiram do nada — criaturas humanoides feitas de energia vermelha, com olhos vazios e garras que faiscavam. Os guardas de Xorath.

"Jon, agora!" Zynara gritou, lançando-se contra o primeiro guarda. Sua lança cortou a criatura, mas a energia se reformou, mais rápida do que ela esperava.

Jon disparou um raio de calor contra outro guarda, mirando o que parecia ser um núcleo em seu peito. A criatura gritou, um som que fez os ouvidos de Jon zumbirem, e se dissolveu em cinzas. "Acertei!" ele exclamou, mas sua vitória durou pouco. O terceiro guarda o agarrou, suas garras queimando sua pele como ácido. Jon gritou, mas usou sua super-força para esmagar a criatura contra a parede, destruindo-a.

Zynara terminou o último guarda com um golpe preciso, mas estava ofegante, uma mancha de sangue escorrendo de um corte em seu braço. "Você está bem?" Jon perguntou, voando até ela.

"Já estive pior," ela disse, limpando o sangue com a mão. "Mas isso foi só o começo. O núcleo está no centro do templo, e Voryx sabe que estamos aqui."

Jon olhou para o corredor à frente, onde sombras pareciam se mover sozinhas. Ele pensou em seus pais, em Smallville, em tudo que estava em jogo. "Então vamos ser rápidos," ele disse, sua voz firme. "Eu não vim até aqui pra desistir."

Zynara o encarou, e por um momento, seus olhos suavizaram. "Você me lembra alguém que conheci há muito tempo," ela disse, quase para si mesma. "Alguém que acreditava que podia salvar todos."

"É meio que o meu lance," Jon respondeu, com um sorriso que escondia o medo crescendo dentro dele.

Eles avançaram, o zumbido da esfera ecoando como um aviso. O templo era um labirinto, mas Jon sentia que cada passo o levava mais perto de respostas — e de um perigo que ele ainda não compreendia.